Todos temos nosso fado. Lula Pena

ELA CHAMA-SE LULA. Lula Pena. Descobriu o sentido do fado quando saiu de Portugal. Mas foi numa noite, antes de partir para Barcelona (Espanha), que num bar do Bairro Alto, em Lisboa, onde costumava actuar, resolveu experimentar cantar o “Barco Negro”. Lembram-se da canção imortalizada por Amália Rodrigues (1920-99) no filme Os Amantes do Tejo (1955, do diretor francês Henri Verneuil) -De manhã, que medo, que me achasses feia!/ Acordei, tremendo, deitada n’areia/ Mas logo os teus olhos disseram que não…-, com letra de David Mourão-Ferreira?

Lula cantou nessa noite e ficou com a breca no final da música. Na entrevista ao jornal português Público, em que contou esta história, disse que ficou com um sorriso que não conseguia desfazer. Assustou-se. Nessa noite, pensou que o fado é uma droga dura. Quando todos andavam à procura da nova Amália, Lula cantava fado nas ruas e uma vez quis conhecer a diva. Tinha umas coisas para lhe perguntar. Marcaram um encontro. Chegou o dia. Era uma quarta-feira, Lula lembra-se bem. Um dos músicos que devia ir com ela a esse encontro telefonou-lhe de manhã, ela acordou e achou que estava atrasada. Ele disse-lhe: “Amália morreu esta manhã” [6 de outubro de 1999].

No dia 12 de fevereiro de 2009, Caetano Veloso escreveu no seu blogue “Obra em Progresso”: “A cantora que mais me interessou nas últimas semanas foi Lula Pena. Uma portuguesa de voz grave e violão eletrificado que canta como um poeta”. Colocava um link para Lula a cantar no YouTube a “Rua do Capelão”, que é uma das 13 músicas do seu primeiro disco, Phados, que ela gravou em Bruxelas, em 1998.

Passaram-se 12 anos e só agora a portuguesa volta a editar um disco: Troubadour (Mbari) . Ela diz que “a respiração não é a mesma” ou que “a cabeça já não é a mesma”, e que o que os dois discos têm em comum é a sua voz (grave e invulgar), a guitarra acústica e a necessidade da palavra. Dividiu o seu disco em sete “actos” (um deles termina assim: “Meu amor?” “Sim, diz” “Já disse”.)

Os seus concertos são raros, num deles o seu coração batia tanto que ela não conseguia cantar. Nesse momento, só teve uma solução. Colocou o microfone no peito e todos ouviram as suas batidas. Fez-se silêncio e ela finalmente cantou.

Se querem ter uma sensação intrigante, ouçam Lula Pena. Ficarão arrepiados. Por Troubadour passam o fado, a bossa nova, a morna, o tango, a chanson e o flamenco.

Quando, há meses, Caetano esteve em Lisboa a fazer uma conferência na Casa Fernando Pessoa com (o poeta) Antonio Cicero houve um serão, como aquele que Amália fez para Vinicius de Moraes no final dos anos 60, em que Lula cantou para os dois brasileiros. As suas canções estão cheias de citações e alusões: “Partido Alto”, de Chico Buarque, mas também “Luna Tucumana”, de Atahualpa Yupanqui, e “A Noite do Meu Bem”, de Dolores Duran.

Ela está no Myspace (myspace.com/lulapena). Procurem-na.

ISABEL COUTINHO, Folha de S.Paulo, 29.08.2010

29.08.2010 | by martalanca | fado, Lula Pena, poesia

como se faz um povo

29.08.2010 | by martalanca

Does Your Language Shape How You Think?

Horacio Salinas for The New York TimesHoracio Salinas for The New York TimesSeventy years ago, in 1940, a popular science magazine published a short article that set in motion one of the trendiest intellectual fads of the 20th century. At first glance, there seemed little about the article to augur its subsequent celebrity. Neither the title, “Science and Linguistics,” nor the magazine, M.I.T.’s Technology Review, was most people’s idea of glamour. And the author, a chemical engineer who worked for an insurance company and moonlighted as an anthropology lecturer at Yale University, was an unlikely candidate for international superstardom. And yet Benjamin Lee Whorf let loose an alluring idea about language’s power over the mind, and his stirring prose seduced a whole generation into believing that our mother tongue restricts what we are able to think.

In particular, Whorf announced, Native American languages impose on their speakers a picture of reality that is totally different from ours, so their speakers would simply not be able to understand some of our most basic concepts, like the flow of time or the distinction between objects (like “stone”) and actions (like “fall”). For decades, Whorf’s theory dazzled both academics and the general public alike. In his shadow, others made a whole range of imaginative claims about the supposed power of language, from the assertion that Native American languages instill in their speakers an intuitive understanding of Einstein’s concept of time as a fourth dimension to the theory that the nature of the Jewish religion was determined by the tense system of ancient Hebrew.

keep reading

28.08.2010 | by martalanca | language

Questão de pele - organizado por Luíz Rufatto

Assim como Entre nós – obra de estreia da coleção, com contos sobre a homossexualidade –, Questão de pele traz textos de alguns dos maiores escritores brasileiros, como Machado de Assis e Lima Barreto. Representantes da luta negra no Brasil também estão no livro, entre eles Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Cuti e Nei Lopes. Além disso, a antologia Questão de pele traz ainda, como apêndice, o depoimento de Mahomma G. Baquaqua, ex-escravo que fala de dentro do processo de escravidão: relata sua escravização; suas experiências como escravo em Pernambuco e sua viagem até os Estados Unidos, onde, finalmente, consegue liberdade.

pela Língua Geral

28.08.2010 | by martalanca

praia maria: Moi et mon cheveu @ Quintal da Música

 

 

Segunda, dia 30, 20h30, Quintal da Música, Cidade da Praia, Cabo Verde

 

«Moi et mon cheveu» (“Eu e o meu cabelo») é uma viagem que traça a história mundial de mulheres negras e dos seus cabelos. Uma viagem cantada, dançada num ambiente sexy, de glamour, feminino. Cabaret!

O penteado africano ou afro-americano, é um mundo por si só muito emblemático do que é ser um Negro (ou um Mestiço).

Se pensarmos um pouco mais, descobrimos que a relação da Mulher Negra e o seu cabelo conta a história de seu povo, da escravatura à colonização, passando pelo exílio.

 

Em Cabo Verde, Eva Doumbia nos propõe músicas interpretadas pela artista cabo-verdiana, Tete Alhinho. Estas canções, onde o cabelo é o tema por excelência, serão cantadas em várias línguas.

 

 

 

Participantes:

Teresa Alhinho (Cabo Verde, canto e jogo), Alvie Bitemo (Congo, canto e jogo), Aminata Coulibaly(Mali, dança e jogo), Fatoumata Diabaté (Mali, dança), Eva Doumbia (França, apresentação dos números), Laila Garin (Brasil, canto e jogo), Lamine Soumano (Mali, kora).

 

Direcção musical: Lionel Elian, Vestuário: Sakina M’sa, Vídeos e Arquivos: Laurent Marro, Iluminação, Cenografia: Eva Doumbia, Laurent Marro, Sakina M’sa.

28.08.2010 | by samirapereira

Féthi Tabet - FESTIVAL TUNDURO

volta a Moçambique para proporcionar uma viagem
por sons e melodias do mundo.

SÁBADO 28 AGOSTO 2010 | 20H30

 

Originários da Argélia, da Tunísia, do Marrocos , de França, do Brasil e Africa de Oeste. Féthi Tabet propõe uma música festiva e calorosa, que inspira-se de culturas tradicionais e populares do Magrebe, conjungando as influências latino-americanas, africanas, medeterráneas e andalusas. As melodias coloridas desenhadas em cadeia pelo luth guitarra, violão e os saxofones são solidamente suportadas pelos fortes coros.

O grupo encarna uma nova tendência de músicas populares actuais que privilegia a generosidade, o contacto com o público e a aproximação das culturas. Os seus textos originais são cantados em francês e árabe. Servido por músicos vindos dos quatro cantos do mundo : A Argélia, o Brasil, o Camarões, a França, o Mali, a Tunísia, o grupo emite uma mensagem de paz e de fraternidade entre os povos e sulca o planeta para transmitir a música e mensagem. O último álbum comunica uma imensa alegria de viver e de mensagem de paz. É um álbum de música festive por excelência, que mistura os ritmos arabo- andaluzes, africanos, eslavos e reggae.

28.08.2010 | by martalanca | Féthi Tabet

@ M_EIA Encontro Internacional sobre Educação Artística

 

O Encontro Internacional sobre Educação Artística realiza-se no Mindelo, em Cabo Verde, de 30 de Agosto a 4 de Setembro de 2010, a partir de um impulso nascido no Mestrado em Ensino de Artes Visuais no 3º. Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário – em curso na Universidade do Porto, através da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e da Faculdade de Belas Artes – e em colaboração estreita com a M_EIA (MINDELO_Escola Internacional de Arte).

 

para mais informações: http://eiea.identidades.eu/drupal/ 

27.08.2010 | by samirapereira

Between Art and Anthropology - Contemporary Ethnographic Practice

Between Art and Anthropology provides new and challenging arguments for considering contemporary art and anthropology in terms of fieldwork practice. Artists and anthropologists share a set of common practices that raise similar ethical issues, which the authors explore in depth for the first time.

The book presents a strong argument for encouraging artists and anthropologists to learn directly from each other’s practices ‘in the field’. It goes beyond the so-called ‘ethnographic turn’ of much contemporary art and the ‘crisis of representation’ in anthropology, in productively exploring the implications of the new anthropology of the senses, and ethical issues, for future art-anthropology collaborations.

The contributors to this exciting volume consider the work of artists such as Joseph Beuys, Suzanne Lacy, Marcus Coates, Cameron Jamie, and Mohini Chandra. With cutting-edge essays from a range of key thinkers such as acclaimed art critic Lucy R. Lippard, and distinguished anthropologists George E. Marcus and Steve Feld, Between Art and Anthropology will be essential reading for students, artists and scholars across a number of fields.

Arnd Schneider is Professor of Social Anthropology at the University of Oslo. Christopher Wright is Lecturer in Anthropology at Goldsmiths College, University of London.

27.08.2010 | by martalanca | Anthropology, Art

Présence Africaine, a editora

 

Primeiro Congresso de Intelectuais e Artistas NegrosPrimeiro Congresso de Intelectuais e Artistas NegrosEm 1949, dois anos após a aparição da revista Présence Africaine, seus editores decidem abrir a editora. Numa época em que a luta pela independência das colônias africanas está atingindo seu auge, a criação de uma editora que pretende ser o espaço em que os escritores negros possam finalmente se expressar e ver circular suas obras tem inevitavelmente o sabor da militância e a pulsão do compromisso. De fato, ao longo da inesgotável década dos ‘50, a editora Présence Africaine publica obras de cariz eminentemente político. Dentre elas, cabe destacar quatro que viriam a ser os pilares do movimento da Negritude.
A primeira foi a do missionário franciscano Placide Tempels, A Filosofia Bantu. Depois aparecem as outras três obras fundamentais da década, essas sim autenticamente revolucionárias e, portanto, profundamente críticas. As três escritas por autores negros, marxistas: Peles negras, máscaras brancas (1952), obra do psiquiatra, filósofo e ensaísta da Martinica, Frantz Fanon; Nações negras e cultura (1954), do sábio multifacetado senegalês, historiador, antropólogo, físico nuclear, linguista e político pan-africanista Cheikh Anta Diop; e Discurso sobre o colonialismo (1955), do poeta, político e ensaísta, também martinicano e co-fundador do movimento da Negritude, Aimé Césaire.
Ao longo dos anos, a editora também trabalhou na busca do conhecimento da civilização negra através de congressos, festivais, associações, conferências, seminários etc, como o Primeiro Congresso de Intelectuais e Artistas Negros em 1956 (Paris), e o Primeiro Festival Mundial de Artes Negras, em 1966 (Dakar).
Tudo isso foi possível graças ao trabalho de homens e mulheres cujo espírito pode ser resumido, talvez, nestas palavras de Diop: “A palavra negro designa menos uma cor do que um conjunto de experiências e de valores próprios à civilização dos povos chamados negro-africanos ”.

Leia mais

Juan Montero

 

27.08.2010 | by martalanca | présence africaine

audio da Lac sobre ruy duarte de carvalho

um audio da LAC sobre o Ruy Duarte publicado na net pelo Toke é Esse. A não perder, recheadinho de depoimentos de angolanos que partilharam episódios, caminhadas, conhecimento com o grande escritor.

Ouvir aqui.

 

26.08.2010 | by martalanca

Blue in the face

um filme de Wayne Wang e Paul Auster
1995 - 83 min

Estamos em Brooklyn, Nova York, numa tabacaria de esquina, Auggie Wren’s Brooklyn Cigar Store.
A acção desenvolve-se em torno de Auggie e do seu estabelecimento, um ponto de encontro de diversos personagens.
Entre cigarros, desabafos, tesões e peripécias humoradas, assistimos a momentos da vida daquele bairro.

26.08.2010 | by martalanca

buala no sapo

No Sapo, saiu uma matéria sobre o BUALA

veja aqui

 

26.08.2010 | by martalanca

Tunduro: Festival Internacional de Artes - Maputo

O Tunduro - Festival Internacional de Arte, que acontecerá entre os dias 27 e 29 de agosto de 2010 em Maputo, irá lançar um conceito de responsabilidade social e sustentabilidade aliados à cultura. O festival lançará a primeira pedra para profissionais locais e também proporcionará ao público acesso à produção artística internacional.

Um dos principais objectivos deste projeto é reforçar a infra-estrutura e o sector criativo moçambicano, visando assim, um desenvolvimento que beneficiará tanto o país como os artistas locais. O festival irá oferecer seminários, cursos de formação, exibições de filmes, programação especial para as crianças, além de uma feira gastronômica e uma loja destinada ao festival. Todas essas atividades pretendem promover uma troca cultural diversificada e a globalização da cultura.

O “Tunduro Festival” proporcionará cerca de vinte apresentações gratuitas ao ar livre com música, teatro e dança, distribuídos em dois palcos. O primeiro estará localizado na Av. Samora Machel e outro em frente a Fortaleza. Além dessas atrações haverão concertos cobrados, realizados em locais fechados.

O festival Tunduro pretende proporcionar um intercâmbio cultural e diversificar a globalização cultural local.

Paises participantes: África do Sul, Costa do Marfim, Alemanha, Italia, Francia, Zambia, Portugal, Espanha, Peru.

25.08.2010 | by martalanca | jardim Tunduro

Como escrever sobre África?

“How to write about Africa” para ler sempre!

Do escritor queniano Binyavanga Wainaina

(…extrapolando: “Como escrever sobre arte africana?”; “Como escrever sobre pobreza?”; “Como escrever sobre música do mundo?”…etc…etc…)

25.08.2010 | by martamestre

Escritores africanos falam sobre as conexões com o Brasil

Dois mestres da literatura em língua portuguesa na África falam sobre o assunto.

Mônica Waldvogel recebeu o moçambicano Mia Couto e o angolano José Eduardo Agualusa, estiveram na Bienal do Livro, em São Paulo. Falaram sobre a atuação da literatura na era digital.

veja aqui

25.08.2010 | by martalanca

Si bu sta dianti na luta

25.08.2010 | by samirapereira

Ombaka em Benguela

O Colectivo de artes Ombaka em co-produção com a Associação Cultural Cena Benguela ACCB apresenta nos dias 28 e 29 de Agosto às 20.30 no Museu Nacional de Arqueologia em Benguela a Peça de Teatro “Como um Raio de Sol” inspirada em textos da obra Outros Horizontes, drama que retrata um amor que se plantou por eventuais encontros e olhares entre um Professor de Matemática e uma jovem cega que vivia com o Pai.

A peça representou Benguela no 5º Festival do Kazenga – Luanda, recentemente realizado onde se colocou entre as três peças Revelação tendo o Actor Esteves Quina sido considerado um dos Melhores Actores do Festival.

Elenco: Esteves Quina, Sincero Munto e Naira Francisco
Direcção, Encenação e Adaptação: Sincero Munto e Esteves Quina

25.08.2010 | by martalanca | Cena Benguela, teatro

5 x favela

5X Favela, agora por nós mesmos 
Debate e exibição de documentário Mediação: Cacá Diegues

Nesta aula aberta, os diretores de 5X Favela, agora por nós mesmos, mediados pelo cineasta Cacá Diegues, discutem o filme e a vigorosa cultura que emerge das favelas cariocas. No encontro, também será exibido 5X Favela, o documentário, dirigido por Quito Ribeiro, que revela o processo de produção do projeto, das oficinas de roteiro à filmagem e finalização, com envolvimento de mais de 600 jovens moradores de favelas.

Produzido por Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães, 5X favela, agora por nós mesmos nasceu de oficinas profissionalizantes de audiovisual ministradas por grandes nomes do cinema brasileiro, como Nelson Pereira 

dos Santos, Ruy Guerra, Walter Lima Jr., Daniel Filho, Walter Salles, Fernando Meirelles, João Moreira Salles e muitos outros.

Presença dos diretores Cacau Amaral, Cadu Barcellos, Luciana Bezerra, Luciano Vidigal, Manaíra Carneiro, Quito Ribeiro e Rodrigo Felha Wagner Novais.

31 de agosto, terça-feira, às 20h  Evento gratuito Inscrições pelo telefone (21) 2227-2237

25.08.2010 | by martalanca | documentário, favela, periferia

Mia, no Rio

25.08.2010 | by martalanca | diversidade cultural, literatura moçambicana

poema

Tu t’appelais Bimbircokak

Et tout était bien ainsi

Tu es devenu Victor-Emile-Louis-Henri-Joseph

Ce qui

Autant qu’il m’en souvienne

Ne rappelle point ta parenté avec

Roqueffelère

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Yambo Ouologuem, “A Mon Mari”

25.08.2010 | by martamestre