Dundo, Memória Colonial

Em 1947, ano em que nasci, trabalhavam na Diamang, na Lunda, cerca de quinze mil trabalhadores angolanos e umas duas centenas de imigrantes, entre europeus – portugueses, belgas, ingleses, suíços, luxemburgueses e russos – e africanos – cabo- verdianos, são tomenses, sul-africanos. O meu pai era um desses imigrantes. Nascido em Lisboa, filho de holandês e espanhola, fora para a Lunda como engenheiro de minas. Viúvo, casara em segundas núpcias com a minha mãe, nascida em Angola de imigrantes portugueses – e, logo, portuguesa de segunda.

O Dundo, na margem esquerda do Rio Luachimo, a 18 quilómetros da fronteira com o então Congo Belga, era o principal centro administrativo da Diamang na Lunda, onde detinha o exclusivo da exploração e pesquisa de diamantes numa área de cerca de 1.025.000 Km2.

Para se ter a ideia do que era o poder da Diamang bastará dizer que, no contrato de concessão celebrado em 1920 – três anos depois da sua criação – ficara acordado que oferecia a Angola 5% do seu capital social, já realizado ou que viesse a ser realizado; comprometia-se a pagar anualmente a Angola 40% dos lucros líquidos; emprestava a Angola 400.000 libras; podia efectuar a exploração dos jazigos descobertos, mediante simples comunicação à autoridade local; mantinha por um período de 30 anos – a prorrogar – a exclusividade da pesquisa de diamantes, em cerca de 90% do território de Angola.

Era bom ser criança no Dundo, quando se era branca e filha de engenheiro. Havia espaço para brincar, ruas para andar de bicicleta, animais, liberdade. E criados para nos acompanhar e satisfazer os nossos caprichos. Era bom ser criança e não notar como era artificial e injusto o mundo que nos cercava. Mas à medida que cresci, fui-me apercebendo de que não era igual para todos…

Em 1951, a convite do Governo português, o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre visitou a Companhia dos Diamantes de Angola. No livro em que refere essa visita, “Aventura e Rotina – Sugestões de uma viagem à procura das constantes portuguesas de carácter e acção”, traça um retrato da vida na Companhia que corresponde inteiramente à minha memória e entendo pertinente reproduzir:

“No ar, no ambiente, no próprio clima, alguma coisa de inconfundivelmente anti tropical que dominasse a natureza, esmagando-lhe a espontaneidade, sujeitando-a a alguma coisa de puritano e até de politicamente higiénico, aproveitando dela só o pitoresco da superfície.(…) Vida de indivíduos que, para não se deixarem contaminar por ambientes tropicais, vivessem como doentes ricos em hospitais ou casas de saúde. Vida artificial. É o que mais sinto ao chegar ao Dundo, sob a iluminação festiva e, ao mesmo tempo, clínica e policial, com que a sede da Companhia de Diamantes nos recebe.“Sente-se que nenhum estranho, nenhum empregado da Companhia, nenhum branco, nenhum preto, é aqui um homem à vontade mas um indivíduo vigiado, espiado, subtilmente fiscalizado por secretas.” “Não é difícil verificar-se, mesmo em rápido contacto com o Dundo – bela, não adormecida mas escondida num bosque – que a vida aqui vivida é regulada nas menores coisas. Que aqui todo o branco, todo o preto, toda a criatura humana, é um ser que se move, que se alimenta, que se diverte, que trabalha, que estuda, que sonha, que reza, que vai à igreja – antilusitanamente separada em igreja para brancos e igreja para pretos – dentro de um sistema rígido, cuja direcção imediata toca ao Eng.º Sucena; e a remota, a essa eminência, não sei se diga cinzenta, que é o Comandante Vilhena que em Lisboa colecciona imagens de santos ao mesmo tempo que dirige os homens, comanda os pecadores, regula a vida dos técnicos que trabalham no Dundo.”

“O lamentável é dirigirem um sistema que em algumas das suas raizes e em várias das suas projecções não é sociologicamente português, prejudicado (…) por um racismo que é de origem belga e por um excesso de autoritarismo (…) sente-se na organização do Dundo um ambiente como que dominicano ou jesuítico.(…) De qualquer modo, (…) o contacto, mesmo muito breve, com uma comunidade como o Dundo é uma aventura inesquecível.”)

“Noto que no Dundo, há relutância em me mostrarem as casas de habitação reservadas aos trabalhadores indígenas. Em me informarem sobre o seu sistema de alimentação: até que ponto o desta redução como que jesuítica difere daquele a que se acham habituados os indígenas nas suas aldeias africanas.” “Vejo apenas por fora as casas de habitação reservadas aos indígenas: casas cobertas por umas como folhas de zinco que devem torná-las infernais, nos dias mais quentes.”

“No Dundo, o problema da habitação para o trabalhador indígena não é problema ecológica e economicamente resolvido; nem sequer é considerado a sério. Em compensação – e por um como paradoxo – o indígena doente é aqui objecto de uma assistência exemplar: talvez egoísmo do branco a resguardar-se das doenças dos pretos. Visitando o Hospital, na companhia do chefe de Serviços de Saúde, Dr. Picoto, sinto-me orgulhoso do trabalho organizado e mantido aqui por técnicos portugueses.”

“Vejo além do hospital e dos serviços de radiologia, as maternidades. As maternidades para indígenas. As maternidades para europeus. Visito oficinas claras e arejadas. A chamada “casa do pessoal”. O cinema, as salas de jogos, a piscina, os campos de jogos ao ar livre. A estação emissora, com a sua boa biblioteca.” “Destaque-se o facto de vir a Companhia de Diamantes realizando admirável trabalho de gravação de música folclórica dos indígenas da região.(… ) impressionante (… ) Para um brasileiro, esta música avó do samba tem um interesse especialíssimo.”

“Visito também o Museu Etnográfico mantido pela Companhia. Outra obra admirável pelo seu sentido cultural. O seu conservador, Mestre José Redinha, é um africanologista que eu quisera ver um dia no Brasil, para esclarecer os nossos estudiosos de origens africanas da cultura brasileira.” “No Museu do Dundo, a arte kioka está representada tanto sob a forma de desenhos e pinturas como de esculturas. Uma riqueza magnífica (…) No Dundo  estas esculturas deixam-se admirar com uma exuberância rara. Consideram-no alguns o mais completo museu de arte kioka. (…) Museu do Dundo, com colecções (…) que nos permitem reconstruir a vida indígena em toda a sua pureza. Que nos prendem o interesse pela boa apresentação que sabe dar a material tão valioso o seu conservador.” “A tendência da companhia de Diamantes – e das companhias e empresas do seu tipo (…) – talvez seja para reduzir as culturas indígenas a puro material de museu. Os indígenas vivos interessam-lhes quase exclusivamente como elementos de trabalho, tanto melhores quanto mais desenraizados das suas culturas maternas e mecanizados em técnicos, operários e substitutos de animais de carga. A proletarização de tais indígenas, a sua segregação em bairros (…) constitui um dos maiores perigos para a gente africana, do ponto de vista social e , ao mesmo tempo cultural. Está este perigo na destribalização ou desintegração demasiado rápida (…) , sem que se verifique a substituição dos seus valores ancestrais por conjuntos de valores (…) que (…) dê-lhes toda uma nova base de desenvolvimento pessoal e social. As consequências, desfavoráveis ao indígena, (…) são quase inevitáveis sob o impacto do industrialismo capitalista.”

“Deixo-me fotografar, no próprio Museu, ao lado de um velho soba, vestido como nos seus velhos dias de príncipe e que a Companhia conserva para dar pitoresco às ruas do Dundo. Um pobre soba carnavalesco. A sua sobrevivência (…) é simbólica de toda uma politica de exterminação violenta e rápida, das culturas indígenas (…) O estado de “trabalhador nativo” do africano destribalizado (…), é uma situação de condenado sociológicamente à morte. Baseia-se na concepção de ele ser inferior ao branco, não transitóriamente – como cativo de guerra (…) – mas como raça. Biológicamente. Fatalmente.”

“Levam-me (…) a ver, na Lumparia, os engenhos onde se faz a selecção de pedras que seguem, seladas, para a Central de Escolha. Estamos em lugar como que sagrado. Raros são os indivíduos admitidos, como visitantes a intimidade tão profunda: os diamantes aqui faíscam em profusão.(…) informam-me que uma só porta deixada aberta nas costas das pessoas entradas é motivo para o responsável pelas chaves ser despedido imediatamente.”

Levam-nos às máquinas separadoras. Às trituradoras. (…) Os detectives devem estar aqui em toda a parte. A Central de Escolha é lugar com alguma coisa de novelesco. (…) Porque as máquinas (…) não cumprem sózinhas a sua delicada missão, têm que ser auxiliadas por homens não só brancos como pretos.”

“São estes pretos conservados na Central de Escolha como se fossem prisioneiros. Adolescentes, moços, solteiros, vivem meses sem lhes ser permitido sair da Central: um

que saísse poderia ser portador de uma fortuna inteira em diamantes engolidos ou escondidos nas partes mais secretas do corpo. Vivem uma vida de seminaristas (…)o seu viço de adolescentes tende a transbordar em afectos homossexuais.(…)Homossexualismo

platónico – o outro seria impossível sob a vigilância em que vivem.” “São bem alimentados, bem cuidados, bem alojados (…) O sacrifício que se exige deles é o da segregação (…) . Segregação, castidade, renúncia à mulher. Nunca sabem quando saem, que é para não se prepararem para a saída engolindo algum diamante. (…) Termino a minha visita às instalações da Companhia de diamantes (…) tendo sob os olhos milhões de cruzeiros sob a forma de diamantes espalhados sobre uma mesa de veludo negro.”

“Visito ainda técnicos europeus da Companhia em suas bonitas casas, algumas de um sabor californiano e com gramados que lembram os californianos. Com sebes de buganvílias. Com jardins à inglesa. Em Vila Andrade, servem-nos um lanche perfeitamente europeu sobre um gramado também perfeitamente europeu. (…) De qualquer modo sinto a ausência da África; e este sentimento de ausência da África na África, em vez de me regalar, aflige-me. Sinto uma como saudade da África que está sendo esmagada, abafada, sacrificada para que a Europa e os Estados Unidos estendam por terras africanas não só as suas maravilhas técnicas adaptadas ao gosto e às conveniências de povos tropicais como as suas banalidades, as suas futilidades, os seus excessos profiláticos de anti tropicalismo.”

Eu nascera no Dundo, quatro anos antes da visita de Gilberto Freyre. O Dr. Picoto, a que chamava “Pica”, lograra salvar-me, ainda antes de fazer dois anos, de duas infecções por amibiana histolítica – misteriosamente apanhadas quando só bebia líquidos rigorosamente fervidos. Doenças oportunas, porque ajudaram o meu pai a impor ao Padre Seabra o meu nome pagão, Diana: tudo menos permitir que a minha alma manchada pelo pecado original ficasse para sempre no limbo dos não baptizados.

As fotografias dessa época mostram-me franzina, de cabelo curto e vestidos brancos bordados a piqué, soquetes brancos e botas ortopédicas, também brancas. O engenheiro Sucena é, para mim, mais um nome do que um rosto. Como o grande patrão, o Comandante Vilhena, de quem pareciam depender todos os destinos.

Já a Casa de Pessoal se faz de sabores e de cheiros. Provavelmente não desse ano de 51 em que Gilberto Freyre visitou o Dundo, mas de outros dos que ali passei, criança ainda. Sabor de tremoços, cheiro de livros. A biblioteca da Casa do Pessoal, onde troquei livros desde que aprendi a ler, local onde entrava sempre com uma emoção antecipada. Os vagarosos jogos de croquet. O bater ritmado das bolas de ténis, que os meus padrinhos, belgas, jogavam incansavelmente.

Lendo Gilberto Freyre, sinto essa “ausência de África na África”. A nossa vida passava-se entre brancos, e não só entre brancos: entre brancos da mesma classe social. Os filhos dos engenheiros não brincavam com os filhos dos mecânicos brancos como não brincavam com os filhos dos criados negros.

Os criados negros davam-nos o jantar nos dias em que havia convidados, levavam-nos a passear, inventavam histórias para me convencer a comer: mas, nas festas, nos lanches, assenhoras falavam deles – deles que ali tomavam conta dos meninos, traziam os refrescos, garantiam o deslizar suave da vida – como se não existissem. Davam-lhes nomes portugueses, porque lhes pareciam complicados os nomes de família. Ensinavam-nos a tocar, nos coretos, “Josézito, já te tenho dito…”, em vez das músicas de marimbas, tambores e kissanges que o vento nos trazia à noite, quando o sono tardava. Tratavam-nos sempre como garotos, mesmo quando eram homens feitos e tinham filhos de diversas mulheres.

Tinha razão Gilberto Freyre: o “trabalhador nativo” era tratado com base na concepção da sua inferioridade em relação ao branco. Uma raça inferior. Biologicamente. Fatalmente. Excepto, claro, como objecto de estudo museológico: a Companhia gravava-lhes os sons, guardava-lhes as estátuas e objectos de arte, estudava-lhes os desenhos de areia.

Vizinha do José Redinha, o conservador do Museu, via os negros trazerem-lhes as estatuetas, os bancos, os instrumentos musicais, como os via levarem animais aos biólogos, sobretudo ao Dr. Barros Machado, que tinha em casa um atractivo único para as crianças que nós éramos: dois crocodilos num tanque coberto com uma rede.

Estas eram as coisas que me faziam ser feliz: o espaço, o calor, o cheiro do ozono a libertar-se das trovoadas, ou o da terra depois da chuva quente, o canto dos pássaros, o passo lento do marabu, o riso das hienas nas noites em que se aventuravam mais perto, o som dos batuques longínquos, os livros trazidos da Casa do Pessoal e lidos na cama, protegida pela rede do mosquiteiro.

Mas era uma felicidade irreal, vivida como um sonho, entre duas “graciosas” no Puto, estrangeira no Puto onde o ar era frio e as pessoas todas da mesma cor, estrangeira no Dundo, aldeamento estratégico de luxo, concentracionário, onde até Gilberto Freyre, visitante ocasional, detectou essa sensação de que “nenhum estranho, nenhum empregado da Companhia, nenhum branco, nenhum preto, é aqui um homem à vontade mas um indivíduo vigiado, espiado, subtilmente fiscalizado por secretas.”

Cinquenta anos depois da visita de Gilberto Freyre, Angola tornou-se independente mas falhou a paz e o desenvolvimento, a Lunda foi palco de disputa entre a UNITA e o MPLA, além de terreno de garimpo para aventureiros vários, estatuetas do Museu do Dundo, pilhadas, apareceram à venda nos mercados internacionais.

O que é feito dessas duas raças que viviam lado a lado, na mesma terra, separadas por um racismo a que Gilberto Freyre chamava antilusitano? Que imagem guardam dos portugueses os angolanos que então trabalharam sob as suas ordens? Que sobrou da Lunda nos “retornados da Diamang”, que todos os anos se encontram num almoço em que o tempo permanece imóvel?

Procuro no Dundo, nos meus conterrâneos, os que continuam em Angola e os que agora, como eu, vivem em Portugal, a minha infância perdida. Que irei encontrar?

O filme funciona como um regresso ao passado, uma procura de traços, de paisagens, de rostos. A câmara ora é subjectiva, como quando erra pelas ruas ou pelo interior de uma casa, em busca da imagem conservada pela memória, ora se alheia de mim, para me mostrar junto àqueles cujas memórias partilho. Fotografias e filmes de arquivo mostrarão o que era a vida quando no Dundo fui criança e servirão como rastilho às memórias de outros e à procura de memórias pela câmara.

Guião

O filme começa com velhas fotografias: as minhas, em criança, no Dundo. Mostro-as à minha filha, enquanto vou explicando o que era, nesse tempo, a Diamang. A minha certidão de nascimento permite-me contar-lhe que, ao nascer em Angola, me tornei portuguesa “de segunda”.

Explico-lhe como as memórias da minha infância no Dundo me marcaram, como foram elas que me levaram a lutar pela independência de Angola, como foi a essas memórias que recorri, na minha defesa no Tribunal Plenário de Lisboa.Entretanto, no Arquivo da Cinemateca, encontro filmes sobre o Dundo: os meus padrinhos, os jogos de ténis, os divertimentos organizados pela Companhia num ambiente de rigorosa segregação racial. As imagens ilustram bem a política racial da Companhia e dão azo a recordar a polémica entre o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre e o todo poderoso “patrão” da Diamang, Comandante Ernesto Vilhena. No almoço anual dos antigos funcionários da Diamang recolho algumas memórias sobre a Companhia. Talvez porque os que as emitem deixaram o Dundo muito mais tarde do que eu, estranho o retrato que me fazem.

E parto para o Dundo com a minha filha, para confrontar a minha memória.

No Dundo visito a K10, o Hospital onde nasci – onde converso com enfermeiros do tempo da Diamang. Convido-os, bem como a outros antigos funcionários, a verem um filme de propaganda da Diamang, o que dá origem a diversas memórias, umas positivas, outras negativas. Também eu me confronto com as minhas memórias: a Casa do Pessoal e o Museu, o jardim do coreto, as gaiolas e jaulas, o antigo Jardim de Aclimatação, a minha antiga escola. E as paisagens, o rio junto à barragem, a terra vermelha, a neblina sobre a água. E as pessoas, com quem, no tempo em que era criança, não convivi suficiente.

Os músicos Chissola e Xifunga relembram antigas músicas, elementos da Associação dos Reformados mostram-me velhos papeis da Companhia. A guia de marcha de um dos médicos diz muito sobre a política racial da Diamang, ao intitulá-lo “médico de brancos”. Continuo a recordar locais da minha infância: a Mussungue, a Cacanda… E sons: os da primeira missa de Domingo.

Algumas pessoas recordam-se ainda do meu pai. Levam-me a um bairro construído no tempo em que era Director-Geral. De novo surgem as memórias desses tempos, boas e más, como todas as memórias. Vistamos também a aldeia de Chissanda, próxima do local onde foram descobertos os primeiros diamantes por Doyle e Jeannot. Era uma zona muito vigiada pela PIDE, preocupada com possíveis influências da independência do vizinho Congo. Falam-nos de choques eléctricos, prisões exíguas onde o preso não podia deitar-se nem pôr-se de pé. O primeiro funcionário negro a morar entre os brancos do Luxilo fala-nos desse “appartheid” não declarado que se vivia então na Diamang – uma das memórias fortes da minha infância.

E o filme acaba na K18, a última casa em que vivi no Dundo, de que saí em Setembro de

1958.

Fotografias: Armanda Carvalho

 

Ficha Técnica: “Dundo, Memória Colonial”

Realização: Diana Andringa

Tipo: Documentário

Duração: 60 minutos

Formato de exibição: DVD

Produtora: LX Filmes, Portugal

Ano: 2009

 

Fotografias deste documento: Armanda Carvalho

por Diana Andringa
Afroscreen | 3 Abril 2011 | angola, colonialismo, documentário, lundo, Memória do lugar