Mais de cem pessoas reuniram-se em Lagos no dia 26 de julho, para recordar e homenagear os antepassados encontrados em Lagos, num programa que incluiu uma cerimónia de atribuição de nomes, uma procissão musical e uma homenagem aos antepassados. Com a Sociedade de Arqueólogos Africanistas, Tributo aos Ancestrais, Vicky Olze, Anson Street African Burial Ground, Grupo Firmeza Batucadeiras de Almancil e a National Geographic. A Câmara Municipal de Lagos, apesar de ter sido convidada, esteve ausente neste dia histórico.
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01.08.2025 | por vários
O trabalho doméstico na Guiné colonial faz parte de processos mais vastos das políticas da diferença. Por um lado, afigura-se um instrumento por excelência de diferenciação social e exploração laboral, ao ser um trabalho sistematicamente feito por “indígenas” – africanos excluídos da cidadania portuguesa – que estavam entre os trabalhadores mais mal pagos. Por outro lado, era visto como uma forma de "civilização" e integração das populações colonizadas na sociedade colonial. No entanto, os baixíssimos níveis de aquisição da cidadania revelam como a retórica "civilizadora" não tinha uma tradução prática, mantendo as populações africanas arredadas de uma real integração legal.
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31.07.2025 | por Pedro Cerdeira
A permanência de Leite Nunes em Tempué resultou no nascimento de Maria Eugénia Leite Nunes. O nome da mãe da menina? Ana Kaimba. Idade? Não sabemos. A sua ocupação era “doméstica”, como indica Maria Eugénia numa entrevista (Cruz, 2010). Não sabemos igualmente, por enquanto, a sua comunidade de pertença. Os povos predominantes da região eram os Quiocos e os Ganguelas. Assente está que o nascimento da menina foi antecedido pelo primordial dos atos, o ato carnal entre um homem e uma mulher. Ele, chefe de posto e ela, uma mulher local. O futuro da menina, filha de pai português branco e de mãe angolana negra, por mais privilegiadas que fossem as circunstâncias do seu nascimento, a sua vida até à independência de Angola estaria sujeita à «condição colonial».
A ler
27.07.2025 | por Aida Gomes
Tendo a Palestina como denominador comum de quase todos os concertos, Sines celebrou, mais uma vez, a diversidade musical com um programa de luxo, curado por Carlos Seixas, que assinala uma vigorante 25.ª edição. Destacam-se dez grandes momentos de um festival que nos ensina a ver e a ouvir o mundo.
Palcos
27.07.2025 | por Manuel Halpern
Há quem queira tapar o sol com a peneira, mas foi o que aconteceu com a escravatura, com o colonialismo. Agora continuamos carentes de paz, harmonia, democracia, liberdade. Isso é visível. O angolano tem diamantes, petróleo, urânio... e mesmo assim foge da sua terra. Essas riquezas deviam pagar a nossa existência confortável. Mas pagam a vida de outros. Eu gostaria que fôssemos realmente independentes, livres, emancipados.. Nós éramos tão fraternos uns com os outros.
Cara a cara
27.07.2025 | por Manuel Halpern
Longa conversa com Ana Paula Tavares, Arimilde Soares e Sofia Afonso Lopes que, com Noemi Alfieri e Rosa Maria Fina, organizaram o livro "Escritas Afrodescendentes: Estudos, entrevistas e testemunhos".
Cara a cara
26.07.2025 | por Ana Paula Tavares
Dizem que os trabalhadores não participam das reuniões e dos movimentos. Mas eles estão trabalhando 12, 13, 14, 15, 16 horas por dia. Qual o horário que eles têm para participar de uma reunião? Para ler um manifesto, uma ata, desenvolver consciência política? A materialidade não permite. Então, propor reuniões não é a solução. O que tem que se propor é luta. Quando a situação aperta, só há espaço para luta. O problema é que a esquerda teme que essa luta aconteça longe do seu pensamento. E quer primeiro impor a sua visão e só depois fazer a luta. Mas assim não funciona.
Cara a cara
22.07.2025 | por Manuel Halpern
Si casa. Oh! Si casa! Lágrimas di kenha ta perdi tudo vidas ki fazi ku próprio món. Undi ki n ba durmi hoji? Pessoas ta fla i ês konchi 3 palavra só: imigração ku ilegal ku subsídio. Nha fidju teni carro pa lebanu fazi compra na Pingo Doce, fla Dona Maria um bez. Kel bedja di casas baxo bairro, ku pedra, ê fla, têm grandes carros e depois dizem que vivem mal. Si fidjus ka teni carro? Ês ka fazi kompra? Minino ki bai pa djuda na bairro perguntal, Undi nhoz durmi, goci? Senhora ta respondi propi, Nu ta dormi li, cama improvizadu.
Cidade
21.07.2025 | por Fábio Moniz
negócio é simples, venda de sapatos pelas ruas. Ele não se habitua àquilo, ao acto de ser patrão. Não descansa, forma par com um ou com outro. Conta hoje com cinco funcionários. Quando saem para trabalhar, formam três grupos que vão mudando todos os dias, assim como se alteram as rotas. Têm um mapa desenhado ao longo do tempo, uma obra de cartografia para amadores, com nomes criados para ruas e avenidas ou formas nos nossos bairros.
A ler
19.07.2025 | por Zezé Nguellekka
Voltamos a ser encarados como nos primórdios,
como nos forçaram a pretender ser
E vem o peso do cansaço, e vem a força do tempo
relembrar que lá foram nos buscar
para agora nos quererem expulsar.
Exaustos sim, cansados sim e resistimos.
Voltamos a ser peças que em nosso nome.
que em nome dos idos,
se elevam resilientes
Mukanda
19.07.2025 | por Telma Tvon
Estes nomes fazem parte de uma lista cuja mesma lógica serviu no parlamento à leitura de uma outra com nomes de várias crianças de uma escola pública, expondo-as ao ódio e à violência. Trata-se de um documento, talvez uma listagem de desembarque de um navio negreiro, que Dulce Fernandes incluiu no seu mais recente filme, Contos do Esquecimento (2023, 63’) – uma arqueologia que escava o papel de Portugal no tráfico transatlântico e dos seus legados no presente, em sala no City Alvalade. Por outras palavras: a lista de hoje só é possível porque ontem houve listas como esta com que inicio este texto.
Afroscreen
19.07.2025 | por Inês Beleza Barreiros
"O português é uma língua global, pertence a todos, sem hierarquias” – a docente da Universidade de Leeds e presidente da Associação de Professores e Investigadores de Língua Portuguesa no Reino Unido, Sofia Martinho, reage assim à ideia de superioridade linguística que diz que ainda persiste em Portugal. “Os meus alunos também são um bocadinho donos da língua.” Os estudantes de Sofia Martinho são uma pequena amostra do interesse internacional pela aprendizagem de português.
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18.07.2025 | por Alda Rocha
A visita da sobrinha desdobra-se numa longa escuta, devolvendo-nos, com pudor e firmeza, a complexidade da criação feminina e da exclusão estrutural de mulheres na história, sem sucumbir aos moralismos. Não podemos esperar que A Visita e um Jardim Secreto repare uma injustiça histórica desta e de tantas mulheres artistas, nem reabilita Isabel Santaló para o cânone, resgatando o que não se deixou resgatar. É um filme que respeita a escolha do silêncio, a opacidade de quem já não precisa de explicar-se. Mas talvez componha uma arte com uma história – como defende Filipa Lowndes Vicente – feita de gestos pequenos, de memórias frágeis, e de vozes que não se calam, mesmo quando escolhem o silêncio. E de transmissão, de outras mulheres antes de nós que nos fortaleceram, que abriram caminho para nós.
Afroscreen
18.07.2025 | por Marta Lança
O programa musical é composto por 49 concertos de artistas de quatro continentes. Youssou N'Dour, Julieta Venegas, Rokia Traoré, 47Soul, Orchestra Baobab e The Mystery of the Bulgarian Voices são alguns dos nomes consagrados da música mundial com lugar marcado no FMM Sines 2025. Nação Zumbi, Lena d'Água, Ana Lua Caiano, Bonga, Capicua, Bia Ferreira e Roberto Chitsonzo, entre outros, garantem a representação dos países de língua portuguesa no alinhamento desta edição do festival.
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18.07.2025 | por vários
Exalta a propriedade privada, mesmo que isso seja privar os outros de propriedades. Adora o Estado quando é para tapar buracos e salvar bancos, mas odeia-o quando é hora de pagar impostos e de prestar contas, vê-o apenas como guarda da propriedade privada (não admira que a PSP trabalhe a guardar cadeias de supermercados, enquanto os nossos impostos lhe pagam o salário). Sonha privatizar o próprio Estado e vendê-lo na bolsa de valores. O socialismo, por seu turno, defende que os meios de produção devem ser da sociedade, não privados, mas o Estado decide quem é a sociedade. Bora, trabalho digno, mercado domesticado, impostos redistribuídos. Escola, saúde e pão… e algum circo. Mas o que se viu foi: o grande líder, comités, chefes, burocracia e censuras brutais. O povo, todavia, nivelado por baixo… olé!
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13.07.2025 | por Marinho de Pina
A tela expande-se, reaparecem os prédios de um lugar d’troca num horizonte próximo, e os bonecos de Maria Cidraes em Poemas cruzam a paisagem. A cidade está viva, em acção. O que as artistas parecem propor, é que as obras se pensem em comunicação entre si, como corpos que dançam juntos, em aproximação e soltura. “Encontramo-nos na Zona?” esboça com beleza e fulgor um gesto de ressignificação e abolição das noções de margem e centro. A floresta é dos jaguares. E a cidade - lá onde os comboios passam - é de quem a faz e de quem a imagina.
Cidade
12.07.2025 | por João Salaviza
ntretanto, eu depois de Viseu, ele deixara-me uns contactos, eu falo aí, só não digo os nomes, claro. As pessoas poderiam não estar interessadas. E, portanto, ele deixou-me contactos a quem eu podia pedir ajuda, de algum modo, fosse monetário ou outra qualquer, de forma a me aguentar aqui enquanto não fosse ter com ele. Aqui, quer dizer, em Portugal. O funcionário foi lá num dia, eu devo ter saído de casa imediatamente a seguir, não me lembro, mas deve ter sido isso que aconteceu. No dia imediatamente a seguir, provavelmente não foi naquele eu saí novamente de casa dos meus pais e fui procurar uma das pessoas que ele me tinha indicado.
Cara a cara
11.07.2025 | por Josina Almeida
O ciclo de conferências “Alterações Climáticas e o Papel das Ilhas” reune especialistas de diversas áreas para abordar os desafios e oportunidades das ilhas face às mudanças climáticas globais. Interdisciplinar, o evento contempla debates sobre políticas públicas, sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica e resiliência climática, promovendo o diálogo entre ciência, cultura, sociedade civil e governos.
Vou lá visitar
03.07.2025 | por CACAU
Donald Trump apresentou os primeiros 100 dias de governo como uma vitória sobre a imigração ilegal. Reduziu drasticamente as apreensões de migrantes na fronteira com o México, aumentou as deportações e reforçou o controlo militar. Nos EUA, os migrantes (legais e ilegais) vivem em estado de pânico ante um governo que detém e deporta indiscriminadamente. Os perigos aumentaram para quem tenta entrar no país sem papéis. Os números contam uma história, mas os mortos também continuam a aparecer, mais silenciosos que nunca.
Jogos Sem Fronteiras
02.07.2025 | por Pedro Cardoso
Este artigo explora o papel das bibliotecas comunitárias e alternativas como ferramentas para a mitigação das desigualdades sociais educativas, com base em experiências desenvolvidas em zonas periféricas de Luanda, Apoiado em observações empíricas e referências da sociologia da educação e da leitura, o texto discute o potencial de transformação desses espaços informais, mas organizados, para a promoção da justiça social, do acesso ao conhecimento e da cidadania activa.
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30.06.2025 | por Daniel Anibal