A divulgação oficial aconteceu em Lisboa, no carismático espaço da Casa do Comum, no Bairro Alto, e contou com a presença de Paula Duque, directora do festival, e de Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, realizador da curta ‘’Periferias, um festival de afectos’’, que é também embaixador do festival.
Com uma agenda repleta de filmes para todos, de filmes para crianças, de visitas guiadas e um concerto, o Periferias reforça o seu estatuto enquanto referência na produção de filmes de autor focados na defesa e promoção dos Direitos Humanos, preservação do meio ambiente e impulso da arte cultural, contribuindo assim para uma efetiva descentralização da cultura no ambiente rural da Reserva da Biosfera Tejo Internacional, o que o torna um excelente embaixador da identidade sociocultural da fronteira hispano-lusa.
Por entre essenciais memórias do que foi, durante décadas, a recepção do cinema como experiência colectiva – em que ir ao cinema significava partilhar um lugar público de encontro – e a produtiva actualização da arte cinematográfica como instrumento de conhecimento interventivo, a 12ª edição do Periferias abarca cinematografias de uma diversidade de universos: Alemanha, Brasil, Espanha, Finlândia, Itália, Palestina, Portugal,
São Tomé e Príncipe, Tunísia. E em três diferentes expressividades: ficção, documentário, animação – nesta última dedicando mesmo oficinas práticas às crianças.
Sempre sob o signo da busca de novos possíveis (justiça, integridade, alegrias, exigência de harmonias na vida como um todo) num mundo material e ideológico que à nossa volta tende amiúde para fomentar depressões, desesperos, desistências. Contra estes profundos males da civilização que é a nossa, o cinema é – pode ser – uma contribuição poderosa para a abertura do espírito a imperiosas necessidades: as da superação de tudo quanto reduz os humanos a meros objectos de ambições.
Tal como outras actividades humanas, o cinema também tem inadiáveis responsabilidades éticas. É nestas que devemos fazer finca-pé.
Este certame cinematográfico, que começou em 2013 através de uma iniciativa cidadã, reúne o melhor da sétima arte internacional com uma seleção de títulos – filmes, documentários e animações -, em espanhol e português, bem como concertos, exposições ou roteiros e visitas guiadas.
Recorde-se que, este ano, o festival contou com três extensões, em antecipação,que se revelaram um sucesso e uma aposta ganhar: uma na localidade cacerenha de Piedras Albas, a 26 e 27 de julho, e duas em território português: Arronches, a 5 e 6 de julho, e Portalegre, dias 11 e 12 de julho, com o objetivo de expandir a influência e contribuição cultural do cinema independente.
SOBRE O PERIFERIAS
O festival teve a sua primeira edição em 2013 e é organizado anualmente, desde então, pela Associação Cultural Periferias, em Portugal, e Gato Pardo, em Espanha.
O projecto nasceu de uma iniciativa cidadã, apoiada pelo município de Marvão desde o primeiro momento, e cresceu graças ao apoio de vários patrocinadores e colaboradores.
Entretanto, um novo passo foi dado com a integração de Valencia de Alcántara (Espanha) no mapa do Festival, graças ao interesse e envolvimento do Governo local, Filmoteca de Extremadura e Diputación de Cáceres.
O Periferias quer contribuir para uma efectiva descentralização cultural; para tornar acessíveis bens e serviços tradicionalmente concentrados nas grandes cidades e que dificilmente chegam às populações rurais.
O festival assume a ambição de contribuir para implantar localmente uma cultura de cinema que, a médio prazo, permita a criação de um público mais consciente e dotado de um pensamento plural que promova o contacto com a arte, não só como um espaço de ócio, mas como uma plataforma de pensamento crítico que reflita e interaja com o mundo atual.
O SENTIR DO PERIFERIAS: O Periferias é muito mais do que cinema.
Após dez edições e de intenso trabalho, o Festival continua a querer mostrar a importante actividade de descentralização cultural que tem atrás de si.
O Periferias tem impulsionado o desenvolvimento das comunidades com as quais trabalha, procurando fomentar o acesso a uma oferta cultural relevante e aposta na criação de novos públicos, tecendo redes de cooperação e proximidade ao mesmo tempo que contribui para o debate e aprofundamento de temas vitais como o meio ambiente e os direitos humanos.
Um trabalho incrementado através do cinema, da música e das artes para reforçar o sentimento de pertença a um território onde hoje os sentimentos de vizinhança e união estão acima de qualquer fronteira.
Cenários
Marvão, Beirã, Valencia de Alcántara, La Fontañera, Castelo de Vide, Galegos e Malpartida de Cáceres são parte do mapa traçado pelo Periferias, fazendo aproximar-se um território vizinho onde a fronteira é apenas um desenho. Lugares únicos onde o cinema adquire importante protagonismo durante toda a semana e onde se fala e ouve indistintamente português e espanhol.