Carcerário Negro

com Cristina Roldão, Flávio Almada, José Semedo Fernandes, Matamba Joaquim

Conversa co-organizada pelo Teatro GRIOT e Casa Independente

Casa Independente 28.09.2024 | 19H00 Entrada livre
Porque o que todo o homem ou animal teme, a essa hora em que o homem caminha no mesmo plano que o animal, e em que o animal caminha no mesmo plano que qualquer homem, não é o sofrimento, porque o sofrimento pode ser medido, e a capacidade de infligir e tolerar o sofrimento também pode ser medida; teme-se, sobretudo, a estranheza do sofrimento, ser-se levado a suportar um sofrimento que não se conhece.
Bernard-Marie Koltés, Na solidão dos campos de algodão
Carcerário Negro, conversa com a socióloga Cristina Roldão, o MC e ativista Flávio Almada, o advogado José Semedo Fernandes, o ator Matamba Joaquim e o público, pretende refletir, ainda, outra e uma vez mais e quantas mais forem necessárias, sobre as formas operativas da Justiça Portuguesa, que promove, reproduz e vai perpetuando um sistema judicial que é seletivo e abusivo para com os corpos negros, tanto nas ruas como no cárcere. Fá-lo-emos ainda, outra e uma vez mais e quantas mais forem necessárias, até que medidas efetivas sejam implementadas de forma a quebrar o elo entre discriminação racial e brutalidade policial.

©Neusa Trovoada©Neusa Trovoada

Cristina Roldão é socióloga e investigadora do Iscte-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Questões como a segregação escolar, os manuais escolares, a recolha de dados étnico-raciais nos Censos e a história negra em Portugal têm sido centrais na sua participação no debate académico e público sobre o racismo na sociedade portuguesa.

Flávio Almada, conhecido como LBC Soldjah, é MC e ativista. É licenciado em Tradução e Escrita Criativa e Mestre em Estudos Internacionais. É autor de diversas publicações, sendo a mais recente “Fanon Today: Reason and Revolt of the Wretched of the Earth”. Foi coordenador geral da Associação Cultural Moinho da Juventude e integra vários colectivos. Tem editadas coletâneas de poesia e Hip Hop, a solo ou em colaborações nacionais e internacionais.
José Semedo Fernandes é advogado. Trabalhou no Gabinete Jurídico do Centro Nacional de Apoio ao Migrante, na Coordenação do Gabinete de Apoio à Integração de Refugiados - Alto Comissariado para as Migrações, atualmente é membro da Ordem dos Advogados Portugueses tendo no exercício dessa profissão procurado combater as manifestações do racismo na estrutura policial/judicial/prisional.
Matamba Joaquim é ator e autor. É membro fundador e ator residente do Teatro GRIOT, membro permanente da Academia Portuguesa de Cinema e da La Plateforme - Pôle cinéma audiovisuel des Pays de la Loire. Em 2018 foi distinguido pela GDA com o prémio Novo Talento na categoria de cinema pelo seu desempenho no filme “Comboio de sal e açúcar” de Licínio Azevedo.
Projeto financiado pela República Portuguesa - Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes
Apoio: BANTUMEN, Câmara Municipal da Moita, Casa Independente, Polo Cultural Gaivotas Boavista, Teatro Ibérico
O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pela Câmara Municipal de Lisboa

10.09.2024 | by martalanca | justiça, racismo, teatro griot

“DES-OBRA” do artista guineense NúBarreto

O Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design - CNAD, sob asuperintendência do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, convidapara a inauguração da exposição “DES-OBRA” do artista guineense NúBarreto, no dia 12 de setembro, às 18h30, na Galeria Bela Duarte, no CNAD.


12 de setembro marca o centenário de Amílcar Cabral, o teórico e estrategadas lutas de independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau, o nacionalistarelutante. Enquanto figura central da revolução, Cabral encarna um(anti)herói que articula no seu pensamento práxis, pedagogia e ação(revolução) – um legado reivindicado por diversos grupos e de forma global:o Cabral feminista, humanista, pan-africanista, nacionalista, internacionalista,uma polifonia que serve de ponto de partida para uma reflexão mais amplasobre o seu legado hoje.
Nú Barreto é um artista multidisciplinar cuja prática incluí fotografia, vídeo,desenho, colagem e instalação e que se debruça numa constante observaçãodo seu tempo. Artista inquisitivo e provocativo, com uma produçãoabertamente política e politizada, Barreto explora a memória transafricana,aplicando um vocabulário que, de forma subjetiva, comunica as relações depoder e um mundo em constante transformação.
Em Des-Obra, Nú Barreto explora a complexidade de activar e preservar amemória colectiva – aquela que é transversal e transgeracional, em oposiçãoa amnesia colectiva. O artista actua como um poeta das liberdades e da autoafirmação, usando de diversas estratégias – apropriação, repetição,destruição, a abstração - para dar corpo e forma a uma política de memória.A exposição funciona como uma grande instalação, um ensaio entre opoético e o didático. Uma narrativa que se reinventa a partir de novasperguntas. Um antídoto ao esquecimento.

 

09.09.2024 | by martalanca | Amílcar Cabral, NúBarreto

Enciclopédia Negra I Porto

Curadoria: Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz
Sala de Exposições da Escola das Artes
20 JUN - 4 OUT 2024
14H às 19H - Entrada livre

Download folha de sala da exposição Enciclopédia Negra 

Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais. Neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas. Também são pouco mencionados o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes. 

A exposição Enciclopédia negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas. Ele contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao chamado e deram a ele realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homônimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias. 

Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil. 

A grande utopia é devolver imaginários e histórias mais plurais em termos de raça, geração, região, gênero e sexo. Essa é uma maneira de qualificar a democracia, deixando de discriminar setores da sociedade brasileira que correspondem, ao menos no Brasil, a uma “maioria minorizada” na representação social. 

Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória. 

Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz

Projeto Enciclopédia Negra
Parceria: Associação Pinacoteca Arte e Cultura de São Paulo e Companhia das Letras.
Apoio: Instituto Ibirapitanga / Colaboração: Instituto Soma Cidadania Criativa
Obras pertencentes ao acervo da Pinacoteca de São Paulo
Doação dos artistas, por intermédio da Associação Pinacoteca Arte e Cultura.

 

05.09.2024 | by martalanca | Enciclopédia Negra

TUNTUNHI

Venho enviar informação sobre o espetáculo TUNTUNHI que será apresentado no próximo dia 15 de setembro, às 16h, no Auditório da Escola Secundária de Camões, no âmbito do Festival TODOS.

A migração é o tema central do espetáculo. Neste novo capítulo, ao grupo de participantes original da zona de Almada, juntam-se agora participantes da zona de Arroios, pessoas da comunidade, alguns alunos da Escola de Camões, migrantes e descendentes de migrantes de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Haiti, Nepal, Venezuela, Paquistão e Portugal.

foto de José Fradefoto de José Frade

TUNTUNHI tem direção artística e coreografia de Filipa Francisco e foi criado no âmbito do projeto “Corre-Mundos – Transformação pela Art’Inclusiva”, que pretende capacitar o desenvolvimento pessoal, social e comunitário de migrantes e descendentes de migrantes através da arte. Este projeto foi promovido pela Associação Almada Mundo e apoiado pelo PARTIS & Art for Change (Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação “la Caixa”) e é agora dinamizado pela associação Mundo em Reboliço. 

Filipa Francisco tem desenvolvido um extenso corpo de trabalho coreográfico, muito ligado às questões sociais e à inclusão. Trabalhou, por exemplo, em projetos com jovens da Cova da Moura, com reclusos do estabelecimento prisional de Castelo Branco e com diversas comunidades migrantes. 

Procura aproximar a dança de diferentes públicos usando estratégias de envolvimento que passam pelo recurso a memórias e vivências ou por cruzamentos entre o reportório das danças tradicionais com o contemporâneo.

03.09.2024 | by martalanca | migração, teatro, TUNTUNHI

Exposição - Novos Territórios e Futuros Negros

Candidaturas:

Esta Open Call destina-se a artistas interessadxs em integrar uma exposição plástica multidisciplinar, cujo tema destaca uma área pouco reconhecida pelo panorama da produção artística contemporânea nacional. 
Na próxima edição do ciclo Afro-Portugal, decidimos re-direcionar os nossos recursos, discurso e foco curatoriais para o trabalho de artistas negrxs que recorram a diferentes elementos para abordar não só questões e problemáticas institucionais, mas principalmente invocar cenários alternativos, imaginar novas realidades e possibilidades futuras para os nossos corpos, onde a expressão das nossas subjetividades, na sua plenitude, seja possível e pautada exclusivamente por nós, pessoas pretas. 
Assim sendo, o nosso objetivo principal será explorar o potencial das expressões da vida negra muito para além das limitações de um pensamento intrinsecamente colonial e racializado, com suas hierarquias histórica e socialmente construídas pela institucionalização da supremacia branca. 


Perguntas e/ou conceitos-chave:

  1. Como pensar um novo e futuro território para a nossa negritude? Quais as suas dimensões? 
  2. Será esse um território geográfico, físico, corpóreo, interior ou virtual? Será esse uma viagem identitária? Uma relação que estabelecemos com os nossos corpos, ancestralidade…ou uma projeção num tempo que colapsa? Será que esse mesmo território não passará pela própria desterritorialização?

A quem se destina esta candidatura?

  • Esta destina-se exclusivamente a artistas negrxs, até aos 27 anos, com projetos na área das artes visuais – desde pintura, escultura, instalações e multimédia (fotografia, vídeo, manipulação digital interdisciplinar) – de cariz experimental ou até de pesquisa.

O que oferecemos?

  • Cachê-base de 500€ (incluindo valores de deslocação, se necessários); 
  • Condições para a apresentação pública do projeto: apoio técnico e assistência de produção;
  • Acompanhamento artístico pela equipa de curadores e produção;

Como te podes candidatar?

  • As propostas deverão ser submetidas até dia 2 de setembro de 2024, redigidas em português ou inglês, através deste formulário. Caso o teu projeto ainda não estiver não concretizado, não te esqueças de preencher a ficha de candidatura, disponível para download no link seguinte: https://docs.google.com/document/d/1lciLNzG8uMrk3QsjEnsnLjS01i8jf61rP_YfMSqQOKA/edit?usp=sharing. Submete o teu documento no final deste mesmo formulário ou envia-o devidamente preenchido e gravado com o teu nome para o e-mail: info.novosterritorios@gmail.com
  • Os resultados serão comunicados por e-mail, contacto telefónico até ao dia 27 de setembro de 2024.

Qualquer dúvida poderá ser esclarecida através dos seguintes contactos:
Babu: 

Carlos Tavares Pedro:

Madalena Bindzi:

30.08.2024 | by martalanca | exposição, futuros negros

Episódios de Fantasia & Violência, de p. feijó

Episódios de Fantasia & Violência, ensaio-poema autoteórico, estreou-se como leitura-performance em várias salas intimistas, entre Lisboa e Porto, e ganha aqui nova materialidade enquanto objecto-livro.

p. feijó fala-nos de um mundo violento para com o que não é binário ou, em geral, não encaixa na experiência masculina dominante. Rememorando alguns episódios, tenta entender o papel e a natureza da fantasia pornográfica violenta, obscena, errada, e presta atenção ao corpo em metamorfose que incita a fantasia e a transformação noutros corpos. Esse processo contagioso de experimentação somática voluntária e involuntária é também uma monstruosidade que anuncia o fim deste mundo. 

27.08.2024 | by martalanca | p. feijó

Festival Ibérico PERIFERIAS

DE 9 A 17 DE AGOSTO

  • Sessão de abertura no Castelo de Marvão, com projeção de Manga d’Terra, de Basil da Cunha e conversa com o realizador
  • Cerimónia de encerramento em Malpartida de Cáceres com entrega do Prémio Tejo/Tajo Internacional Reserva da Biosfera Transfronteiriça ao filme vencedor
  • Filmes ao ar livre, concertos, visitas guiadas: uma programação para todos

Foi anunciada a programação completa daquela que será a 12ª edição do Periferias - Festival Internacional de Cine(ma) de Marvão  e Valencia de Alcántara, que acontece entre 9 e 17 de agosto de 2024, em Marvão (Portugal) e Valência de Alcântara (Espanha).

A divulgação oficial aconteceu em Lisboa, no carismático espaço da Casa do Comum, no Bairro Alto, e contou com a presença de Paula Duque, directora do festival, e de Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, realizador da curta ‘’Periferias, um festival de afectos’’, que é também embaixador do festival.

Com uma agenda repleta de filmes para todos, de filmes para crianças, de visitas guiadas e um concerto, o Periferias reforça o seu estatuto enquanto referência na produção de filmes de autor focados na defesa e promoção dos Direitos Humanos, preservação do meio ambiente e impulso da arte cultural, contribuindo assim para uma efetiva descentralização da cultura no ambiente rural da Reserva da Biosfera Tejo Internacional, o que o torna um excelente embaixador da identidade sociocultural da fronteira hispano-lusa.

Por entre essenciais memórias do que foi, durante décadas, a recepção do cinema como experiência colectiva – em que ir ao cinema significava partilhar um lugar público de encontro – e a produtiva actualização da arte cinematográfica como instrumento de conhecimento interventivo, a 12ª edição do Periferias abarca cinematografias de uma diversidade de universos: Alemanha, Brasil, Espanha, Finlândia, Itália, Palestina, Portugal,

São Tomé e Príncipe, Tunísia. E em três diferentes expressividades: ficção, documentário, animação – nesta última dedicando mesmo oficinas práticas às crianças.

Sempre sob o signo da busca de novos possíveis (justiça, integridade, alegrias, exigência de harmonias na vida como um todo) num mundo material e ideológico que à nossa volta tende amiúde para fomentar depressões, desesperos, desistências. Contra estes profundos males da civilização que é a nossa, o cinema é – pode ser – uma contribuição poderosa para a abertura do espírito a imperiosas necessidades: as da superação de tudo quanto reduz os humanos a meros objectos de ambições.

Tal como outras actividades humanas, o cinema também tem inadiáveis responsabilidades éticas. É nestas que devemos fazer finca-pé.

Este certame cinematográfico, que começou em 2013 através de uma iniciativa cidadã, reúne o melhor da sétima arte internacional com uma seleção de títulos – filmes, documentários e animações -, em espanhol e português, bem como concertos, exposições ou roteiros e visitas guiadas.

Recorde-se que, este ano, o festival contou com três extensões, em antecipação,que se revelaram um sucesso e uma aposta ganhar: uma na localidade cacerenha de Piedras Albas, a 26 e 27 de julho, e duas em território português: Arronches, a 5 e 6 de julho, e Portalegre, dias 11 e 12 de julho, com o objetivo de expandir a influência e contribuição cultural do cinema independente.

SOBRE O PERIFERIAS

O festival teve a sua primeira edição em 2013 e é organizado anualmente, desde então, pela Associação Cultural Periferias, em Portugal, e Gato Pardo, em Espanha.

 O projecto nasceu de uma iniciativa cidadã, apoiada pelo município de Marvão desde o primeiro momento, e cresceu graças ao apoio de vários patrocinadores e colaboradores.

Entretanto, um novo passo foi dado com a integração de Valencia de Alcántara (Espanha) no mapa do Festival, graças ao interesse e envolvimento do Governo local, Filmoteca de Extremadura e Diputación de Cáceres.

O Periferias quer contribuir para uma efectiva descentralização cultural; para tornar acessíveis bens e serviços tradicionalmente concentrados nas grandes cidades e que dificilmente chegam às populações rurais.

O festival assume a ambição de contribuir para implantar localmente uma cultura de cinema que, a médio prazo, permita a criação de um público mais consciente e dotado de um pensamento plural que promova o contacto com a arte, não só como um espaço de ócio, mas como uma plataforma de pensamento crítico que reflita e interaja com o mundo atual.

O SENTIR DO PERIFERIAS: O Periferias é muito mais do que cinema.

Após dez edições e de intenso trabalho, o Festival continua a querer mostrar a importante actividade de descentralização cultural que tem atrás de si.

O Periferias tem impulsionado o desenvolvimento das comunidades com as quais trabalha, procurando fomentar o acesso a uma oferta cultural relevante e aposta na criação de novos públicos, tecendo redes de cooperação e proximidade ao mesmo tempo que contribui para o debate e aprofundamento de temas vitais como o meio ambiente e os direitos humanos.

Um trabalho incrementado através do cinema, da música e das artes para reforçar o sentimento de pertença a um território onde hoje os sentimentos de vizinhança e união estão acima de qualquer fronteira.

Cenários

Marvão, Beirã, Valencia de Alcántara, La Fontañera, Castelo de Vide, Galegos e Malpartida de Cáceres são parte do mapa traçado pelo Periferias, fazendo aproximar-se um território vizinho onde a fronteira é apenas um desenho. Lugares únicos onde o cinema adquire importante protagonismo durante toda a semana e onde se fala e ouve indistintamente português e espanhol.

29.07.2024 | by martalanca | periferias

“Eu Não Sou Teu Negro”, de Raoul Peck

O projecto Cinéfilos & Literatus e a Embaixada Norte-Americana em Angola, em parceria com KinoYetu e Goethe-Institut Angola, promovem no dia 30 de Julho, terça feira, no Hotel Globo, às 18:30, a exibição do documentário “Eu Não Sou Teu Negro” (Dire. Raoul Peck, 2016, Estados Unidos da América), uma adaptação do manuscrito “Remember This House” do escritor James Baldwin, distribuição Big World Cinema. Com a curadoria de André Gomes e Sarah Estrela, a sessão vai acompanhar uma mesa de conversa constituída por Zola Álvaro (activista), Carmen Mateia (activista social), Isis Hembe (rapper) e Marcos Jinguba (curador) no papel de moderador. 

A sessão acontece dentro da parceria entre o projecto Cinéfilos & Literatus e a Embaixada Norte-Americana em Angola (Espaços Americanos). O filme “Eu Não Sou Teu Negro”, “explora relações étnicas durante a luta dos direitos civis dos Estados Unidos, tendo como principais ícones Martin Luther King, Jr., Malcolm X e Medgar Evers.” Cinéfilos & Literatus é um projecto artístico-cultural e social sem fins lucrativos que consiste na projeção de filmes adaptados de obras literárias nacionais e internacionais, seguido de uma conversa crítica sobre o livro e filme.Os Espaços Americanos “são projetados, configurados e equipados para promover o pensamento crítico, inovação e discussões ponderadas sobre questões importantes para o relacionamento dos EUA com Angola e com os interesses globais dos EUA. Os programas dos Espaços Americanos mostram a amplitude e a profundidade dos valores americanos, ideais, cultura e perspectivas sobre uma variedade de temas.” Com a entrada gratuita, sintam-se convidados! 

28.07.2024 | by martalanca | Raoul Peck, “Eu Não Sou Teu Negro”

SEM MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE, ESCRAVATURA MODERNA

Nova ação/nueva acción en Lisboa:

PT“Sem manifestação de interesse, escravatura moderna” é a nossa recente ação nas ruas de Lisboa sobre as novas políticas de imigração excludente em Portugal. Usamos os desenhos originais dos navios negreiros portugueses - que transportaram milhões de escravos durante séculos - para construir barcos que deixamos flutuar nas fontes do centro histórico de Lisboa, especialmente no eixo urbano Alameda-Martim Moniz. A Avenida Almirante Reis atravessa Arroios, freguesia com maior população imigrante no centro da cidade, que recentemente se recusou a emitir atestados de residência a imigrantes extracomunitários, travando o acesso a direitos fundamentais. Da mesma forma, a nossa frota tem formato de cartaz para colar nas paredes.Portugal tem a responsabilidade histórica de ter iniciado o tráfico transatlântico de escravxs, o maior deslocamento forçado de pessoas a longa distância na história, mais de 12,5 milhões de pessoas aprisionadas no continente africano e forçadas a trabalhar no outro lado do oceano.Com a recente supressão da “manifestação de interesse”, procedimento que permite a regularização dxs trabalhadorxs imigrantes em Portugal, dezenas de milhares de pessoas serão empurradas para a exclusão social, o trabalho clandestino, a exploração laboral e a negação de direitos.Com o fim da “manifestação de interesse” o Governo Português legitima e suporta novamente a escravatura moderna.–—CAS “Sem manifestação de interesse, escravatura moderna” es nuestra reciente acción en las calles de Lisboa en relación a las nuevas políticas de inmigración excluyentes en Portugal. Utilizamos los diseños originales de los navíos negreros portugueses, que transportaron millones de esclavos durante siglos, para construir barcos que dejamos flotar en las fuentes del centro histórico de Lisboa, especialmente en el eje urbano Alameda-Martim Moniz. La Avenida Almirante Reis cruza Arroios, la freguesía con mayor población inmigrante del centro de la ciudad, que recientemente se negó a expedir certificados de residencia a inmigrantes extracomunitarios, bloqueando el acceso a los derechos fundamentales. Asimismo, nuestra flota tiene formato de cartel para pegar en las paredes.Portugal tiene la responsabilidad histórica de haber iniciado el tráfico transatlántico de esclavos, el mayor desplazamiento forzado de personas a larga distancia de la historia, más de 12,5 millones de personas encarceladas en el continente africano y obligadas a trabajar al otro lado del océano.Con la reciente supresión de la “manifestação de interesse”, procedimiento que permite regularizar a lxs trabajadorxs inmigrantes en Portugal, decenas de miles de personas se verán empujadas a la exclusión social, el trabajo ilegal, la explotación laboral y la negación de derechos.Con el fin de la “expresión de interés”, el Gobierno portugués legitima y apoya una vez más la esclavitud moderna.

19.07.2024 | by martalanca | ação

Viúvas da Seca, de Israel Campos

Na região sul de Angola, muitas mulheres viram-se abandonadas pelos seus maridos devido à seca que afeta a região há anos. Agora, sozinhas, enfrentam os desafios da seca para se manterem vivas.

Esta reportagem venceu a  primeira edição do prémio angolano  liberdade de imprensa, promovido pelo Sindicato de Jornalistas Angolanos e o MISA ANGOLA. 

 

16.07.2024 | by martalanca | Israel Campos, Viúvas da Seca

Inauguração - Ateliê Mutamba

Acontecerá na próxima quinta-feira(11), a inauguração da 3• edição  do Ateliê  Mutamba.   
O evento integrará  a programação do Festival,  “O Futuro já era”, no CINE SÃO PAULO.  
Esta mensagem é um convite para que se faça presente  e participe da  conversa com o curador desta edição, Hugo Salvaterra e os artistas Edmar Moon, Graciana Chamba e Nark Luenzi 
Contamos com sua presença!

09.07.2024 | by martalanca | ateliê mutamba

01.01.1970 |

Lançamento de 'Umbigo do Mundo, dia 8 na Travessa Lisboa

Lançamento do livro Umbigo do Mundo, da antropóloga indígena Francy Baniwa. Dia 8 de julho às 19h, na Livraria da Travessa, com um debate entre a autora e a poetisa indígena radicada em Braga, Ellen Lima Wassu.

Umbigo do mundo é um acontecimento literário e antropológico que merece ser celebrado. Fruto “de uma conversa do narrador com sua filha mulher”, conforme as palavras da autora, Francisco e Francy nos conduzem por uma trilha cosmológica pelas paisagens do Noroeste Amazônico, convidando-nos a sintonizar a sensibilidade e a imaginação em entidades, bichos, plantas, lugares e acontecimentos de um tempo ancestral — e que continua a reverberar. O ciclo de vinganças entre eenonai e hekoapinai, os cantos e benzimentos, as ações e transformações de Ñapirikoli, Amaro, Kowai, Kaali e Dzooli, tudo isso compõe o quadro de uma verdadeira epopeia amazônica, pela voz dos Baniwa ou Medzeniakonai. Ao longo destas páginas, o multilinguismo da região se faz presente no modo como o nheengatu e o baniwa se trançam ao português, em doses, trazendo ao leitor uma amostra da complexidade da arte verbal dos narradores rionegrinos. Umbigo do mundo, assim, é uma confluência entre diferentes rios de saberes, aproximando-se dos livros da constelação Narradores indígenas do Rio Negro a partir da transdisciplinaridade da constelação Selvagem, como um capítulo especial da florescente antropologia indígena. Com originalidade, Francy Baniwa alterna as vozes de narrador, de personagens e de etnógrafa, compartilhando, por meio de sua generosa e corajosa escrevivência, afetos e conhecimentos de seus parentes, do rio, da roça e da floresta. As ilustrações que acompanham o texto, do artista Frank Baniwa, irmão da autora, exprimem aquela modalidade da arte indígena contemporânea que tem registrado em cores e formas as ações e personagens de narrativas tradicionalmente orais, compondo uma singular obra verbo-visual, povoada de sensível intimidade com a mata e seus seres. Seguir este selvagem roteiro é como embarcar em uma floresta de mundos, ou como pôr lentes para mirar o mundo como floresta. Umbigo do mundo é a proclamação, desde o Alto Rio Negro, de que o centro do mundo se encontra mesmo na Amazônia, ou ainda, de que o centro está em toda parte, de todo modo, de que os formigueiros urbanos não são a exclusiva morada dos acontecimentos que atravessam a vida humana e mais que humana.

Idjahure Kadiwel

FRANCY BANIWA: Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa e pesquisadora do povo Baniwa, clã Waliperedakeenai, nascida na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, na Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira/AM. Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atua, trabalha e pesquisa nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, conhecimento tradicional, memória, narrativa, fotografia e audiovisual.
É graduada em Licenciatura em Sociologia (2016) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). É mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). É pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM.
Foi coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordenou o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido entre uma parceria UNESCO-Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora” entre 2019 e 2020; e que prossegue em 2023 para catalogar e qualificar as peças do primeiro acervo indígena da instituição, editar um catálogo de fotografia, produzir uma exposição virtual e finalizar a produção de 3 documentários, sobre cerâmica, tucum e roça. É diretora do documentário ‘Kupixá asui peé itá — A roça e seus caminhos’, de 2020. Atualmente coordena o projeto ecológico pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), pelo empoderamento e dignidade menstrual das mulheres do território indígena alto-rio-negrino.

04.07.2024 | by martalanca | amazônia, Ellen Lima Wassu, Francy Baniwa, Umbigo do Mundo

Residência Negralvo, Alice Marcelino

Localização:

ACOLÁ — Freguesia do Torrão

Alice Marcelino é uma artista luso-angolana radicada em Londres. Labora entre Londres, Lisboa e Luanda. Seu trabalho visual explora noções de pertença, num mundo global complexo e em constante mudança. A sua residência artística no Torrão associa o entender do passado às aspirações das gerações futuras. Marcelino pretende descobrir histórias e narrativas esquecidas, especialmente ligadas às nuances históricas e culturais da comunidade afro-portuguesa na região do Sado. 

detalhe de KINDUMBA, 2015, impressão em placa de cobre, 30×20 cm.detalhe de KINDUMBA, 2015, impressão em placa de cobre, 30×20 cm.

A residência, parte do programa NEGRALVO incluirá a criação de retratos de estúdio – ver Malick Sidibe, Sanlé Sory, Rachidi Bissiriou. O ato de criar retratos de estúdio torna-se um processo colaborativo e dialógico, uma oportunidade para os indivíduos participarem ativamente na representação de suas próprias narrativas. Trata-se de capacitar a comunidade para se apropriar da sua história visual, garantindo que as suas experiências não são apenas vistas, mas também compreendidas e celebradas. 

“Pretos do Sado” de Isabel Castro Henriques funciona como obra catalisadora para esta exploração da memória colectiva e do património, constituindo um roteiro para o navegar pelas complexidades da identidade e da preservação cultural. Em pano de fundo, a artista assume um compromisso: promover a compreensão, a empatia e um apreço renovado pelas diversas narrativas que contribuem para o mosaico cultural da comunidade afro-portuguesa.

28.06.2024 | by martalanca | alice marcelino

#Templo De Sílica 4.0 ===

Tecnologia - cheia de graça

O servidor é convosco
Bendita sois vós entre as máquinas
E bendito é o fruto do vosso silicon - robôs Santa Tecnologia, Placa- Mãe de Deus Rogai por nós utilizadores

Templo de Sílica é um ensaio em curso sobre a Tecnolatria (idolatria e dependência da tecnologia), Fascização Tecnológica, Colonialismo Digital e Necropolítica. Explora a ideia de humanização das máquinas e robotização dos humanos, associada às intensivas economias extrativas e à mineração de dados, o que enriquece um grupo minúsculo de pessoas no mundo, expropriando e deslocalizando o resto. Isto tudo associado à disseminação de ideais racistas, xenófobas e nativistas e à militarização e fronteirização do mundo.

TDS 4.0 é uma criação de xullaji para o grupo Peles Negras Máscaras Negras, a partir de textos e músicas suas, amalgamados a trechos de chats recolhidos durante o processo de criação, ditos rappados, cantados e contracenados, a que se junta luz, movimento, vídeo e a música de prétu. A versão 1.0 foi criada em residência artística, em julho de 2023, no 23 Milhas (Ílhavo), onde se estreou. Agora apresenta a sua versão 4.0 no Teatro Municipal de Matosinhos.

Agora e na hora do nosso logout – A[I]MEN

Ficha Técnica e Artística
Criação, Textos e Direção Artística xullaji
Produção Elton Delgado e Coletivo Peles Negras Máscaras Negras

Elenco

Alesa Herero Douguie
Elton Delgado Lúcia Baronesa Nadine do Rosário Raquel da Luz xullaji

Música, Vídeo e Desenho Som xullaji
Desenho de Luz Luís Moreira
Arte (cenografia, figurino e adereços e fotografia) Coletivo Peles Negras Máscaras Negras
Apoio ao Movimento Lucília Raimundo

27.06.2024 | by martalanca | Coletivo Peles Negras Máscaras Negras, teatro

À MESA DA UNIDADE POPULAR de Isabel Noronha e Camilo de Sousa

Sábado, 29 Junho, 19:00, cinema IDEAL

com a presença de Isabel Noronha e Camilo de Sousa e conversa no final da sessão

A Mesa da Unidade Popular, com as suas seis cadeiras, fazia parte da Mobília da Unidade Popular que, no período pós-Independência socialista, o Estado moçambicano pretendia atribuir a todas as famílias. Um conceito que reunia a ideia socialista de igualdade, bem-estar e justiça social com o conceito de Unidade Nacional, pressuposto básico da Frelimo para a Independência e desenvolvimento harmonioso do País. A Mesa da Unidade Popular voltou a ser neste filme, o lugar onde convergiram histórias, memórias e testemunhos, nesta Mesa voltámos a sentar-nos, para revisitar o processo de construção de uma Nação e da utopia partilhada da construção de uma sociedade mais justa. Cada um de nós com sua identidade e sua cultura, a sua forma única e diversa de ser moçambicano.

 + infos

26.06.2024 | by martalanca | independência, Moçambique

Tributo a Azagaia I Casa Independente 28/6

SAM THE KID, HUCA, SIR SCRATCH E NAYR FAQUIRÁ NA SEGUNDA EDIÇÃO DO TRIBUTO AO RAPPER AZAGAIA NA CASA INDEPENDENTE

A Casa Independente em Lisboa, realiza no dia 28 de Junho de 2024, das 17h às 03h da manhã, a 2a edição do Tributo a Azagaia - Povo no Poder. Uma homenagem à vida e obra do músico e pensador moçambicano, Azagaia, pautada pela luta pelos direitos universais da dignidade humana, pela resistência e solidariedade, acrescidas por uma construção lírica que reúne consenso no panorama musical internacional.

Este ano, o Tributo coincide com as celebrações dos 50 anos do 25 de abril, alarga o seu programa a uma talk com a curadoria da antropóloga e jornalista Magda Burity e Flávio Almada, ativista, fundador e porta-voz do movimento Vida Justa e da Associação Mbongi, que traz para debate o tema “Azagaia: A palavra como património transversal ao pensamento decolonial” através de leituras e audição de músicas da autoria e composição de Azagaia.

Coca o FSM & Mano António, Huca, Michel William, Indi Mateta, Libra, Matti Jasse, Muleca XIII, Nayr Faquira, Remna, Sam The Kid, Sir Scratch, LBC Soldjah, e Schmith , Yeri e Yenin e o Dj Set final, são os nomes confirmados para esta edição.

A curadoria está a cargo do rapper Valete, da empresária Inês Valdez, do músico Milton Gulli, da jornalista Magda Burity e da empresária Lídia Amões.

Na primeira edição cerca de 500 pessoas encheram a Casa Independente para homenagear Azagaia, numa noite memorável, que contou com as vozes de Sérgio Godinho e João Afonso, Valete, Paulo Flores, Maria João, Papillon, Scúru Fitchádu, no leque de 19 artistas que tivemos o privilégio de ver atuar no espetáculo. Celebrou-se o percurso de Azagaia com mensagens de colegas de profissão e académicos de todo o mundo.

“Tenho uma costela indireta rapper”, disse Sérgio Godinho, à margem do tributo, que teve lugar na Casa Independente, em Lisboa, e que escolheu a música “Democracia” para homenagear Azagaia.

As receitas do evento de 2024 revertem para a plataforma Makobo. www.makobo.co.mz
As receitas do evento de 2023 reverteram para a família de Azagaia.

Instagram: tributoazagaia
Bilhetes: https://shotgun.live/pt-pt/events/tributo-a-azagaia-povo-no-poder-2-edic... Comunicação: madamecomunicacao@gmail.com

26.06.2024 | by martalanca | Azagaia, Moçambique

nascimento de Amílcar Cabral

A sociedade civil junta para celebrar o Centenário do nascimento de Amílcar Cabral.Quem somos

Somos cidadãos cabo-verdianos ou descendentes de cabo-verdianos, de diversos quadrantes, idades e profissões, residentes no arquipélago, no continente europeu, africano ou americano, que queremos e decidimos nos juntar para celebrar o centenário daquele que consideramos como a figura histórica mais marcante de Cabo Verde: Amílcar Cabral.

Missão

Em um mundo cada vez mais globalizado, mas ao mesmo tempo marcado por divisões e conflitos, a nossa missão ganha uma importância renovada: contribuir de forma significativa para o reforço dos laços de solidariedade entre os cidadãos comuns, longe de quaisquer aspirações político-partidárias, que almejam prestar uma justa homenagem a Amílcar Cabral ao longo do ano de 2024. Propomo-nos a unir pessoas de diferentes nacionalidades, culturas e continentes, todas movidas pelo reconhecimento do valor histórico e pelo impacto contemporâneo da vida e obra de Cabral, uma figura central na luta pela liberdade e pela igualdade. Este é um esforço para transcender fronteiras geográficas e culturais, visando criar uma comunidade global de memória, aprendizagem e ação inspirada pelos ideais de Cabral.

Ver o site 

 

 

22.06.2024 | by martalanca | Amílcar Cabral

Os Mapas da Memória: uma cartografia pós-colonial europeia

MAPS - Pós-memórias Europeias: uma cartografia pós-colonial foi um projeto financiado pela FCT que criou uma nova cartografia da memória colonial europeia, trazendo para primeiro plano as memórias dos que foram afetados pelo colonialismo e pela descolonização em Portugal, França e Bélgica, do ponto de vista das segunda e terceira gerações. Teve como base parte da pesquisa realizada no projeto Memoirs – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias (n.º 648624), financiado pelo Conselho Europeu de Investigação e desenvolvido no Centro de Estudos Sociais. A re-significação do passado colonial trazida pela combinação do estudo de narrativas pessoais, literatura e obras artísticas, do ponto de vista do conceito de pós-memória, deu um contributo poderoso para repensar o património da memória colonial como uma parte fundamental da identidade europeia.

Este projeto está na origem da plataforma Reimaginar a Europa que apresenta em vários suportes as realizações do projeto - https://reimaginaraeuropa.ces.uc.pt. Os resultados obtidos, nomeadamente os instrumentos propostos têm um elevado alcance pedagógico mostrando como a pós-memória pode ser geradora de novos compromissos democráticos, pós-nacionais e geradores de um diálogo Norte-Sul.

27 de Junho 2024 | 9.30 -13.00 

VER PROGRAMA

Nú Barreto, Black Moon, 2018 (Cortesia do Artista)Nú Barreto, Black Moon, 2018 (Cortesia do Artista)

21.06.2024 | by martalanca | cartografia, pós-colonial

GHOST | As pós-vidas do contrato e da escravatura: narrativas sobre trabalho forçado entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

De forma a documentar a história cultural das práticas de trabalho forçado que, durante o colonialismo português, vigoraram em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, nasce o projeto GHOST. As pós-vidas do contrato e da escravatura: narrativas sobre trabalho forçado entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Esta investigação, sediada no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) e que vai estar em curso até 2027, propõe-se produzir um conhecimento novo e aprofundado sobre o trabalho forçado nestes dois arquipélagos, que ainda hoje impacta as dinâmicas de vida das sociedades cabo-verdiana e santomense. GHOST visa contribuir para a discussão sobre o reconhecimento de passados coloniais negligenciados e dos seus legados, ao traçar caminho para uma abordagem mais crítica e democrática do trabalho forçado. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Entre 1903 e 1970, cerca de 80 mil cabo-verdianos foram enviados para trabalhar nas plantações de café e de cacau de São Tomé e Príncipe. Em resultado deste afluxo maciço de trabalhadores cabo-verdianos, geralmente designado por contrato (termo velado para servidão e/ou trabalho forçado), houve um impacto profundo em ambas as sociedades, com reflexos na sua cultura e nas suas estruturas sociais. Nesta investigação, o entendimento desta história vai ser feito a partir do estudo das narrativas do contrato, como poesia, prosa, pintura, cinema, música, imprensa e histórias de vida. Ao examinar como e por que razão as narrativas sobre o trabalho forçado evoluíram ao longo do tempo nos dois arquipélagos africanos, este projeto de investigação pretende colmatar uma lacuna nos estudos globais sobre as plantações, que tendem a centrar-se no continente americano. O projeto oferece, para tal, um novo quadro concetual para pensar as plantações coloniais, o trabalho forçado e os processos de memorialização: a fantasmagoria. A fantasmagoria contempla os modos pelos quais um passado colonial mal resolvido — e, neste caso, a violência do trabalho nas plantações — se fazem conhecer no presente. Isto diz respeito, por exemplo, ao regresso dos contratados como espíritos, por possessão ritual ou outros mecanismos, mas também engloba os processos ativos de desumanização, silenciamento e marginalização através dos quais sujeitos (pós)coloniais concretos são transformados em espectros. OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO Situado nos campos interdisciplinares dos Estudos Pós-coloniais, dos Estudos de Cultura e dos Estudos da Memória, o projeto procura responder a três questões centrais: 1) quais foram as manifestações culturais do trabalho colonial nas plantações produzidas em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe a partir do século XX? 2) como são retratados nestas narrativas o trabalho forçado e o contrato? 3) poderá a fantasmagoria servir como método de descolonização deste passado colonial partilhado? Em resposta a estas questões de investigação, o projeto propõe-se: (a) Fazer uma história cultural comparativa do trabalho forçado, através do levantamento e da análise de narrativas cabo-verdianas e santomenses, e determinar como estas experiências são simultaneamente objeto e sujeito de memórias divergentes; (b) Examinar a memorialização do trabalho forçado em dois arquipélagos africanos, contribuindo para a internacionalização de um aspeto marginalmente representado da história global; (c) Demonstrar como as fantasmagorias (pós)coloniais podem acentuar o poder político e social da memória no reconhecimento de passados coloniais negligenciados e dos seus legados duradouros. IMPACTOS ESPERADOS DO PROJETO Além da divulgação dos avanços e resultados da investigação através de conteúdos científicos — nomeadamente publicações e comunicações académicas — GHOST pretende, igualmente, fazer chegar o conhecimento a outras esferas da sociedade, através, por exemplo, da produção de um podcast, da organização de um ciclo de cinema, e de ações formativas (como oficinas, sessões escolares e cursos de formação avançada). Será ainda elaborado um documento de orientação (policy brief), destinado maioritariamente a decisores políticos e às organizações internacionais portuguesas com trabalho de cooperação com estes países africanos, especialmente nos domínios da cultura e da educação. O objetivo é maximizar a inclusão da história do trabalho forçado como uma dimensão central nas práticas de memória relativas ao passado colonial e reforçar as capacidades das comunidades locais e dos diferentes intervenientes (inter) nacionais envolvidos no que diz respeito ao conhecimento dos legados coloniais nas sociedades pós-coloniais. EQUIPA Inês Nascimento Rodrigues (Investigadora Principal) Miguel Cardina (CES) Crisanto Barros (Uni-CV) Olavo Amado (CACAU) GESTÃO DO PROJETO Jessica Santos (CES) INSTITUIÇÃO DE ACOLHIMENTO Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra PARCEIROS ASSOCIADOS Universidade de Cabo Verde CACAU — Casa das Artes, Criação, Ambiente e Utopia, São Tomé e Príncipe.

21.06.2024 | by martalanca | cabo verde, São Tomé e Príncipe, trabalho forçado