Subjectividades Escravas nos Mundos Ibéricos (sécs. XV-XX)

2-3 de Julho de 2018 CONFERÊNCIA INTERNACIONAL Call for papers PRAZO: 31 de Outubro de 2017

Coordenação:Ângela BARRETO XAVIER (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), Michel CAHEN (Casa de Velázquez‒ EHEHI/ Sciences Po Bordeaux), António CORREIA DA SILVA (Universidade de Cabo Verde), Cristina NOGUEIRA DA SILVA (Faculdade de Direito ‒ Universidade Nova de Lisboa).

Organização:Grupo Impérios, Colonialismo e Sociedades Pós-Coloniais ‒ Instituto de Ciencias Sociais da Universidade de Lisboa/Casa de Velázquez ‒ École des hautes études hispaniques et ibériques, Madrid.

Localização: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal(www.ics.ul.pt)

Solicita-se a submissão de um resumo de 250 palavras, bem como o envio de uma breve exposição sobre os interesses de investigação e pesquisas atuais para: subjectividadesescravas@gmail.com

Calendário:

Prazo para a submissão de propostas (resumos): 31 de Outubro de 2017

Selecção de propostas e comunicação dos resultados aos participantes: 20 de Novembro de 2017

Pré-circulação de um resumo do paper aos comentadores:30 de Maio de 2018

Línguas de trabalho:Inglês, Português, EspanholInscrição é necessária (mais informação será dada brevemente)

Apresentação

Entre 1760 e 1860, na América do Norte e na Inglaterra, foram publicadas cerca de 70 narrativas de escravos, escritas na primeira pessoa. “Eu fui escrava, senti o que uma escrava sente, sei o que uma escrava sabe… Ouvi de uma escrava o que uma escrava sentiu e sofreu”, escreveu Mary Prince, em 1831, descrevendo desta maneira a sua condição de escravizada. Não surpreendentemente, este tipo de narrativas são lugares privilegiados (embora não únicos) para investigar as ‘subjetividades escravas’, i.e., a consciência que as pessoas escravizadas tinham da sua condição ‒nas palavras de Frederick Douglas, em 1845, “a minha condição miserável, sem remédio”. Juntamente com as entrevistas a antigos escravos e seus descendentes, estas narrativas ‒algumas das quais até retrataram a escravidão como uma instituição benigna ‒, são portas de acesso às ‘subjectividades escravas’, tendo suscitado, nas últimas décadas, o interesse da academia. Umas e outras também disponibilizam informação crucial para estudar a construção da memória pública da escravidão. As crenças religiosas, o mundo afetivo, as mundovisões, os modos de resistência, as experiências quotidianas, as memórias pós-escravidão, tornaram-se, dessa forma, mais acessíveis, especialmente para aqueles que estudam a escravidão do Caribe e da América do Norte, onde a maioria destes documentos foi produzida.Em contraste com a historiografia sobre esta dimensão da experiência das populações escravizadas no Atlântico Norte e no Caribe, é escassa a literatura que a estuda nos mundos ibéricos. De facto, as regiões e sociedades da Ásia, Oceânia, África e Américas que estiveram sob a dominação política e/ou cultural ibéricadesdeo século XV atéao séculoXX, bem como as regiões e sociedades que, desde o século XIX em diante, experimentaram uma condição pós-colonial, suscitaram menos estudos deste tipo. Uma das razões explicativas para esta escassez é a raridade de escritos de escravizados na primeira pessoa, quer narrativas, quer entrevistas. Será que esta ausência resulta das culturas políticas e das estruturas culturais que caracterizaram os mundos ibéricos e as suas formas de colonização? E quais são as diferenças que se podem identificar entre a experiência portuguesa e a experiência espanhola? Como é que esta discussão nos pode ajudar a comparar experiências nos, e para além,dos mundos ibéricos? A este primeiro conjunto de questões pode ser adicionado um segundo: Como é que os investigadores que trabalham sobre as formas ibéricas de escravidão, onde as narrativas de escravos na primeira pessoa são raras, podem aceder às suas experiências, aos seus pontos de vista, às suas vozes? Como é que se pode aceder à sua memória? Que fontes históricas e “arquivos” podem ser utilizados para reconstruir essas dimensões cruciais da história da escravidão?ObjectivosA conferência “Subjetividades Escravas nos Mundo Ibéricos (sécs. XV-XX)” tem como objetivo abordar estas questões e discutir as formas de estudar as experiências das populações escravizadas nos mundos ibéricos. Um conceito heurístico aberto, o de‘subjetividades escravas’ permite-nos entender as múltiplas formas através das quais as pessoas escravizadas se auto-percepcionaram dentro das estruturas da escravidão, individual e coletivamente, incluindo a maneira como manejaram, estrategicamente, a sua condiçãoescrava, do ponto de vista político, cultural, social e económico. Queremos identificar e analisar percepções, sentimentos, sonhos, medos, memórias, crenças, estratégias, utopias e distopias em contexto ibérico, bem como, tendo em conta as diferentes posições que os escravizados podiam ocupar, as suas auto-percepções identitárias. Mais do que abordagens clássicas das experiências de pessoas escravizadas, tais como as histórias tradicionais sobre revoltas de escravos, ou as das suas experiências tal como estas surgem descritas nas narrativas hegemónicas, pretendemosinstigar estudos sobre a sensibilidade e a consciência dos que foram escravizados, observar os processos históricos a partir dos seus pontos de vista, e as formas como os escravosse entendiam e se definiam. Assim sendo, convidamos os investigadores dos colonialismos ibéricos a abordar analiticamente estas múltiplas expressões da experiência escravanos territórios ibéricos (metropolitanos, coloniais e pós-coloniais), a partir de material empírico e de reflexões/propostas teóricas. A conferência tem dois grandes propósitos: por um lado, estimular o estudo das experiências de pessoas escravizadas como fenómeno histórico nas diferentes geografias e temporalidades dos colonialismos ibéricos, comparando-as com outros colonialismos (europeus e não-europeus). Por outro, reavaliar o potencial e as limitações do estudo dessas experiências nos mundos ibéricos, convidando os investigadores a pensar sobre as condições de produção de conhecimento sobre estas temáticas e sobre metodologias de análise alternativas.A conferência é multidisciplinar e pretende reunir historiadores, antropólogos, arqueólogos eoutros cientistas sociais e das humanidades. A par disso, encoraja uma análise comparativa em relação a diversos lugares e períodos históricos. Os estudiosos que trabalham a escravidão em qualquer situação histórica e localização espacial ibérica, do século XV ao século XX, são particularmente bem-vindos. Esperamos propostas de investigadores sénior, pesquisadores no início de carreira e estudantes de pós-graduação, que assentem sobre materiais empíricos, refletindo, ao mesmo tempo, conceptual e analiticamente, sobre as experiências e subjectividades das pessoas escravizadas relacionadas com os seguintes tópicos:

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05.10.2017 | by martalanca | conferência, escravatura

Um ciclo para reflectir o colonialismo português

Portugal: a mais longa ditadura fascista da Europa, estendendo-se 48 anos, e o mais duradouro império colonial do mundo, com permanência de quase 500 anos.
O jovem encenador e actor André Amálio/Hotel Europa dedica a sua tese de doutoramento em Teatro Documental ao fim do colonialismo português, aliando a investigação académica à criação artística. O seu trabalho combina elementos como pesquisa de arquivo, recolha de testemunhos, material autobiográfico e verbatim. Amálio interessa-se por “investigar histórias reais que se tornam memórias, herdadas com o tempo”, bem como por “situações onde pessoas reais contribuem para contestar e reconstruir identidades culturais”.
Com base na convicção que “o teatro pode contribuir para a reescrita da história, dando voz a um grupo silenciado, e trabalhando na transmissão da memória entre gerações”, Hotel Europa traz para palco desde 2015, em três partes, uma reflexão sobre o vasto período da história nacional e mundial que foi o colonialismo.
 
Pela primeira vez desde o seu início, vai ser possível assistir ao ciclo completo com a estreia de “Libertação”, entre 12 e 15 de Outubro no Teatro Maria Matos (com ante-estreia no dia 6 de Outubro em Almada), e a reposição de “Portugal não é um país pequeno” (2015) e “Passa-Porte” (2016), nos dias 22 e 29 de Setembro respectivamente, no Teatro Municipal Joaquim Benite.
 
Se o primeiro espectáculo se foca sobre a ditadura e a presença portuguesa em África, o segundo centra-se nas alterações de nacionalidade decorrentes dos processos de independência das antigas colónias de Angola e Moçambique, em particular na forma como a sociedade portuguesa recebe estes novos cidadãos.
 
Em “Libertação”, espectáculo que vem encerrar o ciclo, Amálio debruça-se sobre o mais traumático episódio da nossa história recente: a Guerra do Ultramar ou Guerra Colonial, como ficou conhecida em Portugal, ou as Guerras de Libertação ou de Independência, como são chamadas em Angola (1961-1975), Guiné-Bissau (1963-1975) e Moçambique (1964-1975). A partir da perspectiva de nacionalistas africanos, a peça descreve e analisa o movimento das independências em África, para melhor entender o caso do Colonialismo Português no contexto mundial, o impacto destas guerras em Portugal e a sua contribuição para a queda do Estado Novo.
 
“Libertação” é um espectáculo apoiado pela DGArtes com co-produção do Teatro Maria Matos e estreia neste Teatro no âmbito do ciclo “Descolonização” (12 a 28 de Outubro).
 
Criação de André Amálio em co-criação com Tereza Havlíčková, conta com interpretação do encenador, de Lucília Raimundo e de Nelson Makossa, com sonoplastia do último, cenografia e figurinos da autoria de Maria João Castelo e desenho de luz de Joaquim Madaíl. Uma produção Hotel Europa.

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO
// 22.09, sexta-feira, às 21h30 [reposição]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur: 90min
Bilhetes http://bit.ly/2wYYhDJ
Vídeo https://vimeo.com/171266021
 
PASSA-PORTE

// 29.09, sexta-feira, às 21h30 [reposição]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur: 90min
Bilhetes http://bit.ly/2wb979T
 
LIBERTAÇÃO
// 6.10, sexta-feira, às 21h [ante-estreia]
Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada | 5-10€ | Dur. aprox.: 1h45
Bilhetes http://bit.ly/2f7kmcs
// 12.10 a 14.10, quinta-feira a sábado, às 21h30 e 15.10, domingo, às 18h30 [estreia]
Teatro Maria Matos, Lisboa | 6-12€; 5€ [menores 30]; 3€ [menores 18]
Dur. aprox.: 1h45
Bilhetes http://bit.ly/2wbNJ4y
 *no dia 13.10, sexta-feira, há conversa após o espectáculo a propósito dos movimentos de libertação africanos, com André Amálio (Hotel Europa), Miguel Cardina (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) e Beatriz Dias (Djass Associação de Afro-descendentes)

28.09.2017 | by martalanca | André Amálio, ciclo, colonialismo, teatro

SEI PORQUE CANTA O PÁSSARO NA GAIOLA MAYA ANGELOU

TRADUÇÃO TÂNIA GANHO POSFÁCIO DIANA V. ALMEIDA

Maya Angelou enfrenta a sua vida com uma admiração tocante e com uma dignidade luminosa. James Baldwin
Grandioso livro de memórias, Sei porque Canta o Pássaro na Gaiola (1969) é uma poética viagem de libertação e um glorioso bater de asas num mundo opressivo. Este relato inspirador da infância e da juventude da autora, nos anos 30 e 40, devolve-nos o olhar de uma extraordinária criança sobre a violência inexplicável do mundo dos adultos e a crueldade do racismo, na procura da dignidade em tempos adversos. Do Arkansas rural às cidades da Califórnia, Maya Angelou traça neste livro um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos, durante a segregação, e de uma consciência que, incapaz de se resignar, desperta rumo à emancipação. Um clássico americano que marcou gerações e que conserva toda a sua actualidade.
Figura fundamental da cultura afro-americana e da luta pelos direitos civis nos EUA dos anos 60, ao lado de Martin Luther King e Malcolm X, Maya Angelou (1928-2014) celebrizou-se com a publicação deste primeiro volume autobiográfico, incentivada pelo seu grande amigo e escritor James Baldwin. A sua extensa obra poética – que lhe valeria a nomeação para o Prémio Pulitzer em 1972 – e o activismo social granjearam-lhe um lugar maior na cultura americana. No seu empolgante percurso de vida, da pobreza à consagração, trabalhou em clubes nocturnos como cantora de calipso e, aos 16 anos, foi a primeira revisora negra nos eléctricos de São Francisco. Na sua escrita, nunca deixou de acreditar no direito à sobrevivência num mundo ameaçado pelo ódio. Além da sua extensa autobiografia, é autora de livros de poesia como And Still I Rise (1978) e On the Pulse of Morning (1993).

22.09.2017 | by martalanca | MAYA ANGELOU

Teatro GRIOT ESTREIA ​OS NEGROS Jean Genet encenação Rogério de Carvalho

Os negros. Treze actores negros. Uma peça escrita por um branco. Para um público de brancos. Mas afinal o que é ser negro? O que é ser negro quando não se vive num país negro? E antes de tudo, qual é a cor de um negro?

encenação: Rogério de Carvalho

tradução: Armando Silva Carvalho
actores: Angelo Torres, Binete Undonque, Cleo Tavares, Gio Lourenço, Igor Regalla, Júlio Mesquita, Laurinda Chiungue, Matamba Joaquim, Mauro Hermínio, Orlando Sérgio, Renée Vidal, Sandra Hung, Zia Soares

cenografia: José Manuel Castanheira

luz: Jorge Ribeiro

figurinos: Catarina Graça

adereços: Mónica de Miranda

desenho de som: Chullage

voz e elocução: Luis Madureira

fotografia: Sofia Berberan e Mário César

apoio à produção: Underground Railroad

produção executiva: Urshi Cardoso

co-produção Teatro GRIOT e São Luiz Teatro Municipal

 

5-15 Outubro

qua a sáb 21:00  dom 17:30

Sala Luis Miguel Cintra - São Luiz Teatro Municipal

informações do bilhete

18.09.2017 | by martalanca | os Negros, Rogério de Carvalho, teatro griot

Black Performance

This special issue of The Black Scholar seeks examinations of performance as repertoire, memory, public and stage enactment that rigorously illuminate Black ways of knowing and ways of being. Performance serves as a mode of Black experience, consciousness, and activity that presents models for how blackness is lived and understood. It links creativity, mind, and body towards greater sense and sensibility. Performance gains currency here as a conduit for interpretation, invention, and change. Work in this issue understands performance as practice and theory–as both specificity and speculation. This issue seeks analyses of performative rehearsals and repetitions, broad conceptions of practice and preparation, collective stylings and structures, and embodied modes of positing futurity.

It invites three types of scholarship: vibrant and accessible critical articles (5000-7500 words), mixed-form performance scholarship (3000-5000 words), and Scholar Artists’ experimental performance (3000-5000 words). Submissions should analyze and/or manifest creative performances and deployments of performance through embodied presence, community expressions, and performance scenarios.

Essays might focus on topics including, but not limited to:

  • genres, forms, and methods
  • social and community performances
  • performance traditions
  • performances of language, sound, visuality, text, space, time
  • performances of identity, identification, orientation
  • affect and feeling
  • experimental companies
  • stagings of plays
  • dance
  • theater
  • drama
  • musicianship
  • local and diasporic performances
  • embodied archives and performance practices

Please forward all queries/abstracts regarding the issue to the guest editor, Stephanie Leigh Batiste, at tbsblackperformance@gmail.com well before the due date and no later than September 1, 2018.

All authors must have their full articles uploaded directly to Editorial Manager (EM) at The Black Scholar for consideration and peer review no later than October 15th, 2018. Word count must include notes, citations, and equivalent space for images that will require pre-approval by the guest editor. We also require that written permission to use images from rights holders be obtained before submission. Please format per Chicago Manual of Style – endnotes only, no works cited/bibliography. See more of TBS’s submission guidelines here. Any submissions that do not adhere to the guidelines stated in this CFP and on TBS’s website will be sent back to the author.

This issue will be released in Fall 2019.

 

http://www.theblackscholar.org/call-for-papers/black-performance/

 

16.09.2017 | by martalanca | Black Performance

"Limiar da Vida"

FILIPA CÉSAR | TATJANA DOLL  I JULIÃO SARMENTO | RUI TOSCANO
Núcleo de Arte da Oliva Creative Factory, S. João da Madeira

Curadoria: Pedro Lapa 

“A exposição “Limar da Vida” tem como ponto de partida a arte enquanto diversidade de modos de relação com a vida. Está organizada em seis núcleos temáticos, que vão desde as perceções mais simples e fragmentadas do corpo até à construção de formas e enigmas sobre o mundo que habitamos. É talvez no confronto com a impossibilidade de conhecer em absoluto a vida que a experiência artística dá a conhecer algo do nosso habitar,  pelo que a vida se torna não uma causa da arte mas o seu limiar.”

A exposição apresenta obras  da coleção Norlinda e José Lima, uma das maiores coleções de arte contemporânea nacionais e reúne vários artistas de distintas gerações, conforme lista anexa.” Entre os artistas selecionados destacamos a participação de Filipa César, Tatjana Doll, Julião Sarmento e Rui Toscano.

Rui Toscano, 100 Rádios Mortos, 2007Rui Toscano, 100 Rádios Mortos, 2007

Mais informação:
http://olivacreativefactory.com/wp/?page_id=834

16.09.2017 | by martalanca | arte contemporânea

Conclusões da Escola de Verão «Racismo, Eurocentrismo e Lutas Políticas» do Centro de Estudos Sociais da UC

A terceira edição da Escola de Verão «Racismo, Eurocentrismo e Lutas Políticas», realizada no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, entre 3 e 9 de setembro, abordou debates teóricos e políticos sobre o racismo e as lutas anti-racistas contemporâneas, com o objetivo de promover uma análise crítica de debates internacionais, políticas públicas e intervenções sociais em diversos contextos nacionais, em diálogo com as alternativas que têm sido propostas pelos movimentos de base.

Organizada por Marta Araújo e Silvia Rodríguez Maeso, ambas investigadoras no CES, a Escola colocou em diálogo docentes, investigadores e ativistas de vários contextos internacionais. Esta edição contou com a participação de docentes, investigadores, estudantes, profissionais e ativistas, provenientes da Austrália, Brasil, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, México, Reino Unido e Portugal

Ao longo de seis dias, foram discutidos de forma interdisciplinar temas da atualidade como: racismo e políticas públicas; a memória do colonialismo e da escravatura; a propagação do discurso de ódio nos média, e, em particular da Islamofobiarepresentações de género e sexualidade; a política de fronteiras e a ilegalização da imigração na Europa.

As principais conclusões dos debates que se geraram foram as seguintes:

1) A simultaneidade, por um lado, da intensificação das campanhas pela memória do colonialismo e dos seus legados e a maior visibilização das lutas das populações racializadas, e, por outro, da regressão em termos do debate público e das próprias políticas contra o racismo em vários contextos;

2) Revela-se fundamental aproximar o debate público da realidade social concreta das populações que experienciam o racismo, uma vez que este processo histórico tem sido muitas vezes reproduzido através de iniciativas que elegem a figura do “muçulmano”, do “árabe”, do “negro” ou do “cigano” como alvos privilegiados da intervenção de agendas académicas e políticas que reproduzem lógicas racistas e desumanizadoras (por exemplo, no âmbito das políticas de integração e para a igualdade de género);

3) Com a proliferação do uso das redes sociais, a legislação e iniciativas políticas para a prevenção, regulação e punição do discurso de ódio na Europa revelam-se claramente insuficientes, uma questão associada a compreensões inadequadas do fenómeno do racismo e das suas várias vertentes (por exemplo, a islamofobia, o anti-ciganismo, ou o racismo anti-negros);

4) No contexto europeu, a política de fronteiras e a ilegalização da imigração materializa muitos destes debates. Na contemporaneidade temos assistido, por exemplo, ao dilatar das fronteiras como forma de estender o controlo e o policiamento de uma noção racializada da Europa, legitimada sobretudo pela prevenção da chamada ‘imigração ilegal’ e a ‘crise dos refugiados’.

De forma a intensificar o diálogo com as alternativas que têm sido propostas pelos movimentos anti-racistas, foram apresentadas iniciativas desenvolvidas no contexto do activismo político e educação através das artes. Nesse sentido, a Escola de Verão concluiu com a performance de Teatro-Fórum ‘Fel e Mel no Papel’, pelo Laboratório Ami-Afro do Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa (GTO-LX) e um debate com ativistas anti-racistas do contexto português. Estes últimos elencaram alguns dos principais desafios atuais do anti-racismo, tais como a construção de uma agenda política autónoma pelas populações racializadas e a possibilidade de alianças políticas com os partidos políticos, a débil resposta do Estado no combate ao racismo – nomeadamente no âmbito da legislação – e as experiências quotidianas de racismo institucional em âmbitos como a educação, o emprego, e a habitação.

Qualquer esclarecimento adicional sobre este assunto poderá ser obtido junto de Marta Araújo, através do email marta@ces.uc.pt

14.09.2017 | by martalanca | CES, eurocentrismo, Lutas Políticas, racismo

Festival Materiais Diversos

GATILHO DA FELICIDADE de Ana Borralho & João Galante marca o arranque da nona edição do Festival Materiais Diversos, a 14 de setembro, pelas 22h, no Cine-Teatro São Pedro em Alcanena. No fim-de-semana de abertura serão apresentados mais seis espetáculos - NOVA CRIAÇÃO de Filipe Pereira e Teresa Silva em estreia absoluta no Cartaxo, 55 de Radouan Mriziga e VIAJANTES SOLITÁRIOS do Teatro do Vestido, ambos para ver em Minde. FOLK-S de Alessandro Sciarroni estreia em Portugal a convite do Festival Materiais Diversos, o Teatro do Silêncio convida a CAMINHAR pelo Polje de Minde e Margarida Mestre dedica a BALADA das vinte meninas friorentas aos mais jovens. Um programa cuidadosamente desenhado em torno do diálogo entre artistas e público, entre palco e plateia, as transações e transformações que este propicia, que se prolonga a conversas e encontros temáticos, Aulas DiáriasComunidade Artística Emergentefilmes e Noites Longas com o Bons Sons. Então, sejam muito bem vindo(a)s aoFestival Materiais Diversos 2017.

Centro Cultural do Cartaxo
Estreia absoluta_Absolut debut:
15.09  NOVA CRIAÇÃO 
Filipa Pereira, Teresa Silva
22.09  ANTROPOCENAS Rita Natálio, João dos Santos Martins
Estreia nacional_National premiere:
16.09  FOLK-S 
Alessandro Sciarroni
Em 2017 o Festival Materiais Diversos retoma a programação no Cartaxo, cidade onde estreia três espetáculos obrigatórios. Em estreia absolutaNOVA CRIAÇÃO dos jovens artistas Filipe Pereira e Teresa Silva e ANTROPOCENAS, a acutilante dança conferência de Rita Natálio e João dos Santos Martins. Depois de ter percorrido palcos de todo o mundo, FOLK-S do consagrado coreógrafo italiano Alessandro Sciarroni estreia finalmente em Portugal, no Centro Cultural do Cartaxo. 

08.09.2017 | by martalanca | Materiais diversos

EXPOSIÇÃO Turbulências

8 SET - 3 DEZ Terça a domingo, das 10H00 às 13H00 e das 14H00 às 18H00

TORREÃO NASCENTE DA CORDOARIA NACIONAL

Com obras de Carlos Amorales (México), Bleda y Rosa (Espanha), Walter Dahn (Alemanha), José Damasceno (Brasil), Carlos Garaicoa (Cuba), Cao Guimarães ( Brasil), José Antonio Hernández-Díez(Venezuela), Thomas Hirschhorn ( Suiça), Asier Mendizabal (Espanha), Shirin Neshat (Irão), Marta Minujín (Argentina), Paulo Nazareth (Brasil), Gabriel Orozco (México), Damián Ortega(México), Adrian Paci (Albania), Walid Raad (Líbano), Juan Ugalde (Espanha) e Apichatpong Weerasethakul (Tailandia).
Turbulências é uma mostra de 40 obras da Coleção “la Caixa” de Arte Contemporânea, reunidas no âmbito do quadro conceptual do programa de Passado e Presente, Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura. Destaca a diversidade de abordagens, estratégias e relatos da criação contemporânea num mundo que já não se compreende através de pontos de vista únicos ou dominantes e onde o eurocentrismo perdeu a sua autoridade exclusiva.

06.09.2017 | by martalanca | turbulências

Sessão Cinema Militante e imagens da Guerra pela Independência da Argélia / Militant cinema and Images of Algerian War of Independence

Organização: Maria do Carmo Piçarra (CECS-U. Minho/CFAC-U. Reading) com Hangar

7 de Setembro, 18h no Hangar, Lisboa

Durante a guerra da independência da Argélia (1954-1962), vários filmes militantes foram realizados para promover a luta em curso ou sublinhar a solidariedade com esta causa. As imagens da repressão e do uso da tortura pelo Exército francês nas aldeias e cidades argelinas, a imagem dos lutadores pela liberdade integrados no movimento de independência argelino mais importante – a Frente de Libertação Nacional -, e a questão dos refugiados ou dos jovens órfãos de guerra foram incorporados e abordados pelas representações propostas através deste cinema militante.

Realizadores de diferentes países (dos EUA à ex-Jugoslávia, passando pela Itália, Bulgária, etc.) e até realizadores franceses (como René Vautier, Cécile Decugis, Pierre Clément) opositores ao colonialismo e imperialismo integraram esta rede internacionalista cinematográfica.

O modo como foi criada uma rede internacional de apoio à independência da Argélia inspirou vários movimentos de libertação de países do Terceiro Mundo e a Tricontinental (OSPAAL - Organization of Solidarity with the People of Asia, Africa, America Latina), tendo Argel passado a ser considerada a “Meca dos revolucionários” (Amílcar Cabral) em África durante as décadas de 60 e 70 do século XX, apoiando movimentos como MPLA, FRELIMO, PAIGC, PLO, ANC e acolhendo exilados politicos como Manuel Alegre ou Eldridge e Kathleen Cleaver.

Durante a sessão serão exibidas as curtas-metragens La Question, de Mohand Ali-Yahia, e Monangambé, de Sarah Maldoror.

foto de Augusta Conchigliafoto de Augusta Conchiglia

Various militants’ films were done to promote the idea of Algerian independence or the solidarity with that cause during the war (1954-1962).  The images of the repression and the use of the torture by French army in Algerian villages and cities, or the image of the fighters (showed as a Third World guerrillero/partisan fighters from a real army) of the principal Algerian Movement of independence (the Front of National Liberation), the question of the refugees and the young orphans of war were part of their representations.

Filmmakers from different countries (like USA, ex-Yugoslavia, Italy, Bulgaria…) and even some French (René Vautier, Cécile Decugis, Pierre Clément…) opposed to the colonialism and imperialism of their country were part of that international network.

This way of creating an international network supporting independence was also used after by several movement of liberation from the Third World and the Tricontinental (OSPAAAL Organization of Solidarity with the People of Asia, Africa, America Latina), and Algiers was considered as the « Mecca of the revolutionaries » (according to Amílcal Cabral) in Africa during the sixties and the seventies, supporting the MPLA, FRELIMO, PAIGC, PLO, ANC… and opened his doors to exiled political like Manuel Alegre or Eldridge and Kathleen Cleaver.

Mohand Ali-Yahia’s La Question, and Sarah Maldoror’s Monangambé will be presented during this session.

Olivier HADOUCHI (film historian and film curator)

Olivier Hadouchi, film historian (PhD in cinema studies), researcher (associated to IRCAV Paris 3) and film curator, was born and lives in Paris. Published a book about images of solidarity with Algerian independence (published by Museum of Modern Art, Belgrade) in 2016, and texts in various publications (Third Text, La Furia Umana, CinémAction, Something We Africans Got, or catalogues…)  and did many lectures, films presentations and discussions in museums, art centers (Tranzit/ Prague, places in Chile…) or film festivals (Paris, Marseille, Lille, Nantes, Algiers, Béjaïa, Lisbon, Beirut, Ghent, Geneva, Bourges..). Curated film programs for Le BAL, Bétonsalon and a program « Tricontinental. Cinema, Utopia and Internationalism »  (with 13 screenings) for Museum Reina Sofia (Madrid). With Seloua Luste Boulbina, he curates a regular event (film-video programs) every month in La COLONIE (Paris).

 

 

06.09.2017 | by martalanca | cinema militante, HANGAR, independência, Maria do Carmo Piçarro

Topografias Imaginárias: cinema ao ar livre e visionamentos comentados sob o tema Lisboa, cidade do Sul

 

SEXTA, 1 SETEMBRO O Descobrimento do Brasilde Humberto Mauro, Brasil, 1937O Caso J., de José Filipe Costa, Portugal/Brasil, 2017

18h00 Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca (Alcântara) (Largo do Calvário, 2)GPS 38.704565, -9.177261
Visionamento comentado de O Descobrimento do Brasil por:José Filipe Costa (cineasta), Eduardo Victorio Morettin (historiador do cinema brasileiro, professor, investiga as relações entre História e Cinema) e Tiago Baptista (historiador do cinema e diretor do ANIM - Arquivo Nacional de Imagem e Movimento)
21h30 Quinta do Alto (Alvalade)GPS 38.762492, -9.135472
Projeção de cinema ao ar livre O Descobrimento do Brasil [60’] + O Caso J. [20’]

Sinopse Encaramos desde logo e de frente uma das questões fundamentais deste programa: a relação entre centro e periferia e entre o “nós” e os “outros” na base da ideia de “capital ibero-americana” (relações que todo o programa desta Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura procura questionar). Seguimos a visão de um brasileiro sobre os portugueses que lhe “descobriram” o país e a visão de um português sobre um caso do Brasil contemporâneo. A uni-los está uma certa conceção do cinema como teatro documental e da cena cinematográfica como lente de aumentar.
21h00 - Autocarro gratuito ida e volta - Largo do Calvário > local da projeção

O Descobrimento do Brasil, de Humberto MauroO Descobrimento do Brasil, de Humberto Mauro
SÁBADO, 2 SETEMBRO Milagre na Terra Morenade Santiago Álvarez, Cuba/Portugal, 1975Outro País, de Sérgio Tréfaut, Portugal, 1999

18h30 Salão de Festas do Vale Fundão (Marvila) (Azinhaga Vale Fundão, 25)GPS 38.747153, -9.105631
Visionamento comentado por:Olivier Hadouchi (programador e investigador, tem trabalhado sobre o “terceiro cinema”), Maria do Carmo Piçarra (jornalista, professora, tem investigado o cinema de propaganda produzido durante o Estado Novo) e Fernando Rosas (historiador)
21h30 Bairro Vale Fundão (Marvila) (Rua João Graça Barreto)GPS 38.746015, -9.107450
Projeção de cinema ao ar livre de Milagre na Terra Morena [21’] + Outro País [70’]
Sinopse O filme de Sérgio Tréfaut segue as viagens que cineastas e fotógrafos fizeram a Portugal durante o 25 de Abril de 1974. Por entre essas viagens está a de Santiago Alvarez, cujo filme, realizado em Lisboa por essa altura, abre a sessão. A projeção é feita num bairro construído e habitado por emigrantes que viajaram para o Sul vindos do Norte de Portugal. No centro da sessão está então a viagem, aquela que a liberdade provocou e permitiu, e estão também as afinidades que os povos da América do Sul sentiram com Portugal nesse momento de ruptura.

18h00 e às 21h00 - Autocarro gratuito ida e volta - Praça da Figueira > local da projeção
DOMINGO, 3 SETEMBRO Zéfiro, de José Álvaro de Morais, Portugal, 1994

18h30 Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca (Alcântara) (Largo do Calvário, 2) GPS 38.704565, -9.177261
Visionamento comentado por:Anabela Moutinho (professora, programadora de cinema) Raquel Henriques da Silva (historiadora) e António Preto (professor, programador de cinema, ensaísta)
21h30 Miradouro de Santo Amaro (Alcântara) (Calçada de Santo Amaro)GPS 38.702150, -9.182686
Projeção de cinema ao ar livre de Zéfiro [52’]
Sinopse Filme fundamental para a história do cinema português, Zéfiro é também um filme incontornável para a história de Lisboa e introduz neste programa uma outra maneira pela qual esta é uma cidade do Sul. Essa frase, título deste ciclo, é dita pelo narrador e resume o retrato que José Álvaro de Morais constrói: organizando uma viagem por Lisboa que é tanto temporal como espacial, o cineasta conta uma história da cidade, dos seus espaços e arquitetura, mas também dos povos que a habitaram ao longo dos tempos. A este nível, Lisboa aparece como resultado de uma inversão do mecanismo da aculturação: ela resulta, não de uma cristianização do islamismo, como habitualmente se pensa, mas sim de uma islamização do cristianismo, religião que permanece, hoje, na base da sua cultura. No adro da Capela de Santo Amaro, o filme levar-nos-á a olhar para os contornos da cidade que daí se vêem de uma maneira totalmente nova.
18h00 e às 21h00 - Autocarro gratuito ida e volta - Praça da Figueira > local da projeção
SEXTA, 8 SETEMBRO La Illusión viaja em tranvia, de Luís Buñuel, México, 1953

18h30 Museu da Carris (Alcântara)(Rua Primeiro de Maio 101)GPS 38.702264, -9.180605
Visionamento comentado por:Luísa Veloso (investigadora, coordena o projeto “o trabalho no ecrã”), Ana Alcântara (historiadora, trabalha sobre Lisboa, o operariado e os transportes) e António Roma Torres (psiquiatra, crítico de cinema)
21h30 Museu da Carris (Alcântara) (Rua Primeiro de Maio 101)GPS 38.702264, -9.180605
Projeção de cinema ao ar livre de La Illusión viaja em tranvia [90’]
Sinopse Clássico do cinema mexicano, o filme segue a evasão de um grupo de trabalhadores da companhia de elétricos da Cidade do México. A sua viagem dura uma noite, desde que roubam um elétrico até que o devolvem, na manhã seguinte. Ao longo dessa noite, entram e saem do elétrico roubado personagens do quotidiano mais escondido da cidade. Numa sessão que decorrerá junto às oficinas da Carris, a magia da projeção transformará a Cidade do México em Lisboa (ou vice-versa).
18h00 e às 21h00 - Autocarro gratuito ida e volta - Praça da Figueira > local da projeção
SÁBADO, 9 SETEMBRO Los barcosde Dominga Sotomayor, Chile/Portugal, 2016Fuera de cuadro, de Márcio Laranjeira, Portugal/Argentina, 2010Mauro em Caiena, de Leonardo Mouramateus, Brasil, 2012Où esta la jungle?, de Iván Castiñeiras Gallego, França/Portugal/Brasil, 2015
17h30 Teatro de Carnide (Azinhaga das Freiras)GPS 38.762321, -9.187023
Visionamento comentado pelos realizadores e Álvaro Domingues (geógrafo, professor, o seu trabalho centra-se na Geografia Humana) e Teresa Castro (professora, tem investigado as relações entre cartografia e cinema).
21h00 Azinhaga do Serrado (Carnide)GPS 38.763144,-9.185550
Projeção de cinema ao ar livre de Los barcos [24’], Fuera de cuadro [10’], Mauro em Caiena [18’] e Où esta la jungle [33’]
Sinopse No centro da sessão está o encontro entre questões de território e representação. Em Los barcos, a visão de uma turista (atriz argentina que vem a Lisboa apresentar um filme, num festival de cinema) sobre Lisboa, à procura do cliché em espaços imprevistos e periféricos. Em Fuera de cuadro, a relação entre mãe e filho é descrita através dos quadros que ela pinta e dos quais ele está fora, naquilo que acaba por ser um exercício que confunde o fora do quadro com o fora de campo cinematográfico. Mauro em Caienasegue a transformação do espaço pelos olhos e jogos de uma criança e Où est la jungle?, filme-deriva, age pela força da deslocação, problematizando o lugar contemporâneo dos índios amazónicos. Em todos eles o olhar (incluindo o cinematográfico) é operador de transformação.
17h00 e às 20h30 - Autocarro gratuito ida e volta - Praça da Figueira > local da projeção
DOMINGO, 10 SETEMBRO Eldorado_XXIde Salomé Lamas, Portugal/França/Perú, 2016
18h00 Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca (Alcântara) (Largo do Calvário, 2)GPS 38.704565, -9.177261
Visionamento comentado por: Salomé Lamas (cineasta), Raquel da Silva (diretora de produção), António Pinto Ribeiro (programador cultural, coordenador da programação da Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura) e André Cepeda (fotógrafo)
21h30 Parque Tejo - Pista de Skaters (Parque das Nações) (Passeio do Tejo)GPS 38.786998, -9.092008
Projeção de cinema ao ar livre de Eldorado_XXI [125’]
Sinopse Apesar de acompanhar a comunidade que vive na mais alta localidade do mundo, em La Rinconada y Cerro Lunar, nos Andes peruanos, Eldorado_XXI é um filme subterrâneo. É uma espécie de ensaio sobre o mais profundamente escondido e esquecido do mundo contemporâneo e que, contudo, sustém aquilo que decorre na superfície – é por isso mesmo o último filme deste programa, resume bem os movimentos deste Sul que temos vindo a explorar. Homens e mulheres que procuram ouro nas encostas descrevem aquela como uma “terra de ninguém” – impossível não ver este em continuidade com o filme anterior de Salomé Lamas, precisamente com esse título. As suas vozes descrevem o medo e a iminência da morte, morte e medo que vão ganhando forma e imagem, e vão assim afirmando-se numa presença simultaneamente terrível e fantástica que se vai instalando sobre todo o filme para no fim aparecer violentamente trancada naquela montanha, e não ser mais do que um sopro lançado por uma abertura escura na encosta nevada.
21h00 - Autocarro gratuito ida e volta - Largo do Calvário > local da projeção
+ INFO Telefone: 213 807 150/54 | E-mail: arquivomunicipal@cm-lisboa.pt

31.08.2017 | by martalanca | lisboa, sul, Topografias Imaginárias

"Ecologia sem natureza" com Suely Rolnik, Renato Sztutman e Paulo Tavares

INTRODUÇÃO
Retrato Geo-referenciado
Rita Natálio 
PALESTRAS
“Reativar a magia, retomar a terra – Ou como resistir no Antropoceno”
 Renato Sztutman
Guiando-me pelas reflexões de Isabelle Stengers em torno do termo “reclaim”, discuto possibilidades de resistir ao chamado Antropoceno (ou Capitaloceno, Chutuluceno, entre outros nomes), buscando conexões entre lutas indígenas e não indígenas, que combinam Terra e Magia.
“Exceção/Extinção”Paulo Tavares
De como a violência política manifesta-se na forma de destruição ambiental; de como a destruição ambiental converte-se em arma de violência política. 
“O estupro do Vivo - Matriz do inconsciente colonial-capitalistístico” Suely Rolnik
A matriz micropolítica do regime colonial-capitalístico é o abuso das forças vitais da natureza. Em seu elemento humano, tal abuso atinge hoje a pulsão vital em sua própria nascente. Face a esse estado de coisas, é preciso resistir micropoliticamente: desarmar o inconsciente estruturado no abuso, desertando assim as formações no campo social que dele decorrem.
BIOGRAFIAS
Rita Natálio é artista e pesquisadora e vive entre Lisboa e São Paulo. Publicou o seu primeiro livro de poesia “Artesanato” pela “(não) edições” em 2015, entretanto nomeado para o Prémio Novos 2016 em Portugal. Atualmente, prepara um novo livro com selo da mesma editora, em paralelo ao projeto “Antropocenas” com o coreógrafo João dos Santos Martins e ainda um projeto de criação de um audio guide para o Museu da Imigração de São Paulo a convite do Geothe Institut São Paulo, MitSp (São Paulo) e SpielArt Festival de Munique.
Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da USP. Publicou, entre outras coisas, O profeta e o principal: a ação política ameríndia e seus personagens (Edusp/Fapesp, 2012). É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA) e do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA). Foi um dos fundadores e co-editou, entre 1997 e 2007, a revista Sexta-Feira. Suas áreas de atuação são etnologia e história indígena (com foco no problema das cosmopolíticas ameríndias), teoria antropológica e antropologia & cinema.
Paulo Tavares é arquiteto e urbanista. Seus projetos, textos e apresentações foram publicados e exibidos em diferentes lugares e contextos, mais recentemente na Bienal de Design de Istanbul e na Bienal de Sharjah. Atualmente é professor da Universidade de Brasília, e antes lecionou no Centro de Pesquisa em Arquitetura – Goldsmiths e na Pontifícia Universidade Católica do Equador. Em 2017 Tavares criou a agência Autonoma, uma plataforma dedicada a explorar novas formas de pensar e produzir o território. www.autonoma.xyz
Suely Rolnik Psicanalista, escritora, curadora, professora titular da PUC-SP (onde fundou o Núcleo de Estudos da Subjetividade no Pós-Graduação de Psicologia Clínica) e professora convidada do Programa de mestrado do Museu de Arte Contemporanea de Barcelona. Autora dos livros “A hora da Micropolítica” (SP: N-1, 2016), “Anthropophagie Zombie” (Paris: Black Jack, 2012), Archivmanie (dOCUMENTA 13, 2011); “Cartografia Sentimental” (Porto Alegre: Sulinas, 1989) e co-autora com Félix Guattari de Micropolítica. “Cartografias do desejo” (Petrópolis: Vozes, 1986), publicado em 8 países. Concebeu e realizou o Arquivo para uma Obra-Acontecimento. Projeto de ativação da memória do corpodas proposições artísticas de Lygia Clark e seu contexto (65 filmes de entrevistas) e foi curadora da exposição Somos o molde. A você cabe o sopro. Lygia Clark, do objeto ao acontecimento (Musée de Beaux-arts de Nantes, 2005, e Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2006).

31.08.2017 | by martalanca | ecologia sem natureza

Exposição Luuanda I Hangar

Albano Cardoso_Defendamos as Crianças,2008Albano Cardoso_Defendamos as Crianças,2008

Inauguração: 20 de Setembro, Quarta-feira, 19h
Exposição: 21 de Setembro a 14 de Outubro, 2017 | Quarta a Sábado, das 15h às 19h
Artistas participantes: Albano Cardoso | Cristiano Mangovo | Ery Claver | Ihosvanny | Januário Jano | Kiluanji Kia Henda | Pedro Pires
Curadoria: Suzana Sousa e Paula Nascimento
ENTRADA LIVRE

A exposição Luuanda, título retirado da obra homónima de Luandino Vieira, pretende focar-se na experiência vivida da Luanda contemporânea, as suas personagens, ritmos, poesia, nostalgia e drama, seguindo a construção imaginária tão explorada na literatura de Luandino Vieira, Uanhenga Xito ou Ondjaki, entre outros, olhando para as suas dinâmicas actuais. Esta cidade pós-colonial é marcada também por fluxos migratórios e afectada por vários processos de mudança, pelo trânsito e as suas luzes e ruídos, pelos vendedores e vendedoras de rua que tudo têm disponível expondo aos seus clientes um importante espaço da economia informal do país. O que resulta numa circulação de corpos e vidas que parecem ter sido esquecidas pelo processo de crescimento do país.

Programa Paralelo 
21 de Setembro, Quinta-feira, 19h
Conversa Curadoras e Adriano Mixinge | Performance de Orlando Sérgio
27 de Setembro, Quarta-feira, 19h
Conversa com os artistas Pedro Pires e Cristiano Mangovo
11 de Outubro, Quarta-feira, 19h
Conversa com Paulo Moreira e Maria João Grilo (confirmar)

Mais informações: http://hangar.com.pt/luuanda

21.08.2017 | by martalanca | Albano Cardoso, angola, arte contemporânea, kiluanji kia henda, Luanda, Luuanda, Orlando Sérgio, Paulo Moreira, Suzana Sousa

Contemporary Art Festival Sesc_VideoBrasil - SÃO PAULO

  As of October 3, the city of São Paulo will be hosting debates on the cultural production of the Global South as part of the 20th Contemporary Art Festival Sesc_Videobrasil, in an edition that mirrors both comprehensively and poetically the countless crises that have lately challenged contemporary society. Besides exhibiting the selected works, the Festival will also feature performances and public programs which will jointly occupy several spaces at Sesc Pompeia up to January 2018. 

For the regional director of Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, “the 20th Contemporary Art Festival Sesc_Videobrasil, with proposals by artists from different nations in the geopolitical South, lies at a crossroads where the specific meets the general. Based on this premise, Sesc presents a cultural initiative akin to experiences dedicated to casting off shackles inherited from the colonial past and imposed by a peripheral geopolitical condition.” Miranda mentions the importance of the partnership between Sesc and Associação Cultural Videobrasil, which, since the 1990s, “has enabled such intersections between local and international forces to create new nodes originating in the South.”

“In these unstable times, as narrative disputes escalate and local and global sociopolitical rearrangements are relentlessly driven by the permanent specter of crisis – whether economic, ecological or cultural – the group of selected artists brings out art’s desire to expand our worldviews, encompassing the study of life, of our origins, of the evolution of the universe and of the dynamics of social groups throughout history, as well as the invention of new ways of doing politics,” affirms Solange Farkas, chief curator of the Festival and director of Associação Cultural Videobrasil, one of the presenting entities of the event, alongside Sesc São Paulo.

“These are artistic practices that blur the boundaries between sciences and take us on a journey of the origin of history, of societies and of Earth,” adds Solange. 

EXHIBITION 

Also focused on the geopolitical representation of art, the 20th Festival has selected works by 50 artists from 25 countries, 15 of whom are Brazilian. They include representatives from Latin America, Africa, Asia and the Middle East. Solange Farkas is chief curator of this edition, assisted by four guest curators: Ana Pato, Beatriz Lemos and Diego Matos, from Brazil, and João Laia, from Portugal. Together, the curators analyzed approximately 3,200 works submitted by two thousand artists from 109 countries.

The Festival’s exhibition features videos, paintings, installations, sculptures, photographs, engravings and even artificial plants forming a small acclimatization garden. These diverse works reveal a multiplicity of worldviews, stemming from a society which, seeming to sense its own demise, resorts to its origins to avoid such a fate.

“The artist’s spectrum of observation of his or her surroundings varies widely in scale: from microorganisms to the realm of the cosmos, from actions in the field of micropolitics to mass mobilizations. Voices symbolically hailing from other starting points, previously relegated to the fringes, now seek to qualify a new order, distinct from the modern empire, from the great historical narratives that have bequeathed a traumatic legacy, and from the scientism of other times that have made us believe in the omnipotence of man and his technology,” point out the curators.

The artworks have been organized according to six main themes: Cosmovisions (Origins; Rites and Cosmogonies; Sciences and Cosmologies); Ecologies (Nature, Earth and Fungi; Catastrophes, Crises and New Consciousnesses); Reinvention of Culture (Techniques, Appropriations and Representations); Politics of Resistance (Urbanity, Bodies and Affections); Invisible Histories (Memory and Microhistory); and Other Modernisms (Other Spaces, Other Landscapes). 

EXHIBITION DESIGN 

In 2017, Sesc Pompeia will host all activities related to the Festival. Previously concentrated in the venue’s Interaction Area, the exhibition will now occupy not only that space, but also the Theater Hall, the internal streets that cross the cultural facility and the Workshops. A planned Auditorium will also display the Videos Programs, exhibits featuring works that require movie theater screening.

The exhibition design for the 20th Festival was created by architect André Vainer, while the art and graphic design were conceived by Vitor César, an architect and artist with research work on notions of public space in artistic practices.

Besides the actual exhibition and the video programs, the 20th Festival’s programming includes PerformancesPublic Program activities (such as meetings and chats with the exhibiting artists) and Workshops, in addition to educational activities for groups and families coordinated by art educator Vera Barros. Guided tours with curators and guests are also on the agenda. 

ENCYCLOPEDIC CATALOG

Featuring a graphic design that recreates traditional elements of encyclopedias, drawing not only texts, but also images, illustrations, maps and charts, the catalog of the 20th Festival expands the audience’s contact with the context and concepts interwoven by the selected works, inviting spectators to critically rethink the disciplines and categories that have regulated our ways of experiencing and understanding the world.

Combining art, culture, astronomy, biology, history and geography to further evidence the blurring of boundaries between art and science, the encyclopedic catalog lists, in alphabetical order, the artists and their works, interspersed with other kinds of entries, designated as “keywords,” “countries” and “regions” of origin and residence of the artists – entries that conceptualize the geopolitical South and its production.

AWARDS 

In this 20th edition, the Festival will offer participating artists from Brazil and abroad three Acquisition Awards worth R$ 25 thousand each, for video works that will be included in the Sesc Art Collection.

The Ostrovsky Family Fund (O.F.F.), recognized for its support of progressive and independent artistic initiatives, will offer one of the selected artists an award worth R$ 25 thousand for the most innovative moving image artwork. The prize will be granted by the Festival Award Jury itself.

Five artist residency awards will also be granted, each one offered by a specific international jury from the Festival’s partner institutions. These are: Ujazdowski Castle Center for Contemporary Art, Poland; Kyoto Art Center, Japan; Goethe-Institut Residência Vila Sul, Salvador, Bahia; Wexner Center for the Arts, United States; and Pro Helvetia, Switzerland. The winning artists will be announced on October 8 in a ceremony at the Sesc Pompeia Theater.

This year, the artist Flávia Ribeiro was invited to create the trophy for the award-winning artists of the 20th Contemporary Art Festival. In her view, the piece she has conceived synthesizes the Festival’s ubiquitous cultural diversity. In this edition, the trophy takes on the form of small bird made of gold plated brass and velvet. “Birds migrate, often flying between countries over long distances. I relate that to the fact that the Festival welcomes works and artists from various parts of the world, moving back and forth between such diverse cultures,” says Flavia.

An artist whose work includes research in the fields of sculpture, engraving and artists’ books, Flávia draws mainly on drawing as her creative inspiration. She views this specific technical language as a means to elaborate issues within her work process.

With the creation of the trophy for the Festival’s 20th edition, she joins the select group of artists who have conceived this piece in previous editions, such as Efrain Almeida, Tunga, Rosângela Rennó, Luiz Zerbini and Erika Verzutti, among others. 

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10.08.2017 | by martalanca | Contemporary Art Festival Sesc_VideoBrasil, são paulo

Saiu "Políticas da Inimizade" de Achille Mbembe

Ao terem fomentado miséria e morte à distância, longe dos olhos dos seus cidadãos, as nações ocidentais temem agora o reverso da medalha, num desses piedosos actos de vingança exigidos pela lei da retaliação. Para se protegerem de tais instintos de vingança, servem-se do racismo como lâmina afiada, suplemento venenoso de um nacionalismo esfarrapado.

Num mundo que ergue fronteiras de arame farpado e em que o estigma do estrangeiro se inscreve a ferro e fogo no quotidiano, Políticas da Inimizade é um lúcido ensaio sobre a hostilidade e as formas que ela assume nas sociedades contemporâneas. Retrocedendo, na senda de Frantz Fanon, à tirania dos regimes coloniais e esclavagistas como semente da inimizade global contemporânea, Achille Mbembe analisa os vectores desta violência planetária – que se manifesta na ressurgência de nacionalismos atávicos, na guerra contra o terrorismo, sacramento da nossa época, e num racismo de Estado que, a pretexto da defesa da civilização, varre réstias de democracia e suspende direitos dos cidadãos. Políticas da Inimizade relembra, em suma, que seremos sempre seres de fronteira e fragmentos de uma mesma humanidade.

TÍTULO ORIGINAL Politiques de l’inimitié TRADUÇÃO Marta Lança 1.ª EDIÇÃO 2017 PREÇO WEB 14.40

31.07.2017 | by martalanca | ACHILLE MBEMBE, Políticas da Inimizade

AtWork, com Simon Njami

    1. O AtWork é um formato educativo itinerante, concebido pela ONG italiana lettera27 e Simon Njami, que utiliza o processo criativo para estimular o pensamento crítico e o debate entre os participantes. Contribui para inspirar uma nova geração de pensadores. É a primeira edição em Portugal do workshop Criativo AtWork. A estrutura do workshop segue o modelo já desenvolvido pela lettera 27 em outros países, isto é, reúne durante 3 dias um grupo de 25 jovens que trabalham em torno dos cadernos de desenho da Moleskine, de forma a captar ideias e pensamentos que se transformam em obras de arte. Após o workshop, os cadernos são exibidos em Lisboa e podem vir a fazer parte do projeto principal AtWork, que prevê a doação do caderno para a coleção da lettera27 e a inclusão na mostra online da organização.
    1. O workshop oferece:
      1. Cadernos e materiais de produção
      2. Transporte do local de residência ao Hangar (em caso de morar em região periférica de Lisboa)
      3. Refeições e bebidas durante todos os dias do workshop
    2. os participantes deverão:
      1. Ser jovens da diáspora africana ou imigrantes, entre 18 e 25 anos de idade
      2. Interesse em artes visuais e cultura em geral
      3. Algum conhecimento de inglês
      4. Estar disponível para participar do workshop a tempo inteiro, durante o período em que se realiza o workshop
      5. Participar em todas as actividades do workshop
      6. Autorizar a publicação de documentação sobre o seu trabalho nos materiais publicados pela organização
    3. Documentação necessária (em inglês ou português)
      1. CV atualizado, com contato do telefone e email
      2. Carta de motivação que responda ou interprete o tema do workshop
      3. As candidaturas devem ser submetidas unicamente através do e-mail geral@hangar.com.pt, devendo estar especificado no assunto: Workshop AtWork
    4. Júri e Cláusula de salvaguarda
      1. O júri do concurso é constituído por membros do Hangar e do lettera 7 e sua decisão é irrevogável.
      2. Ao submeterem a candidatura, os candidatos declaram ter conhecimento e aceitarem as condições deste regulamento.

Inscrições através do email geral@hangar.com.pt até o dia 30 de Julho.

Mais informações pelo telefone 218 871 481

www.hangar.com.ptwww.at-work.org

26.07.2017 | by martalanca | Atwork, Simon Njami

Narratives in Motion, de Luís Trindade, na Tigre de Papel

Conversa sobre o livro Narratives in Motion, de Luís Trindade, com a participação do autor, de Mariana Pinto dos Santos, de Filipa Subtil e de Francisco Azevedo Mendes
Quinta-feira, 20 de Julho, às 18h30, na livraria Tigre de Papel | entrada livre
O período entre guerras em Portugal foi, de várias maneiras, um microcosmo do encontro da Europa com a modernidade: sob o impacto da industrialização, o crescimento urbano e o confronto entre liberalismo e autoritarismo, também assistiu à emergência de novas formas mediáticas que transformaram o quotidiano. Este estudo sobre a imprensa em Portugal nos anos vinte explora os modos como a nova “reportagem modernista” incorporou o espírito do tempo ao mediar alguns dos seus eventos mais espectaculares, de levantamentos políticos a sinistros crimes passionais. A abordagem de Luís Trindade ilumina a dupla natureza do jornalismo - simultaneamente narrativa e objecto material, constitui um objecto exemplar na relação moderna entre narrativa e evento. 
Narratives in Motion - Journalism And Modernist Events In 1920s Portugal, Berghahn Books, Londres, 2016.

20.07.2017 | by martalanca | jornalismo, Luís Trindade, Narratives in Motion

ciclo “Género e Identidade”, UMA NOVA AMIGA de François Ozon

19 de Julho, 19h00, Espaço Nimas UMA NOVA AMIGA de François Ozon – 1h 48min

Na próxima (e última) sessão do ciclo “Género e Identidade”, a 19 de julho, pelas 19h, no Espaço Nimas, será exibido o filme UMA NOVA AMIGA de François Ozon.


Após o falecimento da sua melhor amiga, Claire (Anaïs Demoustier) entra numa profunda depressão, mas uma surpreendente descoberta acerca do marido da sua amiga irá devolver-lhe o gosto de viver. Com realização e argumento do aclamado realizador francês François Ozon, um melodrama que adapta ao grande ecrã o conto homónimo da escritora inglesa Ruth Rendell (1930-2015).
Após a projecção desta obra haverá um debate com a participação de JOÃO CONTÂNCIO (Professor associado da FCSH-UNL e investigador do IFILNOVA – Instituto de Filosofia da Nova) e JOÃO FERREIRA (Director artístico e programador do festival Queer Lisboa), moderado por BRUNO MARQUES (Professor Auxiliar da FCSH/UNL e investigador do Instituto de História de Arte/FCSH-UNL).
Organização: Cluster Photography and Film Studies – Instituto da História da Arte/FCSH/NOVA, Leopardo Filmes e Medeia Filmes
Curadoria: Bruno Marques, Luís Mendonça, Mariana Marin Gaspar e Sabrina D. Marques
Mais informações


18.07.2017 | by martalanca | François Ozon, “Género e Identidade”

ETHIOPIA RESIDENCY WALKSCAPES- LANDSCAPE AND ARQUEOLOGY

11 Days in North Ethiopia – September 1st to 11th, 2017

Description of residency program

Hangar residencies in transit is a platform for artistic journeys, which aims to explore the world through the eyes of local and international artists. It specializes in artistic and cultural trips aimed at artists, curators and cultural producers. Our aim is to develop visual art projects combining art and creativity to the travel experience around various geographical locations. The journey will seek to reveal the richness of everyday life and the creativity of the places to visit. National and international artists guide the tours in collaboration with travel guides who take care of logistics on the ground. The Residencies in Transit is a project promoted by Hangar in Lisbon. We start from the international network of Triangle Network, which we make part of, to establish creative world networks in our travels.

Walking as an element of spatial significance goes back to prehistory, and it can be seen as the first aesthetic practice, contemporary to communication itself. The earliest marks left by man or his ancestors, the footprints, date back to the Paleolithic and represent hikes that the first human ancestors made to resignify areas of the surrounding environments or to assign a meaning to unknown areas. If we understand aesthetic practice as a gesture of meaning changing, done by the observer as an act of contemplation, we can say that walking was then the aesthetic practice that initiated the relations between Men and nature that resulted in the structure of art.

Based on the practice of walking as a creative process and as a method of artistic based research, this residence, is a journey to Ethiopia that aims to develop walking and contemplation practices . Ethiopia is known as a place where the first man / nature relations took place, or, as it is sayed since the famous discovery of Lucy, a 3.3 million year human ancestor fossil, numerous archaeological discoveries carried out and their findings to date ascertain that Ethiopia is indeed the earliest known home of human-kind.

Duration of residency

11 days

Disciplines, work equipment and assistance

The Residency in Transit Program is non-prescriptive and process-based, allowing visual artists to develop projects in response to their new environment, so they can conduct research that grows from the geographical location environment where they are working and developing their project in association with the artist leader and with the support of a local guide . The Residency Program promotes diverse cultures and practices through international and experimental projects.

Objectives

Following the perspective of walking as an aesthetic act proposed by Francesco Careri, in his well-known book “Walkscapes: walking as an aesthetic practice”, and considering walking as interrogative, investigative, performative and documentary tool for photography, this residency will take place in the Ethiopia. The journey will start in Addis Ababa to then visit the north of Ethiopia including the Danakil Desert, Axum and it’s archeological sites, Gondar region and the Simien Montains, to finnish again in Addis Ababa with meetings with the local Art Community, Galleries and Art Centers.

The residency will explore diferent landscapes with trekkings and long walks to develop aesthetic processes in three different blocks:

1. the walk as event of crossing (act) through the visits to the natural parks The Simien Mountains and the Danakil Desert and registering this hikings as performances through photography;

2. the walking as happening of the path (route) through the visits to the archaeological sites, stelae fields, and the Desert, using photography and other mediums as an documentation/archiving tool;

3. the walk as story (narrative) through the meeting and presentation/dialogues with the participants of the local Art World and later edition of the publication with the projects/diarys developed.

Application information

Documents to send:

• Filled Form for the Residency in Transit – Ethiopia Walkscapes
https://goo.gl/forms/FVtNJ4RtP9YOl6PL2

• Scanned Passport

• Short Portfolio (maximum 3 projects /15 images) to residencies@hangar.com.pt

more info contact: residency@hangar.com.pt

14.07.2017 | by martalanca | Ethiopia

LOVE TO A MONSTER IJONAS VAN HOLANDA

Ipupiara [do tupi monstro marinho]Ipupiara [do tupi monstro marinho]Apresentação final do trabalho realizado pelo artista Jonas Van Holanda durante a residência artística no Lavadouro Público de Carnide, seguido de um churrasco-piscina e de um debate moderado por Pedro Feijó.

Data: 15 Julho | 17h

Local: Lavadouro Público de Carnide

Dress Code: Fato-de-banho, chinelos e toalha

Entrada: Um legume para o churrasco

Sobre o projeto: a posição de intermediário, concedida ao monstro marinho nas representações coloniais, faz referência à histeria normativa e binária ainda contemporânea. Esse dualismo foi sendo tecido a par da demonização dos corpos pós-identitários. Ao convocar esses intermediários, falo de corpos trans*; referidos como seres entre meios entre os legítimos: o masculino e feminino. Encontro vestígios dessa legitimidade na história do colonialismo sul-americano e faço paralelos ao teratismo (aberração) recorrente nos mapas e nas crónicas do tempo colonial. Carrego esses resíduos num objeto-correspondência a partir do Ipupiara (do tupi: monstro marinho primeira representação desse monstro no Brasil, pelo cronista Pero de Magalhães Gândavo); para validar um território inócuo e subverter a noção de monstro.

 

Sobre a apresentação: a apresentação pública da residência consta de um churrasco (etim.do espanhol: queimar) plant-based. Pensando ainda nessa desconstrução de legitimidades acerca da história colonial, o churrasco reflete a ideia de refeição heteronormativa com papéis estabelecidos, tanto do animal quanto do homem que o manipula como alimento. Refeição essa que contempla a sociedade belicamente estruturada na qual estamos inseridos. É preciso reinventar uma filosofia de alimentação para construirmos novos processos e relações. Os feminismos se tornam urgentes como chave de engate para pensar esses novos modelos políticos; visto que tanto os animais como as performances do feminino estão na mira da opressão e são consumidos como tal.

 

Jonas van Holanda (Fortaleza, Ceará, Brasil): é artista, pesquisador de interferências e trânsitos poéticos além de alquimista vegetal. O seu trabalho é baseado em subverter relações semânticas e criar novas identidades para os organismos minerais, vegetais e animais. Estudou Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre suas exposições mais recentes destacam: 5ª edição do Prêmio Energias na Arte no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), Lastro em Campo no SESC Consolação (São Paulo), Paralaxe na Caixa Preta (Rio de Janeiro), Transburger na  Casa de Artes de Paquetá (Rio de Janeiro) com o coletivo Transburger e Sandwich Generation no Capacete (Rio de Janeiro). Publicou “duas luas em um céu vermelho” pela editora Rébus (Rio de Janeiro). Trabalhou na 32ª Bienal de São Paulo na obra-restaurante Restauro de Jorge Menna Barreto. Esteve recentemente em residência na Casa Matony, em La Paz, Bolívia, com a curadoria de Beatriz Lemos (LASTRO) e no Centro de Investigação Artística HANGAR (A residência foi realizada em conjunto com o Instituto Tomie Ohtake (Brasil), com patrocínio do Instituto EDP, sendo o artista vencedor da 5ª edição do Prêmio Energias na Arte, 2016). Atualmente vive e trabalha em Lisboa.

 

Agradecimentos: Valentina D’Avenia 

11.07.2017 | by martalanca | Jonas Van Holanda