Exposições Luso-Tropicália
Fotografia, conceito, Produção e Direcção Artística: Tatiana Macedo
Padrão dos Descobrimentos
De 15 a 30 de Novembro / 3ª a Domingo, das 10h às 18h
As imagens de “Luso-Tropicália” foram produzidas no contexto da Residência Artística “Sítio das Artes”, inserida no Fórum Cultural “O Estado do Mundo” em 2007, na Fundação Calouste Gulbenkian, dando origem a um livro de artista, com o mesmo nome e apresentando-se agora sob a forma de exposição. O projecto é resultado do convite que fiz a jovens músicos de descendência africana, imigrantes e descendentes de imigrantes, para se encontrarem comigo
no Centro de Arte Moderna – espaço visualmente neutro mas simbolicamente carregado – a fim de os retratar. Mas como diz, e bem, Miguel Vale de Almeida na sua introdução para este livro, estes são simultaneamente retratos e auto-retratos: “O que a artista e os retratados fizeram foi
encontrar-se a meio caminho entre o retrato e o auto-retrato. Nesse encontro, a linguagem escolhida para a apresentação de si foi também descoberta no meio caminho entre a estereotipização do jovem negro e a individuação. Artista e retratados encontram-se no “lugar” onde a visibilidade é finalmente possível: visibilidade de indivíduos, de pessoas que, como qualquer indivíduo e pessoa, são pontos de intersecção de várias coordenadas colectivas – incluindo as que constituem a hiper e a invisibilidade, agora resignificadas e, por isso, superadas, no gesto, na pose, na expressão.”
(Miguel Vale de Almeida em Ver (se), introdução para o livro Luso-Tropicália de Tatiana Macedo)
Os protagonistas destes retratos têm em comum não só o facto de terem descendência africana e serem músicos, mas também viverem em bairros periféricos da área metropolitana de Lisboa, como a Quinta do Mocho, Apelação, Outurela/Portela e Monte Abraão. Não por coincidência, a história deles cruza-se com a minha.
Imigrantes, Emigrantes Somos Nós de Tatiana Macedo
Cinema São Jorge / 16 - 29 de Novembro 2ª a Domingo, 10h às 23h
O ponto de partida para esta exposição foi o desafio lançado a Tatiana Macedo para orientar um workshop de fotografia direccionado a jovens imigrantes e/ou descendentes de imigrantes residentes em Lisboa. Com a duração de 7 dias, o workshop focou-se na representação de nós mesmos e do outro, com a apresentação de vários exemplos de trabalho produzido sobre este tema no âmbito da fotografia, bem como um exercício prático em que os alunos tiveram que (se) representar. Deste exercício, e em conjunto com os alunos, foram escolhidas as melhores fotografias que poderão ser visitadas no período de 16 a 29 de Novembro, no Cinema São Jorge. “Existe cada vez mais uma ideia de que se multiplicam “os outros” dentro do “eu” e da complexidade que envolve todo o discurso à volta do conceito de identidade. Será ainda possível falar de identidade no singular, ou deveríamos substituir o termo por “processos de identificação”? Identidade é hoje um conceito plural no sentido em que já não é possível falar de grupos homogéneos e muito menos de “massas”. As “massas” são sempre “os outros”, e aquilo que “sou” define-se pela multiplicidade de “outros” dentro de mim. Os jovens imigrantes ou descendentes de imigrantes que vivem hoje em Lisboa, como em qualquer outra parte do mundo, vivem de forma intensa essa multiplicidade. Eles são “do funge e do bacalhau”, são “do caril e do caldo verde”, são de Lisboa como são de Luanda, de Maputo, de Moscovo ou de Beijing (a título de exemplo). São da cidade como são do mundo virtual, estão no facebook, no hi5, no twitter, estão em contacto. E cada um deles tem uma história diferente para contar. Um grande amigo meu define-se na sua página do facebook da seguinte forma: “sou dos últimos, sou da lata, sou do vinho, sou de Lisboa tanto quanto sou de Luanda, ainda estou com o Obama, sou dos poetas, sou dos feios, sou do sotaque, sou dos meus amigos, sou dos descalços, sou do laço, sou dos fracos.”.