VIDAS NEGRAS IMPORTAM | Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial marca o massacre de Sharpeville a 21 de Março de 1960. Na África do Sul do Apartheid, milhares manifestavam-se contra a lei que obrigava os negros a ter um passaporte interno, para poderem aceder aos bairros dos brancos. Os manifestantes dirigiram-se a uma esquadra e a polícia disparou, assassinado 69 pessoas e ferindo 180. O Apartheid caiu muito mais tarde, depois de muitas mais lutas. 

No ano passado vimos a polícia dos Estados Unidos da América matar vários jovens negros desarmados, e as manifestações que se seguiram. 

Já em 2015, em Portugal, outros foram espancados numa esquadra ao procurar saber dum amigo detido numa operação policial no seu bairro. 

o esquecemos as pessoas, a maioria negras, assassinadas pela polícia em Portugal nos últimos anos, sem haver condenação dos assassinos. 

Nem admitimos que os bairros vivam uma suspensão do estado de direito, onde a polícia até dispara contra pessoas nas varandas das casas. 

A 21 de Março de 2015 a partir das 16h
Estamos juntos no centro de Lisboa
Largo são Domingos

com Boss - Kromo di Guetto - Moreno Bfhg - Lbc - Hezbo MC - Loreta KBA - Primero G.
Contra o racismo institucional
Porque VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

18.03.2015 | by martalanca | Discriminação, racismo

Portugal dos Pequenitos: Portugalidade e Colonialidade

Lugares como o Portugal dos Pequenitos são instrumentos cruciais da construção dos Estados-nação e da reprodução das identidades nacionais. No contexto português este lugar é hoje um meio fundamental para a análise das representações criadas e das suas implicações no que foi o projeto colonial português. Por este motivo, consideramos de absoluta relevância a visita a este espaço no âmbito do congresso “Poderes Emergentes, Identidades e Transformações”. Agradecemos à Fundação Bissaya Barreto a gentil oferta da visita guiada, que em muito contribuirá para a discussão e debate que sobre este lugar queremos promover. 

Visita Guiada ao Portugal dos Pequenitos

O Portugal dos Pequenitos é um projeto de Salazar, ditador português (1932-1968) e de Bissaya Barreto, médico de grande prestígio e político de Coimbra, que convidaram um arquiteto moderno, Cassiano Branco (1940’s) a desenhar um parque temático que representasse o império português através da sua arquitetura. Foi uma dos mais importantes elementos da propaganda política do Estado Novo, resistindo à queda do regime. Das casas portuguesas, à sociedade colonial, aos monumentos nacionais, tudo está representado à escala de uma criança. O Portugal dos Pequenitos é uma exposição qualificada como arquitetura portuguesa e arte arquitectónica e escultural.
Encontro: 13h50 à Porta do Portugal dos Pequenitos (Galerias de Santa Clara)
Visita Guiada: 14 horas
Preço: 6 euros
Inscrições: coloquiodoutorandoscall@ces.uc.pt
Debate: Galerias de Santa Clara, 16 horas 
Os participantes serão convidados a um debate moderado por Maria Paula Meneses, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e coordenadora do programa de doutoramento em Pós-Colonialismo e Cidadania Global no mesmo centro. Este debate visa fomentar um olhar crítico e uma reflexão profunda sobre a visita anteriormente realizada.

ver mais. 

12.03.2015 | by martalanca | Colonialidade, Portugal dos Pequenitos, Portugalidade

Ciclo “Os cinemas das independências africanas” I Lisboa

Organizado por: Aleph - Plataforma de Acção e Investigação sobre Imagens (Anti-)coloniais – CITCOM-CEC-FLUL & CECS-UMGrupo CITCOM - Cidadania, Cosmopolitismo Crítico, Modernidade(s), (Pós-)Colonialismo / Projecto DESLOCALIZAR A EUROPA: Perspectivas Pós-coloniais na Antropologia, Arte, Literatura e História (Cultura Visual, Migração e Globalização & Comparando Impérios: Iconografias Coloniais Comparadas)

25 e 26 de Março, 18h Anfiteatro III, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Entrada livre) 

25 de Março

Deixem-me ao menos subir às palmeiras…

 Sessão com apresentação de Maria do Carmo Piçarra (CEC-FLUL & CECS-UM) Ficção, Moçambique, 1972, 67’. Falado em Ronga. 

Realização: Joaquim Lopes Barbosa; Produção: Somar Filmes; Actores: Gabriel Chiau (capataz), Malangatana Valente (guerrilheiro), Marcelino Comiche (Djimo), Helena Ubisse (Maria), Estevão Macumguel (Madala), Eugénio Ferreira (machambeiro) e Eulália Mutemba (Maria). 

 Deixem-me ao menos subir às palmeiras…(1972), de Joaquim Lopes Barbosa (n. 1944), foi proibido pelo regime do Estado Novo. Como tal, antes do 25 Abril de 1974 nunca teve estreia comercial. Depois disso, raramente foi projectado, tendo permanecido praticamente desconhecido do público e sido pouco referenciado na história do cinema.O poema Monangamba do angolano António Jacinto (1926-1991), que descreve as duras condições de vida dos trabalhadores negros contratados, foi a primeira inspiração para a realização deste filme. Uma segunda influência foi o conto Dina, do moçambicano Luís Bernardo Honwana (n. 1942), publicado na obra Nós matámos o cão tinhoso.

Pela primeira vez na história do cinema português, um filme de ficção falado em Ronga, foi interpretado quase exclusivamente por negros, para cuja participação foi determinante a colaboração de Malangatana Valente (1936-2008). A todos os actores foi pedido que “exprimissem essencialmente o que sentiam e como viviam os seus conterrâneos – o que lhes era familiar”. As sequências iniciais que retratam os trabalhadores são documentais.

Passado numa machamba, o enredo do filme centra-se na figura de um capataz que submete os trabalhadores a trabalhos duros que culminam, frequentemente, no colapso dos mais fracos. Um dia, o capataz violenta sexualmente Maria, filha de Madala. Incitado à revolta, Madala não só não reage à ofensa como aceita a garrafa de vinho que o capataz lhe oferece. Acaba por sucumbir ao sofrimento, físico e emocional, o que provoca a revolta dos trabalhadores.

 

26 de Março

Nelisita: Narrativas Nyaneka  

Sessão com apresentação de Marta Lança (Estudos Artísticos – FCSH – UNL)

Ficção, Angola, 1982, 90’. Falado em Lumuíla.Realização e Argumento: Ruy Duarte de Carvalho; Fotografia: Victor Henriques; Produção: Laboratório Nacional de Cinema; Intérpretes: António Tyitenda, Francisco Munyele, Tyiapinga Primeira, Manuel Tyongorola, Ndyanka Liuima.

Nelisita, filmado em 1980 na Chibia, quando os sul-africanos invadiam o Sul de Angola, seguiu-se à série Presente angolano-tempo Mumuíla, que Ruy Duarte terá filmado dois anos antes, na mesma geografia, com a mesma sociedade mas em registo de documentário.

Nelisita, com direito a prémio no FESPACO, festival pan-africano de cinema e  televisão de Ouagadougou, Burquina Faso, e crítica nos Cahiers du Cinéma, marcaria o último fôlego do breve momento de entusiasmo do cinema angolano que, depois disso, caiu num longo marasmo. O argumento foi estruturado a partir de peças de literatura oral das populações Nyaneka do Sudoeste de Angola, em que elementos da comunidade actuam encenando as próprias lendas.

A fome domina o mundo e apenas restam vivos dois homens com as suas famílias. Um deles parte em busca de comida e encontra um armazém onde certos espíritos guardam enormes quantidades de géneros alimentícios e roupas. Neste contexto, o filme reflecte sobre as tentações da modernidade e a resistência às mesmas, observando a harmonia entre pessoas e natureza e antevendo o resgate de alguns valores e modos de organização das sociedades animistas, bem como a crítica ao padrão de desenvolvimento e de crescimento económico.

A atenção a estes povos, numa conjuntura de colonização superficial, independência recente, urgência na acção política, viria a ser um dos principais enfoques do trabalho de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010). Nelisita enquadra-se na aspiração do autor de realizar “filmes cientificamente correctos, socialmente operantes, cinematograficamente válidos, eticamente honestos e publicamente viáveis.”

12.03.2015 | by martalanca | cinema, Deixem-me ao menos subir às Palmeiras, Nelisita

Janelas Lusófonas no Africultures

Há 40 anos, no seguimento da revolução dos cravos, um 25 de abril de 1974 que fez cair o regime fascista em Portugal, as cinco colónias africanas portuguesas (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe), hoje em dia comumente apelidadas de PALOP, assinalavam as suas independências. 
Em jeito de comemoração, o Africultures propõe, a cada mês do ano de 2015, as “janelas lusófonas”, que exploram diversos aspectos respeitantes a estes países, e relações que mantêm uns com os outros: afro-descendentes em Portugal, tratamento da memória colonial, cenas artísticas em vários destes países, relações entre o Brasil e África, etc.

Estas janelas são pensadas em parceria com o site Buala, do qual republicamos e traduzimos vários artigos. 

Esta edição especial é coordenada por Maud de la Chapelle.

veja aqui a lista de artigos que pode encontrar: Fenêtres lusophones 2015


Il y a quarante ans cette année (1975-2015), à la suite de la Révolution des Œillets, qui le 25 avril 1974 a fait tomber le régime fasciste au Portugal, les cinq colonies africaines portugaises (Angola, Cap-Vert, Guinée-Bissau, Mozambique, São Tomé et Principe), aujourd’hui communément appelées PALOP (Pays Africains de Langue Officielle Portugaise), signaient leur indépendance. 
En commémoration, Africultures vous propose, chaque mois de l’année 2015, des “fenêtres lusophones”, qui explorent différents aspects des pays concernés, et des relations qu’ils entretiennent entre eux : afro-descendants au Portugal, traitement de la mémoire coloniale, scènes artistiques dans les différents PALOP, relations entre le Brésil et l’Afrique, etc. 
Ces “fenêtres” sont pensées en partenariat avec le site portugais Buala, portail de réflexion sur les cultures africaines contemporaines, dont nous reprenons/traduisons plusieurs articles. 

Coordonné par Maud de la Chapelle

 

11.03.2015 | by martalanca | Africultures, Fenêtres lusophones, independência

KONONO N 1 meets BATIDA - sexta feira no Lux

Com o incrível som dos kissanjes electrificados e a sua secção rítmica tribal, os congoleses Konono Nº1 fizeram o público ocidental, do indie rock e da electrónica, perder-se de amores pela banda, após o lançamento do seu primeiro disco “Congotronics”, há já 10 anos. Tocaram nos maiores festivais de rock de todo o mundo, foram convidados para gravar com Bjørk e Herbie Hancock, receberam um Grammy e foram homenageados por alguns dos melhores músicos de electrónica e indie rock.

Konono Nº1 está de volta a Portugal com um projecto muito especial: juntando forças em Lisboa com o aclamado músico e produtor, angolano/português, Pedro Coquenão aka Batida, para a produção de um novo disco! No final da primeira semana de trabalho, vão partilhar algumas destas experiências em palco, em dois espectáculos absolutamente únicos:

6 de Março, 22h30 - LUX Frágil,

Lisboa7 de Março, TAGV, Coimbra

04.03.2015 | by martalanca | batida, Konono

Os vivos, o morto e o peixe frito, de Ondjaki

LIVRARIA DA TRAVESSA - BOTAFOGO I Rio de Janeiro

 4 de março, 19h
rua voluntários da pátria, 97
    […] Em Lisboa, no dia em que a selecção de futebol angolana defronta a selecção portuguesa, num minúsculo apartamento, irão juntar-se caboverdianos, angolanos, são-tomenses, guineenses, moçambicanos e portugueses, mais o bebé na barriga da futura noiva, as cervejas, a pistola, o futuro noivo, a comida, os diamantes na barriga do padrinho e o vizinho morto que ainda adora futebol.
    Portugal nunca tinha vivido um dia assim!
JJMOURARIA:Atendo pelo internacional nome de Jota Jota Mouraria, originário barrigalmente das terras de S. Tomé e Príncipe, mas já vindo ao mundo nesta capital lisboeta de frios e tanta africanidade. É verdade: Jota Jota Mouraria… (pausa) O “Jota Jota” é de raízes familiares, o “Mouraria” é de afinidades urbanas, muito prazer minha senhora…


03.03.2015 | by martalanca | o morto e o peixe frito, ondjaki, Os vivos

A Construção de um Símbolo

03.03.2015 | by martalanca | império, Padrão dos Descobrimentos

Arte e Feminismo & WikiD Edit a Thon Lisboa 2015

Encontro de edição colectiva na Wikipedia

7 de Março das 10h às19h

Local: Labart | Universidade Lusófona, Campo Grande

Entrada livre

Inscrições: editathonlx@gmail.com

Em 2011 a Wikimedia Foundation realizou um inquérito sobre quem editava  na Wikipédia e descobriu que menos de 10% dos seus contribuintes se identificava como feminino. Enquanto as razões para esta discrepância entre géneros pode ser um assunto de debate, o seu efeito prático é objectivo.  A falta de participação feminina na produção de artigos na Wikipedia gera uma distorção nos conteúdos disponíveis, o que representa uma ausência alarmante na construção deste repositório de partilha de conhecimento cuja importância é cada vez maior.  Os problemas de género na Wikimédia encontram-se bem documentados. (inquérito em + informação)

É neste contexto que surge Arte e Feminismo & WikiD | Edit a Thon Lisboa 2015, encontro que conjuga numa só 1ª edição os dois eventos que se realizam  em Nova Iorque dias 7 e 8 de Março: Art+Feminism Edit-a-Thon no Museum of Modern Art dia 7 e  WikiD –Women Wikipedia Design organizado por ArchiteXX dia 8.

Lisboa alia-se deste modo a mais de 30 cidades ao realizar este encontro global de edição na Wikipédia focada em assuntos relacionados com arte, arquitectura e feminismo. Queremos ajudar a mudar a situação. Quer colaborar e participar? Faça parte.

Haverá um workshop de inicio à edição na Wikipédia, materiais de referência, debate e uma sessão colectiva de edição. Traga o seu laptop, ficha para ligação à corrente, ideias e artigos para entradas na Wikipédia a precisar de edição ou para novas entradas a serem criadas. 


As inscrições estão abertas até dia 5 de Março. Todos os materiais e demais informações relacionadas com o evento serão enviados aos inscritos. 

+ informação:
a nossa página Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Encontro/Edicao/Lisboa/Artefeminismo                              Facebook: https://www.facebook.com/artefeminismolx/info?tab=page_info&edited=nameorganizadores: http://artandfeminism.tumblr.com/ e https://www.facebook.com/events/416274511860793/evento pelo mundo: http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Meetup/ArtAndFeminisminquérito 2011: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Editor_Survey_Report_-_April_2011.pdf

26.02.2015 | by martalanca | arte, feminismo, WikiD

Souls’ Landscapes, 27 Fev. (6ª Feira) às 21h30 no Espaço Espelho d’Água, LISBOA

O Espaço Espelho d’Água apresenta a ante-estreia da performance Souls’ Landscapes concebida e executada por Uriel Barthélémi em parceria com o artista plástico Rigo 23, a estrear em Março, na 12ª Bienal de Sharjah, Emiratos Árabes Unidos.

Souls’ Landscapes é uma performance concebida a partir da leitura de “Les Damnés de la Terre” de Frantz Fanon, que incorpora música, movimento, luz e texto. Nesta performance, junta-se a  Barthélémi o material literário de Fanon (figura maior do movimento dos povos Africanos rumo à autodeterminação) veiculado em forma de spoken word pelo actor oriundo do Benin Joel Lokossou, e o movimento de dois bailarinos de Popping (a linha mais minimalista da dança hip-hop) Entissar Al Hamdany e Fabrice Taraud.

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Souls’ Landscapes  (entrada gratuita)

Dia 27 de Fevereiro (6ª Feira), às 21h30 no Espaço Espelho d’Água, Lisboa  Av. Brasília, S/N (ao lado do Padrão dos Descobrimentos). 1400-038 |LISBOA  t: 21 301 0510

ler+

23.02.2015 | by franciscabagulho | ...

Concentração: contra a violência policial

Luta contra a violência policial perpetuada há mais de 3 década nos bairros e contra a classe social desfavorecida. Questionamos o tipo de policia e a sua actuação; e exigimos direito a ter direitos, a não ser espancados, e a ocupar espaços públicos na nossa comunidade.

Não obstante a consciência colectiva negra de que nós, estudantes e trabalhadores negros e negras, somos as principais vítimas da brutalidade da Polícia nos bairros, sublinhamos que essa mesma violência é também infligida, de forma sádica e independentemente da cor, a todas e todos aqueles que percorrem esse espaço geográfico e sociológico denominado “ghetto”. Esta atitude indiscriminada de extrema violência da polícia para com estudantes e trabalhadores brancos e brancas nos bairros, tem como objectivo veicular a mensagem de que, quem quer que se aproxime do espaço ghetto – subentenda-se, o espaço natural dos negros −, será tratado tal e qual qualquer outro negro do ghetto! Esta violência é mais uma forma de fragmentar a sociedade pois só fortifica, entre os estudantes e trabalhadores brancos, uma tendência de apartheid, historicamente construída e reproduzida, e intrínseca a esta organização política e económica das sociedades onde vivemos. A constatação, leva-nos a considerar imperativo a unidade na acção de todas e todos aqueles que moram nos bairros e a solidariedade militante dos restantes trabalhadores para com esta luta.

 

Ler aqui a descrição do mais recente ataque ocorrido na Cova da Moura. 

10.02.2015 | by martalanca | concentração, Cova da Moura, Plataforma Guetto, repressão policial

Tintin Akei Kongo (2015)

Tintim no Congo (1931) é o segundo álbum da famosa série de BD do autor belga Hergé. Foi-lhe encomendada pelo jornal conservador Le Vingtième Siècle e conta a história do jovem repórter Tintim e o seu cão Milú enviados para o então Congo belga para escrever sobre acontecimentos nesse território. Embora tenha reconhecido sucesso comercial e tornado-se derradeiro para definir a indústria de BD franco-belga, este álbum tem recebido duras críticas pela sua atitude racista e colonialista perante os congoleses, retratando-os como atrasados, preguiçosos e dependentes dos europeus. Hergé é sobretudo acusado de persistentemente alinhar a sua visão com o mais baixo denominador comum sem se questionar do racismo explícito ou das políticas coloniais que já eram criticadas por artistas e intelectuais francófonos do seu tempo. Ler aqui a crítica de Pedro Moura. 


Tintin Akei Kongo é uma tradução de Tintin au Congo em lingala, a língua oficial do Congo. A tradução foi comissariada por um artista e foi feita em colaboração com um tradutor oficial durante a sua residência artística na ilha de Ukerewe na Tanzânia. Esta tradução faz parte da linhagem de detournements como Katz [livro destruído por alterar o famoso Maus de Art Spiegelman], Noirs [os Estrumpfes Negros ficam todos azuis] ou Riki Fermier [em que o Petzi desaparece da sua própria BD], livros apontados de autoria provável ao grego Ilan Manouach. O artista, consciente das propriedades materiais da edição original, cheia dos seus potenciais significados, tornou explícitos os aspectos formais do objecto: o novo livro é um fac-simile da edição original e manteve os padrões de produção industriais das BDs “clássicas”. O objectivo desta aventura não é somente a reinterpretação do trabalho do autor para reinventar as intervenções possíveis sobre uma obra comissariando uma tradução, nem enfatizar a importância do discurso e da auto-referência para indicar a BD simultaneamente como linguagem e lógica de sistema. 
O objectivo é não só “reparar” um erro histórico tornando acessível este trabalho na língua daqueles que lhes interessa, os oprimidos, os insultados. Revela as escolhas tácticas de quem traduz obras. Não é de surpreender que afinal na África pós-colonial ainda se use o francês ou o inglês como línguas oficias para questões de Educação, Legislação, Justiça e Administração? Tintin au Congo reflecte as opinião da burguesia belga dos anos 30. Esta concepção do povo do Congo ou pura e simplesmente de qualquer negro visto como uma grande criança é uma parte da História do Congo tal como Os Protocolos dos Sábios de Sião fazem parte da falsa propaganda anti-semita na História dos Judeus. O Tintim no Congo tinha de ser traduzido para lingala!
Uma identidade nacional não é só criada por um processo interno de cristalização, de consolidação constante do que é a sua cultura nacional, mas também é definida pelas pressões oferecidas pelo exterior. Tintim no Congo, a versão original na língua francesa é ainda uma das BDs mais populares na África francófona. O facto de ainda não existir uma edição congolesa, fará lembrar ao leitor de Tintin Akei Kongo que a promoção cultural não é só governada por lucro ou outros valores de mercado. Ao juntar lingala às 112 línguas traduzidas no Império Tintim, Tintin Akei Kongo revela pontos cegos na expansão dos conglomerados da edição. 
Tintin Akei Kongo será apresentado no Festival de BD de Angoulême.

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05.02.2015 | by martalanca | 5eme Couche, BD, racismo, Tintim no Congo

Congresso Luso Afro Brasileiro

O tema do XII CONLAB - “Imaginar e Repensar o Social: Desafios às Ciências Sociais em Língua Portuguesa, 25 anos depois”, o primeiro a realizar-se após a criação, em Salvador da Bahia, da AICSHLP, propõe ser um catalisador de uma reflexão que recupere a trajetória dos onze congressos realizados, apontando os ganhos que as ciências sociais e humanas dos Sete tiveram e as pontes construídas para a sua consolidação enquanto áreas de saber e a busca de um maior protagonismo no espaço global da produção conhecimento, ainda marcado por clivagens epistemológicas, teóricas e políticas condicionando, quando não subalternizando o fazer ciência em língua portuguesa.

Organização: CESNOVA e FCSH/NOVA - 1 a 5 de FEvereiro na FCSH - UNL. 

Site do CONLAB XII. 

 

30.01.2015 | by martalanca | Congresso luso-afro-brasileiro

Complexo das Escolas de Arte em Luanda

 

O Complexo das Escolas de Arte (CEARTE), que foi inaugurado no passado dia 5 de Janeiro, em Luanda, abre 375 vagas nas áreas artísticas para o ano lectivo 2015. As candidaturas decorrem até 6 de Fevereiro.

O complexo que está localizado na zona de Camama, na cidade de Luanda, é a primeira academia de artes em Angola, e trata-se de uma infraestrutura com capacidade para receber 2500 alunos nas áreas de Artes Visuais e Plásticas, Dança, Música, Teatro e Cinema.

A nova instituição integra 20 salas de aulas, uma biblioteca, um internato, um auditório com 300 lugares, um pavilhão polidesportivo, um anfiteatro ao ar livre com 400 lugares, um laboratório de informática, um laboratório de física e um laboratório de química. 

O CEARTE destina-se à formação de profissionais – intérpretes, criadores e docentes –  em diversas áreas culturais, inserindo-se no domínio do ensino artístico especializado. A instituição é estruturada para compreender três níveis de ensino que se articulam e complementam, nomeadamente o elementar, médio e superior.

Para o ano lectivo 2015, abriram no total 375 vagas: 96 vagas para a área da dança, 60 para as artes visuais e plásticas, 119 para a música e 100 na área do teatro. O prazo para as inscrições começou no dia 26 de Janeiro e termina a 6 de Fevereiro.

30.01.2015 | by martalanca | Escola de Artes, Luanda

Foreigners in the Maghreb and Maghreb abroad: health and social issues

El Mouradi Club Kantaoui – Sousse - Tunisia January 26-27-28, 2015

PROGRAM

Monday, January 26 

10:00 - 10:30 - Introduction session, Coordinator and Organizer Communication.

10:30 - 11:00 -  Cancer and Mental Diseases in Egypt, Mostafa Mohamed Mostafa Yosef, Department of Community Medicine, Faculty of Medicine, Ain Shams University.

 

11:00 - 11:30 - Coffee Break

11:30 - 12:00. Societal Dialogue process and results, Imen Jaouadi, University of Carthage-CERP.

 

12:00 - 12:30 - Epidemiological profile of chronic disease in North Africa, Sana Jaballah, University of Manar-CERP.

 

12:30 - 13:00 La réforme du système de santé au Maroc,  El Messaoudi Moulay Driss et Otmane Mourtada, Institut Pasteur – Casablanca, Maroc

13:00 - 14:15 - Lunch

14:30 - 15:00 - “Scopes and spectacles, comparing NA migrations situations in EU contries from National general population survey” Paul Dourgnon,IRDES- France.

15:00 - 15:30.  Health system reform in Egypt , Dalia Gaber Sos Boles Department of Community Medicine, Faculty of Medicine, Ain Shams University.

 

15:45 19:00 - Guided sightseeing Sousse - Monastir

21:00               Free Dinner

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22.01.2015 | by martalanca | Maghreb, Tunisia

Configuracoes_(im)provaveis

Os escritores moçambicanos Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa marcam, de forma indelével, o panorama da literatura moçambicana e africana em língua portuguesa. Em 1987, Ungulani Ba Ka Khosa publicou “Ualalapi”, romance sobre o passado colonial e sobre Ngungunhane que foi considerado um dos 100 melhores livros da literatura africana do século XX. Paulina Chiziane é a primeira escritora moçambicana negra. Em obras como “Niketche - uma história de poligamia” retrata a vida das mulheres africanas.

A riqueza literária e cultural das obras destes autores incita não apenas à leitura das obras mas também ao estudo de relações entre a escrita literária e outras práticas artísticas.

Para esta exposição, produzida em Maputo, convidámos Filipe Branquinho e Mauro Pinto, fotógrafos com um percurso internacional, a trabalhar a obra de um deste escritores. Surgem, assim, duas séries de cinco fotografias: Mauro Pinto visita a obra de Paulina Chiziane, as mulheres moçambicanas e o seu papel em práticas tradicionais; Filipe Branquinho lê Ungulani Ba Ka Khosa, recria espaços a partir do ponto de vista de personagens e, no seu trabalho, evoca a história e a memória de Moçambique.

Cada série forma uma narrativa. E neste espaço de ficção, fotografia e texto entrelaçam-se de novo, pois cada fotografia coabita com um excerto literário que remete para possíveis leituras. Geram-se, assim, configurações que nos apontam novos caminhos, alguns dos quais aparentemente improváveis.

 

15.01.2015 | by martalanca | literatura moçambicana

Desobediência Civil - Plataforma Gueto

07.01.2015 | by martalanca | Desobediência Civil, LBC, Plataforma Gueto, rap

2nd International Conference Africa and the Indian Ocean:Call for Papers

ISCTE-IUL . Lisbon . 9-10 April 2015

 

Please, send an email with your name, proposed title and short abstract to
aioconference2015@gmail.com

 

Deadline for submission of abstracts – 31 January 2015

Notification of accepted paper proposals – 15 February 2015

 

Organizers:

Ian Walker, Oxford University

Manuel João Ramos, ISCTE-University Institute of Lisbon

Preben Kaarsholm, Roskilde University

Date and place

This 2nd Thematic Conference of the CRG-AIO will take place at ISCTE-IUL, Lisbon, in 9th-10th April 2014. It proposes to bring together the CRG members and non-CRG researchers working on Africa in the Indian Ocean and who are interested in bridging disciplinary and regional borders in this field of study.

The 2-day Conference will be divided in four panels (on history, anthropology, international relations and security/conflict studies), on the general theme of understanding the complex interactions between Fluid Networks and Hegemonic Powers in the Western Indian Ocean.

 

 

Description and outcomesAs with the 2013 1st International Conference on Africa and the Indian Ocean, we intend to publish the results in a Conference book. The Conference will be an important preparation for the already selected CGR-AIO panel at the coming ECAS 6 – Paris, in July 2015. It will also be an important opportunity to strengthen the existing ties between CRG members, and bring not only East African but also Turkish, Arab and Indian researchers and research centres into closer partnership with AEGIS.

 

Thematic outline

Fluid Networks and Hegemonic Powers in the Western Indian Ocean 2nd International Thematic Conference on Africa and the Indian Ocean ISCTE-IUL, Lisbon, 9-10 April 2015

The Indian Ocean and Arabian Sea, with its extensive trade and circulation networks, has been characterized as one of the major “inter-regional arenas” within broader studies of processes of globalisation. These seafaring networks are some of the oldest in the world, and through the centuries persistent and resilient forms of transnational and transcultural communication have developed in the regions touched by it, interlinking the Horn of Africa, the African Indian Ocean islands and Eastern and Southern Africa to the Arabian peninsula, the western parts of the Indian subcontinent and even meaningful parts of the Southern and Eastern Asian regions. It is also a particularly sensitive area in security terms, presently harbouring major naval and aerial surveillance capabilities of both intra- and extra-regional military and economic powers.

The western Indian Ocean has thus been both a fluid space of intense exchanges between various local communities and a much-coveted setting for successive projects of hegemonic appropriations of human and material resources. The substantial flow of goods and people across it has, from time immemorial, attracted predatory and clandestine activities, which are today the pretext for maintaining an impressive security presence by member countries of NATO and for a display of military-naval affirmation of emerging powers such as India and China.

A comprehensive understanding of the conditions and implications of this multiple presence requires a multidisciplinary effort that has to take into account the underlying, and generally silent, reality of the existence of family-based networks (African, Arab, Indian, Armenian, Iranian and South-east Asian) who, assuming an ancient heritage, have ensured the continuation of flows between the different countries connected by the Western Indian Ocean by resiliently adapting themselves to ever-changing balances of power, to the impositions of external interveners and to the bargaining vectors of local and regional predators.

The present Conference sets forth to analyse the deep-rooted immersion of the populations of the eastern coasts of Africa in the vast network of commercial, cultural and religious interactions that extend to the Middle-East and the Indian subcontinent, as well as the long-time involvement of various exogenous military, administrative and economic powers (Ottoman, Omani, Portuguese, Dutch, British, French and, more recently, European-Americans).

On the side-lines of an inward-looking vision of Africa shared by most African Union countries, which have only recently begun to develop a fledgling security policy and a strategy of development of the African coastline, various agents from East African countries have sought to manage and develop existing networks in a transnational logic supported by historical ties that come from the old triangular trade facilitated by the monsoon regime, linking these coastal regions to the Arabian Peninsula and South-east Asia.

07.01.2015 | by martalanca | 2nd International Conference Africa and the Indian Ocean

Palestina: Colonialismo, Racismo e Resistência

Com intervenções de António Guerreiro, António Louçã, Boaventura Sousa Santos, Bruno Peixe Dias, Carlos Vidal, Inês Espírito Santo, Nuno Teles, Renato Teixeira, Shahd Wadi, Wissam Al-Haj.

Depois do acto falhado dos Acordos de Oslo de 1992 e dos recentes ataques a Gaza em Agosto de 2014, parece-nos que é tempo de voltar a pensar a situação Israelo-Palestiniana, com objectividade mas não, forçosamente, neutralidade. Procuraremos reflectir sobre o contexto histórico que resultou na criação do Estado de Israel nas suas dimensões, contraditórias e problemáticas, nacionalistas e colonialistas, as especificidade das formas de governo e administração que aí se foram desenvolvendo, bem como as estratégias de resistência a essas mesmas forma de governo.
Neste sentido, parece-nos importante trazer à discussão não apenas a actualidade que faz a agenda informativa dos noticiários, mas também os processos históricos que podem contribuir para uma análise crítica do presente; não apenas os aspectos militares do exercício do poder e da ocupação territorial, mas também os aspectos culturais mobilizados para a produção e naturalização de comunidades imaginadas. Daí seguiremos até à situação actual e à discussão das soluções que têm sido avançadas: dois povos dois estados ou um único estado multicultural e multinacional? Porquê e como?

Local: Atelier RE.AL
Rua Poço dos Negros 55, 1200-336 Lisboa
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Entrada Gratuita

05.01.2015 | by martalanca | colonialismo, palestina, racismo, Resistência

Este corpo que me ocupa

Foi ontem lançada, no Atelier Real, em Lisboa, a publicação do BUALA intitulada ESTE CORPO QUE ME OCUPA. 

Contou com uma pequena introdução de Marta Lança, leituras de Cláudio da Silva, Clara Pinto Caldeira, e apresentações de António Brito Guterres (Rede Cidade) e Yuri Sousa (luz e sangue). 

A revista conta com a particiação de: 
Ana Bigotte Vieira/ Andrew Esiebo / António Brito Guterres / Ato Malinda / Bruno Lamas / Candela Varas / Clara Caldeira / Cláudio Da Silva / Edgar Oliveira / Egbert Alejandro Martina / Francisca Bagulho / Hélène Veiga Gomes / Isabel Lima / Maria Mire / Marta Lança / Miguel de Barros / Mónica Sofia Vaz / Patricia Schor / Pedro Moura / Rita Bras / Rita Natálio / Sara Rosa Espi / Simone Frangella / Simon Njami / Tiago Mesquita Carvalho / Yuri Sousa Lopes Pereira.

Custa 8 eur e pode encomendar por aqui: info@buala.org

 

A revista que nunca mais chegava… chegou por fim pela mão de Este corpo que me ocupa, nome que dava título em 2008 à performance de João Fiadeiro e que agora, casualmente ou não, coincide com a reposição da peça em Lisboa. Este corpo que me ocupa tem não só uma grande carga poética como contém, também, um passado, destino familiar e coletivo marcado pelo exílio e pela prisão, e profundamente trespassado pela morte de uma irmã. Um corpo com buracos que se esvazia até quase ao desaparecimento e que, por não poder desaparecer, tem de encher-se consigo próprio. Uma performance e uma nota biográfica de João Fiadeiro que, tal como esta revista, transita entre o poético, o político e o íntimo.

Continuar a ler o editorial.

 

 

17.12.2014 | by martalanca | corpo, Este corpo que me ocupa, revista

solidariedade com os/as moradores/as dos bairros, 5ª feira, dia 18 de Dezembro, às 18.00 em frente a Câmara Municipal da Amadora

Na próxima 5ªfeira, dia 18 de Dezembro celebra-se o Dia Internacional do/a Migrante e este ano realiza-se uma acção de solidariedade com os/as moradores/as dos bairros auto-construídos da Amadora para denunciar os abusos dos seus direitos à habitação cometidos pela Câmara Municipal e forças policiais.

Esta acção está a ser organizada pelo SOS Racismo, em conjunto com os moradores dos bairros da Amadora (6 de Maio, Santa Filomena e Reboleira), Habita, activistas e outras organizações/colectivos.

É preciso mobilizar o maior número de pessoas para estarem presentes na 5ª feira, em frente à Câmara Municipal da Amadora, e os/as moradores/as destes bairros sentiram que não estão sós nesta luta.

A luta continua pelo Direito à Habitação e contamos com a tua presença.

Video de divulgação da acção do dia 18 de Dezembro 

Para mais informações sobre Santa Filomena e outros bairros.

17.12.2014 | by martalanca | bairros, Reboleira, santa filomena, SOS Racismo