Em Agosto de 2012, uma equipa da Aljazeera esteve em Luanda a acompanhar jovens activistas e musicos. Como resultado deste trabalho, foi produzido um documentário/filme, que retrata aspectos do dia-a-dia dos jovens activistas, tentando ilustrar a inevitabilidade dos seus encontros e como eles se produziram: motivados pelos mesmos anseios e aspirações de uma sociedade mais humanizada, em que se coloque o angolano antes das estatísticas, insistentemente usadas para se vangloriar o crescimento do país. O documentário foca-se no surgimento do movimento cívico juvenil que desde Março de 2011 tem vindo a realizar acções de protesto e outras acções reivindicativas de vária índole, focando-se na necessidade da participação colectiva, no despertar da consciencia crítica e na restituição da confiança e auto-estima do angolano. Cobre também o período pré-eleitoral até a sua véspera. São intervenientes no referido documentário/filme, os activistas cívicos Mbanza Hamza, Carbono Casimiro e Luaty Beirão, três dentre os vários rostos que têm despontado no seio desse jovem movimento, que durante 25 minutos partilham com os espectadores os seus percursos, vivências, motivações e perspectivas. Este documentário insere-se numa série intitulada “Activate”, sobre activismo e movimentos de activistas pelo mundo, que vai na sua segunda temporada e já cobriu: Sudão, EUA, Venezuela, China, Coreia do Sul, Argentina e Paquistão, na temporada de 2011 e cobre Angola, Quénia, Índia, Chile, Russia e Israel em 2012.
Entre Luanda e Lisboa, Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade traçam o retrato de uma nova geração de angolanos que vê no Semba e na Kizomba a expressão máxima da sua identidade cultural. Os ritmos quentes e os corpos bamboleantes sucedem-se num documentário que revela a vontade de um povo de se reinventar e levar as suas raízes, através da música e da dança, aos quatro cantos do mundo.
DATAS DE PROJECÇÃO (em estreia mundial)
21 Outubro às 19h15 na Sala Manoel de Oliveira no Cinema São Jorge
24 de Outubro às 19h00 na sala 3 do Cinema São Jorge
Tertúlia: projecção do documentário Visita Guiada, de Tiago Hespanha (Terratreme) com a presença do realizador e comentado por Ricardo Ventura sobre o tema “Como se reinventa um país?”.
Todos os anos vêm a Portugal milhões de turistas à descoberta de um país, um povo e uma cultura. Muitos contactam com guias-intérpretes para os guiarem nessa descoberta. Estes guias transmitem uma história e uma identidade nacional. A forma como constroem essa narrativa, recorrendo a elementos e conhecimentos das mais diversas origens, aponta, antes de mais, para a ideia que temos de nós mesmos e para como nos queremos apresentar aos outros. Este filme toma como ponto de partida a construção dessa identidade e a sua leitura.
Enquadramento: “Unir pela Cultura - Olhares sobre Angola”.
A Associação Cultural Chá de Caxinde Portugal o Espaço Nimas e a BPO – Boino Pereira de Oliveira & Associados, Sociedade de Advogados, RL, em parceria, apresentam a Mostra de Cinema Angolano “Olhares sobre Angola”. Nos dias 20 e 21 de Junho, com início pelas 21:00, em ambiente informal, a organização propõe no Espaço Nimas uma visita a Angola pelo olhar de alguns dos mais importantes realizadores angolanos, embalada pelas notas quentes de um dos mais destacados rappers angolanos da actualidade.
Durante estes dois dias, o primeiro por convite da organização, e o segundo aberto ao público em geral, serão exibidas curtas-metragens dos realizadores Coreon Dú, Ângelo Torres, Pocas Pascoal e Mário Bastos, antecedidas por uma breve actuação do rapper Megga. A selecção cinematográfica foi elaborada com a consultoria técnica do Produtor/Realizador Jorge António.
Pretende-se com esta iniciativa “unir pela cultura” as comunidades dos dois países que partilham um objectivo e interesse comum – Angola.
Programa 20 de Junho – 4ª Feira (Sessão Privada por Convite)
20h30 – Recepção dos Convidados
21h00 – Boas Vindas e Agradecimentos dos Parceiros/Organização
21h10 – Momento “Megga”
21h20 – Sessão de Cinema: “Momentos de Glória”, de Coreon Dú “Amanhã será Diferente”, de Pocas Pascoal “Kunta”, de Ângelo Torres “Alambamento”, de Mário Bastos
22h30 – Convívio, Conversa, União.
22 de Junho – 5ª Feira (Sessão Aberta ao Público)
21h00 – Momento Megga
21h10 – Sessão de Cinema: “Amanhã será Diferente”, de Pocas Pascoal “Kunta”, de Ângelo Torres “Alambamento”, de Mário Bastos “Momentos de Glória”, de Coreon Dú “Festa de Quintal”, de Coreon Dú
Parceiros/Organização BPO Advogados Associação Cultural Chá de Caxinde Espaço Nimas
Local: Espaço Nimas - Av. 5 de Outubro, 42B – Lisboa T: 213 574 362; E: nimas.cinema@gmail.com
TERRATREME filmes Linha Vermelha, de José Filipe Costa estreia nacional a 12 de Abril
Linha Vermelha recua a 1975, altura em que o alemão Thomas Harlan realiza o documentário Torre Bela, sobre a ocupação de uma grande herdade no Ribatejo, propriedade dos duques de Lafões. Esse filme transformou-se num ícone do período revolucionário português: a discussão acalorada sobre a quem pertence uma enxada da cooperativa, a ocupação do palácio, o encontro dos ocupantes com os militares em Lisboa e o processo de formação de uma nova comunidade… 37 anos depois, José Filipe Costa revisita esse filme emblemático,reencontrando os seus protagonistas e a sua equipa. Qual foi a influência da presença da câmara sobre os acontecimentos? Quem são hoje os protagonistas da altura? O que pensam sobre a ocupação e sobre o filme Torre Bela? Que memória têm da herdade? Linha Vermelha responde a estas questões e mostra como Torre Bela continua a marcar a história de um período conturbado do país.
Melhor Longa Metragem Portuguesa IndieLisboa 2011.
IndieLisboa 2011 | Viennale, Vienna International Film Festival, Áustria 2011 | 15º Festival de Cinema Luso-Brasileiro, Santa Maria da Feira 2011| Filmoteca Española - IX Mostra Portuguesa - ciclo de cine português 2011 | Ambulante, Gira de Documentales, várias cidades do México 2012 | Courtisane, Ghent, Bélgica 2012 | Planete Doc Film Festival, Varsóvia, Polônia 2012 | Dokumentarfilmwoche Hamburg, Alemanha 2012.
(trailer) Antestreia Nacional no Cinema Passos Manuel [Porto]: 5 de Abril, 22h Antestreia na Cinemateca Portuguesa [Lisboa]: 10 de Abril, 21h30 (exibição de “Torre Bela”, de Thomas Harlan, na sessão anterior, às 19h)
Lisboa- Cinema City Classic Alvalade [NLC] Azambuja – Cinema Atrium [Zon Lusomundo] Coimbra – Cinema Dolce Vita [Zon Lusomundo] Porto - Cinema Dolce Vita [Zon Lusomundo]
web | facebook TERRATREME filmes R. Dom Duarte, 3 5º Esq 1100-198 Lisboa +351 21 241 57 54 | +351 96 458 69 62 info@terratreme.pt
A Companhia de Dança Contemporânea de Angola convida todos os interessados a assistirem ao documentário “Outros Rituais Mais ou Menos”, a ser apresentado no CEFOJOR (junto à LAC, Luanda Antena Comercial) no âmbito das sessões de cinema às Quartas-feiras, organizadas pela Alliance Française de Luanda.
O presente documentário abrirá a semana dedicada à Dança.
Contamos com a vossa presença! Saudações coreográficas.
Realização: Jorge António Tema: Preparação da Temporada 2009 da Companhia de Dança Contemporânea de Angola Organização e Patrocínio: Alliance Française Luanda Local: CEFOJOR - Luanda 11 Abril | 19.00 H
Companhia de Dança Contemporânea de Angola Telf. | +244 926569169 web
A Mostra Itinerante do Festival Latino Americano de Cinema e Vídeo Ambiental (FestCineAmazônia) passou este mês por Portugal e Cabo Verde, continuando fiel aos objectivos com que foi criado, na cidade de Porto Velho (Rondônia, Brasil), há nove anos: “colocar a arte e a técnica da sétima arte a serviço da preservação da natureza e da sustentabilidade da vida no planeta”.
Em Portugal, o Festival passou pela cidade de Coimbra, no âmbito do Colóquio Internacional “As lutas pela Amazônia no início do Milénio”, organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. No ecran do Teatro da cerca de São Bernardo foram projectados, nos dias 25 e 26 de Março, 15 documentários sobre algumas das principais questões ambientais e sociais com que se confronta a Amazónia nos dias de hoje.
Em Cabo Verde, o festival passou pelas cidades da Praia e do Mindelo, a 29 e 30 de Março, 11 documentários de tema ambiental. Nos dois países as sessões integraram ainda a actuação do poeta, músico e compositor Eliakin Rufino, professor da Universidade de Roraima.
Organizado desde 2003 na cidade de Porto Velho (Rondónia), o Festcineamazônia tem como principal objectivo divulgar a produção cinematográfica e documental de tema ambiental. De acordo com os seus responsáveis, o festival “exibe e pensa o meio ambiente”, procurando “colocar a arte e a técnica da sétima arte ao serviço da preservação da natureza e da sustentabilidade da vida no planeta”. Na sequência de cada edição (a última aconteceu em Novembro de 2011) é preparada uma mostra itinerante para ser exibida noutras cidades e estados brasileiros e internacionalmente. A internacionalização do Festival passa sobretudo pelos países de língua portuguesa e pelo espaço latino-americano, afirmaram Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa, directores do projecto.
Os responsáveis pela produção do documentário “Os donos do chão”, sobre as lideranças tradicionais na Guiné-Bissau, lançaram na passada semana uma campanha de angariação de fundos tendo em vista a viabilização do projecto. As contribuições, de qualquer valor, são feitas através da internet.
Os Donos do Chão (Pedro Mesquita)
Com argumento e produção de José Carlos Marques e realização de Pedro Mesquita, “Os donos do chão” acompanha a história de Mamadu Camará, o jovem régulo de Cadique Nalu. Com apenas 39 anos, foi escolhido pelos seus irmãos mais velhos para suceder ao seu pai, Aladje Salifo Camará, falecido em Janeiro de 2011. Mamadu foi apanhado de surpresa, mas acabou por aceitar a decisão.
O filme pretende mostrar o seu percurso antes da cerimónia de “empossamento” e a sua nova vida como líder da comunidade. Ao mesmo tempo, ele traçará os retratos de outros líderes tradicionais da região, dos ‘homens grandes’ e das populações do sul da Guiné.
A história de Mamadu Camará é um exemplo do tempo de mudança que se vive no país. Após uma fase em que o poder central apoiou os regulados como forma de governação de populações habituadas a viver com escassos apoios de Bissau, assiste-se hoje, de novo, à perda de influência dos régulos.
Cadique Nalu é uma tabanca integrada no Parque Natural de Cantanhez, no sul da Guiné-Bissau. É uma zona de terras férteis, em que a agricultura e a pesca são as actividades primordiais, mas permanece isolada e com o seu desenvolvimento constrangido pela falta de vias de comunicação.
Com o apoio da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, o documentário cumpriu já a sua primeira fase de produção, com as primeiras rodagens, em Maio de 2011. A angariação de fundos diz respeito à segunda fase da rodagem, a fazer em 2012: custos com viagens, equipamento de filmagem e estadia da equipa na Guiné-Bissau. As contribuições podem ser feitas através do portal indiegogo e os apoiantes podem escolher, em função do contributo dado, o que desejam receber em troca.
No site do filme é já possível ver algumas das imagens recolhidas.
O termo quilombo é uma herança dos povos da família linguística Bantú, em particular das línguas Kimbundo (kilombo) e Umbundo (ochilombo). O seu significado no Brasil é inseparável da história das rotas do comércio transatlântico de africanos escravizados.
A repressão e as más condições a que estavam sujeitos levaram a que cada vez mais escravos, revoltados com a sua condição, fugissem das senzalas para locais remotos onde dificilmente poderiam ser recapturados pelos seus antigos senhores. A fuga de escravos originava pequenas concentrações em locais de difícil acesso, denominados por quilombos ou mocambos.
Por toda a América do Sul, nomes diferentes identificaram estes coletivos de resistência: palenques e cumbes (Colômbia, Panamá, Perú), marrons (Jamaica), grand maroonage (Suriname, Guiana Francesa).
Com a abolição da escravatura negra no Brasil (1888), essas terras foram doadas pelos antigos senhores, compradas ou naturalmente ocupadas. Contudo, apenas um século depois, em 1988, foram as comunidades quilombolas juridicamente reconhecidas.
Apesar desse reconhecimento, ainda hoje os direitos dos quilombolas são violados. Não apenas o direito à propriedade – por via de conflitos violentos – mas igualmente direitos humanos básicos no acesso à saúde, à educação ou a fontes de rendimento sustentáveis.
Kilombos não é um filme sobre a escravatura ou sobre o processo de luta pela titulação das propriedades. Não deixa sê-lo, certamente, por via dos seus protagonistas.
Filmado em várias comunidades do estado do Maranhão, Kilombos procura ser o resgate de memórias e narrativas orais de uma cultura contemporânea, um contributo para uma antropologia visual de ideias, práticas e artefactos que são também o Brasil de hoje.
Kilombos é uma iniciativa do projeto “O percurso dos Quilombos: de África para o Brasil e o regresso às origens” que pretende contribuir para o diálogo intercultural.
Palavra (En)Cantada é um documentário de longa-metragem (86min), dirigido por Helena Solberg, que percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.
Apordoc - Associação pelo Documentário Casa do Brasil de Lisboa apresentam no Teatro do Bairro
21 Nov . 21:30 Cidadão Boilesen (Chaim Litewski, 93’) Através da surpreendente vida de Henning Boilesen, o documentário revela a ligação política e económica entre empresários e militares no combate à luta armada durante a ditadura militar brasileira.
28 Nov . 21:30 Uma Noite em 67 (Renato Terra e Ricardo Calil, 85’) No teatro: aplausos, vaias, um violão quebrado, guitarras estridentes. No palco: os jovens Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo. As músicas: “Roda Viva”, “Ponteio”, “Alegria, Alegria”, “Domingo no Parque”. E só um sairia vencedor. Uma Noite em 67 é um convite para viver a final do Festival da Record que mudou os rumos da MPB.
Mito Elias apresenta SANTO DI 1 BEZ - Mini Doc que procura narrar a história dos Rabelados da Ilha de Santiago num formato Break Beat.
Integrando o Ciclo de Tertúlias subordinado ao tema Reflexões sobre a Cultura Cabo Verdiana Covidados: José Cunha, José Luís Hopffer e Mito Elias Livraria Buchholz - Sábado 19 de Novembro às 16:00
no Festival Temps d’Images - PRÉMIO DE CINEMA para FILMES SOBRE ARTE - PORTUGAL 2011.
Terça-feira, dia 15 de Novembro, às 17h30, no Auditório da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Entrada Livre
Portugal I 2011 I 84’ I HDV I 16:9 I Cor
montagem/editors Susana Nascimento Duarte. Luísa Homem montagem de som/sound editor Nuno Morão misturas/sound post-production Tiago Matos pós-produção vídeo/video post-production Bikini correcção de cor/colorist Paulo Américo produtores/producers João Matos. Joana Gusmão produção TerraTreme
O atelier do pintor Gonçalo Pena confunde-se com o seu trabalho, revelando uma ocupação do espaço que se reparte entre os momentos solitários e silenciosos dedicados à pintura e os momentos partilhados dedicados às conversas com os que o visitam. The atelier of the painter Gonçalo Pena merges into his work. The space’s occupation is divided between the solitary and silent moments devoted to painting and the shared moments devoted to conversations with all those who visit him.
INSTITUT FRANÇAIS DU PORTUGAL | 25 outubro | 19h00-23h00
“No panorama atual do mundo, a questão capital é saber-se como ser um eu mesmo sem sufocar o outro, e como abrir-se ao outro sem asfixiar o eu mesmo.”
(E. Glissant, Introduction à une Poétique du Divers, 1996)
Prosseguindo com o projeto editorial que integra o programa do AFRICA.CONT, publica-se agora o livro Poética da Relação de Édouard Glissant, inaugurando assim a nossa primeira incursão nos domínios da ensaística e das ciências sociais e humanas. O lançamento é acompanhado da estreia nacional de um filme documentário de Manthia Diawara - “Édouard Glissant, Um Mundo em Relação”, que co-financiamos; de um debate e de uma performance que o tomaram como ponto de partida.
Pretendemos assim chamar a atenção para uma obra e um autor muito pouco conhecidos entre nós, mas que têm um lugar cimeiro nos debates recentes, e nunca tão politicamente atuais, sobre o estudo crítico dos processos coloniais, dos seus efeitos e legados culturais nas sociedades e culturas colonizadas e colonizadoras, e sobre a interpenetrabilidade cultural que caracteriza o nosso mundo globalizado.
Ao procurarmos situá-lo, não podemos deixar de notar como as diferentes filiações nesse campo de estudos coincidem amplamente com as zonas de influência dos antigos, e resilientes, impérios coloniais – os mundos anglófono, francófono, hispanófono, e lusófono.
Apesar das suas proximidades, surgiram com diferentes designações: “estudos póscoloniais” dominantes, “crioulidade e crioulização”, “modernidade/colonialidade”, “mestiçagem”, e outras. Em qualquer dos casos se questionam se os respectivos pressupostos e desenvolvimentos têm um valor geral, ou se ficam circunscritos a particularismos históricos; com defensores de um ou outro ponto de vista. Mas curiosamente, os diálogos entre as diferentes correntes são inexistentes ou quase; e se os anglófonos partem exclusivamente das experiências coloniais e pós-coloniais anglosaxónicas, o mesmo pode ser observado nos restantes casos; na América hispânica e no Brasil os estudos das relações interculturais coincidem com os processos de construção e definição das respectivas identidades nacionais; os espaços da francofonia (negritude, crioulidade, etc), ao contrário dos outros casos, mantêm o seu centro de gravidade em França; e entre nós, vive-se privilegiadamente na paróquia lusófona.
No lugar das indiferenças mútuas, às vezes só relativamente indiferentes, parece-nos que seguir as pisadas de Glissant pode levar-nos por um caminho mais interessante e fecundo.
Se abordarmos o conjunto destas correntes como um arquipélago, seguindo o modelo de pensamento arquipelágico que propõe, será certamente possível reconhecer e proporcionar ligações litorais e de horizontes, sem que cada uma das ilhas abandone as suas especificidades, e idiossincrasias. Parafraseando Édouard Glissant, uma forma de pensamento mais intuitivo, mais frágil, exposto mas também disposto ao caos do mundo e aos seus imprevistos e desenvolvimentos.
Este livro abre a passagem para um arquipélago interpretativo cujos mares o Africa.Cont pretende continuar a navegar. www.edouardglissant.fr
19h00 POÉTICA DA RELAÇÃO, de Édouard Glissant
Lançamento do livro. Edição portuguesa pela Sextante/Porto Editora
Projecto co-financiado pelo AFRICA.CONT/CML
ÉDOUARD GLISSANT, UM MUNDO EM RELAÇÃO, de Manthia Diawara
Documentário, 2010, 51min | [estreia nacional]
Projecto co-financiado pelo AFRICA.CONT/CML
Manthia Diawara acompanhou Édouard Glissant no Queen Mary II, para uma travessia do Atlântico entre South Hampton (Reino Unido) e Brooklyn (Nova Iorque), uma rota que tantos escravos atravessaram. Uma viagem também pelo pensamento de
Édouard Glissant, dividida em temáticas diferentes, que traz uma nova luz ao seu trabalho.
Poeta, filósofo e romancista Édouard Glissant (1928-2011), francês nascido na
Martinica, é um dos principais pensadores contemporâneos no universo da crioulização, da diversidade e da identidade cultural. Desenvolve as teorias da Poéticada Relação e de Todo-Mundo (Tout-Monde), nas quais o conceito de “relação” vem desconstruir a ideia de identidades fixas e unitárias, na defesa de uma nova dimensão da identidade na relação, um processo aberto interdependente, um sistema relacional que produz novas identidades, que acredita e valoriza a diferença e o direito à opacidade, sua e dos outros, reverso da mundialização uniformizante, um encontro onde despertamos o imaginário do mundo no outro.
Édouard Glissant é uma daquelas vozes excecionais que iluminam ou perturbam o trabalho e o pensamento daqueles que o cruzam pelo livro ou pela poesia. Nesta biografia intelectual, Manthia Diawara traça o perfil de Édouard Glissant e do seu conceito de Todo-Mundo. Uma voz que irá marcar o século XXI.
| Assistente de Produção na Martinica Danielle Nollet | Música Jacques Coursil | Tradução
Christopher Winks
A RELAÇÃO PARA ALÉM DA TOLERÂNCIA
Mesa Redonda com Manthia Diawara, Miguel Vale de Almeida,
Manuela Ribeiro Sanches e José António Fernandes Dias
22h00 CAIXA PRETA, um espectáculo de André e. Teodósio com Diogo Bento
Performance
“Tem o tempo a sua ordem já sabida; O mundo, não.” Camões
É com frequência que quem se dedica à aventura acabe por ir de encontro ao pior da experimentação.
Que afinal de contas o tempo dispendido em construção poderia ser inversamente calculado como anos andados à deriva.
Foi o que aconteceu a este ‘descobri dor’ que deu à costa na pior das manifestações do homem: uma caixa preta só comparável ao mercado dos escravos de Lagos. A convite do AFRICA.CONT, eis a minha homenagem a Édouard Glissant.
Porque a caixa preta é também a caixa negra onde se visualizam os acidentes do percurso da humanização.
Um espectáculo de André e. Teodósio | Interpretação Diogo Bento | Produção
Cristina Correia | Co-Produção AFRICA.CONT/CML e Teatro Praga
PARA ALÉM DA TOLERÂNCIA
[BEYOND TOLERANCE]
INSTITUT FRANÇAIS DU PORTUGAL | 25th October | 7 pm – 11 pm
“In the current panorama of the world, the main question is to know how to be oneself without suffocating
the other, and how to open oneself up to the other without asphyxiating oneself.”
(E. Glissant, Introduction à une Poétique du Divers, 1996)
O doclisboa 2011 Festival Internacional de Cinema apresenta este ano uma programação dedicada aos Movimentos de libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974). Cinquenta anos depois do início da luta armada dos povos colonizados por Portugal, apresentamos uma retrospectiva histórica de filmes sobre as guerras de libertação das colónias portuguesas em África. Um resgate das obras cinematográficas mais significativas filmadas junto dos Movimentos de Libertação.
No dia 28 de Outubro, às 21h30, no Cinema São Jorge (sala 2) haverá uma Mesa Redonda sobre a Retrospectiva, com António Loja Neves e outros convidados a confirmar.
A pesquisa nos arquivos cinematográficos tem surpresas sem fim. Na procura dos filmes desta retrospectiva também as houve. A maior foi constatar, uma vez mais, quão frágil é o material cinematográfico e como se vai perdendo o rasto do seu passado à medida que os anos passam. O contrário foi de igual modo surpreendente, ao depararmo-nos com obras essenciais estimadas e preservadas. Como foi exemplo dos Serviços Audiovisuais do Exército, onde visionámos filmes em impecável estado de conservação e catalogação, para mais tratando-se de obras realizadas para apoiar “a causa do inimigo”, rodadas em plena guerra ultramarina e nessa época adquiridas pelo Exército português.
São esses materiais que devolvemos agora ao público. Preparámos o acervo possível de mostrar na actualidade. Tiveram que ser recuperados vários títulos cujas cópias se apresentavam maltratadas pelo tempo e pelo uso. O que vos damos a olhar é o que de mais significativo se filmou na altura e o que de mais sólido hoje se preserva ainda.
Os pais vieram de uma antiga colónia portuguesa. Eles nasceram em Lisboa mas sentem-se mais cabo-verdianos. Saíram do bairro de infância para ir viver para o bairro social. Falam português mas também, desde muito cedo, aprenderam crioulo. Falam sobre a dualidade e a conflitualidade de pertencer a dois mundos que vivem de costas voltadas, mas que apesar de tudo, lhes pertencem como um só “Nôs Terra” é um documentário centrado no processo de construção de um contra discurso protagonizado por jovens negros portugueses.
A Embaixada de Espanha em Moçambique tem o prazer de anunciar a abertura das inscrições para a I Oficina de Criação de Cinema Documentário de Maputo - “Olhares para o Território”, destinada a jovens entre os 18 e 28 anos de idade, que demonstrem alto nível de motivação e não possuam recursos, nem formação prévia.
“Olhares para o Território” realizasse-a em Maputo, como resultado da colaboração entre Audiovisuales Sin Fronteras(Espanha), KUGOMA– Fórum de Cinema de Curta-metragem (Moçambique) e DROM (Espanha), iniciada pela Embaixada da Espanha em Moçambique, contando com o apoio institucional do INAC, do Ministério da Cultura e o patrocínio doHotel Turismo.
Audiovisuales Sin Fronteras (Audiovisuais sem Fronteiras) é um projecto que nasce para fomentar o diálogo e os novos espaços de comunicação intercultural, mediante a capacitação e a produção de audiovisuais criativos. Durante os anos de 2010 e 2011, a ASF implementou workshops nas Filipinas, Peru, Bolívia, Marrocos, Cambodja, Senegal e Chile. Em Maputo, a ASF, em parceria directa com o KUGOMA – Fórum de Cinema de Curta-metragem e a DROM, vai levar a cabo, entre 3 e 15 de Junho de 2011, a I Oficina de Maputo.
Este Workshop, intitulado “Olhares para o Território”, será o primeiro a realizar-se na África Austral e, para dar continuidade a este projecto, ao longo dos próximos 4 anos, o mesmo será dotado de câmaras e outro material técnico, para a especialização dos participantes em termos de produção e exibição/difusão, procurando a autonomia local e criando uma ponte entre Barcelona e Maputo, que passe pela formalização de acordos de cooperação e a criação uma Web entre as diversas oficinas nos vários países envolvidos.
DIA 29 ABRIL-SEXTA-FEIRA-18:30 Palácio da cultura, PRAIA
O filme retrata a problemática da ocupação de espaços, demonstrando a real situação da Cidade da Praia.
“Todos nós estamos cá e conhecemos sem dúvida a situação da Praia, mas do ponto de vista cinematográfico de certeza que muita gente vai compreender melhor a situação da Cidade da Praia”, disse Júlio Silvão.
A ideia foi apresentar várias visões sobre a capital do país e por isso Júlio Silvão diz ter procurado envolver pessoas com conhecimento de causa, pessoas que, em diferentes ocasiões, já tinham feito uma análise sobre a cidade da Praia e que no filme se apresentam como personagens.
O filme tem dois momentos: um que conta a história da urbe colonial, e outro sobre a capital da jovem nação cabo-verdiana, enquanto pólo de cruzamento de culturas, cruzamento de etnias e diversidades de sons e movimentos.
“Encontramos uma visão de uma cidade muito linda em termos arquitectónicos, inicialmente muito bem estruturada, mas que por diferentes dificuldades vai sofrendo alterações e não foram acompanhadas de políticas ao longo dos anos”, explicou.