Festival Ibérico PERIFERIAS

DE 9 A 17 DE AGOSTO

  • Sessão de abertura no Castelo de Marvão, com projeção de Manga d’Terra, de Basil da Cunha e conversa com o realizador
  • Cerimónia de encerramento em Malpartida de Cáceres com entrega do Prémio Tejo/Tajo Internacional Reserva da Biosfera Transfronteiriça ao filme vencedor
  • Filmes ao ar livre, concertos, visitas guiadas: uma programação para todos

Foi anunciada a programação completa daquela que será a 12ª edição do Periferias - Festival Internacional de Cine(ma) de Marvão  e Valencia de Alcántara, que acontece entre 9 e 17 de agosto de 2024, em Marvão (Portugal) e Valência de Alcântara (Espanha).

A divulgação oficial aconteceu em Lisboa, no carismático espaço da Casa do Comum, no Bairro Alto, e contou com a presença de Paula Duque, directora do festival, e de Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, realizador da curta ‘’Periferias, um festival de afectos’’, que é também embaixador do festival.

Com uma agenda repleta de filmes para todos, de filmes para crianças, de visitas guiadas e um concerto, o Periferias reforça o seu estatuto enquanto referência na produção de filmes de autor focados na defesa e promoção dos Direitos Humanos, preservação do meio ambiente e impulso da arte cultural, contribuindo assim para uma efetiva descentralização da cultura no ambiente rural da Reserva da Biosfera Tejo Internacional, o que o torna um excelente embaixador da identidade sociocultural da fronteira hispano-lusa.

Por entre essenciais memórias do que foi, durante décadas, a recepção do cinema como experiência colectiva – em que ir ao cinema significava partilhar um lugar público de encontro – e a produtiva actualização da arte cinematográfica como instrumento de conhecimento interventivo, a 12ª edição do Periferias abarca cinematografias de uma diversidade de universos: Alemanha, Brasil, Espanha, Finlândia, Itália, Palestina, Portugal,

São Tomé e Príncipe, Tunísia. E em três diferentes expressividades: ficção, documentário, animação – nesta última dedicando mesmo oficinas práticas às crianças.

Sempre sob o signo da busca de novos possíveis (justiça, integridade, alegrias, exigência de harmonias na vida como um todo) num mundo material e ideológico que à nossa volta tende amiúde para fomentar depressões, desesperos, desistências. Contra estes profundos males da civilização que é a nossa, o cinema é – pode ser – uma contribuição poderosa para a abertura do espírito a imperiosas necessidades: as da superação de tudo quanto reduz os humanos a meros objectos de ambições.

Tal como outras actividades humanas, o cinema também tem inadiáveis responsabilidades éticas. É nestas que devemos fazer finca-pé.

Este certame cinematográfico, que começou em 2013 através de uma iniciativa cidadã, reúne o melhor da sétima arte internacional com uma seleção de títulos – filmes, documentários e animações -, em espanhol e português, bem como concertos, exposições ou roteiros e visitas guiadas.

Recorde-se que, este ano, o festival contou com três extensões, em antecipação,que se revelaram um sucesso e uma aposta ganhar: uma na localidade cacerenha de Piedras Albas, a 26 e 27 de julho, e duas em território português: Arronches, a 5 e 6 de julho, e Portalegre, dias 11 e 12 de julho, com o objetivo de expandir a influência e contribuição cultural do cinema independente.

SOBRE O PERIFERIAS

O festival teve a sua primeira edição em 2013 e é organizado anualmente, desde então, pela Associação Cultural Periferias, em Portugal, e Gato Pardo, em Espanha.

 O projecto nasceu de uma iniciativa cidadã, apoiada pelo município de Marvão desde o primeiro momento, e cresceu graças ao apoio de vários patrocinadores e colaboradores.

Entretanto, um novo passo foi dado com a integração de Valencia de Alcántara (Espanha) no mapa do Festival, graças ao interesse e envolvimento do Governo local, Filmoteca de Extremadura e Diputación de Cáceres.

O Periferias quer contribuir para uma efectiva descentralização cultural; para tornar acessíveis bens e serviços tradicionalmente concentrados nas grandes cidades e que dificilmente chegam às populações rurais.

O festival assume a ambição de contribuir para implantar localmente uma cultura de cinema que, a médio prazo, permita a criação de um público mais consciente e dotado de um pensamento plural que promova o contacto com a arte, não só como um espaço de ócio, mas como uma plataforma de pensamento crítico que reflita e interaja com o mundo atual.

O SENTIR DO PERIFERIAS: O Periferias é muito mais do que cinema.

Após dez edições e de intenso trabalho, o Festival continua a querer mostrar a importante actividade de descentralização cultural que tem atrás de si.

O Periferias tem impulsionado o desenvolvimento das comunidades com as quais trabalha, procurando fomentar o acesso a uma oferta cultural relevante e aposta na criação de novos públicos, tecendo redes de cooperação e proximidade ao mesmo tempo que contribui para o debate e aprofundamento de temas vitais como o meio ambiente e os direitos humanos.

Um trabalho incrementado através do cinema, da música e das artes para reforçar o sentimento de pertença a um território onde hoje os sentimentos de vizinhança e união estão acima de qualquer fronteira.

Cenários

Marvão, Beirã, Valencia de Alcántara, La Fontañera, Castelo de Vide, Galegos e Malpartida de Cáceres são parte do mapa traçado pelo Periferias, fazendo aproximar-se um território vizinho onde a fronteira é apenas um desenho. Lugares únicos onde o cinema adquire importante protagonismo durante toda a semana e onde se fala e ouve indistintamente português e espanhol.

29.07.2024 | by martalanca | periferias

“Eu Não Sou Teu Negro”, de Raoul Peck

O projecto Cinéfilos & Literatus e a Embaixada Norte-Americana em Angola, em parceria com KinoYetu e Goethe-Institut Angola, promovem no dia 30 de Julho, terça feira, no Hotel Globo, às 18:30, a exibição do documentário “Eu Não Sou Teu Negro” (Dire. Raoul Peck, 2016, Estados Unidos da América), uma adaptação do manuscrito “Remember This House” do escritor James Baldwin, distribuição Big World Cinema. Com a curadoria de André Gomes e Sarah Estrela, a sessão vai acompanhar uma mesa de conversa constituída por Zola Álvaro (activista), Carmen Mateia (activista social), Isis Hembe (rapper) e Marcos Jinguba (curador) no papel de moderador. 

A sessão acontece dentro da parceria entre o projecto Cinéfilos & Literatus e a Embaixada Norte-Americana em Angola (Espaços Americanos). O filme “Eu Não Sou Teu Negro”, “explora relações étnicas durante a luta dos direitos civis dos Estados Unidos, tendo como principais ícones Martin Luther King, Jr., Malcolm X e Medgar Evers.” Cinéfilos & Literatus é um projecto artístico-cultural e social sem fins lucrativos que consiste na projeção de filmes adaptados de obras literárias nacionais e internacionais, seguido de uma conversa crítica sobre o livro e filme.Os Espaços Americanos “são projetados, configurados e equipados para promover o pensamento crítico, inovação e discussões ponderadas sobre questões importantes para o relacionamento dos EUA com Angola e com os interesses globais dos EUA. Os programas dos Espaços Americanos mostram a amplitude e a profundidade dos valores americanos, ideais, cultura e perspectivas sobre uma variedade de temas.” Com a entrada gratuita, sintam-se convidados! 

28.07.2024 | by martalanca | Raoul Peck, “Eu Não Sou Teu Negro”

SEM MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE, ESCRAVATURA MODERNA

Nova ação/nueva acción en Lisboa:

PT“Sem manifestação de interesse, escravatura moderna” é a nossa recente ação nas ruas de Lisboa sobre as novas políticas de imigração excludente em Portugal. Usamos os desenhos originais dos navios negreiros portugueses - que transportaram milhões de escravos durante séculos - para construir barcos que deixamos flutuar nas fontes do centro histórico de Lisboa, especialmente no eixo urbano Alameda-Martim Moniz. A Avenida Almirante Reis atravessa Arroios, freguesia com maior população imigrante no centro da cidade, que recentemente se recusou a emitir atestados de residência a imigrantes extracomunitários, travando o acesso a direitos fundamentais. Da mesma forma, a nossa frota tem formato de cartaz para colar nas paredes.Portugal tem a responsabilidade histórica de ter iniciado o tráfico transatlântico de escravxs, o maior deslocamento forçado de pessoas a longa distância na história, mais de 12,5 milhões de pessoas aprisionadas no continente africano e forçadas a trabalhar no outro lado do oceano.Com a recente supressão da “manifestação de interesse”, procedimento que permite a regularização dxs trabalhadorxs imigrantes em Portugal, dezenas de milhares de pessoas serão empurradas para a exclusão social, o trabalho clandestino, a exploração laboral e a negação de direitos.Com o fim da “manifestação de interesse” o Governo Português legitima e suporta novamente a escravatura moderna.–—CAS “Sem manifestação de interesse, escravatura moderna” es nuestra reciente acción en las calles de Lisboa en relación a las nuevas políticas de inmigración excluyentes en Portugal. Utilizamos los diseños originales de los navíos negreros portugueses, que transportaron millones de esclavos durante siglos, para construir barcos que dejamos flotar en las fuentes del centro histórico de Lisboa, especialmente en el eje urbano Alameda-Martim Moniz. La Avenida Almirante Reis cruza Arroios, la freguesía con mayor población inmigrante del centro de la ciudad, que recientemente se negó a expedir certificados de residencia a inmigrantes extracomunitarios, bloqueando el acceso a los derechos fundamentales. Asimismo, nuestra flota tiene formato de cartel para pegar en las paredes.Portugal tiene la responsabilidad histórica de haber iniciado el tráfico transatlántico de esclavos, el mayor desplazamiento forzado de personas a larga distancia de la historia, más de 12,5 millones de personas encarceladas en el continente africano y obligadas a trabajar al otro lado del océano.Con la reciente supresión de la “manifestação de interesse”, procedimiento que permite regularizar a lxs trabajadorxs inmigrantes en Portugal, decenas de miles de personas se verán empujadas a la exclusión social, el trabajo ilegal, la explotación laboral y la negación de derechos.Con el fin de la “expresión de interés”, el Gobierno portugués legitima y apoya una vez más la esclavitud moderna.

19.07.2024 | by martalanca | ação

Viúvas da Seca, de Israel Campos

Na região sul de Angola, muitas mulheres viram-se abandonadas pelos seus maridos devido à seca que afeta a região há anos. Agora, sozinhas, enfrentam os desafios da seca para se manterem vivas.

Esta reportagem venceu a  primeira edição do prémio angolano  liberdade de imprensa, promovido pelo Sindicato de Jornalistas Angolanos e o MISA ANGOLA. 

 

16.07.2024 | by martalanca | Israel Campos, Viúvas da Seca

Inauguração - Ateliê Mutamba

Acontecerá na próxima quinta-feira(11), a inauguração da 3• edição  do Ateliê  Mutamba.   
O evento integrará  a programação do Festival,  “O Futuro já era”, no CINE SÃO PAULO.  
Esta mensagem é um convite para que se faça presente  e participe da  conversa com o curador desta edição, Hugo Salvaterra e os artistas Edmar Moon, Graciana Chamba e Nark Luenzi 
Contamos com sua presença!

09.07.2024 | by martalanca | ateliê mutamba

Lançamento de 'Umbigo do Mundo, dia 8 na Travessa Lisboa

Lançamento do livro Umbigo do Mundo, da antropóloga indígena Francy Baniwa. Dia 8 de julho às 19h, na Livraria da Travessa, com um debate entre a autora e a poetisa indígena radicada em Braga, Ellen Lima Wassu.

Umbigo do mundo é um acontecimento literário e antropológico que merece ser celebrado. Fruto “de uma conversa do narrador com sua filha mulher”, conforme as palavras da autora, Francisco e Francy nos conduzem por uma trilha cosmológica pelas paisagens do Noroeste Amazônico, convidando-nos a sintonizar a sensibilidade e a imaginação em entidades, bichos, plantas, lugares e acontecimentos de um tempo ancestral — e que continua a reverberar. O ciclo de vinganças entre eenonai e hekoapinai, os cantos e benzimentos, as ações e transformações de Ñapirikoli, Amaro, Kowai, Kaali e Dzooli, tudo isso compõe o quadro de uma verdadeira epopeia amazônica, pela voz dos Baniwa ou Medzeniakonai. Ao longo destas páginas, o multilinguismo da região se faz presente no modo como o nheengatu e o baniwa se trançam ao português, em doses, trazendo ao leitor uma amostra da complexidade da arte verbal dos narradores rionegrinos. Umbigo do mundo, assim, é uma confluência entre diferentes rios de saberes, aproximando-se dos livros da constelação Narradores indígenas do Rio Negro a partir da transdisciplinaridade da constelação Selvagem, como um capítulo especial da florescente antropologia indígena. Com originalidade, Francy Baniwa alterna as vozes de narrador, de personagens e de etnógrafa, compartilhando, por meio de sua generosa e corajosa escrevivência, afetos e conhecimentos de seus parentes, do rio, da roça e da floresta. As ilustrações que acompanham o texto, do artista Frank Baniwa, irmão da autora, exprimem aquela modalidade da arte indígena contemporânea que tem registrado em cores e formas as ações e personagens de narrativas tradicionalmente orais, compondo uma singular obra verbo-visual, povoada de sensível intimidade com a mata e seus seres. Seguir este selvagem roteiro é como embarcar em uma floresta de mundos, ou como pôr lentes para mirar o mundo como floresta. Umbigo do mundo é a proclamação, desde o Alto Rio Negro, de que o centro do mundo se encontra mesmo na Amazônia, ou ainda, de que o centro está em toda parte, de todo modo, de que os formigueiros urbanos não são a exclusiva morada dos acontecimentos que atravessam a vida humana e mais que humana.

Idjahure Kadiwel

FRANCY BANIWA: Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa e pesquisadora do povo Baniwa, clã Waliperedakeenai, nascida na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, na Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira/AM. Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atua, trabalha e pesquisa nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, conhecimento tradicional, memória, narrativa, fotografia e audiovisual.
É graduada em Licenciatura em Sociologia (2016) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). É mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). É pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM.
Foi coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordenou o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido entre uma parceria UNESCO-Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora” entre 2019 e 2020; e que prossegue em 2023 para catalogar e qualificar as peças do primeiro acervo indígena da instituição, editar um catálogo de fotografia, produzir uma exposição virtual e finalizar a produção de 3 documentários, sobre cerâmica, tucum e roça. É diretora do documentário ‘Kupixá asui peé itá — A roça e seus caminhos’, de 2020. Atualmente coordena o projeto ecológico pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), pelo empoderamento e dignidade menstrual das mulheres do território indígena alto-rio-negrino.

04.07.2024 | by martalanca | amazônia, Ellen Lima Wassu, Francy Baniwa, Umbigo do Mundo