TAGV e A Escola da Noite promovem segundo Ciclo Afro-Portugal

O Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e A Escola da Noite organizam, entre 1 e 15 de Novembro, a segunda edição do Ciclo Afro-Portugal. A iniciativa visa dar visibilidade à criação artística da população negra e afro-descendente residente em Portugal, com um programa que acontece em vários espaços da cidade e inclui teatro, música, cinema, artes visuais, literatura, performances, várias conversas e debates e um colóquio internacional. A exposição de jovens artistas plásticos “Novos Territórios”, o concerto de Prétu e o espectáculo do Teatro Griot são alguns dos destaques da programação.
Dois anos depois da sua primeira edição, o Ciclo Afro-Portugal está de regresso à cidade de Coimbra, desta feita com uma equipa alargada de curadoras/es, constituída por Catarina Martins (Universidade de Coimbra, Portugal), Hamilton Francisco – Babu (artista plástico, Angola), Madalena Bindzi (História da Arte, Portugal), Marinho Pina (arquitecto e performer, Guiné-Bissau) e Yara Nakahanda Monteiro (escritora, Angola). Procura-se, segundo os responsáveis pela programação, pensar “as complexidades quer dos movimentos memorialísticos, quer da circulação
de identidades, na imaginação de futuros protagonizada por artistas negros/as. Interrogar-se-á a própria questão da negritude e da afrodescendência, a partir de trabalhos artísticos que partem dos ‘passados para futuros mais que perfeitos’.” A programação inclui 20 iniciativas e envolve directamente mais de 30 artistas, mediadores/as e programadores/as culturais, de todas as gerações e de vários países de língua portuguesa.
Após o debate “As Identidades são um Banquete Móvel” (1 de Novembro, 17h00, Café TAGV, com Xullaji, Yara Nakahanda Monteiro, Madalena Bindzi e Maria Lobo), o programa do primeiro dia prevê a inauguração da exposição de artes visuais “Novos Territórios”, com obras que quase uma dezena de jovens artistas afro-descendentes e que ficará patente ao público até 15 de Novembro (Casa da Esquina).
No dia 2 de Novembro, sábado, pelas 21h30, Prétu (Xullagi) apresenta no palco do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB) o concerto Kanhon di Boka. Os bilhetes custam entre 5 e 10 euros e já podem ser comprados, no teatro ou na ticketline.
Na segunda e na terça-feira, dias 4 e 5 de Novembro, as noites são dedicadas ao cinema, também no TCSB. No primeiro dia, a sessão inclui a exibição de quatro curtas-metragens: “No Antigamente do Tarrafal”, de Miguel Petchkovsky (Cabo Verde), “Vou Mudar a Cozinha”, de Ondjaki (Angola), “Skola Di Tarafe”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges (Portugal/Guiné-Bissau) e “Latitude Fénix”, de Welket Bungué (Portugal/São Tomé e Príncipe). Miguel Petchkovsky e Raquel Lima participam numa conversa com o público, moderada por Marinho Pina. No dia 5 de Novembro, é exibido o filme “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, documentário que nos transporta até Unal, uma aldeia de produtores de arroz cujos habitantes tiveram um papel decisivo na luta de libertação da Guiné-Bissau contra o colonialismo português. A antropóloga e co-realizadora deste filme participa numa conversa com o público, igualmente moderada por Marinho Pina. Ambas as sessões têm entrada gratuita.
A 9 de Novembro, sábado, pelas 21h30, a companhia Teatro Griot regressa a Coimbra para apresentar “Ventos do Apocalipse”, espectáculo estreado em 2023, com encenação e texto de Noé João, escrito a partir do romance homónimo de Paulina Chiziane. Os bilhetes custam entre 5 e 10 euros e podem ser comprados no TCSB ou na ticketline ou reservados pelos contactos habituais do Teatro.
Para o público infantil e familiar, o ciclo propõe a sessão de histórias “Inventando Griots”, pelo Colectivo Cont[estas]tórias (Marinho Pina e Cláudia Rocha), a 2 de Novembro, pelas 11h00, no TCSB. No mesmo local, uma semana depois, o artista plástico Helénio Mendes dirige uma oficina de graffiti para crianças entre os 6 e os 10 anos. As duas iniciativas integram o programa “Sábados para a Infância no TCSB”.
Uma sessão especial do Clube de Leitura Teatral centrada na obra “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon (dirigida por Noé João a 5 de Novembro, às 18h30, na Cena Lusófona), uma masterclass sobre o percurso artístico do Teatro Griot (6 de Novembro, 11h00, na Cena Lusófona), a performance “Mercado Paralelo”, por Hamilton Francisco (6 de Novembro, 18h30, no TCSB), a instalação “Varal Digital – poemas de Yara Nakahanda Monteiro”, por Alex Lima (vários locais e horários) e uma Feira do Livro itinerante pelos vários locais das iniciativas completam o programa artístico do Ciclo.

A mediadora cultura Raja Litwinoff profere uma palestra sobre o tema “Doação de Livros para África — Experiências e Desafios” (Faculdade de Letras da UC, 6 de Novembro, 16h00) e participa no debate “Panorama das Artes Africanas e Afro-descendentes em Portugal” (Café TAGV, 7 de Novembro, 18h30), com os programadores Carlos Antunes (Círculo de Artes Plásticas / Bienal Ano Zero) e José Miguel Pereira (Jazz ao Centro). O dia 8 de Novembro, sexta-feira, é integralmente dedicado ao colóquio internacional “Pensar para melhor agir e agir para melhor pensar: O papel das ideias, imaginários e ações africano-diaspóricas nas transformações globais”, organizado por alunos de doutoramento da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. As sessões deste colóquio terão lugar no Teatro Paulo Quintela (10h00 – 13h00) e no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (14h30 – 17h30).
O Ciclo Afro-Portugal é uma co-produção do TAGV e d’A Escola da Noite no âmbito da Rede Portuguesa de Teatros e Cine-Teatros e conta com a apoio da Casa da Esquina, da Cena Lusófona, da Casa da Cultura da Guiné-Bissau, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas e do Centro de Arqueologia e Artes da FLUC.

31.10.2024 | by martalanca | Catarina Martins, Ciclo Afro-Portugal, Raja Litwinoff

Casa Odara celebra o Mês da Consciência Negra com uma série de eventos no Porto

Para celebrar o Mês da Consciência Negra, a Casa Odara organiza uma série de eventos durante novembro, promovendo a reflexão, o reconhecimento e a celebração da cultura afro-brasileira e africana no Porto. A programação visa fomentar o diálogo e o encontro, reafirmando a presença e resistência negra na cidade. Com uma agenda rica em debates, exibições, workshops e um sarau aberto, o espaço convida a todos para participar dessas atividades culturais e fortalecer o movimento coletivo e o direito à expressão cultural e artística da comunidade negra. A proposta ganha corpo e matéria no encontro com o MIA - Mês da Identidade Africana, promovido pela Bantumen, além do apoio de organizações como a UPTEC Baixa, a Associação AMOR, a Lereby Produções, a Lata Filmes e Elo Studios.

A programação inicia-se no dia 2 de novembro com o evento de abertura,  ‘Diálogos Feministas Transatlânticos’, com a autora e feminista brasileira Yasmin Morais, fundadora do projeto Vulva Negra, com mediação da artista moçambicana Inês Mutaca. Nesse evento, Yasmin Morais, que está em turnê pela Europa, trará discussões sobre questões caras ao movimento das mulheres como a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, o avanço da extrema-direita no mundo, a criação de estratégias para a nossa preservação e a importância do amor na vida das mulheres.

Já no dia 9 de novembro, no auditório da UPTEC Baixa, haverá uma sessão gratuita do filme “Medida Provisória” (2022, 94´), dirigido por Lázaro Ramos, ainda inédito nos cinemas do Porto. Após a exibição, haverá um debate com integrantes da Casa Odara e convidados especiais, que abordarão os temas centrais do filme, que propõe uma discussão profunda sobre identidade, direitos e pertencimento em um contexto distópico.

No dia 16 de novembro, às 17h00, acontece o workshop “Simbologia dos Òrìṣà” com Jorge Ciprianno, dançarino e estudioso da dança com base na influência dos elementos da natureza e da ancestralidade Africana Yorùbá na Diáspora Brasileira. A proposta busca oferecer aos participantes uma experiência imersiva, tanto cultural quanto artística, nas danças tradicionais dos Òrìṣà, figuras centrais das religiões afro-brasileiras.

Encerrando a programação, no dia 30 de novembro, a Casa Odara realiza a primeira edição do Sarau Afroafetos. Esse evento será um espaço aberto para artistas negros de todas as linguagens compartilharem suas expressões, construindo um encontro de celebração por meio das artes, corpos, vozes e afetos. Inspirado na trajetória e na resistência coletiva que fundamenta a Casa Odara nos seus pouco mais de um ano de existência, o Sarau Afroafetos promete ser um momento de conexão, alegria e fortalecimento.

Ainda que a comemoração do dia da consciência negra ainda não tenha se tornado oficial em Portugal, com suas raízes brasileiras, a Casa Odara reafirma, com essa programação, o compromisso de manter e ampliar espaços de resistência, dignidade e liberdade no Porto. Os eventos convidam a comunidade a celebrar a herança e a diversidade cultural afrodescendente e ressaltam a importância da coletividade e da expressão livre como ferramentas para o reconhecimento e a valorização do povo negro na sociedade. 

SERVIÇO Contato: Gabriela Carvalho - gestora cultural cultura.casaodara@gmail.com / +351 910969768

Realização: Casa Odara

Rua dos Mártires da Liberdade, 126, Porto

31.10.2024 | by martalanca | Casa Odara, consciência negra

Maria India – Genealogias de Migração e Colonização

Festival Olhares do Mediterrâneo

Fora de Competição |||||||| SEX 1 NOV · 15:30 · Cinema São Jorge, Sala 2 // Seguido de Debate

Maria India – Genealogias de Migração e Colonização 
The Colour of Labour  Portugal, Angola · Doc. · 2023 · 45’ 

Através de um registo de nascimento a bordo de um navio que transportava colonos migrantes da Madeira para o sul de Angola em 1884, e com a ajuda de um túmulo encontrado em Humpata (Angola), Maria India revela a sua existência à antropóloga Cristiana Bastos e lidera o relato da complexa história dos assentamentos, da resistência e das relações interétnicas no sul de Angola desde o final do século XIX.

Argumento Screenplay Cristiana Bastos
Produção Production Cristiana Bastos, The Colour of Labour, Production team in Angola, Kamy Lara, Lueji Lara 1
Fotografia Cinematography Isabel Noronha, Carlos Vieira, Kamy Lara, Nuno Barreto
Montagem Editing Um Segundo Filmes, Cristiana 
Música Music Serge Quadrado, Mattia Vlad Morleo, Anbr, Nadaz, Migra, Charlie Ryan
Direcção de Arte Art Director Isabel Noronha, Kamy Lara, Nuno Barreto
Som Sound Kamy Lara,  Nuno Barreto, Carlos Vieira
Com With Maria India, descendants Regina, Rita, Joana Azevedo, José Azevedo, Rosa Melo, Carlos Major, Pe Vitorino Muntandela, Pastor Tchamukwavo, Rui Telles, Vivalda Arrimar, Teresa Baptista, Kim Silva, Maria Fortunato, Nanda, Fael, Ildeberto Madeira, Sergio Sousa, Jacinta Nobrega, Cristiano Freitas, Gilberto Correia, Helder Costa,
Distribuição Distribution Um Segundo Filmes /The Colour of Labour

 

 

28.10.2024 | by martalanca | Olhares do Mediterrâneo

Spillovers

ALTERAÇÃO À PROGRAMAÇÃO

A performance Spillovers, com apresentações previstas para os dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, será substituída devido à partida precoce e inesperada de uma das artistas deste espetáculo. Teresa Ves Liberta, parte vital da comunidade fabulada em Spillovers e das nossas vidas, faleceu no dia 3 de outubro. Para respeitar o luto da equipa e na impossibilidade de performar a peça na sua ausência, irá ser apresentado um programa complementar com outros materiais e desdobramentos deste projeto.

Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, será projetada a curta-metragem de ficção Spillovers, corealizada por Ritó Natálio e Aline Belfort. O filme, vencedor do Prémio Casa Comum do Queer Porto 2024, convida-nos a entrar no universo deste mundo inventado, e será apresentado em sessão dupla, com mais uma curta-metragem que reúne outros momentos fílmicos que incorporavam a performance original.
Em todos os dias teremos a apresentação da publicação bilingue Spillovers que reúne o texto original da performance e outras textualidades e iconografias desta criação.
O livro conta com design de Maura Grimaldi e desenhos de Odete.

Programa diário
Apresentação do livro Spillovers, leitura coletiva e conversa com o público.
Visualização da curta Spillovers e das intervenções fílmicas originais na performance.

A construção de Spillovers parte de Lesbian peoples: material for a dictionary. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político. Ritó Natálio constrói uma fabulação desta obra icónica do feminismo lésbico, sob a forma de uma conferência a várias vozes onde se experimenta um glossário transfeminista em diálogo com a memória deste livro. “Spillovers” são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para lidar com a violência ecológica e, eventualmente, para produzir água. Esta performance-filme, estreada e coproduzida em Portugal pelo Batalha Centro de Cinema em 2023, foi desenvolvida coletiva e cumulativamente, com colaborações de diferentes “spillovers”, além de toda uma rede de iconografias e textualidades que transbordam as cosmovisões desta comunidade inventada.

31 outubro a 2 novembro quinta a sábado, 19h30, Sala Mário Viegas 

28.10.2024 | by martalanca | Ritó Natálio, Spillovers

Concerto: Bonga. Em homenagem a Mário Pinto de Andrade

Concerto inédito no Teatro Tivoli BBVA do músico angolano Bonga, em homenagem ao político, escritor e poeta Mário Pinto de Andrade, sobre o qual Billy Woodberry realizou o filme Mário, que se estreia no LEFFEST’24. A primeira parte do concerto contará com a leitura de poemas de Mário Pinto de Andrade por Isabél Zuaa.

15 de Novembro, 21h Teatro Tivoli BBVA Espectáculos Preço: 15€. Bilhetes disponíveis aqui.

28.10.2024 | by martalanca | Bonga, Mário Pinto de Andrade

SPILLOVERS Ritó Natálio

São Luiz Teatro Municipal 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, sempre às 19h30
Exibição da curta-metragem (Prémio Casa Comum, Queer Festival 2024) e lançamento e leitura coletiva de publicação bilíngue. Programa em homenagem à Teresa Ves Liberta.

A construção de Spillovers parte de Lesbian peoples: material for a dictionary. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político. Ritó Natálio constrói uma fabulação desta obra icónica do feminismo lésbico onde se experimenta um glossário ecotransfeminista em diálogo com a memória deste livro. Spillovers são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para a criação de alternativas para problemas ecológicos atuais e, eventualmente, para a produção de água.

Este glossário foi escrito em 2020, por meio de práticas de escrita e de práticas somáticas, e sob a influência de referências históricas do feminismo lésbico e do transfeminismo, assim como por uma recolha expandida de símbolos e iconografias. O processo deu origem a uma leitura performativa a solo de Ritó (2021) e a um projeto coletivo de performance-filme coproduzido pelo Cinema Batalha em 2023, este último com três apresentações previstas na Sala Mário Viegas do Teatro Municipal São Luiz.

Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, na Sala Mário Viegas do São Luiz Teatro Municipal, será projetada a curta-metragem de ficção Spillovers, corealizada por Ritó Natálio e Aline Belfort. O filme, vencedor do Prémio Casa Comum do Queer Porto 2024, convida-nos a entrar no universo deste mundo inventado, e será apresentado em sessão dupla com outros momentos fílmicos que incorporaram a performance original com Alina Ruiz Folini, Josefa Pereira, Teresa Ves Liberta, Odete, Aline Belfort e Liz Rosenfeld, e ainda entrevistas com Lui L’Abbate, Eríc Santos e Geni Nuñez

Todos os dias, haverá também a apresentação da publicação bilíngue homónima, que reúne o texto original de Spillovers e outras textualidades e iconografias desta criação. O livro conta com design de Maura Grimaldi e desenhos de Odete e Josefa Pereira, e será lido coletivamente.

A alteração do programa – que inicialmente incluía a performance Spillovers – deve-se à partida precoce e inesperada de Teresa Ves Liberta, parte vital da comunidade fabulada em Spillovers e das nossas vidas. Para respeitar o luto da equipa e a impossibilidade de performar a peça na sua ausência, um programa alternativo foi pensado para contemplar outros materiais e desdobramentos deste projeto, que dedicamos à Teresa e a toda a sua rede de afetos e pessoas queridas. Nas palavras de Lui L’Abbate: Venham pelo escuro, com os corações abertos. Se o medo tomar conta, peçam ajuda. Amem pessoas trans, digam a elas. Verbalizem o afeto enquanto ainda há tempo. Sobreviver é nossa maior arma. Sobreviver é nosso maior afronte. 

Mais informações e bilhetes em https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/spillovers/.

26.10.2024 | by martalanca | SPILLOVERS Ritó Natálio

Escritos e Cinema de Arthur Omar: afrografias, corpo-tela e tempo espiralar

No dia 5 de novembro, pelas 19h00, tem lugar, na biblioteca do Goethe-Institut em Lisboa, uma apresentação de Ivana Bentes sobre a obra do artista visual Arthur Omar, seguida por uma conversa entre Ivana Bentes e Daniel Oliveira.Ivana falará sobre a linguagem experimental e o cinema brasileiro dos anos 60 e 70 que já tematizavam o “anti-colonial”, o “decolonial” através de “formas que pensam”, para além do discursivo, e contribuem para as linguagens decoloniais de hoje.Utilizará como exemplo o cinema e escritos do Arthur Omar, desde o manifesto o anti-documentário, provisoriamente (1972) até à sua relação com os conceitos afrografias, corpo-tela e tempo espiralar de Leda Maria Martins. Ivana Bentes comentará a curta-metragem A Coroação de uma Rainha (1993), em que Arthur Omar cria “imagens rituais” e de êxtase para documentar a coroação de Dona Alzira, mãe de Leda Maria Martins, e Sonhos e História de Fantasmas (1996), filme que faz a ligação entre o tempo espiralar, quilombos mineiros e o funk carioca.

Organização: Filipa Rosário


Ivana Bentes é pesquisadora na área de Comunicação e Cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea, tem mestrado e doutorado em Comunicação pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde é professora da graduação e da pós-graduação em Comunicação e Cultura. Foi diretora da Escola de Comunicação da UFRJ de 2006 a 2013. Foi Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil de janeiro de 2015 a maio de 2016. É autora dos livros Mídia-Multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas (Mauad X, 2015), Avatar: O Futuro do Cinema e a Ecologia das Imagens Digitais, com Erik Felinto (Sulina, 2010), Glauber Rocha: cartas ao mundo (Companhia das Letras, 1997) e  Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista (Relume-Dumará, 1996). Seus principais temas de interesse e pesquisa são: estética, cinema, audiovisual, novas mídias, midiarte, ativismo, política, pensamento contemporâneo, imaginário social, cultura digital, redes e tecnologias da comunicação.
Daniel Oliveira é mestre em cinema pela Universidade da Beira Interior, onde atualmente cursa o doutoramento em Media Artes. Atuando como crítico desde 2004, é filiado à Associação Brasileira (Abraccine), à Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), e é membro votante do Globo de Ouro desde 2023. É formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialização em História da Cultura e da Arte pela mesma instituição, e pós-graduação em Roteiro para Cinema e TV, pelo Humber Institute, de Toronto. Em Portugal, colaborou no júri de programação do festival Porto Femme, integra a equipe de programadores do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela e atua como tradutor e copywriter para o Curtas Vila do Conde.

24.10.2024 | by martalanca | Arthur Omar, Ivana Bentes

DEBATE As vozes da afrodiáspora em Lisboa

Com Aida Gomes, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, Telma Tvon 

Curadoria e moderação Marta Lança 

11 de novembro 17h - Biblioteca Nacional

Na esfera pública, nas instituições educativas e culturais, na produção de discursos ou na criação de formas artísticas, impõe-se uma maior representatividade de pessoas negras. O imaginário político em tempos pós-coloniais, com as suas inevitáveis tensões, é simultaneamente causa e consequência da voz de novos grupos e de artistas, envolvidos em processos atravessados por várias estratégias. Uma delas assume a forma declarada de um debate, crítico e reflexivo, acerca da produção afro-diaspórica, nas áreas da literatura, cinema e música. 

O campo artístico português será, hoje, um espaço mais diversificado em termos de representação e de produção? Na inscrição de vozes negras, que identidades se vêm reconfigurando e que convenções e cânones vão sendo agitados? O que contam essas narrativas da afro-diáspora sobre momentos cruzados da história portuguesa, angolana e cabo-verdiana? O que pensam da exclusão e ocupação da cidade essas mesmas vozes? A que contextos de migrações acedemos nas diversas linguagens e gerações? Quais as dificuldades e potência das mulheres negras no meio artístico português? De que modo a existência de um racismo estrutural afecta o sector da arte e será que estão ao nosso alcance as ferramentas para o combater? 

A Biblioteca Nacional de Portugal, em articulação com o trabalho desenvolvido pela plataforma BUALA, pretende contribuir para esse debate entre agentes culturais e investigadores, numa perspetiva interdisciplinar.

 

24.10.2024 | by martalanca | afrodiáspora, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, telma tvon

A Volta ao Mundo em 80 catástrofes - ESPECIAL LISBOA" | Um projeto do coletivo Left Hand Rotation

Toda a gente se lembra das imagens da estátua de Saddam Hussein sendo removida do seu pedestal em Bagdad. Há 50 anos, a ponte Salazar passava a chamar-se ponte 25 de Abril. Mais recentemente, durante um protesto do movimento Black Lives Matter, a estátua do negreiro do séc. XVII Edward Coulson em Bristol foi removida e encontra-se hoje num museu. Em Lisboa, houve os casos de vandalismo na estátua do Padre António Vieira ou do Padrão dos Descobrimentos. Há inúmeros exemplos, quer do passado quer do presente, que demonstram como a memória colectiva em espaços públicos, sendo um reflexo da forma como a sociedade lida com sua história e como essa história é narrada no presente e por quem, pode e deve ser contestada. Que importância simbólica, histórica, social, política têm as estátuas, os monumentos, os memoriais, a toponímia, presentes no espaço público? Quem deve decidir o que será lembrado e como será lembrado? De que forma as mudanças nos valores sociais influenciam a nossa relação com o passado? Estes temas interessam ao MUHNAC dadas as suas responsabilidades de preservação, estudo e resignificação das coleções científicas coloniais portuguesas.

Aproveitando um livro e um filme do coletivo LEFT HAND ROTATION, que será disponibilizado gratuitamente em PDF após o lançamento, vamos procurar debater estas questões.

 PROGRAMA

17h00 - Lançamento do livro 18h00 - Debate: “Erguer. Derrubar. Resignificar” Com: Joacine Katar Moreira (ANASTÁCIA - Centro de Estudos e Intervenção Decolonial), Susana Ferreira, (York University, Toronto) Lorena Tabares Salamanca (Colapso Plataforma Creativa), Coletivo Left Hand Rotation Moderação: Marta Lourenço (MUHNAC-ULISBOA) 18h45 - Exibição do filme 

 

SOBRE O LIVRO “A VOLTA AO MUNDO EM 80 CATÁSTROFES/Especial LISBOA” (2024 / 52 folhas)

Uma edição do coletivo Left Hand Rotation em colaboração com Colapso Plataforma Criativa Este livro-guía turístico irónico sobre Lisboa, mapeia monumento de catástrofes (colonialismo, escravatura, feminicídios, LGTBIFObia, guerras, epidemias, etc) erigidos durante a época do Capitaloceno. SOBRE O FILME: “MONUMENTO CATÁSTROFE” dirigido e produzido pelo coletivo Left Hand Rotation 2022 / 62 mins / Cor / Co-produção: Cósmica

MONUMENTO CATÁSTROFE é um road movie em Portugal, uma viagem pelos espaços da catástrofe (colonialismo, guerras, escravatura, ecocídios, epidemias, feminicídios, etc), num movimento contra a dupla paralisia do desespero e da indiferença. Transitar entre as histórias contidas nos monumentos em memória das mortes coletivas expande o olhar sobre o acontecimento para além da sua capacidade disruptiva, revelando a catástrofe como a manifestação de um processo em curso, o Capitaloceno.

 

+ info. 

21.10.2024 | by martalanca | Left Hand Rotation

Exposição “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário”, no Museu Nacional de Etnologia

A exposição Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades, organizada pelo Centro de Estudos Sobre África e Desenvolvimento (CESA/ISEG-Universidade de Lisboa) e pelo Museu Nacional de Etnologia, pode ser visitada entre 30 de Outubro de 2024 e 2 de Novembro de 2025.

A exposição, concebida e coordenada pela historiadora Isabel Castro Henriques, visa apresentar as linhas de força do colonialismo português em África nos séculos XIX e XX. Tem como objetivos desconstruir os mitos criados pela ideologia colonial, descolonizar os imaginários portugueses e contribuir, de forma pedagógica e acessível, para uma renovação do conhecimento sobre a questão colonial portuguesa.

A exposição, que se integra no quadro das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, organiza-se em torno de textos e imagens que procuram explicar historicamente o fenómeno colonial. Apresenta também uma seleção de objetos de arte africana do Museu Nacional de Etnologia, que evidenciam a força política e criativa das culturas africanas e contradizem as narrativas depreciativas europeias relativas à África, assim como obras de arte africana contemporânea dos artistas Lívio de Morais, Hilaire Balu Kuyangiko e Mónica de Miranda.

Os textos e a seleção de imagens dos painéis desta exposição são da autoria de cerca de trinta investigadores, entre os quais Diogo Ramada Curto, Fernando Rosas, Margarida Calafate Ribeiro, Rosa Cruz e Silva, Victor Barros. A Comissão Executiva, presidida por Isabel Castro Henriques, é composta por Inocência Mata, Joana Pereira Leite, João Moreira da Silva, Luca Fazzini e Mariana Castro Henriques, e a Comissão Científica conta com António Pinto Ribeiro, Aurora Almada Santos, Elsa Peralta, Isabel do Carmo, José Neves, entre outros.

Serão também realizadas, no âmbito deste projeto, exposições itinerantes que circularão por escolas e centros culturais em Portugal e em outros espaços de língua portuguesa, como o Brasil e África.

Por fim, será organizado, ao longo de 2025, no Museu Nacional de Etnologia, um ciclo de conversas intitulado Desconstruir o Racismo, Descolonizar o Museu, Repensar o Saber, onde serão debatidos temas atuais como o conhecimento da historiografia africana, as reparações históricas, as independências africanas e o racismo em Portugal. Será também promovido, em parceria com o CESA/ISEG-UL, o ciclo Cinema e Descolonização, com projeções de filmes relacionados com a realidade pós-colonial, no ISEG e no Museu Nacional de Etnologia.

21.10.2024 | by martalanca | Descolonizar o Imaginário, Desconstruir o Colonialismo