PROJETO DE CURSOS E PALESTRAS DO COLETIVO FANON

Descolonizando a Educação!

Coordenadores: Professor Walter Lippold (Ver Lattes) e Professor Orson Soares. ·
Contato: (51)91092262 (51)85293260
E-Mail: coletivofanon@gmail.com
E-mails individuais: w.lippold@gmail.com, prof.orson@hotmail.com
Site: http://coletivofanon.blogspot.comTwitter:@ColetivoFanon

1 APRESENTAÇÃO:
A Educação formal brasileira tem deixado de lado as contribuições fundamentais da cosmovisão africana em nossa história. O Brasil e o Rio Grande do Sul tiveram a influência dos africanos e sua cultura, devido ao longo período de escravismo colonial vigente no nosso País, onde grande parte da produção era fruto de mãos negras seqüestradas na África. Mas a ideologia racista – justificativa para a superexploração da força de trabalho africana – escamoteou a história desses povos, perpetuando o racismo, e criando estranhamentos nos próprios afro-descendentes, que muitas vezes adentram num processo de embranquecimento cultural, que Frantz Fanon chama de processo de epidermalização.
No caso específico do nosso Estado, tem-se aqui a construção da ideologia do Rio Grande do Sul europeu: muitos brasileiros de outros estados acreditam que aqui só existem brancos, louros e cultura européia imigrante. Essa invisibilidade do negro deve-se em grande parte ao apagamento de sua história e da cultura afro-gaúcha, que ao longo da nossa história vem sendo diluída e despersonalizada. Cabe combater esta ideologia e a sala de aula é um espaço essencial para efetivar esta luta. Para isso são necessárias pesquisas acerca das relações sobre o racismo e a educação, construindo possibilidades de superação dessa ideologia dentro da sala de aula.
Dentro do contexto da “história tradicional” do Rio Grande do Sul, nunca houve espaço ao protagonismo do negro, nem para suas contribuições essenciais no nosso Estado. O negro é invisível na História Gaúcha, é recente o interesse por episódios como o Massacre de Porongos, onde os soldados farrapos negros foram desarmados e logo massacrados pelas tropas imperiais, em mais um exemplo de limpeza étnico-racial no Brasil. Somos obrigados a concordar que existe uma ideologia do Rio Grande “Europa”, onde o negro é apagado e onde o imigrante europeu, com sua arquitetura e estética, etc., é exaltado e exportado como ideal do nosso Estado. A maioria dos brasileiros vê o Rio Grande do Sul como um lugar distante, onde não há miséria, onde só há brancos louros ou imensa maioria de descendentes europeus. Não é o que vemos na Rua da Praia em Porto Alegre, onde há muitos afro-descendentes passando, não é o que vemos na periferia de Uruguaiana, onde a maioria é descendente de índios e mestizos. A população de afro-descendentes no Rio Grande do Sul, beira os 20%! O que queremos afirmar é que muitos dos educadores de nosso Estado partilham de uma ideologia onde o negro é negado como sujeito histórico.
Neste sentido criamos em 1999 um projeto de educação popular anti-racista e desde lá fomos aprofundando nossos estudos e pesquisas e aumentando o leque de palestras que são ministradas em quadras de samba, praças, escolas de periferia buscando efetivar uma ligação entre a academia e a periferia, produzindo conhecimento através desta interação necessária na sociedade brasileira. Já visitamos os mais variados lugares nas periferias da Grande Porto Alegre e em algumas cidades do interior e este movimento já formou uma pequena rede de educadores engajados na luta anti-racista que visa a interação entre estes.

2 EIXOS-TEMÁTICOS:

O Projeto de Educação Continuada do Coletivo Fanon possui cinco eixos temáticos que se interpenetram organicamente e que formam cinco palestras diferenciadas, que podem ser ministradas separadamente, pois possuem uma autonomia, mas que se complementam entre si. Todas as palestras necessitam de no mínimo duas horas de duração, sendo ideal quatro horas para a efetivação de cada uma delas. O Curso completo têm vinte horas de duração.

A) A História e Cultura da África e da Diáspora Negra e o Eurocentrismo;
Uma palestra voltada para estudantes e professores de Ciências Humanas e Artes, onde abordamos a formação de educadores e a invisibilidade da África neste processo e as relações étnico-raciais dentro da sala de aula trazendo uma análise da Lei 11.645/2008, da Lei 10.639/2003 e do Parecer do Conselho Nacional de Educação 003/2004 que estão ligadas à implementação do Ensino de História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras e a um projeto maior de Ações Afirmativas, que inclui o polêmico debate acerca do ingresso através de cotas raciais no Ensino Superior. Esta palestra visa compreender na atual formação de professores de História os efeitos deflagrados pela Lei 10.639/2003 no que tange ao ensino de História da África, colocando em ênfase a importância de mudanças no currículo, este produto que traz em seu corpo as influências da formação social em que foi produzido. Assim para analisar o currículo como síntese inserida em uma totalidade, adentrei em outros fenômenos como a da interpenetração da realidade de classe e de raça no Brasil, o processo de internalização com aspectos de epidermalização que ocorre em uma sociedade capitalista e racista e como tudo isso se vincula com a educação. Os estudos sobre estas questões estão se desenvolvendo na sociedade brasileira, mas não numa quantidade expressiva que possibilite uma mudança fundamental no ensino de História. Defendemos uma proposta de formação de professores que não dissocie a realidade brasileira dos conteúdos ensinados, discutidos e aprendidos em aula, uma formação onde a História da África e da Diáspora seja uma disciplina obrigatória, que gere curiosidade científica nos educandos, onde ocorra o desocultamento de conhecimentos tornados invisíveis pela ideologia da branquitude.

B) Pensadores Africanos e da Diáspora;
Palestra que introduz o pensamento africano e da diáspora através das teorias de Frantz Fanon, Albert Memmi, Kwame Nkrumah, Leopold Sedar Senghor, Aimé Cesaire, Martin Luther King, Malcom X, Abdias do Nascimento, Florestan Fernandes, Ibn Khaldum, entre outros. Também são abordados aspectos da cosmovisão africana incluindo as mitologias bantu, yorubá e ewe-fon. A palestra é uma tentativa de produzir interesse acerca do pensamento africano e sua contribuição para as ciências humanas.

C)História da Diáspora Negra na América através da Música;
Um mergulho na História da Diáspora Africana através da música, buscando uma compreensão das diferenças entre o racismo estadunidense e o brasileiro. Adentramos nas origens bantu, yorubá e ewe-fon da cultura negra brasileira e suas manifestações musicais: a umbigada, o jongo, as congadas, passando pelo lundu, samba e seus estilos, choro, côco de embolada, maracatu, entre outros. Abordamos o surgimento do blues, do gospel, do Ragtime, do Jazz e seus estilos, do Soul, Rock e Funk e finalmente do RAP nos Estados Unidos. Abordamos a música afro-caribenha como o salsa, o reggae e o raggamuffin` .  Cada estilo é contextualizado históricamente ao som da música da época.

D) Panteras Negras e Hip Hop;
Esta palestra é voltada para a juventude, onde abordamos as relações entre a organização política dos Panteras Negras nos Estados Unidos e o surgimento do Movimento Hip Hop que engloba manifestações culturais da periferia, entre elas o RAP, o grafite e o Break. A história do movimento negro nos EUA e Brasil é abordada através da história da música RAP. Também abordamos questões ligadas a mercadificação da cultura popular, da sua resistência e absorção pelos status quo.

E) Educação, Racismo e Mídia: a epidermalização na propaganda e cinema;
O objetivo nesta palestra é questionar a reprodução sistemática dos esteriótipos do negro na propaganda e cinema, buscando criticas a atual formação de professores de História que não prepara o futuro educador/pesquisador para compreender e utilizar as mídias dentro da sala de aula buscando possibilidades de romper com a nossa condição passiva de espectador, trazendo métodos de análise da mídia e a importância cabal da formação estética do professor de História. Uma análise de propagandas e filmes onde as representações sociais denotam ideologias racistas. Uma introdução metodológica para a análise do filme, através do pensamento de Marc Ferro, Guy Debord e Frantz Fanon.

3 OBJETIVOS:

Objetivo Principal: Estimular a contra-epidermalização, ou seja, criar possibilidades de uma educação anti-racista no campo da Ciências Humanas.
Objetivos secundários: Fomentar a pesquisa em história da África, dar visibilidade aos pensadores africanos e da diáspora; conhecer as Lei Educacionais ligadas a questão do ensino de História Africana; conhecer a cosmovisão africana e suas influências no Brasil; compreender as diferenças entre o racismo brasileiro e o estadunidense; criticar o eurocentrismo nas ciências humanas, principalmente no campo da História.

4 JUSTIFICATIVA:

A formação de professores de História, em geral, tem se mostrado extremamente pobre quanto ao ensino ligado a temas africanos e também afro-brasileiros. O conhecimento histórico acerca do continente africano é incipiente no Brasil e isso se deve, em parte, à internalização do eurocentrismo que por sua vez permite o descaso em termos de pesquisa, de formação de professores, de acesso a bibliografias e materiais didáticos adequados ao conhecimento das realidades africanas. A sociedade brasileira, durante séculos de colonialismo português, de escravismo colonial, de imperialismo inglês e posteriormente estadunidense, importou e forjou a seu modo ideologias que inferiorizavam os africanos e seus descendentes. Para dominar um povo, além da violência coercitiva, faz-se necessário apagar sua história, manipulá-la, fragmentá-la a tal modo que se torne um engodo ou até mesmo invisível. A classe senhorial branca dos tempos do escravismo educava seus filhos muitas vezes na Europa e a intelectualidade brasileira impregnou-se do eurocentrismo e também de teorias racistas tão em voga no final do século XIX. A manutenção do status quo exigia que a educação tivesse um papel preponderante de reprodução de ideologias que ajudam na sustentação daquele modo de produção escravista colonial.
Os educadores brasileiros, nos últimos dois anos, estiveram em pleno debate sobre a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, trocaram informações sobre experiências, apresentaram críticas e propostas, reuniram-se em seminários, buscaram construir um sentimento coletivo crítico à educação atual. Muitos professores estão perdidos, não sabem como e por onde começar. Algumas escolas continuam a pensar que aplicar a Lei 10.639/2003 é apenas efetuar a Semana da Consciência Negra. O ensino de História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras depende de transformações na formação de professores, que unidas ao estudo das relações étnico-raciais, e ao fim dos mecanismos que impedem o negro de entrar na universidade, semearão as sementes que germinarão as possibilidades de supressão da invisibilidade da História Africana no ensino fundamental e médio.
Temos a esperança que este projeto incentive outros estudos, que por sua vez desenvolvam publicações, debates, ações individuais e coletivas, livros didáticos, que combatam o racismo e o eurocentrismo, que ajudem na construção de uma contra-consciência anti-racista, ou seja, que corroborem no processo de contra-epidermalização, visando destruir a ideologia da branquitude vigente na educação brasileira.

5 METODOLOGIA:
Através da aula-expositiva, do choque do olhar (imagens e vídeos), da interação entre palestrante e os sujeitos presentes, da musicalidade, buscamos ministrar uma palestra que rompa com a linearidade monótona que considera o conhecimento como um somatório mecânico de fatos sobre fatos, trazendo uma tentativa de ensino-aprendizagem que não se separe do gozo estético.

6 MATERIAL UTILIZADO:
- Fotocópias de textos, mapas e letras de música.
- Computador com Power Point, reprodução de vídeo e música, caixas de som e data –show.
- Som com CD.
-Retro-projetor (alternativa em caso de não ter data-show).
- CDs/DVDs virgens para a gravação do disco “História da Música Negra” e para gravação de material didático e paradidático sobre o ensino e História Africana (bibliotecas digitais, mapas, música, vídeos, etc).

 

Walter Lippold é Professor da Rede Municipal de Porto Alegre, graduado em Licenciatura em História pela FAPA. Especialista em História do Mundo Afro-Asiático também pela FAPA  e mestre em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEDU/UFRGS).Orson Soares é Graduado em Licenciatura em História pela UNISINOS e Professor da rede pública em São Leopoldo e sólida experiência na Educação Popular.

 

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06.02.2011 | by martalanca | cultura afro-brasileira, educação, Fanon

Nácia Gomi

Morreu Nácia Gomi aos 86 anos de idade…

Batuku-NACIA GOMI no filme Kontinuasom

 

A sabedoria popular costuma levá-la o vento, o tempo, as pessoas. Mas as vozes estão lá para fazê-la perdurar no tempo, no espaço e nas pessoas, A cumprir a sua sina tridimensional.
É assim que, no cumprimento dessa sina, duas das mais sábias vozes crioulas enlaçam na roda de batuque, para em uníssomo darem o ritmo, e tempo e cavalgarem ao sabor do vento. Sim, porque Nha Nacia Gomi e Ntoni Denti D’Oro lançam na próxima sexta-feira “Finkadu na Raiz”, um disco que apresenta o batuque e o finaçon na sua máxima expressão, trazendo com ele a força da alma deste povo na terra de rotcha nu, mas “Finkadu na Raiz”. 
Nove histórias a duas vozes delimitam a alma deste disco. São músicas que Ntoni Denti D’Oro e Nha Nácia Gomi foram buscar ao seu cofre de velhas canções, experiências e vidas. Desta forma, em jeito de desafio, “Finkadu na Raiz” conta-nos os dramas, as festas, as alegrias e dores da nossa terra. 

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04.02.2011 | by martalanca | batuku, Nácia Gomi

da mestiçagem e crioulidade

04.02.2011 | by martalanca | Édouard Glissant

Édouard Glissant

Édouard Glissant [21/09/1928 - 03/02/2011]


“Glissant revela-se em tantos momentos introduzidos por uma legenda que se inscreve na máquina de escrever sobre as ondas: o jazz, a crioulização, a vaidade das cadeias de filiação, os jardins crioulos, as marcas culturais, a complexidade do mundo e o seu imaginário colectivo, o terrorismo económico, etc.

Glissant estabelece a distinção entre a aparência e a realidade da democracia: os regimes democráticos ocidentais cometeram o maior acto anti-democrático: a colonização. E a África? Nunca se diz, como se faz com a América Latina, que possui as suas riquezas. Só se fala em ajudá-la a sair da situação em que se encontra! E continuam a explorá-la.

A mudança? Passa pela aceitação do Outro na sua opacidade que Gissant reivindica em alto e bom tom, através de uma extraordinária história sobre brócolos de que ele afirma não gostar sem saber porquê! O racista é aquele que recusa o que não compreende. A barbárie é impor ao outro a sua própria transparência.

As fronteiras? Deviam ser permeáveis para os migrantes, mas não deviam ser abolidas, para preservar o sabor de cada ambiente. Então, arquipélagos de pequenos países podiam voltar as costas ao poder e à força para viverem juntos a complexidade no grande tremor do mundo…”

in EDOUARD GLISSANT: UM MUNDO EM RELAÇÃO estreia mundial do filme de Manthia Diawara por Olivier Barlet

04.02.2011 | by franciscabagulho | Édouard Glissant

MINDELO… temos cultura? - 4ª Sessão dos Encontros

A oferta cultural da cidade. Que balanço?

Dia 8 de Fevereiro, 3ª feira às 18h00 no M_EIA (ex-Liceu Velho)


A cidade de Mindelo está em constante transformação. Nos últimos anos têm surgido novos espaços e agentes culturais e o desenvolvimento do ensino superior povoou a cidade com estudantes universitários. Para uns, a identidade cultural da cidade tem-se reforçado enquanto que, para outros, a cidade está a definhar tanto do ponto de vista económico como cultural. Mindelo ainda é capital da cultura ou a cidade perdeu o seu mais importante capital?



04.02.2011 | by martalanca | cidade, cultura, Mindelo

memórias sobre Malangatana

A Kulungwana, de que Malangatana era um dos fundadores e que lhe deu o nome, e de que era também Presidente da Assembleia Geral decidiu criar um blogue em Homenagem ao Mestre. Todos são convidados e nele escrever sobre Malangatana, se o conheceram pessoalmente que memórias têm desses encontros, se o não conheceram pessoalmente mas sómente a sua obra que sentimentos lhe provoca. Sejam benvindos

ao memórias sobre Malangatana.

A direção da Kulungwana

04.02.2011 | by martalanca | Malangatana, pintura moçambicana

Why fear the Arab revolutionary spirit?

The western liberal reaction to the uprisings in Egypt and Tunisia frequently shows hypocrisy and cynicism.

Article by Slavoj Žižek (The Guardian)

04.02.2011 | by ritadamasio | Egipto, Egypt, Revolta, Revolution, Tunisia

Lançamento do livro Vozes de Cabo Verde e de Angola - quatro percursos literários (11 Fevreiro, 18h na Faculdade de Letras de Lisboa)

As autoras são investigadoras do CLEPUL, Área 2 - Literaturas Africanas.
O encontro será dia 11 de Fevereiro, às 18H na Biblioteca da FLUL.

A apresentação ficará a cargo do Prof. Alberto Carvalho.

04.02.2011 | by ritadamasio | angola, cabo verde, literatura, Prof. Alberto carvalho

Photography of West Africa and beyond, 1840 to now: a new website

Visit the website at http://www.africaphotography.org


This website is dedicated to all African photographers who since the 19th century have profoundly contributed to the visual creation of the continent, as well as to all who are interested in the history of African photography.

AFRICAPHOTOGRAPHY.ORG is offering a platform to all those Institutions and individuals who wish to make public their collections of historical photographs from Africa.

AFRICAPHOTOGRAPHY.ORG aims at being the first place on the internet to go for scholars, specialists, and devotees seeking to offer and exchange information on the history of African photography and African historical photographs.

AFRICAPHOTOGRAPHY.ORG connects institutions and individuals working with and interested in African photography worldwide.

Juerg Schneider
Centre for African Studies
University of Basel
Email: juerg.schneider@unibas.ch
Visit the website at http://www.africaphotography.org

04.02.2011 | by ritadamasio | África Ocidental, Fotografia Africana, Photography, West Africa

1º episódio do EU SOU ÁFRICA, LUZIA SEBASTIÃO - LUANDA

dia 5, Sábado, às 19h na RTP2

Vem de uma família tradicional angolana, de Luanda, filha de Adriano Sebastião, preso pela PIDE quando Luzia tinha 8 anos, o que semeou a sua consciencialização política. Combatente na guerra de libertação, conhecida como Comandante Gi, participou mais tarde nas células do MPLA, partido em que militou. Licenciou-se em Direito na Universidade Agostinho Neto, onde hoje lecciona Direito Penal, e ultima o seu doutoramento entre a Faculdade de Direito de Coimbra e a sua casa no tranquilo bairro Alvalade, em Luanda. Para Luzia Sebastião, a função da universidade “é ter opinião” e esforça-se para que o mundo académico tenha uma palavra a dizer nos destinos do país. Trabalhou nos ministérios da Educação e da Justiça e exerceu advocacia durante longos anos, actividade que  suspendeu ao ser mandatada juíza  do Tribunal Constitucional. É uma mulher de armas, habituada a vencer pela força da razão. 

Luanda, vista da fortaleza

Uma mulher muito elegante e bonita conduz pelas ruas de Luanda, umas em melhor estado que outras, mostrando a sua cidade que tem vindo a vestir uma nova pele, “perdendo certos traços ao ficar mais moderna.” Ainda assim o bairro da sua infância, o Cruzeiro, continua reconhecível, apesar dos muros cada vez mais altos nas casas. Luzia estava no 6º ano quando deixou o liceu para entrar na guerra de libertação. Depois foi um rodopio de emoções. Os tantos anos de guerra que Angola viveu ensinaram-lhe que era preciso “reconhecer erros de parte a parte”.

Vamos ouvi-la falar de Justiça, do sistema de direito herdado de Portugal, da constituição que vinha de 1992 e que em 2010 foi alterada, dos direitos das mulheres e dos desafios de governação. Vamos com ela ao Tribunal Constitucional, à Faculdade Agostinho Neto e à casa de fim-de-semana, nos arredores de Luanda, com um neto ao colo e uma família que vai chegando para o almoço e ocupa dois sofás inteiros. Luzia acredita nas novas gerações e tem vocação para leccionar. Relembra os tempos em que as crianças se sentavam “em latas de leite Nido e punham os cadernos nos joelhos para escrever”. Sabe que ainda há muito a melhorar. A sua geração, a da Utopia, viveu na expectativa de um desenvolvimento que demora a acontecer - “muitas das coisas pelas quais lutámos ainda não se cumpriram”, diz - mas acredita na capacidade de resistência dos angolanos e num futuro melhor para a sua terra promissora.


 

03.02.2011 | by martalanca | Eu Sou África, Luzia Sebastião

Site de fotografia africana

Visit the website at http://www.africaphotography.org
This website is dedicated to all African photographers who since the 19th century have profoundly contributed to the visual creation of the continent, as well as to all who are interested in the history of African photography.
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AFRICAPHOTOGRAPHY.ORG aims at being the first place on the internet to go for scholars, specialists, and devotees seeking to offer and exchange information on the history of African photography and African historical photographs.
AFRICAPHOTOGRAPHY.ORG connects institutions and individuals working with and interested in African photography worldwide.

03.02.2011 | by franciscabagulho | Fotografia Africana

Osama Esid: juego de representaciones y el experimento egipcio, PAMPLONA

Las relaciones entre Occidente y el mundo árabe a principios del siglo XXI precisan de un fortalecimiento y saneamiento dados los acontecimientos y las circunstancias políticas internacionales de los últimos años. La necesidad de fomentar los puntos de encuentro culturales entre ambos y de conocerse más profundamente es esencial.

El trabajo de Osama Esid es un manifiesto visual de estas relaciones, investigando las visiones y estereotipos sociales que de un lado y otro se han creado en el pasado, y que de alguna manera persisten en el inconsciente colectivo. La indagación sobre el “Orientalismo” con sus connotaciones exóticas y sensuales desde un punto de vista contemporáneo, genera un abanico de posibilidades creativas y teóricas que pone de manifiesto las contradicciones existentes en los mecanismos de creación de tópicos. La presentación de la exposición “Juego de Representaciones; el Experimento Egipcio”, abre el debate sobre estas cuestiones que unen a occidente y oriente y que tanto preocuparon en su día a Edward Said. Si seguimos su interpretación, Occidente construyó una imagen embellecida y exotizada de Oriente, una fantasía de Oriente que no podemos olvidar formaba parte de un proceso histórico determinado, y que respondiendo a un proyecto imperial tenía como ambición retenerlo y mantenerlo. En definitiva, Said desarticula de forma negativa el concepto de orientalismo.

Pues bien, es justamente sobre la presunción negativa de ese concepto de Orientalismo sobre lo que se interroga Osama Esid. Independientemente del discurso imperialista del cual nace ¿no hay nada positivo en él? Para Osama Esid, esa imagen de Oriente construida por Occidente también penetró y ha penetrado en Oriente. “La fantasía de lo oriental existe en los dos lados” y aún más lejos, y aquí es donde se centra la motivación y la inspiración de Esid, se puede indagar en un estereotipo para crear nuevas lecturas usando su lenguaje de manera más positiva y constructiva sin etiquetar una cultura.

Así, en la serie “Orientalismo y nostalgia” Esid reconstruye un escenario de época en el siglo XXI desde una de las capitales más importantes de la región, El Cairo. El objetivo último de cada pieza es adquirir una fuerza propia donde la “belleza” ocupe el lugar principal. Explota así el lado más sensual del orientalismo, haciendo eco de esos espacios mayoritariamente femeninos que nos recuerdan a la pintura francesa del siglo XIX. Recupera la sensualidad y a veces el erotismo en la mirada y la pose insinuante, pero dotando a sus mujeres de una fuerza desafiante, ya no pasiva y complaciente, mujeres dueñas de su cuerpo y su destino.

Devolviendo la mirada hacia la belleza, Osama Esid se reconcilia con otro de los objetivos principales de su pesquisa, intentar colocar otra imagen sobre esta región del mundo que hoy esta caracterizada por imágenes de guerra, terrorismo, y fundamentalismo.

Mientras que en la serie “Los Trabajadores del Cairo” ante nosotros tenemos un testimonio totalmente contemporáneo de los oficios y trabajos más comunes de esta inmensa metrópoli pero una vez más Esid nos la presenta como si fuese de otro tiempo. En definitiva la fuerza de esta serie radica en obligar tanto al público occidental como al oriental, a posar la mirada sobre aquellos que configuran nuestra realidad más cercana y sobre los que normalmente no nos paramos ni a saludar, y nos gustaría ignorar.

Las preguntas que se desgranan de toda esta puesta en escena son: ¿Cómo perciben los occidentales a los que designan como “orientales”? Y ¿Cómo representan tanto los occidentales como los orientales a aquellos que consideran “otros”?

Exposição de OSAMA ESID

Comissariada por: Masasam - Espacios de Creación

Sala de Armas de la Ciudadela de Pamplona de 3 Fevereiro a 13 Março 2011

 

03.02.2011 | by franciscabagulho | Osama Esid

If this is young Arabs' 1989, Europe must be ready with a bold response

by Timothy Garton Ash

What happens across the Mediterranean matters more to the EU than the US. Yet so far its voice has been inaudible

 

Europe’s future is at stake this week on Cairo’s Tahrir Square, as it was on Prague’s Wenceslas Square in 1989. This time, the reasons are geography and demography. The Arab arc of crisis, from Morocco to Jordan, is Europe’s near abroad. As a result of decades of migration, the young Arabs whom you see chanting angrily on the streets of Cairo, Tunis and Amman already have cousins in Madrid, Paris and London.

If these uprisings succeed, and what emerges is not another Islamist dictatorship, these young, often unemployed, frustrated men and women will see life chances at home. The gulf between their life experience in Casablanca and Madrid, Tunis and Paris, will gradually diminish – and with it that cultural cognitive dissonance which can lead to the Moroccan suicide bomber on a Madrid commuter train. As their homelands modernise, young Arabs – and nearly one third of the population of the north African littoral is between the age of 15 and 30 – will circulate across the Mediterranean, contributing to European economies, and to paying the pensions of rapidly ageing European societies. The examples of modernisation and reform will also resonate across the Islamic world.

If these risings fail, and the Arab world sinks back into a slough of autocracy, then tens of millions of these young men and women will carry their pathologies of frustration across the sea, shaking Europe to its foundations. If the risings succeed in deposing the latest round of tyrants, but violent, illiberal Islamist forces gain the upper hand in some of those countries, producing so many new Irans, then heaven help us all. Such are the stakes. If that does not add up to a vital European interest, I don’t know what does.

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03.02.2011 | by martalanca | arabs, mediterranean

Sobras roubadas da morte, por Claudia Nina

Tão caudalosa a viagem pelo mais sombrio interior de Moçambique em Rio dos bons sinais, de Nelson Saúte, que é preciso fôlego. Ainda bem que são contos, histórias bem curtas – fosse o livro um romance e o ar poderia até faltar. Não que o texto seja duro, pelo contrário. Narrativa limpa, enxuta, descrições na medida certa, um leve toque de humor, aqui e ali. Acontece que o tema frequente deste livro de 2007 (parte da coleção Ponta de lança da Língua Geral) são a morte e os funerais. Saúte não só espalha mortos às dezenas pelas cenas de suas histórias, com faz o passo a passo dos rituais fúnebres de sua terra, permeados por detalhes curiosos. Reza a tradição local, por exemplo, que haja uma bacia de água para que todos lavem as mãos. Ainda há, como escreve, “a cerimônia ulterior ao enterro, em casa do infortunado, para onde vão as pessoas. É a cerimônia do chá. Chama-se assim mas servem, muitas vezes, arroz e caril (curry)”.

A vida difícil, o cotidiano lascado. O pouco que sobra é roubado da morte. Tal o cenário em que Saúte se sente em casa com sua literatura. A vida “aflita e aturdida de quase todos nós, vida de desenrascanço” é o objeto mais caro ao escritor moçambicano para quem o código genético da sua geração está gravado os anos 80. “Moçambicano que se preze viveu nos anos 80. Quem sobreviveu nos anos 80 em Moçambique sobrevive a qualquer coisa…”, disse o autor, em entrevista ao poeta Ramon Mello, no blog Click (in) versos. Nem poderia ser diferente. Cantar a aldeia e revelar o que há nela de mais universal, eis o mantra. Um mapa-múndi que fica logo ali no quintal.

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03.02.2011 | by martalanca

“O que não ficou por dizer…” Homenagem a Ruy Duarte de Carvalho LUANDA

Luanda, Associação Cultural Chá de Caxinde, 15 a 17 de Fevereiro de 2011

O programa de homenagem será composto por diversas actividades, incluindo o lançamento de um livro com textos e intervenções de Ruy Duarte de Carvalho, muitos deles inéditos, uma exposição inaugural de aguarelas que nos últimos tempos da sua vida o homenageado vinha produzindo sobre Luanda, para além de um ciclo de cinema com exibição de documentários, curtas e longas-metragens realizadas pelo Ruy Duarte de Carvalho, uma palestra e uma sessão de poesia.

 

Dia 15 (Terça-feira)

Exposição de Pintura (Espaço da livraria Caxinde)

17:30h – Exposição inaugural de aguarelas de Ruy Duarte de Carvalho sobre Luanda. Esta exposição consiste numa série de aguarelas que nos últimos tempos o Ruy Duarte de Carvalho estava a preparar para expor em Luanda; serão apresentadas cerca de 12 aguarelas subordinadas ao título “Rendição do celibatário I”.

 

18:00h - Lançamento do livro O que não ficou por dizer…

Ruy Duarte de Carvalho, In Memoriam (org. Nuno Vidal)

Moderador - Pepetela

com: Jacques dos Santos, Justino Pinto de Andrade, Nuno Vidal e Rute Magalhães

 

Dia 16 (Quarta-feira) Filmes

15:00h  Nelisita  

18:00h - Tempo Mumuíla 79 – 81 : 93’, Ofícios (39 min.), Ekwenge: iniciação dos rapazes: fase pública (24 min.), Mukumukas (30 min.)

 

Dia 17 (Quinta-feira) Filmes

15:00h Moya: o recado das Ilhas

17:30h - PROGRAMA 3
Angola, 79 – 81 e agora, vamos fazer mais como ? : 76’
Pedra sozinha não sustém panela (36 min.)
O Kimbanda Kambia (40 min.)

Poesia

18:30h: Declamação de poemas de Ruy Duarte de Carvalho por Orlando Sérgio e Miguel Hurst

 

Dia 18 (Sexta-feira) Filmes

15:00h Presente angolano 79 - 81 : 87’

O Balanço do Tempo na Cena de Angola (45 min.)
Ondyelwa: festa do boi sagrado (42 min.) 

 

19:00h – Mesa redonda sobre o percurso de RDdC enquanto homem e artista, com António Ole (Pintor), João Sá (Arquivo Histórico Nacional), Filipe Correia de Sá (Jornalista) e Rute Magalhães.

 

03.02.2011 | by martalanca | Ruy Duarte de Carvalho

Packlight - Men's Pop Up Store

Na sexta-feira dia 4 de Fevereiro, vamos dar inicio a Packlight - Men’s Pop Up Store no Fabrico Infinito. Será a primeira edição de uma serie de eventos dedicados ao vestuário masculino que o Armando Cabral e eu decidimos realizar pelas nossas cidades favoritas. Como ambos nos sentimos lisboetas, fazia todo sentido começar por Lisboa.
Gostaríamos de contar com a tua presença. 
No ficheiro em anexo podem encontrar mais detalhes. 
Convido-vos a visitarem ainda o site:
Kalaf 

03.02.2011 | by martalanca

Tertúlia BUALA no Chapitô, LISBOA

 

PROGRAMA na tenda do Chapitô:
apresentação geral site BUALA por Marta Lança 
apresentação Galerias BUALA por Francisca Bagulho 
conversa em torno da projecção da cultura africana contemporânea em Lisboa com Paula Nascimento [programadora do Festival África] e Lúcia Marques [curadora]

 

segue-se festa no BAR do Chapitô

 

reflectir ajuda a sustentar o movimento! 

9 de Fevereiro, 4ª feira, às 22h

CHAPITÔ: Costa do Castelo, n.º 1 / 7    Lisboa - Portugal

 

02.02.2011 | by franciscabagulho

música da banda para o mundo

RELACHTOTAL MIXTAPE DE COCA O F.S.M DOWNLOAD AQUI

 

 

02.02.2011 | by samirapereira | Coca, música angolana

Aula Aberta Prof. Georg Klute "TRACING EMERGENT FORMS OF POWER IN CONTEMPORARY AFRICA" - 2/2/20111, 18h, sala C401


AULA ABERTA DO PROGRAMA DOUTORAL EM ESTUDOS AFRICANOS
 
TRACING EMERGENT FORMS OF POWER IN CONTEMPORARY AFRICA
 
PROFESSOR GEORG KLUTE, UNIVERSIDADE DE BAYREUTH, ALEMANHA
 
 
Convidam-se todos os interessados em assistir à aula aberta do Professor Georg Klute que decorre hoje, dia 2/2/2011, pelas 18h., na sala C401 (Ed.II - ISCTE-IUL 18h00-20h00).
Organização: Programa Doutoral em Estudos Africanos e Centro de Estudos Africanos, ISCTE-IUL
 
 
Georg Klute is interested in the emergence of forms of political power and organisation in Africa. In order to overcome the negative qualifications employed within the ‘failed state’ debate, the concept of ‘heterarchy’ is applied; it seems appropriate to describe the differentiated and fluctuating distributions of power-foci in many African countries. The research approach is comparative and follows a bottom-up design. Research is conducted on the one hand in two borderlands (Egypt-Libya; Algeria-Mali), and on the other in West-Africa (mainly Guinea-Bissau). Borderlands are believed to be a setting in which the emergence of (new) local forms of power, incl. their ‘interlacement’ with national and international state power, can be observed (see: http://www.aborne.org/). The starting point of research on local modes of conflict resolution in Guinea-Bissau, oriented at legal anthropology, is the ‘violence problem’: The capability to cope with violence and violent conflicts and to develop regular modes of conflict resolution is taken as an indicator for the durability of social orders, state and non-state ones.
 
More information in http://www.ethnologie.uni-bayreuth.de/en/team/Klute_Georg/index.html

02.02.2011 | by ritadamasio

EU SOU ÁFRICA - aos sábados, 19h, na 2

1º episódio, dia 5 de fevereiro: Luanda, com Luzia Sebastião

 

Em 2010 fizemos uma viagem pelas cinco áfricas que falam português - Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo-Verde. Encontramos países com 35 anos de vida independente e pessoas que ousaram experimentar novas ideias e instigar práticas diferentes, construindo caminhos para a cidadania. EU SOU ÁFRICA é o resultado desses encontros, uma série documental de 10 episódios que são outros tantos retratos de gente capaz de inacreditável resiliência e de sonhos altos, gente que caminha com a História.

Dez heróis quase desconhecidos do grande público que, como actores e testemunhas privilegiadas, reflectem sobre a história recente de África e os desafios que o continente enfrenta. Todos participaram na independência dos seus países e, mais do que respostas, partilham interrogações para o futuro e a capacidade de desfazer os lugares-comuns que persistem na percepção dos seus lugares de origem. O campo de acção é diverso, da Educação, às Artes, à Justiça, à Agricultura, à Religião, ao Ambiente ou à História, mas o terreno que lavram é comum: a responsabilização de cada um face ao presente, pois todos os protagonistas decidiram viver integramente o seu tempo histórico e as problemáticas que o mesmo trouxe. São estas pessoas que EU SOU ÁFRICA traz para a frente da câmara, e com elas países inteiros. Porque, como diz Ruy Duarte de Carvalho, “um percurso biográfico se faz de tempos, de lugares, modos, percepções, ocorrências, experiências, resultados, aquisições, perplexidades, digestões e ressacas”, e alguns percursos conseguem ser tão exemplares como humanos.

Realização 

Maria João Guardão 

Pesquisa

Marta Lança

Imagem

Luísa Homem

Som

Marta Lança/Maria João Guardão

Produção 

Patrícia Faria / Marta Lança (local) 

Música Original

Steve Bird

Pós-produção de Imagem

RoughCut

Micael Rodrigues

Pedro Rodrigues

Pós-produção Audio

Big Bit

João Megre

Layout & Design

RoughCut

David Gabriel

produção RTP  - Vitrimédia (Diogo Queiroz de Andrade) e Desmedida Filmes (Maria João Guardão)

 

 

02.02.2011 | by martalanca | Eu Sou África