“Tocar a palavra com a língua”, Deborah Uhde e a dupla Marta Sala e Cheong Kin Man

“Tocar a palavra com a língua,” refere a agência da linguagem como evento sensorial, gesto, poder narrativo e espontaneidade linguística. A língua, experiência corporal e orgânica de um impulso suave e viscoso, torna-se voz, ecos de viagens e relatos do indizível, e assim, potencialmente, em espaços de permeabilidade linguística com novas línguas e (des)arquivos da ausência que, por sua vez, se condensam em iconografias de um novo tempo: o dos vocabulários utópicos. Essas experiências de relação entre o exterior e o interior criam espaços transitivos nos signos, ideogramas, variados sistemas de escrita e no movimento dos lábios. Usar a palavra como agência de transformação crítica leva-nos a questionar a força do relato, o destinatário, o contexto e os atos de pertença e posse.
Através do ensaio fílmico Wechselseiten [Page Changes] de Deborah Uhde, da instalação multimédia Apocalypses de Marta Sala e Cheong Kin Man, e do documentário autoetnográfico Uma ficção inútil: a-resposta deste duo, percorremos a interseção de movimentos linguísticos, linguagens (visuais, sonoras, corporais) e as geo-formações do passado e do futuro utópico. Tocar a palavra com a língua traça conexões entre cartografias instáveis, práticas culturais, idiomas inventados e experiências têxteis e textuais em um campo crítico de trânsitos globais desde o início do século XX, como ocupações, relatos coloniais, toponímias e administrações territoriais pós-marítimas. Referimo-nos a vários momentos da história na encruzilhada entre países da Europa e áreas específicas da China, como a zona anteriormente conhecida em alemão como “Kiautschou”, ou ainda, Macau como um território aduaneiro independente.



A dupla de artistas polaco-macaense, Marta Stanisława Sala e Cheong Kin Man, sediada em Berlim, combina têxteis e linguagem para criar línguas construídas como abordagem decolonial. As suas autoetnografias experimentais foram apresentadas no Festival Begehungen (Alemanha), na Fundação Fernando Leite Couto (Moçambique), na Bienal de Macau, entre outros.

Deborah Uhde (Alemanha) é cineasta e artista independente, com um foco especial em filmes experimentais e documentários, bem como em formatos situacionais, como instalações e performances. Também se dedica à redação de críticas, à condução de workshops e formações, e à curadoria de programas de cinema.

Faremos, enquanto dupla juntamente com a Deborah Uhde, um happening com o mesmo título como da exposição: “Tocar a palavra com a língua.”
O Jornal Tribuna de Macau reportou o seguinte, no dia 17 de Outubro de 2024:

[…] Com o fim de promover a igualdade linguística na capital alemã, o duo de Macau e da Polónia expôs a sua nova publicação artística, “Ein halbfiktionaler Crashkurs zur Orakelschrift” (em português, “Um Curso Intensivo Semi-Fictício sobre a Escrita Oracular”), com 24 posturas humanas ilustradas directamente inspiradas na antiga escrita chinesa.
“Beleza é relação de poder”, “o homem (o rato) é a Natureza” ou ainda “o homem (o rato) é o mundo que este pode imaginar” são algumas das declarações artísticas de Cheong e Sala que acomodaram os antiquíssimos ideogramas chineses “belo”, “homem” e “céu”.
Usado para incentivar o público comunicar com o corpo, o trabalho foi originalmente concebido para o mais recente “happening” artístico de línguas fictícias da dupla no seio do “Festival para o Bem-Estar Urbano… em redor do Bunker dos Ratos” em Setembro na capital alemã, tendo o apoio do Senado de Berlim. A mesma iniciativa terá lugar no Atelier Artéria de Lisboa, em 22 de Novembro, a convite e com a curadoria de Lorena Tabares Salamanca.

///

Instagram

10.11.2024 | by martalanca | Cheong Kin Man, Marta Sala

Trinh T. Minh-ha no Doc's Kingdom

Doc’s Kingdom – Seminário Internacional de Cinema Documental realiza-se pela segunda vez consecutiva em Odemira, de 19 a 23 de novembro 2024, para repensar o cinema documental a partir da perspetiva do som. A reconhecida cineasta vietnamita Trinh T. Minh-ha é uma das principais convidadas da edição e também irá marcar presença em três eventos em Lisboa após o Seminário.
Durante cinco dias, o Doc’s Kingdom apresenta um programa que inclui filmes, debates, instalações e performances sonoras, propondo uma reflexão aprofundada sobre cinema de não-ficção e o seu papel na atualidade. O Seminário, que sob direção de Marcia Mansur se consolida como um espaço de encontro internacional em Odemira, é um momento de discussão crítica e interdisciplinar.

Repensar o mundo através do som: o programa “Formas de Escutar”

A curadoria da edição de 2024 está a cargo de Stoffel Debuysere, programador da plataforma belga Courtisane, que foi selecionado através de um concurso público internacional. Com o título “Formas de Escutar” (“Ways of Listening”), o programa procura desviar o foco habitual na imagem e explorar a dimensão crítica do documentário a partir da escuta. Entre os convidados estão Trinh T. Minh-ha, Trevor Mathison e Gary Stewart, Ernst Karel, Matilde Meireles, Alison O’Daniel e Susana de Sousa Dias.
A presença de Trinh T. Minh-ha (1952, Hanói) é um dos momentos mais aguardados. Residente nos EUA desde os anos 1970, Minh-ha é uma referência incontornável na interseção entre cinema, questões pós-coloniais e feministas, desafiando formatos documentais e normas culturais de representação. 

Trevor Mathison (1960, Londres), co-fundador do Black Audio Film Collective, também estará presente com Gary Stewart, parceiro no projeto Dubmorphology. A programação inclui ainda obras e performances ao vivo de Ernst Karel (1970, Palo Alto), conhecido pela sua prática em música eletroacústica e som para documentário, e uma performance sonora inédita de Matilde Meireles, desenvolvida em Odemira com sons captados no local. Completam a lista de artistas e cineastas convidados Susana de Sousa Dias (1962, Lisboa), que apresenta novos trabalhos e uma sessão pública no âmbito dos 50 anos do 25 de abril, e Alison O’Daniel (1979, Miami), com o filme The Tuba Thieves (2023), exibido em Sundance, CPH:DOX e DOK Leipzig.

Trinh T. Minh-ha, Naked Spaces - Living Is Round (1985). Cortesia da realizadora e Arsenal.Trinh T. Minh-ha, Naked Spaces - Living Is Round (1985). Cortesia da realizadora e Arsenal.

Sessões de cinema e eventos abertos ao público

À semelhança das edições anteriores, o programa é mantido em segredo até ao início de cada sessão e a participação em todas as atividades do Seminário é garantida mediante inscrição prévia. Este ano, no entanto, o Doc’s Kingdom expande a sua programação de sessões abertas ao público, incluindo a sessão de abertura (terça-feira, 19) com What About China?, o filme mais recente de Trinh T. Minh-ha, no Cineteatro Camacho Costa, e a sessão de encerramento (sábado, 23) que contará com uma performance sonora da dupla Dubmorphology, no Mercado Municipal.

Entre as sessões de cinema de livre acesso destacam-se ainda 48 de Susana de Sousa Dias (2009), para assinalar os 50 anos do 25 de Abril; Handsworth Songs do Black Audio Film Collective (1986), um ensaio experimental que aborda questões raciais e políticas; e Meezan de Shahab Mihandoust (2023), com desenho sonoro de Ernst Karel.

Além das sessões, será apresentada na Igreja da Misericórdia a exposição Expeditions, com uma instalação fílmica do Black Audio Film Collective, de 19 a 21 de novembro.

Três sessões imperdíveis com Trinh T. Minh-ha em Lisboa

Após o Seminário, Trinh T. Minh-ha apresentará o seu trabalho em três encontros em Lisboa. No dia 24 de novembro, às 18h, a Fundação Oriente será exibido What About China? (2022). No dia seguinte, a cineasta apresenta uma Masterclass no auditório da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, às 17h, seguida de uma conversa com Catarina Alves Costa. Por fim, a Cinemateca Portuguesa exibe, ainda no dia 25 de novembro, às 21h30, a nova cópia restaurada da longa-metragem Naked Spaces – Living Is Round (1985).

SESSÕES ESPECIAIS E GRATUITAS EM ODEMIRA
Terça-feira, 19 Novembro
15h-18h | Igreja da Misericórdia
Instalação: Expeditions (Black Audio Film Collective)
(continua de 20 a 21 Novembro, 12h-18h)

18h | Cineteatro Camacho Costa
Sessão de Abertura: What About China? (Trinh T. Minh-ha, 2022, 135’)
Quinta-feira,  21 Novembro
Cineteatro Camacho Costa
14h30 | 48 (Susana de Sousa Dias 2009, 93’)
21h45 | Handsworth Songs (Black Audio Film Collective,1986, 60’) 
Sábado, 23 Novembro
14h30 | Cineteatro Camacho Costa
Meezan (Shahab Mihandoust, 2023, 72’)
21h30 | Mercado Municipal de Odemira
Sessão de Encerramento: Performance Dubmorphology (Trevor Mathison & Gary Stewart)
AGENDA TRINH T. MINH-HA EM LISBOA 
Domingo, 24 Novembro 
18h | Fundação Oriente 
Sessão gratuita do filme What About China? (Trinh T. Minh-ha, 2022, 135’)
Segunda-feira, 25 Novembro
17h | Auditório da Faculdade de Belas Artes 
Conferência de Trinh T. Minh-ha, seguida de conversa com Catarina Alves Costa
21h30  | Cinemateca Portuguesa 
Sessão Naked Spaces: Living is Round (Trinh T. Minh-ha, 1985, 135’) 
Exibição de cópia restaurada, com apresentação da realizadora.

Mais informação em: www.docskingdom.org.

08.11.2024 | by martalanca | doc's Kingdom, Trinh T. Minh-ha

“Sacrifício Renascimento”, de Paulo Kapela

 Vamos apoiar a memória e a obra original do Mestre Kapela! Vamos apoiar a Arte Contemporânea Angolana! Paz e Amor!

Exposição no ELA-Espaço Luanda Arte, visitável de terça e domingo, das 12h às 20h, e até 29 de Janeiro 2025.

Kapela Paulo nasceu em Maquela do Zombo, no Uíge, Angola em Abril de 1947. Para além de ter vivido na sua terra-natal Angola, também viveu na República Democrática do Congo e na República do Congo, em Brazzaville, aonde foi aluno da escola endógena ´Poto-Poto´. Regressou a Angola em 1989 e assentou-se em Luanda, primeiro no edifício da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), depois no Beiral, e depois de forma auto-suficiente numa casa no Palanca e depois na Vila Alice.

Kapela Paulo expôs internacionalmente desde 1995, tendo participado em exposições como “Africa Remix, que viajou por Londres (Reino Unido), Paris (França), Tóquio (Japão), entre outras cidades. Em 2003 venceu o Prémio CICIBA (Centro Internacional de Civilizações Bantu), em Brazzaville. Em 2007 participou na mostra “Check List Luanda Pop” na 52ª Bienal de Veneza, Itália. E em 2009 sua obra fez parte da mostra da 2ª Trienal de Luanda, Angola e, ainda no mesmo ano, sua obra fez parte da Exposição Colectiva “Luanda Smoth and Rave”, França. Em 2013, a sua obra esteve exposta na Exposição Colectiva “No Fly Zone, no Museu Coleção Berardo, Portugal. Em 2015 realizou a sua primeira Exposição Individual de sempre em Angola de nome “Kapela”, na Galeria Tamar Golan, Luanda. Ainda em 2015 apresentou a Exposição Individual “Entre Suplícios na Galeria Hall de Lima Pimentel, também em Luanda. Em 2016 realizou uma Exposição Colectiva no ´ELA-Espaço Luanda Arte´ de nome “Velhos Papéis, Novas Histórias” sob a plataforma ´Pop-Up Mash-Up´ em conjunto com o Artista Angolano Binelde Hyrcan. Em 2017 realizou uma Exposição Individual no ´ELA-Espaço Luanda Arte´ de nome “Luvuvamu + Nzola  I  Paz + Amor”. Em 2018 viajou para Congo Brazzaville, que não visitava há 50 anos, e esteve na ´Escola Poto-Poto´ - após o qual realizou a Exposição Individual “Regresso a Poto-Poto no ´ELA-Espaço Luanda Arte´. Em 2019 expôs sua obra no Camões de Luanda numa mostra com o título simbólico “Regresso à UNAP” que veio a ser a sua última exposição em vida.

Em Outubro 2020 a sua enorme mestria foi reconhecida com a atribuição do ´Prémio Nacional de Cultura e Artes (PNCA)´ 21ª edição - ficou muito feliz com esse reconhecimento. Tragicamente, Kapela Paulo faleceu em Novembro 2020 devido a complicações com o Covid-19, e deixou um enorme vazio entre familiares, amigos, colegas e o público em geral que o reconhece como o ´Pai Spiritual´ da Arte Contemporânea de Angola.

O ´ELA-Espaço Luanda Arte´ é um espaço de arte contemporânea com mais de 9 anos de existência. Re-emergiu em 2022 no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa, situado na Rua Alfredo Troni 51/57, na baixa de Luanda ao lado do Ministério das Relações Exteriores. 

08.11.2024 | by martalanca | Mestre Kapela

Abertura do ciclo "Do cinema de Estado ao cinema fora do Estado - Angola"

07.11.2024 | by martalanca | angola, cinema

Ciclo de Debates “Dados Étnico-Raciais: O que se perdeu”

O Projeto AGRRIN - Corpos geradores: da agressão à insurgência. Contributos para uma pedagogia decolonial (DOI 10.54499/2022.06269.PTDC), o SOS Racismo, o Coletivo Andorinha e a Diásporas convidam para o Ciclo de Debates “Dados Étnico-Raciais: O que se perdeu”. Tal iniciativa nasce do desejo de recuperarmos o relevante debate público sobre a recolha de dados étnico-raciais nos Censos portugueses. A proposta divide-se em quatro encontros, que buscam abordar assuntos como a atual situação do debate, as iniciativas alternativas de auto-mapeamento, as possíveis repercussões em termos de políticas públicas e as experiências de recolhas internacionais.

O primeiro encontro, “O que (não) aconteceu: a luta pela recolha de dados”,  ocorrerá em 08 de novembro de 2024 na sede do SOS Racismo (R. Dom Luís de Noronha 17, Lisboa) às 18h30. A apresentação do ciclo de debates ficará a cargo de Lou Loução (SOS Racismo) e da Professora Doutora Judite Primo (AGRRIN - Corpos Geradores).

Para refletir sobre os caminhos percorridos até aqui na luta pela recolha de dados étnico-raciais e a fim de pensar propostas para a recuperação desta pauta, convidamos para este primeiro encontro Anabela Rodrigues (GTO-LX; Solidariedade Imigrante), Mamadou Ba (SOS Racismo) e Piménio Teles (SOS Racismo). O debate contará com moderação de Thaís Brito (Coletivo Andorinha; Diásporas)

06.11.2024 | by martalanca | Dados Étnico-Raciais

LEFFEST 2024 __ Secção Palestina

Nesta edição dedicamos uma secção especial à PALESTINA. Como festival internacional de cinema, consideramos uma obrigação reflectir sobre a história deste país e o seu presente.

Para além de uma selecção de filmes, alguns acompanhados pelos seus realizadores, temos a honra de receber algumas das figuras mais importantes na defesa da causa palestiniana,  e com as quais o público terá a oportunidade de interagir, tal como Leila Shahid, pensadora, antiga representante da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e eterna militante; Elias Sanbar, historiador,  tradutor da obra de Mahmoud Darwish, antigo embaixador da Palestina na UNESCO e tanto mais; e Nida Ibrahim, jornalista e correspondente da Al Jazeera na Cisjordânia, que conversará com a jornalista e escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho.

Este programa contará também com a exposição In-Between, do artista gazeu Khaled Jarada, que explora o desconforto de estar entre mundos, reflectindo sobre o seu próprio exílio. A exposição será inaugurada no dia 10 de Novembro no Teatro do Bairro às 19h, que será seguida de uma noite de poesia na qual Mariam Said recitará poemas inéditos do seu falecido marido, Edward Said. Nesta leitura evocaremos Mahmoud Darwish e daremos voz a poetas palestinianos contemporâneos.

No dia 11 de Novembro poderá assistir a um concerto de solidariedade com o povo palestiniano – Make Freedom Ring – Concerto pela Palestina – cujos fundos reverterão para a organização Médicos Sem Fronteiras.

Aproveitamos também para destacar dois eventos que, apesar de não estarem incluídos no programa dedicado à Palestina, estão interligados e, deste modo, poderão ser de igual interesse:

  • Uma conversa via Zoom com Slavoj Žižek, moderada pelo realizador Udi Aloni, sobre a representação da guerra e do genocídio na imprensa e a influência que essa representação exerce – no dia 9 de Novembro às 19h no Liceu Camões;
  • Uma noite dedicada ao Líbano onde será exibido o filme Whispers de Maroun Bagdadi, seguida de um concerto com Charif Megarbane –  no dia 12 de Novembro às 22h no Teatro do Bairro.

03.11.2024 | by martalanca | leffest, palestina

Kabeça Orí

Uma criação de Aoaní e Joyce Souza, o espetáculo terá estreia absoluta n’O Espaço do Tempo, em Montemor-o-novo no âmbito do Festival ETFEST 15 de Novembro às 21h, com reposição no dia 16 às 16h. ENTRADA GRATUITA

Kabeça Orí surge do encontro das artistas transdisciplinares Aoaní, natural de São Tomé e Príncipe e Joyce Souza, nascida no Guarujá-SP, Brasil. Ambas mulheres negras, mestres em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema, doutorandas pela Universidade de Coimbra e que vivem atualmente em Lisboa.

O projeto Kabeça Orí raia depois de ser selecionado pelo programa Kilombo, de curadoria das Aurora Negra para o Alkantara Festival 2023. Foi esta residência artística que possibilitou o desenvolvimento da pesquisa e sua fundamentação teórica. Dela resultou uma vídeo performance que foi apresentada no supracitado festival. Essa pesquisa, orientou a criação do objeto performativo inédito, no caso, o espetáculo teatral que agora apresentamos.

Kabeça Orí é um dos projetos aprovados na 4ª edição das Bolsas de Criação na área das Artes Performativas Contemporâneas, promovidas pelo O Espaço do Tempo, com o apoio do Banco BPI e da Fundação “la Caixa”. O projeto é também financiado pela República Portuguesa - Cultura I DGARTES – Direção Geral das Artes e tem os apoios da Biblioteca de Alcântara, Câmara de Almada, Centro de Experimentação Artística - Câmara da Moita, RDP África, Buala e STP Digital.

Ficha Artística

Criação e performance: Aoaní e Joyce Souza Dramaturgia: Monalisa Silva
Música: Xullaji
Operação de Som: Sara Marita Percussionista: Emile Pereira

Iluminação: Ariene Godoy
Cenário e figurino: Neusa Trovoada
Fotografia: Joniricos
Produção executiva: Nig d’Alva
Produção: Associação Orí - Negritudes em Convergência Espiralar Co-produção: O Espaço do Tempo

Biografias

Aoaní (1984), é atriz, performer, dramaturga, encenadora, produtora e jornalista. Natural de São Tomé e Príncipe, vive em Lisboa. Licenciada em Comunicação Social- Jornalismo, pela FANOR, Fortaleza -CE / Brasil (2009), é Mestre em Teatro – Artes Performativas, pela ESTC, em Lisboa (2022) e Doutoranda em Estudos Fílmicos pela FLUC. Viveu em Angola, onde trabalhou quase uma década na área da comunicação social, atuando como jornalista, editora e assessora de comunicação. Em 2012 publicou uma coletânea de crónicas intitulada Miopia Crónica pela editora Chá de Caxinde. Em 2017 mudou-se para os Estados Unidos da América, onde frequentou aulas de interpretação para teatro e para câmara no Owens Community College e na Starbound Talent - Toledo, Ohio. Desde então tem trabalhado como atriz em teatro, cinema e audiovisual, com nomes como Zia Soares, Xie Xiaodong e Jeremy Meier.

Além dos Estados Unidos, os seus trabalhos também já foram exibidos em Portugal, Alemanha, Itália e China. Mantém-se ligada à comunicação como colaboradora do programa Avenida Marginal, da RDP África e do Buala.

Joyce Souza (1987), artista transdisciplinar e educadora. Natural do Guarujá- São Paulo - Brasil, vive em Almada. Doutoranda em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra. É mestre em artes performativas (ESTC-IPL). Licenciada em educação artística (FPA) e em teatro (EAD-ECA-USP).

No Brasil atua profissionalmente desde 2009 como atriz, mediadora cultural e docente. Em Portugal desde 2018, publicou artigos ligados a práticas teatrais, educativas e anti-racistas bem como o e-book “Carapinha. Uma encruzilhada Afro Luso Tupiniquim”. Integrou diversos espetáculos teatrais, destacando o projeto “descobri-quê?” dirigido por José Nunes, Cátia Pinheiro e Dori Nigro, inserido na programação da Odisséia Nacional do TNDMII, onde atua como intérprete e formadora. O projeto recebeu o Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2024. Realizadora e performer ao lado de Aoaní Salvaterra da vídeo performance “Kabeça” exibida no Brasil, Austrália, Estados Unidos, Argentina, Roménia, Alemanha, São Tomé e Príncipe. Sendo indicada como melhor curta experimental no Brazil New Visions Film Fest e no festival Pebblesundergroud recebeu o prêmio do Júri e da Audiência. Atualmente ministra a formação “Encruzilhadas Artísticas para Criar, Resistir e Subverter” promovido pelo TNDMII e outros projetos artístico-pedagógicos.

02.11.2024 | by martalanca | Kabeça Orí

TAGV e A Escola da Noite promovem segundo Ciclo Afro-Portugal

O Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e A Escola da Noite organizam, entre 1 e 15 de Novembro, a segunda edição do Ciclo Afro-Portugal. A iniciativa visa dar visibilidade à criação artística da população negra e afro-descendente residente em Portugal, com um programa que acontece em vários espaços da cidade e inclui teatro, música, cinema, artes visuais, literatura, performances, várias conversas e debates e um colóquio internacional. A exposição de jovens artistas plásticos “Novos Territórios”, o concerto de Prétu e o espectáculo do Teatro Griot são alguns dos destaques da programação.
Dois anos depois da sua primeira edição, o Ciclo Afro-Portugal está de regresso à cidade de Coimbra, desta feita com uma equipa alargada de curadoras/es, constituída por Catarina Martins (Universidade de Coimbra, Portugal), Hamilton Francisco – Babu (artista plástico, Angola), Madalena Bindzi (História da Arte, Portugal), Marinho Pina (arquitecto e performer, Guiné-Bissau) e Yara Nakahanda Monteiro (escritora, Angola). Procura-se, segundo os responsáveis pela programação, pensar “as complexidades quer dos movimentos memorialísticos, quer da circulação
de identidades, na imaginação de futuros protagonizada por artistas negros/as. Interrogar-se-á a própria questão da negritude e da afrodescendência, a partir de trabalhos artísticos que partem dos ‘passados para futuros mais que perfeitos’.” A programação inclui 20 iniciativas e envolve directamente mais de 30 artistas, mediadores/as e programadores/as culturais, de todas as gerações e de vários países de língua portuguesa.
Após o debate “As Identidades são um Banquete Móvel” (1 de Novembro, 17h00, Café TAGV, com Xullaji, Yara Nakahanda Monteiro, Madalena Bindzi e Maria Lobo), o programa do primeiro dia prevê a inauguração da exposição de artes visuais “Novos Territórios”, com obras que quase uma dezena de jovens artistas afro-descendentes e que ficará patente ao público até 15 de Novembro (Casa da Esquina).
No dia 2 de Novembro, sábado, pelas 21h30, Prétu (Xullagi) apresenta no palco do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB) o concerto Kanhon di Boka. Os bilhetes custam entre 5 e 10 euros e já podem ser comprados, no teatro ou na ticketline.
Na segunda e na terça-feira, dias 4 e 5 de Novembro, as noites são dedicadas ao cinema, também no TCSB. No primeiro dia, a sessão inclui a exibição de quatro curtas-metragens: “No Antigamente do Tarrafal”, de Miguel Petchkovsky (Cabo Verde), “Vou Mudar a Cozinha”, de Ondjaki (Angola), “Skola Di Tarafe”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges (Portugal/Guiné-Bissau) e “Latitude Fénix”, de Welket Bungué (Portugal/São Tomé e Príncipe). Miguel Petchkovsky e Raquel Lima participam numa conversa com o público, moderada por Marinho Pina. No dia 5 de Novembro, é exibido o filme “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, documentário que nos transporta até Unal, uma aldeia de produtores de arroz cujos habitantes tiveram um papel decisivo na luta de libertação da Guiné-Bissau contra o colonialismo português. A antropóloga e co-realizadora deste filme participa numa conversa com o público, igualmente moderada por Marinho Pina. Ambas as sessões têm entrada gratuita.
A 9 de Novembro, sábado, pelas 21h30, a companhia Teatro Griot regressa a Coimbra para apresentar “Ventos do Apocalipse”, espectáculo estreado em 2023, com encenação e texto de Noé João, escrito a partir do romance homónimo de Paulina Chiziane. Os bilhetes custam entre 5 e 10 euros e podem ser comprados no TCSB ou na ticketline ou reservados pelos contactos habituais do Teatro.
Para o público infantil e familiar, o ciclo propõe a sessão de histórias “Inventando Griots”, pelo Colectivo Cont[estas]tórias (Marinho Pina e Cláudia Rocha), a 2 de Novembro, pelas 11h00, no TCSB. No mesmo local, uma semana depois, o artista plástico Helénio Mendes dirige uma oficina de graffiti para crianças entre os 6 e os 10 anos. As duas iniciativas integram o programa “Sábados para a Infância no TCSB”.
Uma sessão especial do Clube de Leitura Teatral centrada na obra “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon (dirigida por Noé João a 5 de Novembro, às 18h30, na Cena Lusófona), uma masterclass sobre o percurso artístico do Teatro Griot (6 de Novembro, 11h00, na Cena Lusófona), a performance “Mercado Paralelo”, por Hamilton Francisco (6 de Novembro, 18h30, no TCSB), a instalação “Varal Digital – poemas de Yara Nakahanda Monteiro”, por Alex Lima (vários locais e horários) e uma Feira do Livro itinerante pelos vários locais das iniciativas completam o programa artístico do Ciclo.

A mediadora cultura Raja Litwinoff profere uma palestra sobre o tema “Doação de Livros para África — Experiências e Desafios” (Faculdade de Letras da UC, 6 de Novembro, 16h00) e participa no debate “Panorama das Artes Africanas e Afro-descendentes em Portugal” (Café TAGV, 7 de Novembro, 18h30), com os programadores Carlos Antunes (Círculo de Artes Plásticas / Bienal Ano Zero) e José Miguel Pereira (Jazz ao Centro). O dia 8 de Novembro, sexta-feira, é integralmente dedicado ao colóquio internacional “Pensar para melhor agir e agir para melhor pensar: O papel das ideias, imaginários e ações africano-diaspóricas nas transformações globais”, organizado por alunos de doutoramento da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. As sessões deste colóquio terão lugar no Teatro Paulo Quintela (10h00 – 13h00) e no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (14h30 – 17h30).
O Ciclo Afro-Portugal é uma co-produção do TAGV e d’A Escola da Noite no âmbito da Rede Portuguesa de Teatros e Cine-Teatros e conta com a apoio da Casa da Esquina, da Cena Lusófona, da Casa da Cultura da Guiné-Bissau, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas e do Centro de Arqueologia e Artes da FLUC.

31.10.2024 | by martalanca | Catarina Martins, Ciclo Afro-Portugal, Raja Litwinoff

Casa Odara celebra o Mês da Consciência Negra com uma série de eventos no Porto

Para celebrar o Mês da Consciência Negra, a Casa Odara organiza uma série de eventos durante novembro, promovendo a reflexão, o reconhecimento e a celebração da cultura afro-brasileira e africana no Porto. A programação visa fomentar o diálogo e o encontro, reafirmando a presença e resistência negra na cidade. Com uma agenda rica em debates, exibições, workshops e um sarau aberto, o espaço convida a todos para participar dessas atividades culturais e fortalecer o movimento coletivo e o direito à expressão cultural e artística da comunidade negra. A proposta ganha corpo e matéria no encontro com o MIA - Mês da Identidade Africana, promovido pela Bantumen, além do apoio de organizações como a UPTEC Baixa, a Associação AMOR, a Lereby Produções, a Lata Filmes e Elo Studios.

A programação inicia-se no dia 2 de novembro com o evento de abertura,  ‘Diálogos Feministas Transatlânticos’, com a autora e feminista brasileira Yasmin Morais, fundadora do projeto Vulva Negra, com mediação da artista moçambicana Inês Mutaca. Nesse evento, Yasmin Morais, que está em turnê pela Europa, trará discussões sobre questões caras ao movimento das mulheres como a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, o avanço da extrema-direita no mundo, a criação de estratégias para a nossa preservação e a importância do amor na vida das mulheres.

Já no dia 9 de novembro, no auditório da UPTEC Baixa, haverá uma sessão gratuita do filme “Medida Provisória” (2022, 94´), dirigido por Lázaro Ramos, ainda inédito nos cinemas do Porto. Após a exibição, haverá um debate com integrantes da Casa Odara e convidados especiais, que abordarão os temas centrais do filme, que propõe uma discussão profunda sobre identidade, direitos e pertencimento em um contexto distópico.

No dia 16 de novembro, às 17h00, acontece o workshop “Simbologia dos Òrìṣà” com Jorge Ciprianno, dançarino e estudioso da dança com base na influência dos elementos da natureza e da ancestralidade Africana Yorùbá na Diáspora Brasileira. A proposta busca oferecer aos participantes uma experiência imersiva, tanto cultural quanto artística, nas danças tradicionais dos Òrìṣà, figuras centrais das religiões afro-brasileiras.

Encerrando a programação, no dia 30 de novembro, a Casa Odara realiza a primeira edição do Sarau Afroafetos. Esse evento será um espaço aberto para artistas negros de todas as linguagens compartilharem suas expressões, construindo um encontro de celebração por meio das artes, corpos, vozes e afetos. Inspirado na trajetória e na resistência coletiva que fundamenta a Casa Odara nos seus pouco mais de um ano de existência, o Sarau Afroafetos promete ser um momento de conexão, alegria e fortalecimento.

Ainda que a comemoração do dia da consciência negra ainda não tenha se tornado oficial em Portugal, com suas raízes brasileiras, a Casa Odara reafirma, com essa programação, o compromisso de manter e ampliar espaços de resistência, dignidade e liberdade no Porto. Os eventos convidam a comunidade a celebrar a herança e a diversidade cultural afrodescendente e ressaltam a importância da coletividade e da expressão livre como ferramentas para o reconhecimento e a valorização do povo negro na sociedade. 

SERVIÇO Contato: Gabriela Carvalho - gestora cultural cultura.casaodara@gmail.com / +351 910969768

Realização: Casa Odara

Rua dos Mártires da Liberdade, 126, Porto

31.10.2024 | by martalanca | Casa Odara, consciência negra

Maria India – Genealogias de Migração e Colonização

Festival Olhares do Mediterrâneo

Fora de Competição |||||||| SEX 1 NOV · 15:30 · Cinema São Jorge, Sala 2 // Seguido de Debate

Maria India – Genealogias de Migração e Colonização 
The Colour of Labour  Portugal, Angola · Doc. · 2023 · 45’ 

Através de um registo de nascimento a bordo de um navio que transportava colonos migrantes da Madeira para o sul de Angola em 1884, e com a ajuda de um túmulo encontrado em Humpata (Angola), Maria India revela a sua existência à antropóloga Cristiana Bastos e lidera o relato da complexa história dos assentamentos, da resistência e das relações interétnicas no sul de Angola desde o final do século XIX.

Argumento Screenplay Cristiana Bastos
Produção Production Cristiana Bastos, The Colour of Labour, Production team in Angola, Kamy Lara, Lueji Lara 1
Fotografia Cinematography Isabel Noronha, Carlos Vieira, Kamy Lara, Nuno Barreto
Montagem Editing Um Segundo Filmes, Cristiana 
Música Music Serge Quadrado, Mattia Vlad Morleo, Anbr, Nadaz, Migra, Charlie Ryan
Direcção de Arte Art Director Isabel Noronha, Kamy Lara, Nuno Barreto
Som Sound Kamy Lara,  Nuno Barreto, Carlos Vieira
Com With Maria India, descendants Regina, Rita, Joana Azevedo, José Azevedo, Rosa Melo, Carlos Major, Pe Vitorino Muntandela, Pastor Tchamukwavo, Rui Telles, Vivalda Arrimar, Teresa Baptista, Kim Silva, Maria Fortunato, Nanda, Fael, Ildeberto Madeira, Sergio Sousa, Jacinta Nobrega, Cristiano Freitas, Gilberto Correia, Helder Costa,
Distribuição Distribution Um Segundo Filmes /The Colour of Labour

 

 

28.10.2024 | by martalanca | Olhares do Mediterrâneo

Spillovers

ALTERAÇÃO À PROGRAMAÇÃO

A performance Spillovers, com apresentações previstas para os dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, será substituída devido à partida precoce e inesperada de uma das artistas deste espetáculo. Teresa Ves Liberta, parte vital da comunidade fabulada em Spillovers e das nossas vidas, faleceu no dia 3 de outubro. Para respeitar o luto da equipa e na impossibilidade de performar a peça na sua ausência, irá ser apresentado um programa complementar com outros materiais e desdobramentos deste projeto.

Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, será projetada a curta-metragem de ficção Spillovers, corealizada por Ritó Natálio e Aline Belfort. O filme, vencedor do Prémio Casa Comum do Queer Porto 2024, convida-nos a entrar no universo deste mundo inventado, e será apresentado em sessão dupla, com mais uma curta-metragem que reúne outros momentos fílmicos que incorporavam a performance original.
Em todos os dias teremos a apresentação da publicação bilingue Spillovers que reúne o texto original da performance e outras textualidades e iconografias desta criação.
O livro conta com design de Maura Grimaldi e desenhos de Odete.

Programa diário
Apresentação do livro Spillovers, leitura coletiva e conversa com o público.
Visualização da curta Spillovers e das intervenções fílmicas originais na performance.

A construção de Spillovers parte de Lesbian peoples: material for a dictionary. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político. Ritó Natálio constrói uma fabulação desta obra icónica do feminismo lésbico, sob a forma de uma conferência a várias vozes onde se experimenta um glossário transfeminista em diálogo com a memória deste livro. “Spillovers” são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para lidar com a violência ecológica e, eventualmente, para produzir água. Esta performance-filme, estreada e coproduzida em Portugal pelo Batalha Centro de Cinema em 2023, foi desenvolvida coletiva e cumulativamente, com colaborações de diferentes “spillovers”, além de toda uma rede de iconografias e textualidades que transbordam as cosmovisões desta comunidade inventada.

31 outubro a 2 novembro quinta a sábado, 19h30, Sala Mário Viegas 

28.10.2024 | by martalanca | Ritó Natálio, Spillovers

Concerto: Bonga. Em homenagem a Mário Pinto de Andrade

Concerto inédito no Teatro Tivoli BBVA do músico angolano Bonga, em homenagem ao político, escritor e poeta Mário Pinto de Andrade, sobre o qual Billy Woodberry realizou o filme Mário, que se estreia no LEFFEST’24. A primeira parte do concerto contará com a leitura de poemas de Mário Pinto de Andrade por Isabél Zuaa.

15 de Novembro, 21h Teatro Tivoli BBVA Espectáculos Preço: 15€. Bilhetes disponíveis aqui.

28.10.2024 | by martalanca | Bonga, Mário Pinto de Andrade

SPILLOVERS Ritó Natálio

São Luiz Teatro Municipal 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, sempre às 19h30
Exibição da curta-metragem (Prémio Casa Comum, Queer Festival 2024) e lançamento e leitura coletiva de publicação bilíngue. Programa em homenagem à Teresa Ves Liberta.

A construção de Spillovers parte de Lesbian peoples: material for a dictionary. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político. Ritó Natálio constrói uma fabulação desta obra icónica do feminismo lésbico onde se experimenta um glossário ecotransfeminista em diálogo com a memória deste livro. Spillovers são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para a criação de alternativas para problemas ecológicos atuais e, eventualmente, para a produção de água.

Este glossário foi escrito em 2020, por meio de práticas de escrita e de práticas somáticas, e sob a influência de referências históricas do feminismo lésbico e do transfeminismo, assim como por uma recolha expandida de símbolos e iconografias. O processo deu origem a uma leitura performativa a solo de Ritó (2021) e a um projeto coletivo de performance-filme coproduzido pelo Cinema Batalha em 2023, este último com três apresentações previstas na Sala Mário Viegas do Teatro Municipal São Luiz.

Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, na Sala Mário Viegas do São Luiz Teatro Municipal, será projetada a curta-metragem de ficção Spillovers, corealizada por Ritó Natálio e Aline Belfort. O filme, vencedor do Prémio Casa Comum do Queer Porto 2024, convida-nos a entrar no universo deste mundo inventado, e será apresentado em sessão dupla com outros momentos fílmicos que incorporaram a performance original com Alina Ruiz Folini, Josefa Pereira, Teresa Ves Liberta, Odete, Aline Belfort e Liz Rosenfeld, e ainda entrevistas com Lui L’Abbate, Eríc Santos e Geni Nuñez

Todos os dias, haverá também a apresentação da publicação bilíngue homónima, que reúne o texto original de Spillovers e outras textualidades e iconografias desta criação. O livro conta com design de Maura Grimaldi e desenhos de Odete e Josefa Pereira, e será lido coletivamente.

A alteração do programa – que inicialmente incluía a performance Spillovers – deve-se à partida precoce e inesperada de Teresa Ves Liberta, parte vital da comunidade fabulada em Spillovers e das nossas vidas. Para respeitar o luto da equipa e a impossibilidade de performar a peça na sua ausência, um programa alternativo foi pensado para contemplar outros materiais e desdobramentos deste projeto, que dedicamos à Teresa e a toda a sua rede de afetos e pessoas queridas. Nas palavras de Lui L’Abbate: Venham pelo escuro, com os corações abertos. Se o medo tomar conta, peçam ajuda. Amem pessoas trans, digam a elas. Verbalizem o afeto enquanto ainda há tempo. Sobreviver é nossa maior arma. Sobreviver é nosso maior afronte. 

Mais informações e bilhetes em https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/spillovers/.

26.10.2024 | by martalanca | SPILLOVERS Ritó Natálio

Escritos e Cinema de Arthur Omar: afrografias, corpo-tela e tempo espiralar

No dia 5 de novembro, pelas 19h00, tem lugar, na biblioteca do Goethe-Institut em Lisboa, uma apresentação de Ivana Bentes sobre a obra do artista visual Arthur Omar, seguida por uma conversa entre Ivana Bentes e Daniel Oliveira.Ivana falará sobre a linguagem experimental e o cinema brasileiro dos anos 60 e 70 que já tematizavam o “anti-colonial”, o “decolonial” através de “formas que pensam”, para além do discursivo, e contribuem para as linguagens decoloniais de hoje.Utilizará como exemplo o cinema e escritos do Arthur Omar, desde o manifesto o anti-documentário, provisoriamente (1972) até à sua relação com os conceitos afrografias, corpo-tela e tempo espiralar de Leda Maria Martins. Ivana Bentes comentará a curta-metragem A Coroação de uma Rainha (1993), em que Arthur Omar cria “imagens rituais” e de êxtase para documentar a coroação de Dona Alzira, mãe de Leda Maria Martins, e Sonhos e História de Fantasmas (1996), filme que faz a ligação entre o tempo espiralar, quilombos mineiros e o funk carioca.

Organização: Filipa Rosário


Ivana Bentes é pesquisadora na área de Comunicação e Cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea, tem mestrado e doutorado em Comunicação pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde é professora da graduação e da pós-graduação em Comunicação e Cultura. Foi diretora da Escola de Comunicação da UFRJ de 2006 a 2013. Foi Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil de janeiro de 2015 a maio de 2016. É autora dos livros Mídia-Multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas (Mauad X, 2015), Avatar: O Futuro do Cinema e a Ecologia das Imagens Digitais, com Erik Felinto (Sulina, 2010), Glauber Rocha: cartas ao mundo (Companhia das Letras, 1997) e  Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista (Relume-Dumará, 1996). Seus principais temas de interesse e pesquisa são: estética, cinema, audiovisual, novas mídias, midiarte, ativismo, política, pensamento contemporâneo, imaginário social, cultura digital, redes e tecnologias da comunicação.
Daniel Oliveira é mestre em cinema pela Universidade da Beira Interior, onde atualmente cursa o doutoramento em Media Artes. Atuando como crítico desde 2004, é filiado à Associação Brasileira (Abraccine), à Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), e é membro votante do Globo de Ouro desde 2023. É formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialização em História da Cultura e da Arte pela mesma instituição, e pós-graduação em Roteiro para Cinema e TV, pelo Humber Institute, de Toronto. Em Portugal, colaborou no júri de programação do festival Porto Femme, integra a equipe de programadores do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela e atua como tradutor e copywriter para o Curtas Vila do Conde.

24.10.2024 | by martalanca | Arthur Omar, Ivana Bentes

DEBATE As vozes da afrodiáspora em Lisboa

Com Aida Gomes, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, Telma Tvon 

Curadoria e moderação Marta Lança 

11 de novembro 17h - Biblioteca Nacional

Na esfera pública, nas instituições educativas e culturais, na produção de discursos ou na criação de formas artísticas, impõe-se uma maior representatividade de pessoas negras. O imaginário político em tempos pós-coloniais, com as suas inevitáveis tensões, é simultaneamente causa e consequência da voz de novos grupos e de artistas, envolvidos em processos atravessados por várias estratégias. Uma delas assume a forma declarada de um debate, crítico e reflexivo, acerca da produção afro-diaspórica, nas áreas da literatura, cinema e música. 

O campo artístico português será, hoje, um espaço mais diversificado em termos de representação e de produção? Na inscrição de vozes negras, que identidades se vêm reconfigurando e que convenções e cânones vão sendo agitados? O que contam essas narrativas da afro-diáspora sobre momentos cruzados da história portuguesa, angolana e cabo-verdiana? O que pensam da exclusão e ocupação da cidade essas mesmas vozes? A que contextos de migrações acedemos nas diversas linguagens e gerações? Quais as dificuldades e potência das mulheres negras no meio artístico português? De que modo a existência de um racismo estrutural afecta o sector da arte e será que estão ao nosso alcance as ferramentas para o combater? 

A Biblioteca Nacional de Portugal, em articulação com o trabalho desenvolvido pela plataforma BUALA, pretende contribuir para esse debate entre agentes culturais e investigadores, numa perspetiva interdisciplinar.

 

24.10.2024 | by martalanca | afrodiáspora, Kitty Furtado, Noemi Alfieri, Rui Cidra, telma tvon

A Volta ao Mundo em 80 catástrofes - ESPECIAL LISBOA" | Um projeto do coletivo Left Hand Rotation

Toda a gente se lembra das imagens da estátua de Saddam Hussein sendo removida do seu pedestal em Bagdad. Há 50 anos, a ponte Salazar passava a chamar-se ponte 25 de Abril. Mais recentemente, durante um protesto do movimento Black Lives Matter, a estátua do negreiro do séc. XVII Edward Coulson em Bristol foi removida e encontra-se hoje num museu. Em Lisboa, houve os casos de vandalismo na estátua do Padre António Vieira ou do Padrão dos Descobrimentos. Há inúmeros exemplos, quer do passado quer do presente, que demonstram como a memória colectiva em espaços públicos, sendo um reflexo da forma como a sociedade lida com sua história e como essa história é narrada no presente e por quem, pode e deve ser contestada. Que importância simbólica, histórica, social, política têm as estátuas, os monumentos, os memoriais, a toponímia, presentes no espaço público? Quem deve decidir o que será lembrado e como será lembrado? De que forma as mudanças nos valores sociais influenciam a nossa relação com o passado? Estes temas interessam ao MUHNAC dadas as suas responsabilidades de preservação, estudo e resignificação das coleções científicas coloniais portuguesas.

Aproveitando um livro e um filme do coletivo LEFT HAND ROTATION, que será disponibilizado gratuitamente em PDF após o lançamento, vamos procurar debater estas questões.

 PROGRAMA

17h00 - Lançamento do livro 18h00 - Debate: “Erguer. Derrubar. Resignificar” Com: Joacine Katar Moreira (ANASTÁCIA - Centro de Estudos e Intervenção Decolonial), Susana Ferreira, (York University, Toronto) Lorena Tabares Salamanca (Colapso Plataforma Creativa), Coletivo Left Hand Rotation Moderação: Marta Lourenço (MUHNAC-ULISBOA) 18h45 - Exibição do filme 

 

SOBRE O LIVRO “A VOLTA AO MUNDO EM 80 CATÁSTROFES/Especial LISBOA” (2024 / 52 folhas)

Uma edição do coletivo Left Hand Rotation em colaboração com Colapso Plataforma Criativa Este livro-guía turístico irónico sobre Lisboa, mapeia monumento de catástrofes (colonialismo, escravatura, feminicídios, LGTBIFObia, guerras, epidemias, etc) erigidos durante a época do Capitaloceno. SOBRE O FILME: “MONUMENTO CATÁSTROFE” dirigido e produzido pelo coletivo Left Hand Rotation 2022 / 62 mins / Cor / Co-produção: Cósmica

MONUMENTO CATÁSTROFE é um road movie em Portugal, uma viagem pelos espaços da catástrofe (colonialismo, guerras, escravatura, ecocídios, epidemias, feminicídios, etc), num movimento contra a dupla paralisia do desespero e da indiferença. Transitar entre as histórias contidas nos monumentos em memória das mortes coletivas expande o olhar sobre o acontecimento para além da sua capacidade disruptiva, revelando a catástrofe como a manifestação de um processo em curso, o Capitaloceno.

 

+ info. 

21.10.2024 | by martalanca | Left Hand Rotation

Exposição “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário”, no Museu Nacional de Etnologia

A exposição Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades, organizada pelo Centro de Estudos Sobre África e Desenvolvimento (CESA/ISEG-Universidade de Lisboa) e pelo Museu Nacional de Etnologia, pode ser visitada entre 30 de Outubro de 2024 e 2 de Novembro de 2025.

A exposição, concebida e coordenada pela historiadora Isabel Castro Henriques, visa apresentar as linhas de força do colonialismo português em África nos séculos XIX e XX. Tem como objetivos desconstruir os mitos criados pela ideologia colonial, descolonizar os imaginários portugueses e contribuir, de forma pedagógica e acessível, para uma renovação do conhecimento sobre a questão colonial portuguesa.

A exposição, que se integra no quadro das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, organiza-se em torno de textos e imagens que procuram explicar historicamente o fenómeno colonial. Apresenta também uma seleção de objetos de arte africana do Museu Nacional de Etnologia, que evidenciam a força política e criativa das culturas africanas e contradizem as narrativas depreciativas europeias relativas à África, assim como obras de arte africana contemporânea dos artistas Lívio de Morais, Hilaire Balu Kuyangiko e Mónica de Miranda.

Os textos e a seleção de imagens dos painéis desta exposição são da autoria de cerca de trinta investigadores, entre os quais Diogo Ramada Curto, Fernando Rosas, Margarida Calafate Ribeiro, Rosa Cruz e Silva, Victor Barros. A Comissão Executiva, presidida por Isabel Castro Henriques, é composta por Inocência Mata, Joana Pereira Leite, João Moreira da Silva, Luca Fazzini e Mariana Castro Henriques, e a Comissão Científica conta com António Pinto Ribeiro, Aurora Almada Santos, Elsa Peralta, Isabel do Carmo, José Neves, entre outros.

Serão também realizadas, no âmbito deste projeto, exposições itinerantes que circularão por escolas e centros culturais em Portugal e em outros espaços de língua portuguesa, como o Brasil e África.

Por fim, será organizado, ao longo de 2025, no Museu Nacional de Etnologia, um ciclo de conversas intitulado Desconstruir o Racismo, Descolonizar o Museu, Repensar o Saber, onde serão debatidos temas atuais como o conhecimento da historiografia africana, as reparações históricas, as independências africanas e o racismo em Portugal. Será também promovido, em parceria com o CESA/ISEG-UL, o ciclo Cinema e Descolonização, com projeções de filmes relacionados com a realidade pós-colonial, no ISEG e no Museu Nacional de Etnologia.

21.10.2024 | by martalanca | Descolonizar o Imaginário, Desconstruir o Colonialismo

Álbuns de Família. Fotografias da diáspora africana na Grande Lisboa (1975-hoje)

Exposição temporária, com curadoria científica de Filipa Lowndes Vicente e Inocência Mata, reúne fotografias da autorrepresentação da diáspora africana em Portugal. São “álbuns de família” com as imagens que os portugueses afrodescendentes e os africanos registaram de si próprios e das suas comunidades desde 1975, data das independências dos países africanos de colonização portuguesa.

De 28 de abril a 30 novembro de 2024

Horário

Outubro – Fevereiro –   todos os dias das 10h00 às 18h00 (última entrada 17h30)

Março – Setembro – todos os dias das 10h00 às 19h00 (última entrada 18h30)

Retratos da Diáspora. Visões Afro-Lisboetas. 
Visita Conversada 
Por Inocência Mata 
⁠⁠⁠Domingo, 27 de outubro de 2024.  11:00 
Inocência Mata, uma das curadoras da exposição “Álbuns de Família”, conduz uma visita conversada sobre a autorrepresentação de pessoas africanas e afrodescendentes, contrariando a condição de invisibilidade a que muitas ainda estão sujeitas. 

21.10.2024 | by martalanca | Álbuns de Família, FILIPA LOWNDES VICENTE, Inocência Mata

Dahomey, Mati Diop

Novembro de 2021. 26 tesouros do Reino do Daomé estão prestes a deixar Paris para regressar ao seu país de origem, a atual República do Benim. Juntamente com milhares de outros, estes artefactos foram saqueados pelas tropas coloniais francesas, em 1892. Mas que atitude adotar perante o regresso a casa destes antepassados, num país que teve de avançar na sua ausência? Enquanto a alma dos artefactos é libertada, o debate instala-se entre os estudantes da Universidade de Abomey-Calavi.

Benim, França & Senegal  ⁄  2024  ⁄  68’  ⁄  Documentário


O filme vai estrear nos cinemas a 28 de Novembro, mas vai ter uma sessão especial no doclisboa. 

A sessão será no dia 27 de Outubro às 19 horas na Culturgest. 

15.10.2024 | by martalanca | Mati Diop, restituição

Affective Ecologies – A atualidade do pensamento de Amílcar Cabral

  • Quarta, 16:00 Local Estúdio Centro de Arte Moderna Gulbenkian.

Entrada livre

No contexto do projeto Affective Ecologies, uma residência artística que propõe a artistas visuais dos PALOP que reflitam sobre sustentabilidade e comunidade, o CAM acolhe um programa de conversas em que se apresentam os trabalhos desenvolvidos durante este processo.

Em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e tendo como ponto de partida o pensamento de Amílcar Cabral, o projeto Affective Ecologies selecionou quatro artistas para desenvolver intercâmbios durante duas semanas em outubro, num formato de residência artística intensiva, no Hangar – Centro de Investigação Artística, em Lisboa.

A seleção foi feita através de uma open call, que resultou em 68 candidaturas vindas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique ou São Tomé e Príncipe. Em residência, estão Carla Rebelo (São Tomé e Príncipe), Carina Capitine (Moçambique), Wyssolela Moreira (Angola) e Yuran Henrique (Cabo Verde).

Carla Rebelo é uma artista visual autodidata que vive e trabalha em Barcelona, explorando processos de construção identitária através da fotografia, arquivo, vídeo e texto. Para a artista e curadora moçambicana Carina Capitine, o corpo, a natureza e a sensualidade são palco para a materialização da sua imaginação, e a arte é o motor para dar voz às vivências de comunidades marginalizadas.

Wyssolela Moreira é uma artista multidisciplinar e diretora de arte, que utiliza a colagem mixed-media, escrita, fotografia, instalação, têxteis, videoarte e performance para investigar as complexidades de um “Eu” influenciado pela normatividade neocolonial. Por sua vez, o cabo-verdiano Yuran Henrique explora o potencial de materiais como tecidos, aço e pigmentos para a criação das suas obras, promovendo reflexões sobre perceção, representação e formas hegemónicas de conhecimento.

Os resultados desta residência são agora apresentados num programa com curadoria de Cindy Sissokho, Paula Nascimento e Mónica de Miranda, criando um espaço de reflexão sobre o pensamento de Amílcar Cabral através de leituras e palestras.

Mais infos

15.10.2024 | by martalanca | Affective Ecologies, PALOP