COMUNICADO MOVIMENTO NEGRO PANAFRICANO Unidade i Luta: Contra o fascismo, a xenofobia e o neocolonialismo
No dia 21 de setembro, o Movimento Negro e Panafricano em Portugal organiza a Primeira Grande Marcha Cabral, em homenagem ao centenário de Amílcar Cabral, engenheiro agrónomo, filósofo político e um dos líderes das lutas pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Esta marcha visa celebrar o legado de seu pensamento, ainda atual, que nos desafia a dar continuidade, hoje, à luta pelas liberdades.
Afirmamos que o “25 de Abril nasceu em África”, e sabemos que os contributos de Amílcar Cabral foram fundamentais para que as portas desta revolução se abrissem. Por isso, no dia 21 de setembro, descemos a mesma avenida onde, todos os anos, milhares se juntam em celebração do fim da ditadura e do fascismo salazarista, para fazer uma segunda afirmação: Amílcar Cabral está na origem da Revolução dos Cravos, e o 25 de Abril continuará a ser uma celebração incompleta enquanto a sua ausência, assim como dos povos africanos que combateram contra o colonialismo, se perpetuar.
Foi a longa e dura luta dos povos africanos, mormente aquela liderada por Amílcar Cabral em Cabo Verde e na Guiné Bissau, que permitiu não apenas a derrota do fascismo salazarista como uma consciencialização que abriu os caminhos para a democracia em Portugal. Esta resistência unificada foi uma força fundamental, determinante. Sem ela, não haveria o 25 de Abril.
O reconhecimento e a inscrição concreta da figura de Amílcar Cabral na memória e na história da democratização de Portugal — nos manuais escolares, nas datas comemorativas, em monumentos etc. — são formas de reparar a própria história do país e honrar a memória e o trabalho por ele desenvolvido em Portugal.
Inspirados pelo vasto e riquíssimo legado de pensamento e prática de luta anticolonial deste combatente das causas dos povos oprimidos, convidamos todas as pessoas e coletivos em Portugal a participarem ativamente nesta inédita marcha internacionalista, panafricanista e anticapitalista.
Porque “é ainda fecundo o ventre que gerou a besta imunda” do fascismo, da xenofobia, do racismo e do colonialismo, numa União Europeia de Estados cada vez mais securitários e xenófobos, aversos à diferença e capitalistas, apelamos a todas as pessoas comprometidas com a fraternidade combativa entre os povos a juntarem-se ao movimento negro nesta grande marcha pela liberdade.
Porque as conquistas do 25 de Abril, fruto da luta dos povos africanos e portugueses, ainda não estão garantidas, diante do projeto de uma sociedade fascista almejada pela extrema-direita, desafiamos todas as forças vivas, anticoloniais e anticapitalistas, comprometidas com as causas justas, a fazerem desta marcha um lugar de encontro de ideias vivificantes que promovam a hospitalidade e a dignidade humana.
Marchamos contra as fomes, as guerras, a miséria e a injustiça. Marchamos contra o esquecimento, o apagamento e o silenciamento. Marchamos pela nossa história e pela nossa memória. Marchamos pelo direito de existir, circular e residir. Marchamos em solidariedade combativa com os povos resistentes do Congo, do Sudão, da Palestina, da Guiné-Bissau, e da Líbia destruída pela aliança imperialista e os seus cúmplices.
Marchamos por Cláudia Simões, Bruno Candé, Daniel Rodrigues, Danijoy Pontes, Giovani
Rodrigues, Múmia Abu Jamal e todas as pessoas que ainda hoje enfrentam a brutalidade dos
poderes capitalista, fascista, xenófobo, patriarcal, racista, afrofóbico e neocolonial.
Marchamos pelo planeta, por todas as lutas e, acima de tudo, pela unidade de todas as
resistências da terra. Que esta marcha una todas as lutas, todas as causas. Celebrar Cabral é, sobretudo, relembrar os significados do mote “A luta continua” e ativá-lo na realidade que vivemos.
Cabral é nosso, Cabral é vosso, Cabral é do mundo, porque ele encarna todas as nossas revoluções.
KOLONIALISTA DIVIDI-NU PA KONKISTA-NU, MA CABRAL TORNA DJUNTA-NU (Os colonialistas dividiram-nos para nos conquistar, mas Cabral uniu-nos de novo) Juntem-se a nós neste dia histórico. Façamos povo!