22 de Março a 19 de Julho de 2011, 17h30
Mosteiro de Santa Clara; Associação Fila K – Coimbra
A década de 60 inaugurou um novo momento político em África. Todavia, as transições para as independências foram acompanhadas, em vários casos, por situações de extrema violência, reflexo quer da complexidade política presente, quer da intolerância imperial. É objectivo deste ciclo (Iº semestre de 2011) ver e discutir estes filmes como testemunho político da construção do projecto das independências africanas, abrindo pontes para uma análise mais profunda dos vários sujeitos que estes ‘encontros com a história’ procuram resgatar.
Assim, este projecto tem por magno objectivo assinalar tais eventos e fomentar uma reflexão abrangente e multidimensional sobre a questão colonial, contribuindo para o necessário enriquecimento das análises sobre o tema.
Tal reflexão afigura-se especialmente importante por um vasto conjunto de razões. De facto, as leituras hegemónicas do colonialismo e a sua conceptualização predominante como mera relação política formal de dominação invisibilizam a complexidade e a diversidade das formas de dominação, exploração, violência e discriminação que o colonialismo engendrou. Mesmo focando a diversidade das experiências coloniais europeias em África, tais perspectivas universalizam a um tal ponto os modos de produção e exercício do poder colonial, que as vivências, experiências e resistências dos povos africanos tendem a ser narradas e interpretadas pelo olhar dominantes das ex-metrópoles.
Fazendo eco das propostas e das preocupações de um olhar pós-colonial crítico e emancipatório e procurando promover uma perspectiva comparativa mais alargada do que a proposta pela denominada Lusofonia, pretende-se, assim, realçar a problemática do colonialismo de modo multidimensional, exercer o direito à memória e às verdades históricas e reflectir sobre as formas contemporâneas com que a experiência colonial se manifesta e se reproduz hoje.
A partir da visualização de filmes ficcionados, documentários e outro material histórico de época e da contemporaneidade, e procurando dar-se particular realce à cinematografia africana em clara reposta aos apelos pós-coloniais, promover-se-ão debates alargados sobre tal material.
Propõe-se a gravação pelo CES dos debates que poderão ser disponibilizados online.
O projecto terá dois momentos principais:
O primeiro momento – a decorrer durante o I semestre de 2011 -, abordará as questões coloniais de um ponto de vista mais global e transversal, para procurar contextualizá-las no terreno africano, ultrapassando o círculo restrito da Lusofonia.
O segundo momento, a iniciar em Setembro de 2011, será constituído por mini-ciclos temáticos sendo cada um deles consagrado à experiência de países concretos. Saliente-se também que em cada um destes mini-ciclos temáticos, procurar-se-á abordar cada caso nacional de um modo multidimensional, o que implica a procura de material de época e da contemporaneidade.
1º Ciclo: Março de 2011 – Julho de 2011
22 de Março. Filme : Cuba, uma odisseia africana
Sinopse: Realizado pela francesa Jihan El Tahri, é um documentário sobre a presença cubana em África nos anos 60, no apoio internacionalista aos movimentos de libertação. (2007). Duração: 80’ Local: Mosteiro de Santa Clara Comentadora: Iolanda Valle
12 de Abril. Filme: Flame
Sinopse: Dirigido por Ingrid Sinclair, em 1996. Tem por cenário a Guerra civil do Zimbabwe (1972-2980) e retrata a experiência das mulheres que participaram na luta armada. Local: Mosteiro de Santa Clara Comentadora: Giselle Wolkoff
19 de Abril. Filme : O Leão do Deserto
Sinopse: EUA/Líbia, 1981. Dirigido por Moustapha Akkad. Discute a história da ‘pacificação’ da Líbia (conquistada dos Turcos em 1911) entre 1929 e 1931, período em que atingiram o auge as acções guerrilheiras de Omar Mukhtar, líder líbio. Duração: 173’ Local: Mosteiro de Santa Clara Comentador : Celso Rosa
10 de Maio Filme: A Batalha de Argel
Sinopse : Dirigido por Gillo Pontecorvo. Retrata a luta da Argélia para se tornar independente da França, a partir da trajectória de Ali, líder da Frente Argelina de Libertação Nacional (FLN). Banido por muitos anos na França e proibido no Brasil na época da ditadura militar, A batalha de Argel [The Battle of Algiers] conquistou o Prémio da Crítica Internacional no Festival de Veneza de 1966 e, em 1969, quando foi lançado nos Estados Unidos, recebeu duas indicações para os Oscar, nas categorias de melhor direcção e melhor roteiro original. (1966). Duração: 117’ Local: Casa das Artes (Fila K) Comentador: Vania Baldi
21 de Junho Filme: Something of Value
Sinopse: EUA, 1957. Dirigido por Richard Brooks, o filme tem por cenário o Quénia, discutindo a complexidade colonial através do desenrolar da revolta dos Mau-Mau. Local: Casa das Artes (Fila K) Comentadora: Maria Madalena Gracioli
19 de Julho. Filme: Lumumba
Sinopse: Documentário sobre Patrice E. Lumumba, a sua ascensão ao poder e a independência do Congo. (1992). Duração: 69’ Local: Casa das Artes (Fila K) Comentadora: Carolina Peixoto
Todas as sessões às 17h30. Entrada Livre. + infos
Organização: Centro de Estudos Sociais (CES), Coimbra. Paula Meneses e Catarina Gomes (Núcleo DECIDe)