Celina Pereira e banda no zona franca / bartô
Domingo 20/11 às 22h30 no Bartô - Chapitô (Costa do Castelo, nº 1)
- ENTRADA LIVRE
Celina Pereira vai ser acompanhada pelos músicos José Afonso e Paló
Um concerto sobre as viagens que as músicas fazem. E as mornas sempre doces nesse crioulo caboverdiano da cantora e contadora de estórias
Uma noite de grande envolvimento.
Entrevista a Celina Pereira no BUALA
Celina Pereira
Natural da Ilha da Boa Vista Cabo Verde, Celina Pereira seguiu com a sua família para a ilha de S. Vicente com seis anos. Da sua família herdou a veia artística. O seu avô paterno, pai de 17 filhos e padre católico, era filólogo, poeta, músico e pintor. Um homem que soube transmitir a sua enorme sabedoria e talento aos seus filhos. Da mãe, Celina recorda o enorme apego à família, o carinho extremo com que tratava os que lhe eram queridos e a sua constante necessidade de agradar. Fala-nos do “Pudim de Queijo” que sempre esperava quem aparecia. E das mornas de Eugénio Tavares, que cantava ininterruptamente. E fados. O pai tinha sempre a telefonia ligada na BBC ou na Emissora Nacional. A mãe cantava sobre a voz de Amália.
Com 8 anos, começou a cantar como solista do orfeão, na igreja protestante do nazareno. Seguiu-se o “Eden Parque”, no Mindelo, e os seus “Serões para Trabalhadores, sempre às escondidas do pai. A sua primeira actuação profissional foi em 1968, com 25 anos, a convite do Grupo Ritmos Cabo-Verdianos. Seguiram-se os convites de Bana para actuações nos saraus que organizava.
Desde sempre preocupada com as questões da preservação da memória colectiva e, consequentemente, da própria identidade do povo caboverdiano, Celina Pereira vem cumprindo – desde o seu primeiro LP “Força di Crêtcheu” gravado em Lisboa em 1986 –, a aventura de tentar recuperar o que de mais precioso tem a alma do seu povo.
Com pesquisas e recolhas efectuadas em Cabo Verde e na diáspora caboverdiana, Celina Pereira apresenta, num repertório de luxo, mazurcas, cantigas de casamento e mornas, cantigas de roda, lunduns, choros, lenga-lengas e toadas rurais, tudo fazendo parte integrante das mais ricas tradições orais caboverdianas. Com este aturado e sistemático trabalho tem possibilitado a salvaguarda de temas em vias de irrecuperável extravio.
Como artista multifacetada, Celina Pereira tem ainda desenvolvido actividade permanente em diversas áreas da comunicação, nomeadamente como jornalista de rádio e contadora de estórias, actividade iniciada em liceus e escolas de Boston, Massachussets, USA, desde 1990.
Nas suas palavras, canta a essência da alma e da vida Cabo-Verdiana. Nos festivais internacionais de música, integra-se na «world music» pelo seu repertório e qualidades vocais e interpretativas. O seu nome aparece ao lado de artistas como Youssou Ndour (Senegal), Célia Cruz (Cuba), Olodum, Daniela Mercury, Chico César, Carlinhos Brown, Martinho da Vila, Gilberto Gil (Brasil), Manu di Bango (Camarões), Rokia Traoré, Inez Mettzel (Argélia), Grupo TARTITT (Mauritânia – Mulheres Berberes), Al Jarreau, Bob McFeryn, Nina Simone, Manhatan Transfer (USA). Tem-se apresentado em salas carismáticas como a Opera House, Alte Opper, Frankfurt; Quasímodo, Berlim; De Doelen, Rotterdam; Teatro Bebienna, Mantova, Itália; Tom Brasil, S. Paulo; CCB - Centro Cultural de Belém; Sala dos Espelhos do Palácio Foz, Lisboa; Convento dos Capuchos, Caparica, Portugal; Teatro Le Trianon; sempre muita aplaudida pela imprensa internacional.
No Frankfurt Algemeine Zeitung, jornal alemão, a música de Celina foi definida como tónico para europeus nervosos.
Celina Pereira, que é professora de formação, foi galardoada em 2003 pelo Presidente da República Portuguesa com a Medalha de Mérito – grau de Comendadora. É formada em Ciências da Educação pela Escola Superior de Educação de Viseu – Portugal. No âmbito da Educação Intercultural, integra o grupo de educadores da Fundação Internacional “Yehudi Menuhin” que desde o ano lectivo de 1996/97 implementa e divulga em Portugal o programa “MUSE-E”.