Sábado, dia 5, às 19h na RTP2
Mami Estrela, nominho de Maria Miguel, nasceu em Santo Antão mas fez de São Vicente casa e da acção social uma luta a favor do seu Cabo-Verde. Usando a educação e a cultura como armas contra o subdesenvolvimento – fiel às lições de Amilcar Cabral -, Mami divide-se entre as aulas na UNI-CV e os muitos projectos do seu Atelier Mar: a valorização turística da habitação tradicional da Ribeira da Torre, o associativismo cultural em S. Pedro, a recuperação dos saberes e sabores tradicionais em Lajedos. Mami estudou em Portugal, fez uma pós-graduação em Educação Especial, no Rio de Janeiro e, quando regressa a Cabo Verde, participa na criação do sistema de educação pré-escolar, nos serviços de promoção social, no Instituto Cabo-Verdiano de Solidariedade e no Ministério da Cultura. Mas os prazeres da vida nunca ficam para trás: inaugura o dia com um mergulho na praia da Laginha, dedica-se às suas plantas e cozinhados (de momento sem os dois filhos, a estudarem em Portugal, e o companheiro, Leão Lopes, fundador do Atelier Mar) e não falha nenhuma caminhada com o grupo de amigos pelos praias de S. Vicente e pelos montes verdes de Sto. Antão.
Uma caminhada da praia do Norte ao Calhau revela-nos a luz intensa da ilha de S.Vicente. Na praia de S. Pedro pratica-se filosofia com crianças. Na UNI-CV, há uma aula com jovens desejosos de debater assuntos que lhes dizem respeito. O fim de tarde na baía e a praia da Laginha vistos do cimo do Atelier Mar, depois das compras no mercado do Mindelo. Mami Estrela ensina crianças a aproveitarem papel para fazer mais papel e organiza cabazes com os produtos da terra resultantes dos vários projectos socio-comunitários que o Atelier Mar despoletou. Valorizar as culturas locais, os saberes endógenos e o modo de vida das comunidades, assim como a produção ligada a várias técnicas artesanais, faz parte dos seus objectivos. Mami Estrela trabalha entre duas ilhas complementares, as montanhas de S. Antão e o mundo social de S.Vicente, entre o campo e o mar. É que no seu trabalho tudo está interligado, os produtos que os agricultores produzem e os artesãos integram, recuperar casas tradicionais e pensar num modelo de turismo sustentável, entrelaçar cultura com desenvolvimento e pensar a importância do crioulo, língua dos afectos mas não só.
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