Todos os fins-de-semana de julho
Praia Homem do Leme (Foz do Porto)
Entrada livre
Instalação 11h00 – 22h00
Atividades paralelas 19h00
NAU!
Antecipando a comemoração dos 500 anos passados sobre a circum-navegação marítima por Fernão de Magalhães (1519), chegou a altura de lhe fazer perguntas. Continuamos a aceitar uma História escrita sobre os discursos dos outros: uma narrativa de glorificação, expansionista, colonialista, imperialista. O que ficou de fora desta historiografia? NAU! é uma instalação que usa um contentor marítimo como simulacro, um dispositivo imersivo que procura, também, a emersão: o espectador intervém no espaço, trazendo à tona o avesso do discurso historiográfico da circum-navegação. O exterior da instalação serve igualmente de espaço de encontro, de discussão e problematização públicas do colonialismo e da historiografia, convocando conferências e performances abertas a todos. NAU! procura, usando as palavras de Walter Benjamin, “escovar a história a contrapêlo”.
→ 28 JUL, 19h, Rita Natálio | “Geofagia”
Geofagia’ é a vontade ou hábito de comer terra. Alguns papagaios comem argila vermelha num ato de auto-medicação. Um mito Yanomami começa assim: “Essa é a história dos nossos antepassados que aos poucos se multiplicaram. Ela começa na época em que não havia Yanomami como os de hoje. Os comedores de terra sofriam, porque eles comiam terra. Nós também quase teríamos sofrido, como as minhocas, por cavar a terra e tomar vinho de barro, se não fossem os acontecimentos que seguem.” O modelo colonial, iniciado precocemente por Portugal no século XVI, está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento de uma visão da terra como materialidade particular, um bem de natureza possessiva e usado com fins muito precisos: a extração de recursos naturais e a propriedade privada. Terra é posse e pouco mais. Portugal não come literalmente a terra dos povos nativos, mas “come” vorazmente a sua visão da terra, os seus modos de viver e pensar com os pés na terra. Assim, se para muitos o imaginário da colonização tem a ver com mar e navegação, em Geofagia queremos lembrar os Portugueses como grandes “comedores de terra”, num gesto muito mais próximo do transtorno alimentar do que da medicina.
→ 29 JUL, 19h, Mamadou Ba | “Não, Ainda Não Somos Todos Iguais”
Enquanto o debate sobre racismo em Portugal continuar em larga medida no plano da moral, ou seja, na sua dimensão meramente interpessoal, continuaremos a não ser capazes de enfrentar o seu carácter estrutural. Propomos assim discutir a continuidade histórica do racismo nas suas várias formas de expressão hoje, questionar esta continuidade através do atual debate sobre a memória da empresa colonial e os impactos dos seus legados na sociedade atual, quais os desafios que tudo isso suscita e que possíveis caminhos para romper com esta circunstância.
Programa completo:
https://issuu.com/cct.tep/docs/desdobravela3-nau-defweb
Informações:
http://www.cct-tep.com/in.htm
Produção: Teatro Experimental do Porto
Co-produção: Cultura em Expansão / Câmara Municipal do Porto