Ser cidadão não é viver em sociedade, é transformá-la
Augusto Boal, fundador do Teatro do Oprimido.
Apetece dar graças aos acasos da vida o ter-nos trazido esta mulher para Berlim. Bárbara Santos, socióloga de formação, lutadora por caráter e diretora durante catorze anos do Centro do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, mudou-se para a capital alemã por razões familiares. Não duvidamos de que a cidade terá ficado mais rica.
O que para muitos será ainda desconhecido, é um trabalho que se tem estendido por mais de setenta países em todo o mundo e goza dos apoios de inúmeras organizações como a UNESCO e a UNICEF. O Teatro do Oprimido, criado nos anos 70 pelo teatrólogo Augusto Boal, parte do pressuposto fundamental de que o teatro é uma forma de expressão básica e comum a toda a Humanidade, independentemente de raça, sexo, religião, classe social ou escolaridade. Os seus objetivos principais são a democratização da produção teatral, o acesso das camadas mais desfavorecidas a essa produção, e a transformação da realidade através do teatro. “Quando o Augusto Boal começou a fazer teatro, ele fazia teatro político. Então era uma classe média branca que dizia para o povo o que é que o povo deveria fazer para se libertar da sua opressão. Ele foi percebendo que isso não funcionava, porque você fica dando conselhos para o outro, e era muito mais importante que o outro falasse dele próprio. Então ele criou o Teatro do Oprimido. A ideia é que todo o mundo é teatro. Visa estimular o oprimido a enxergar a sua realidade, de uma maneira estética. É um teatro feito pelo oprimido, para o oprimido, e que tem um objetivo muito claro, que é a transformação da realidade“, diz Bárbara Santos.