Geografia do Tempo: Narrativas e Temporalidades do Sul Global / Revista Contracampo

 

Revista Contracampo Vol. 36 n. 2 (ago-nov 2017), editores convidados: Fernando Resende (UFF) e Sebastian Thies (Universität Tübingen) 

Os regimes de temporalidade no chamado “Sul Global” são marcados por encontros conflituosos entre o tempo da globalização econômica e as práticas culturais locais, onde o tempo vivido é incorporado. A atual dinâmica que envolve os processos globalizatórios e seu acelerado fluxo de pessoas, mercadorias, finanças e conteúdo midiático têm profundo impacto no modo como o tempo estrutura a vida no Sul Global, como ele é experimentado e como operam suas construções de sentido. Como a teoria cultural aponta, as temporalidades no Sul Global não podem ser entendidas simplesmente como a implementação do tempo homogêneo do capitalismo nem como uma “alocronia”, o que seria a ideia de um atraso temporal do Sul em relação ao pulso da modernização tecnológica. Em vez disso, podemos descrever esse processo como complexo e independente, de “heterogeneidade multitemporal” (Néstor García Canclini), um “tempo desniveladamente denso” do pós-colonialismo (Partha Chatterjee) ou em termos de uma emaranhada “geografia do tempo” (Achile Mbembe).

William Kentridge, still from Felix in Exile, 1994, Film, 35 mm, shown as video, projection, black and white, and sound (stereo), duration 8 min 43 secWilliam Kentridge, still from Felix in Exile, 1994, Film, 35 mm, shown as video, projection, black and white, and sound (stereo), duration 8 min 43 secAssim, regimes de tempo no Sul oscilam entre o tradicionalismo e a era digital, entre o longue durée da colonialidade (Quijano) e o tempo da modernidade líquida (Bauman), entre a precariedade da economia informal e o trabalho (pós-)industrualizado. Neste dossiê, a Contracampo concentra a atenção na imagem, na mídia, nos processos comunicacionais e na literatura, refletindo criticamente sobre esses complexos regimes de tempo e seus impactos na sociedade. Como eles revelam estruturas de poder de temporalidade no Sul e indicam localizações culturais e políticas de onde surgem as resistências aos regimes do tempo globalizado? Como os sujeitos lidam com as mudanças temporais e transições de heterogeneidade multitemporal na vida diária? Como a memória e a historicidade se articulam nesse contexto e como conceitos autóctones de tempo oferecem resiliência contra essas dinâmicas? Não obstante a centralidade da discussão em torno da ideia de temporalidades, trabalhos  que abordem questões outras relacionadas ao Sul Global, a partir de uma perspectiva comunicacional, também poderão ser submetidos ao dossiê.  E permanecerá aberto o fluxo contínuo para seções de temáticas livres. 

Os textos, a serem submetidos via sistema online da revista, devem seguir as diretrizes para autores/as:

http://www.contracampo.uff.br/index.php/revista/about/submissions#authorGuidelines.

O prazo final para submissão será até 01/05/2017. E a previsão de publicação do dossiê é até 31/08/2017.

Cordialmente, Marco Roxo, Beatriz Polivanov e Thaiane Oliveira

Editores-chefes da revista Contracampo / PPGCOM UFF

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SPECIAL ISSUE

Geography of Time:

Narratives and Temporalities of the Global South 

Invited editors: Fernando Resende (UFF) and Sebastian Thies (Universität Tübingen) 

Today’s unchained dynamics of globalization and its accelerated flow of people, goods, finances and media have left a deep impact on how time structures life in the Global South, how it is experienced and made sense of. The regimes of temporality in the Global South are marked by conflictive encounters between the time of economic globalization and local cultural practices, wherein lived time is embedded. As cultural theory has pointed out, temporalities in the Global South can neither simply be understood as the implementation of the homogeneous time of capitalism nor as an “allochrony”, which is the ideia of a Southern time lagging behind the pulse of technological modernization. Instead, it can be described as a complex and interdependent process of “multitemporal heterogeneity” (Néstor García Canclini), an “unevenly dense time” of postcolonialism (Partha Chatterjee) or in terms of an entangled “geography of time“ (Achile Mbembe). Thus, time regimes in the South oscillate between traditionalism and digital age, between the longue durée of coloniality (Quijano) and the time of liquid modernity (Bauman), between precarity of informal economy and (post)industrialized labor. This special issue of Contracampo focuses on images, media, communication processes and literature, and how they allow us to critically reflect upon these complex time regimes and their impact on society. How do they unveil power structures of temporality in the South and indicate cultural and political locations from where resistance against globalized time regimes arise? How do subjects deal with temporal shifts and transitions of multitemporal heterogeneity in everyday life? How is memory and historicity articulated in this context and how do autochthonous concepts of time offer resilience against these dynamics? Notwithstanding the centrality of the discussion on the idea of temporalities, papers that involve other questions related to the Global South from a communicative approach may also be submitted to this special issue. The section for papers on any subject related to communication processes will remain open throughout the year. 

The contributions must be submitted via our online system and guidelines: http://www.contracampo.uff.br/index.php/revista/about/submissions#authorGuidelines.

The deadline for submission is until May 1st, 2017. And the issue shall be released until August 31st, 2017. 

Best regards,

Marco Roxo, Beatriz Polivanov and Thaiane Oliveira

Chief editors of Contracampo journal 

Fluminense Federal University 

21.11.2016 | by martalanca | globalização, Narrativas, Sul Global, Tempo