Afro-Portugal
CALL FOR PAPERS
A revista Cadernos de Estudos Africanos pretende reunir num número temático artigos que contribuam para um retrato da presença africana na sociedade portuguesa. Parte-se de um entendimento lato desta presença, que abarca não apenas a população imigrante, natural ou proveniente de África, como também os seus descendentes que se identificam e/ou são identificados como africanos, afro-portugueses ou retornados, independentemente da nacionalidade. Propõe-se portanto conhecer uma população numerosa e heterogénea que, não obstante a diversidade interna do continente africano e a pluralidade de percursos de vida, pertenças étnicas e referências culturais, tem em comum um referente geográfico de origem ou de socialização, seja ela a realidade da chamada segunda geração de imigrantes ou a dos que trouxeram consigo experiências da passagem, mais ou menos breve, pelas ex-colónias. A origem ou a herança africana, ou a passagem por África, além de elementos biográficos significativos, são também marcadores de alteridade social e cultural, muitas vezes racializada.
Não é possível quantificar com rigor a população de que falamos. Cobre-a muito parcialmente o número de estrangeiros nacionais de países africanos que residem atualmente em Portugal, cerca de 120.000, na sua larga maioria provenientes dos PALOP (Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique), de acordo com dados do INE relativos a 2009. A maioria dos imigrantes africanos concentra-se na Área Metropolitana de Lisboa e trabalha em profissões pouco qualificadas. A migração laboral das ex-colónias portuguesas começou por volta de 1960. Bom número dos naturais destes cinco países e dos seus descendentes que se têm fixado em Portugal desde então possui nacionalidade portuguesa, e é por isso invisível nas estatísticas demográficas. Deste grupo, uma parte inclui-se também no contingente dos denominados retornados de África, que se estabeleceram em Portugal durante o processo de descolonização. Dos cerca de 500.000 retornados de então, 200.000 eram nascidos nas ex-colónias.
O denominador comum à população que se pretende retratar é o facto de a sua proveniência ou ascendência africana ser, ainda que de formas muito diferentes, um traço importante na definição da sua identidade dentro da sociedade portuguesa. Este denominador comum desmultiplica-se em categorizações étnicas e raciais distintas, que constituem, a par da estratificação social ou enredadas nela, fatores importantes de diferenciação identitária. Interessa conhecer o peso destes e doutros fatores na configuração dos vários grupos afro-portugueses. Interessa também saber em que medida as diferenças geracionais e de escolarização, as práticas familiares e formas diferenciadas de inserção na geografia do país, no mercado de trabalho nacional e em redes transnacionais, se articulam com a criação de fronteiras sociais e sentimentos de pertença grupal. Por último, interessa conhecer não só os grupos de afro-portugueses em si, mas também, recorrendo a um conceito de Mary Louise Pratt, as “zonas de contacto” em que coabitam na sociedade portuguesa e nas quais as respectivas diferenças, atravessadas por relações assimétricas de poder, se encontram, confrontam ou transformam.
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São bem-vindos artigos originais baseados em pesquisa recente que foquem diferentes temáticas relevantes (cidadania, educação, estilos de vida, etnicidade, identidade, família, género, mobilidade social, práticas culturais, racismo, religião, trabalho, transnacionalismo, etc.) e que espelhem a variedade de tradições disciplinares e metodológicas das ciências sociais (antropologia, ciência política, demografia, economia, geografia humana, sociologia, etc.).
São igualmente bem-vindas recensões de livros publicados nos últimos cinco anos que abordem a presença africana em Portugal ou noutros países.
Os artigos e as recensões (em português, inglês, francês ou espanhol) deverão respeitar as normas editoriais da revista, disponíveis em
http://cea.iscte.pt/wp-content/uploads/28JULHO-VPNormas_editoriais_CEA.p...
Após triagem inicial, os artigos e recensões recebidos serão submetidos a arbitragem científica por dois referees.
O prazo de entrega de manuscritos termina a 15 de maio de 2012.
Os manuscritos deverão ser enviados por correio eletrónico, em ficheiro Word, para ana.benard.costa@iscte.pt, joao.vasconcelos@ics.ul.pt e joao.carlos.dias@iscte.pt
Deverá também ser enviado um ficheiro separado no qual conste:
a) identificação do autor;
b) instituição a que pertence;
c) cargo ou função atual;
d) morada institucional;
e) endereço de email;
f) números de telefone e fax.
A revista Cadernos de Estudos Africanos está presentemente nas seguintes bases online:
Latindex | Repositório ISCTE-IUL | SciELO | Revues.org | Index Copernicus Internacional | SHERPA/RoMEU
Afro-Portugal
CALL FOR PAPERS
The journal Cadernos de Estudos Africanos seeks contributions for a thematic issue on the African presence in contemporary Portuguese society. We start from a broad understanding of this sizeable populace, comprising not only people born in Africa or those who have lived there but also their descendants who identify themselves as Africans, Afro-Portuguese or retornados, irrespective of their nationality. Our aim is thus to portray a large and heterogeneous population (regarding the countries they come from, and the diversity of life courses, ethnic loyalties and cultural references) that nonetheless shares Africa as a common geographical reference. These groups include, but are certainly not limited to, the so-called second generation of African immigrants and those who have returned from the former colonies. In the Portugal of today, a person’s African heritage, or a prolonged residence in Africa, tend to be significant biographical elements, in addition to being key markers of a social and cultural alterity that is often racialized.
It is hard to quantify accurately this Afro-Portuguese population. A part of it overlaps with the approximately 120,000 African nationals currently living in Portugal, most of whom come from the former Portuguese colonies of Cape Verde, Angola, Guinea-Bissau, São Tomé and Príncipe, and Mozambique (INE statistics, 2009). Most African immigrants live in the Lisbon Metropolitan Area and hold poorly remunerated jobs. Labour migration from the former colonies to Portugal started in the 1960s. A significant number of those who were born in these five countries and their descendants have Portuguese nationality, making this population “invisible” in demographic statistics. Many of them can be also included in the group of so-called retornados who settled in Portugal after 1974 during the decolonisation process in Africa. It is estimated that 200,000 out of the 300,000 of these retornados were born in the former colonies.
For the majority of those whom we are tentatively naming Afro-Portuguese, African roots or ancestry play a critical role in defining their identity within Portuguese society, even if in different ways. Ethnic and racial categorisations, together with social stratification, work as boundary markers that account for the heterogeneity of this population. The relevance that these and other factors have in shaping the disparate Afro-Portuguese groups is under scrutiny. Also under examination are the interrelations of social boundaries and belongingness with differences in age, education, family organisation, and place in the domestic labour market and in transnational networks. Finally, we aim to develop a deeper knowledge not only of Afro-Portuguese groups in and of themselves, but also, using Mary Louise Pratt’s concept, of the ‘contact zones’ they inhabit within Portuguese society and where their differences, marked by asymmetrical relations of power, are confronted or transformed.
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We welcome the submission of original papers on relevant topics (citizenship, cultural practices, education, ethnicity, identity, family, gender, labour, lifestyles, racism, religion, social mobility, transnationalism, etc.) based on recent research in the social sciences (anthropology, demography, economics, human geography, political science, sociology, etc.).
We also welcome reviews of books on the African presence in Portugal or in other countries published in the last five years.
Papers and book reviews may be written in Portuguese, English, French or Spanish and should follow the journal’s publishing guidelines, available at
http://cea.iscte.pt/wp-content/uploads/28JULHO-VPNormas_editoriais_CEA.p... .
After an initial screening, two referees will examine submitted papers and book reviews.
Manuscripts should be submitted by 15 May 2012.
Please email documents as Word files to ana.benard.costa@iscte.pt, joao.vasconcelos@ics.ul.pt and joao.carlos.dias@iscte.pt
A separate file should be included containing the following information:
a) identification of the author;
b) institutional affiliation;
c) current position;
d) institutional address;
e) email;
f) telephone and fax numbers.
Cadernos de Estudos Africanos can be found at:
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