Curadoras macaenses da Bienal de Veneza apresentam nova mostra

No passado dia 26 de Março, uma nova galeria de Macau, Lotus Art Space (LAS), abriu as suas portas com a exposição de estreia dos artistas macaenses Wong Weng Cheong e Rusty Fox.
Intitulada “Whispers of the Unseen”, a mostra apresenta ao público os trabalhos artísticos de vários representantes da RAEM na Bienal de Veneza. Wong Weng Cheong foi o artista destacado no Pavilhão de Macau no evento italiano do ano passado.
As curadoras do evento no LAS, Chan Chang e Sio Man Lam, assinaram as curadorias das exposições do território na Bienal de Veneza de 2023 e 2019, respectivamente.
Com vinte fotografias expostas, Rusty Fox “capta, através da fotografia, as absurdidades negligenciadas da vida urbana, criando uma poética visual singular”, lê-se num comunicado da organizadora.
Já Wong Weng Cheong “emprega”, nas 14 águas-fortes, “requintadas técnicas de gravura para representar cenas hiper-realistas e, ao mesmo tempo, surreais, revelando desejos subconscientes e conflitos interiores,” realça o LAS.
“Whispers of the Unseen” é também a primeira exposição do “Programa de Promoção Internacional de Artistas de Macau no Estrangeiro”, uma iniciativa da Associação Internacional de Intercâmbio de Artes Lótus, contando com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura de Macau.
Em declarações aos jornalistas, Sio Man Lam afirmou que “o objectivo do espaço artístico é estimular a criatividade e a imaginação através de uma programação diversificada de exposições e eventos, ligando o público local, da Grande Baía e da cena artística internacional.”
O LAS “vai continuar a colaborar com diversas entidades e personalidades para promover o desenvolvimento da indústria criativa e do turismo cultural,” acrescentou a directora fundadora do espaço artístico.
A exposição “Whispers of the Unseen” está patente até ao final deste mês no Lotus Art Space, galeria integrada no Hotel Legend Palace, na Doca dos Pescadores, em Macau.

Doca dos PescadoresDoca dos Pescadores

10.04.2025 | par martalanca | Bienal de Veneza

Paisagens de Fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal

A 24 de Abril realizar-se-á a conferência final do projecto ‘Paisagens de Fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal’, que decorrerá no auditório da BNP, em Lisboa. Iremos apresentar os principais resultados alcançados e, durante a tarde, serão apresentadas outras perspectivas e geografias do fogo, onde se procurará discutir e desenvolver um quadro global multidisciplinar.

Durante pouco mais de três anos, submetemos o atual regime de grandes incêndios em Portugal a uma investigação histórica sobre a sua origem e desenvolvimento ao longo do século XX. Sem deixar de parte a incidência crescente dos incêndios rurais nas últimas quatro décadas, amplamente estudada pelas ciências ecológicas e florestais, a equipa do projecto analisou maioritariamente o período do Estado Novo, mapeando, por um lado, a emergência do problema dos incêndios nos discursos político e científico e, por outro lado, a transição entre as agriculturas do fogo e o incêndio florestal no período 1950–1980. Estas duas paisagens de fogo, fundamentalmente distintas, foram analisadas em dois espaços de montanha, as serras contíguas da Lapa e da Nave, a Norte, e a serra de Monchique, a Sul.Anúncio e apresentação da conferência aqui: https://ihc.fcsh.unl.pt/events/paisagens-fogo-2025/

07.04.2025 | par martalanca | floresta, incêndios, Portugal

7th Queering Afro-Luso-Brazilian Studies Conference

Organizado desde 2014, com edições em França (Sorbonne Université), na Suécia (Dalarna University), no Reino Unido (Birmingham University), em Portugal (Universidade do Porto) e no Brasil (Universidade de São Paulo), o colóquio internacional “Queering Afro-Luso-Brazilian Studies” retorna a Portugal para a sua sétima edição, a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com organização do Quir Research Hub (CITCOM-CECOMP).

A conferência propõe-se a revisitar o cânone literário, artístico e cultural de países de língua portuguesa, assim como as práticas e arquivos de escritoris e artistas historicamente invisibilizades, cujas trajetórias insinuam potenciais contra-cânones de língua portuguesa, e tradições culturais subrepresentadas e subarticuladas enquanto tal.

Centrando-se nos estudos literários e artísticos, e em representações da dissidência sexual e da desobediência de género em corpos textuais diversos, a conferência procura aproximar pesquisadoris, escritoris, artistas, ativistas e outres agentes culturais cujas práticas e pesquisas promovam, de diferentes modos, ruturas importantes com ordem dominante de sexo-género, como configurada no paradigma moderno-colonial.

A interrogação queer (ou quir) de histórias textuais em disputa ata-se, assim, a uma crítica mais ampla e interseccional da monormatividade, do binarismo de género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade - bem como da homonormatividade, do homonacionalismo, e de novos ideais regulatórios emergentes em culturas textuais contemporâneas.

Chamada de Artigos

A organização convida a submissão de propostas de trabalhos que investiguem a literatura e outras artes (com particular ênfase em conexões interartes) a partir de perspetivas queer, transfeministas e/ou decoloniais, e que visem a desconstrução da ordem de género colonial, profundamente estruturada a partir da mononormatividade, do binarismo de sexo/género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade. 

Damos também as boas-vindas a leituras e intervenções sobre imaginários, práticas, e possibilidades alternativas ao regime moderno-colonial, incluindo resistências, subversões, e perversões da norma sexopolítica no contexto dito “pós-”colonial.

Temas e linhas sugeridas:

  • Leituras queer, transfeministas, e/ou decoloniais do cânone literário e artístico, tal como de obras e de autoris historicamente marginalizades pelos sistemas literário e artístico;
  • Genealogias e arqueologias literárias e artísticas: correntes e tradições contra-canónicas;
  • Arquivos Queer e LGBTQIA+: culturas materiais, éticas do passado, e políticas da memória;
  • Literaturas, cinemas e outras artes LGBTQIA+;
  • Novas normatividades: modelos, ideais e estereótipos no marco do homonacionalismo e do neoliberalismo;
  • Migrações, deslocamentos e diásporas LGBTQIA+;
  • Sexualidades e comunidades sexo-dissidentes: narrativas, performances, representações artísticas e estudos de campo;
  • Literaturas, imaginários, e linguagens não-binaries;
  • Fissuras, ruturas e fabulações críticas na colonialidade do género;
  • Modos de vida, práticas e perspetivas liminares, borderline ou fronteirizas;
  • Ativismos e artivismos queer, quir cuir;
  • Performances e performatividades queer: corpos, comunidades, e praxis;
  • Historicizações da cisgeneridade e heterossexualidade compulsórias;
  • AfroQueer: centrando a geopolítica do continente africano e da diáspora afrodescendente;
  • Estudos críticos das masculinidades;
  • Outras.

Comissão organizadora:

  • Helder Thiago Maia (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Luísa Semedo (Universidade Paris-Sorbonne, França)
  • Marzia D’Amico (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Salomé Honório (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Sofia Zanini (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)

Comissão científica:

  • Alberto da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Alda M. Lentina (Dalarna University, Sweden)
  • Anna Klobucka (UMass Dartmouth, USA)
  • Fernando Curopos (Université Sorbonne Nouvelle, France)
  • Maria Araújo da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Mário Lugarinho (Universidade de São Paulo, Brasil)
  • Paulo Pepe (University of East Anglia, UK)

Línguas de trabalho:

  • Português, Inglês, Galego.

Inscrições:

  • Envio de resumos para: quir.hub@gmail.com
  • As propostas devem conter nome, filiação institucional (se existir), título da proposta e resumo.
  • Resumo com até 1000 caracteres, 5 palavras-chave, indicação de tema/linha sugerida, e bibliografia.
  • Indicação de preferência de participação: presencial ou online.
  • Importante: à partida, apenas investigadoris em formação e/ou pessoas com dificuldades de acesso poderão optar pela participação online (via Zoom). Em caso de dúvida, por favor contactar a organização.

Calendário:

Data-limite de envio dos resumos: até 20 de Maio de 2025.

  • Data-limite para aceitação dos resumos: até 20 de Junho de 2025.
  • Pagamento da inscrição: até 30 de julho de 2025.
  • Taxas de Inscrição:
    • Até dia 15 de Julho: Professoris e investigadoris com vínculo institucional: 30€; Estudantes: 10€.
    • Até dia 30 de Julho: Professoris e investigadoris: 60€; Estudantes: 20€

[Sítio oficial do CECOMP][Substack do Quir Research Hub][Para mais informações: quir.hub@gmail.com]

03.04.2025 | par martalanca | Queering Afro-Luso-Brazilian

Hanami, a primeira longa-metragem da realizadora Denise Fernandes, Cabo Verde

 sessões especiais nos dias 12 e 13 de abril em Cabo Verde, país coprodutor do filme juntamente com Portugal e Suíça. 

Com a coprodução do Batalha Centro de Cinema e com o apoio da Embaixada de Portugal em Cabo Verde e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, o filme terá sessões especiais em Cabo Verde, para que os actores não profissionais que participaram no filme e a comunidade local possam assistir ao mesmo, uma vez que há uma ausência de cinema comercial no país. 

O filme Hanami foi filmado integralmente na Ilha do Fogo, São Filipe e Chã das Caldeiras. A quase integralidade das personagens ficcionais do filme, foram interpretadas por pessoas locais que durante o processo de preparação do filme foram ensaiadas pela nossa equipa para poderem ser atores. Fazer este filme tratou-se de uma experiência única do ponto de vista humano e que mobilizou e entusiasmou as populações dos locais. - refere o produtor português, Luís Urbano

Nos dias 12 e 13 de abril, haverão sessões de projeção na Ilha do Fogo, em São Filipe, na Casa das Bandeiras, às 10h00, 15h00 e 18h00, e na Praia, no Centro Cultural Português, às 19h00, respectivamente. O evento culminará ainda com uma projeção em Mindelo, no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência de Cabo Verde, cuja data será anunciada em breve. 
principal motivação desta nossa iniciativa é partilhar o filme com as pessoas que connosco fizeram o filme e com as comunidades locais que nos ajudaram a realizá-lo. O filme é nosso, mas também é deles. Trata-se, pois, de uma devolução do filme ao local e às pessoas que connosco o fizeram. Por outro lado, sendo a realizadora Denise Fernandes também cabo-verdiana, assumimos desde o início deste projeto o compromisso moral de levar o filme a Cabo-Verde, comenta ainda Luís Urbano.  
Hanami conta a história de uma menina chamada Nana que vive numa remota ilha vulcânica, de onde todos querem sair, mas a pequena Nana aprende a ficar. A mãe, Nia, que sofre de uma doença misteriosa, partiu logo após o seu nascimento. Quando Nana começa a ter febres altas, é enviada aos pés de um vulcão para ser curada. Lá, encontra um mundo suspenso entre sonhos e realidade. Anos mais tarde, quando Nana é adolescente, Nia. 
O filme teve a sua estreia mundial no Festival de Locarno na secção Cineasti del Presente onde venceu o Prémios de Melhor Realizador Emergente,  Prémio Boccalino de Melhor Argumento e obteve uma  Menção Especial do Júri “Primeira Longa-Metragem”. Hanami  continua a circular por todo o mundo e já ganhou mais de 10 prémios em festivais.            
Em Portugal, Hanami chega às salas de cinema a 15 de maio pela distribuidora Desforra Apache.  

Sobre Denise Fernandes
Denise Fernandes (1990) nasceu em Lisboa de pais cabo-verdianos e cresceu na Suíça. A sua última curta-metragem, Nha Mila (2020), foi apresentada no Festival de Locarno na secção Pardi di Domani. Nha Mila foi finalista dos European Film Awards 2020 e exibida em mais de 40 festivais internacionais de cinema. Foi nomeada na categoria Melhor Curta-metragem nos Prémios Sophia 2021 e convidada pelo MoMA e pelo Lincoln Center de Nova Iorque para o festival New Directors/New Films. 
Hanami, filmado em Cabo Verde, é a sua primeira longa-metragem.    

Produção: Alina Film, O Som e a Fúria  
As sessões especiais em Cabo Verde têm coprodução do Batalha Centro de Cinema e o apoio da Embaixada de Portugal em Cabo Verde e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua    
Apoios à divulgação: RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O filme é uma coprodução entre Cabo-Verde, Portugal e Suíça.

03.04.2025 | par martalanca | cabo verde, Denise Fernandes, Hanani

António Jacinto: Poeta e Guerrilheiro

COLÓQUIO INTERNACIONAL | 04 abr. | 14h00-19h00 | Auditório | Entrada Livre - Biblioteca Nacional

No ano em que se comemora o 50.º aniversário da Independência de Angola e o centenário do nascimento de António Jacinto, a Biblioteca Nacional de Portugal organiza um colóquio de evocação e celebração de “António Jacinto: poeta e guerrilheiro”. Esta iniciativa é coordenada pelo escritor Zetho Cunha Gonçalves, organizador da edição da sua obra completa.

O colóquio será constituído por três partes. Numa primeira parte, vários investigadores e professores que estudam a obra de António Jacinto e a literatura angolana do século XX apresentarão os resultados das suas investigações mais recentes: Ana Paula Tavares, David Capelenguela, Francisco Soares, Francisco Topa, José L. Pires Laranjeira. Numa segunda parte, vários escritores e amigos do poeta darão o seu testemunho: Jacinto Rodrigues, João Melo, Luandino Vieira, Manuel F. Martins e Sofia do Amaral Martins. Uma terceira parte será constituída pela transformação do colóquio num livro de homenagem editado pela Biblioteca Nacional de Portugal. Nele constarão os estudos e testemunhos acompanhados das suas mais importantes fotografias.

Resumos

Linguagem literária e tradução em Fábulas de Sanji de António Jacinto | Ana Paula Tavares

Entre fórmulas fixas e jogos de palavras, António Jacinto persegue, neste livro, a memória coletiva de uma determinada sociedade e inscreve o seu repositório no património da oralidade da sociedade angolana.

Atravessando novas propostas teóricas para lá das fontes e da construção do texto vamos deter-nos na tradução e nos diferentes trânsitos entre línguas, personagens e géneros implicados. Trata-se de acompanhar a fixação pela escrita de textos da oralidade e ao mesmo tempo do edifício de reoralização da escrita como lugar de investimento e significado dos nós temáticos que enformam os trabalhos incluídos no livro.

A força do Movimento dos novos Intelectuais: O caso de António Jacinto e a Fundação da União dos Escritores Angolanos | David Capelenguela

Este trabalho procura compreender como é que o “movimento de libertação nacional angolano, concebido a partir de movimentos culturais, ter contado com a presença de escritores entre os principais fundadores e líderes. Escritores que deram sua contribuição das mais variadas formas possíveis: no front da batalha comandando tropas”; e como é que, a partir da prisão, esses escritores produziram obras literárias de mensagem anticolonial que levaram à consciencialização e encorajaram os angolanos, a partir de uma manifestação de projeto estético-literário que realçava o que de mais importante deveria ser matéria-prima para a sua poesia: a realidade angolana, a sua vida social, em especial a condição do homem negro, e as suas belezas e riquezas.

Por fim, faz-se ainda uma análise da forma particular como a produção literária de António Jacinto, enquanto integrante do Movimento dos Novos Intelectuais, auxiliou a metaconsciência e a determinação do povo angolano para a luta de libertação contra o colonialismo português até à independência em 11 de novembro de 1975 e  para que “uma das primeiras medidas tomadas pelo governo do MPLA ao assumir o poder, constituindo como presidente da república o poeta Agostinho Neto, fosse a criação de um órgão editorial que pudesse viabilizar a publicação de inúmeras obras escritas durante o período colonial (…), a União dos Escritores Angolanos (UEA)”. [Hamilton, pp.167-8], em 10 de dezembro de 1975.

Uma arte poética experimental | Francisco Soares

A lírica e a narrativa de António Jacinto, como também os sinais de um pensamento sobre a poesia como arte (em geral, ou seja, narrativa e lírica) apontam para uma constante busca de modelos, soluções ou sínteses entre várias hipóteses de trabalho no contexto específico da angolanidade artística do seu tempo. Tal busca não se completou, não chegou a realizar-se, apenas ficaram tentativas dispersas.

Esta situação proporciona a oportunidade única para estudar o ambiente literário no qual os primeiros poetas independentistas buscavam conseguir expressão própria.

Comparando, de passagem, com o percurso literária do Viriato da Cruz e de Agostinho Neto, testar-se-á, uma vez mais, o conceito de inquietação estética na obra de António Jacinto.

Um Pitigrilli do Oriente ou uma adaptação com sabor a Jacinto | Francisco Topa (CITCEM - FLUP)

Partindo do conto Em Kiluanji do Golungo, de 1984, abordar-se-á a origem da narrativa e o modo como António Jacinto a adaptou, permeando-a de provérbios de origem vária. Será salientada a ligação da narrativa à poética do autor, marcada pela certeza de que “Também entramos na história”.

Liberdade, encarceramento, poesia e cumplicidade | José L. Pires Laranjeira

Liberdade, prisão e denúncia em António Jacinto e breve aproximação a António Cardoso - da MENSAGEM à CULTURA, IMBONDEIRO, CEI e MENSAGEM - a mesma luta discursiva por uma nova cultura e independência nacional.

Nota biográfica

António Jacinto (Luanda, 28 de setembro de 1924 - Lisboa, 23 de junho de 1991) foi um dos mais destacados poetas e ficcionistas da modernidade literária angolana.

Fundador, em 1948, com Viriato da Cruz e Agostinho Neto, entre outros, do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, para o qual a Cultura era um meio para a consciencialização política e de luta para a conquista da independência nacional de Angola.

Esta foi a sua luta, de uma vida inteira, pelo que pagou o alto preço da prisão política, em 1961, acabando por ser desterrado, como tantos outros nacionalistas angolanos do chamado «Processo dos 50», para o Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, onde chegou a 13 de agosto de 1964, e de onde só foi libertado, juntamente com o também escritor e nacionalista angolano José Luandino Vieira, a 15 de junho de 1972.

Conseguindo sair clandestinamente de Portugal, juntou-se às forças da guerrilha do MPLA, tendo sido, até aos acordos de cessar-fogo entre o exército português e o MPLA, em outubro de 1974, diretor do Centro de Instrução Revolucionária Kalunga, na fronteira da República do Congo com Cabinda.

No primeiro governo de Angola independente, desempenhou o cargo de ministro da Educação e Cultura. Publicou os seguintes livros: Poemas, 1961; Vôvô Bartolomeu seguido dos poemas Era Uma Vez… e Outra Vez Vôvô Bartolomeu, 1979; Em Kiluanji do Golungo, 1984; Sobreviver em Tarrafal de Santiago, 1985; Prometeu, 1987; Fábulas de Sanji, 1988.

Em 1979 foi agraciado com o Prémio Lotus, pela Associação dos Escritores Afro-Asiáticos, «pela sua contribuição para a cultura universal e para o esclarecimento da luta travada pelos Povos em prol da sua libertação, do progresso e da paz, e ainda pelo engajamento direto no combate contra o imperialismo e o racismo, que comprometem os valores humanos e culturais da humanidade.»

Na sequência da publicação de Sobreviver em Tarrafal de Santiago, foi agraciado com o Prémio NOMA e a atribuição, pelo Conselho de Estado de Cuba, da Ordem Félix Varela de 1.º Grau, que recebeu das mãos de Fidel Castro. Em 1987, recebeu o Prémio Nacional de Cultura, o mais importante galardão literário angolano.

+ info no site da Biblioteca Nacional. 

28.03.2025 | par martalanca | António Jacinto

7th Queering Afro-Luso-Brazilian Studies Conference

Organizado desde 2014, com edições em França (Sorbonne Université), na Suécia (Dalarna University), no Reino Unido (Birmingham University), em Portugal (Universidade do Porto) e no Brasil (Universidade de São Paulo), o colóquio internacional “Queering Afro-Luso-Brazilian Studies” retorna a Portugal para a sua sétima edição, a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com organização do Quir Research Hub (CITCOM-CECOMP).

A conferência propõe-se a revisitar o cânone literário, artístico e cultural de países de língua portuguesa, assim como as práticas e arquivos de escritoris e artistas historicamente invisibilizades, cujas trajetórias insinuam potenciais contra-cânones de língua portuguesa, e tradições culturais subrepresentadas e subarticuladas enquanto tal.

Centrando-se nos estudos literários e artísticos, e em representações da dissidência sexual e da desobediência de género em corpos textuais diversos, a conferência procura aproximar pesquisadoris, escritoris, artistas, ativistas e outres agentes culturais cujas práticas e pesquisas promovam, de diferentes modos, ruturas importantes com ordem dominante de sexo-género, como configurada no paradigma moderno-colonial.

A interrogação queer (ou quir) de histórias textuais em disputa ata-se, assim, a uma crítica mais ampla e interseccional da monormatividade, do binarismo de género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade - bem como da homonormatividade, do homonacionalismo, e de novos ideais regulatórios emergentes em culturas textuais contemporâneas.

Chamada de Artigos

A organização convida a submissão de propostas de trabalhos que investiguem a literatura e outras artes (com particular ênfase em conexões interartes) a partir de perspetivas queer, transfeministas e/ou decoloniais, e que visem a desconstrução da ordem de género colonial, profundamente estruturada a partir da mononormatividade, do binarismo de sexo/género, do patriarcado, e da cisheteronormatividade. 

Damos também as boas-vindas a leituras e intervenções sobre imaginários, práticas, e possibilidades alternativas ao regime moderno-colonial, incluindo resistências, subversões, e perversões da norma sexopolítica no contexto dito “pós-”colonial.

Temas e linhas sugeridas:

  • Leituras queer, transfeministas, e/ou decoloniais do cânone literário e artístico, tal como de obras e de autoris historicamente marginalizades pelos sistemas literário e artístico;
  • Genealogias e arqueologias literárias e artísticas: correntes e tradições contra-canónicas;
  • Arquivos Queer e LGBTQIA+: culturas materiais, éticas do passado, e políticas da memória;
  • Literaturas, cinemas e outras artes LGBTQIA+;
  • Novas normatividades: modelos, ideais e estereótipos no marco do homonacionalismo e do neoliberalismo;
  • Migrações, deslocamentos e diásporas LGBTQIA+;
  • Sexualidades e comunidades sexo-dissidentes: narrativas, performances, representações artísticas e estudos de campo;
  • Literaturas, imaginários, e linguagens não-binaries;
  • Fissuras, ruturas e fabulações críticas na colonialidade do género;
  • Modos de vida, práticas e perspetivas liminares, borderline ou fronteirizas;
  • Ativismos e artivismos queer, quir cuir;
  • Performances e performatividades queer: corpos, comunidades, e praxis;
  • Historicizações da cisgeneridade e heterossexualidade compulsórias;
  • AfroQueer: centrando a geopolítica do continente africano e da diáspora afrodescendente;
  • Estudos críticos das masculinidades;
  • Outras.

Comissão organizadora:

  • Helder Thiago Maia (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Luísa Semedo (Universidade Paris-Sorbonne, França)
  • Marzia D’Amico (FLUL - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Salomé Honorio (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Sofia Zanini (ICS - Universidade de Lisboa, Portugal)

Comissão científica:

  • Alberto da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Alda M. Lentina (Dalarna University, Sweden)
  • Anna Klobucka (UMass Dartmouth, USA)
  • Fernando Curopos (Université Sorbonne Nouvelle, France)
  • Maria Araújo da Silva (Université Paris Sorbonne, France)
  • Mário Lugarinho (Universidade de São Paulo, Brasil)
  • Paulo Pepe (University of East Anglia, UK)

Línguas de trabalho:

  • Português, Inglês, Galego.

Inscrições:

Envio de resumos para: quir.hub@gmail.com

  • As propostas devem conter nome, filiação institucional (se existir), título da proposta e resumo.
  • Resumo com até 1000 caracteres, 5 palavras-chave, indicação de tema/linha sugerida, e bibliografia.
  • Indicação de preferência de participação: presencial ou online.
  • Importante: à partida, apenas investigadoris em formação e/ou pessoas com dificuldades de acesso poderão optar pela participação online (via Zoom). Em caso de dúvida, por favor contactar a organização.

Calendário:

  • Data-limite de envio dos resumos: até 20 de Maio de 2025.
  • Data-limite para aceitação dos resumos: até 20 de Junho de 2025.
  • Pagamento da inscrição: até 30 de julho de 2025.
  • Taxas de Inscrição:
    • Até dia 15 de Julho: Professoris e investigadoris com vínculo institucional: 30€; Estudantes: 10€.
    • Até dia 30 de Julho: Professoris e investigadoris: 60€; Estudantes: 20€

[Sítio oficial do CECOMP][Substack do Quir Research Hub][Para mais informações: quir.hub@gmail.com]

22.03.2025 | par martalanca | Conference, queer

III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA

28 – 30 mar / Entrada livre

Entre 28 e 30 de março, a Fundação acolhe a III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA, um programa de dança contemporânea que reúne os artistas Nuno Barreto, Djam Neguin e Rosy Timas, de Cabo Verde, e Pak Ndjamena, Mai-Júli Machado e Francisca Mirine, de Moçambique. São apresentadas criações recentes, que resultam do trabalho realizado nas residências promovidas pelo programa de mobilidade de artistas PROCULTURA.

Este é um programa vibrante, que dá a conhecer um conjunto de práticas coreográficas de artistas africanos, no cruzamento entre tradição e dança contemporânea. A mostra promove um espaço de apresentação e partilha destas criações e o diálogo com outros contextos de criação contemporânea, incentivando a circulação internacional dos artistas participantes.

+ info

21.03.2025 | par martalanca | Gulbenkian, procultura

O Cinema das Independências, exposição, curadoria de Kitty Furtado

13março– 10agosto Foyer 1 e Foyer 2

A propósito dos 50 anos da proclamação da independência dos países africanos colonizados por Portugal, o Batalha Centro de Cinema apresenta O Cinema das Independências, uma exposição documental com curadoria de Kitty Furtado, investigadora, ativista e crítica cultural, cujo trabalho se desenrola em torno do cinema, da memória, do racismo e das reparações históricas.

Reunindo material sobre obras fílmicas produzidas durante os processos de libertação e no período pós-independências, a exposição destaca o papel da imagem em movimento enquanto ferramenta de resistência e documentação, mas também de disseminação das mensagens emancipatórias. Centrando-se nos contextos políticos de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, a exposição aborda também a variedade de linguagens cinematográficas durante um período de intensas transformações.

Entrada livre + infos 


20.03.2025 | par martalanca | Batalha, independências

Hélder Beja, diretor do Doclisboa

A direcção da Apordoc nomeou Hélder Beja como novo director do Doclisboa — Festival Internacional de Cinema, numa estrutura renovada que conta agora com Boris Nelepo como co-chefe de programação, e com Cíntia Gil continuando como programadora associada.

O novo director do Doclisboa assume funções depois de ter trabalhado nas duas últimas edições do festival. Hélder Beja, jornalista cultural, editor e argumentista, co-fundou e dirigiu o Festival Literário de Macau durante sete edições (2012-2018) e é desde 2019 um dos organizadores da conferência bienal da Asia Pacific Writers & Translators. Licenciado em Comunicação Social e com uma pós-graduação em Antropologia — Culturas Visuais, Hélder Beja tem trabalhado essencialmente sobre a Ásia e a China, continente e país onde viveu durante quase uma década.

Boris Nelepo, Hélder Beja, Cíntia GilBoris Nelepo, Hélder Beja, Cíntia Gil

Boris Nelepo, programador e crítico que forma parte da equipa do Doclisboa, assume agora a co-chefia de programação, que partilhará com um novo elemento do comité de programação que se juntará à equipa em Abril. Boris Nelepo trabalhou como consultor para o Festival Internacional de Cinema de Locarno (2012-2018). Para o Doclisboa, foi o curador de várias retrospectivas desde 2015 (entre elas as de Želimir Žilnik em 2015 e de Věra Chytilová em 2017). Tem artigos publicados em várias revistas internacionais como a Trafic, a Cinema Scope e os Cahiers du Cinéma.

Cíntia Gil assume funções em Maio e será a programadora associada de mais esta edição do festival. Dirigiu o Doclisboa entre 2012 e 2019 e o Sheffield DocFest (Reino Unido) entre 2020 e 2021. Criou ainda o programa Artistic Differences, com Jenny Miller e Christopher Allen, do UnionDocs (EUA), integra a equipa do Máster em Documentário de Criação da Universidade Pompeu Fabra em Barcelona como tutora de projectos, e a equipa de programação da Quinzena dos Cineastas de Cannes. 
Tomás Baltazar e Luca D’Introno continuam a fazer parte do comité de selecção e programação, com Marta Vaz e Nuno Ventura Barbosa a juntarem-se também à equipa.

A direcção de produção do Doclisboa está agora a cargo de Maria João Malheiro e a direcção de desenvolvimento e indústria é liderada por Marina Thomé. 

O festival estará de volta às salas habituais entre 16 e 26 de Outubro. Até 31 de Maio estão abertas as inscrições de filmes para a 23ª edição.

18.03.2025 | par martalanca | DocLisboa, Hélder Beja

Mamadou Baila Ba é laureado com o título de Notório Saber da UFPA

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Pará (Consepe/UFPA) aprovou a concessão do título de Notório Saber ao ativista político luso-senagalês Mamadou Baila Ba. A proposta foi apresentada pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), por meio da professora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, considerando a importância acadêmica e política do candidato. Para o processo de elaboração do dossiê, foram inseridas cartas de recomendação de autoridades acadêmicas estrangeiras de instituições com as quais Mamadou Ba colabora e desenvolve projetos em favor dos direitos humanos, combatendo o racismo.

“A forma transversal e interseccional como Mamadou Ba tem pensado e atuado nas questões das desigualdades estruturais e das injustiças é uma contribuição importante para os desafios epistemológicos e ideológicos da academia, como instância de produção e reprodução de ordem social”, afirma a professora Rosa Elizabeth Acevedo-Marin.

Nascido no Senegal, Mamadou Ba vive em Portugal desde 1997. Possui licenciatura em “Língua e Cultura Portuguesa” (1997), pela Universidade Cheikh Anta Diop (Dakar), e é titular de um certificado de Pós-Graduação em Tradução, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1998). Atualmente, ele está vinculado aos programas de pós-graduação de duas universidades no Canadá, a Simon Fraser University (SFU) e o Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice da University of British Columbia (UBC).

Em Portugal, Mamadou Ba dedica-se ao ativismo antirracista. Além de dirigente da Organização  SOS Racismo, ele é fundador de várias organizações de defesa dos direitos humanos dos migrantes e das pessoas racializadas de âmbito nacional e europeu, e já integrou conselhos científicos de vários projetos de investigação académica como consultor. Participa, ainda, como docente em Escolas de Verão do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, relacionadas com a temática do (anti)racismo, bem como também colabora com outras universidades portuguesas, tais como a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade do Porto, nesses debates. 

“A questão racial, que é o foco da intervenção de Mamadou Ba, é crucial e indissociável das outras questões fundamentais para a sustentabilidade ambiental, a viabilidade do mundo e, consequentemente, da respiração democrática saudável das nossas sociedades, numa altura de ressurgimento e fortalecimento do fascismo e todo o seu cortejo de ameaças à paz e ao bem-estar de segmentos sociais mais vulneráveis, pessoas racializadas, negras, indígenas e migrantes”, comenta Acevedo Marin. 

Atuação reconhecida – Em 2021, Mamadou Ba foi distinguido com o Prémio internacional “Front Line Defenders”, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco, pela sua dedicação à luta antirracista. No ano passado, ele lançou o seu primeiro livro de ensaios no Brasil, cujo título é Antirracismo:  Nossa luta é por respeito amor e dignidade (Nandyala, 2024).

Ele também recebeu, em fevereiro de 2023, uma Moção de Solidariedade, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, entregue pela vereadora Mônica Benício, com celebração na casa da Mãe Wanda de Omolu.

Título honorífico – De acordo com a Resolução n. 4.936/2017 (Consepe/UFPA), o título de Notório Saber pode ser concedido, excepcionalmente, a docentes ou pesquisadoras(es) que tenham experiência e desempenho destacados em sua trajetória profissional, a exemplo de atividades que validem a alta qualificação da(o) candidata(o) em sua área de conhecimento. A concessão do título de Doutor Notório Saber foi aprovada por unanimidade, primeiramente,  em reunião da Congregação do NAEA presidida pela professora Ligia Simonian, para posterior encaminhamento ao Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPA, no qual também teve aprovação unânime.

“Ao conceder este título, reconhecemos o legado de alguém ímpar no que diz respeito à luta antirracista e a promoção da diversidade. Com essa homenagem, a UFPA ratifica seu alinhamento aos princípios de defesa dos direitos humanos”, ressalta o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva.

Relatora responsável pelo processo de concessão do título de Doutor Notório Saber a Mamadou Ba no Consepe, a professora Jane Felipe Beltrão considera o ato importante não apenas pela possibilidade de tê-lo como “colaborador no NAEA”, mas também, sobretudo, porque a Universidade amplia a sua compreensão dos temas sociais.

Mamadou Ba esteve na UFPA em 2023 para a I Jornada de Antirracismo e Justiça Climática e participou de uma série de eventos, incluindo a Conferência “Introdução às tradições e linhagens teóricas do antirracismo”, e deve retornar em agosto deste ano para a cerimônia de concessão do título.

TEXTO: Assessoria de Comunicação Institu#mce_temp_url#cional da UFPA

FOTOS: Arquivo pessoal

17.03.2025 | par martalanca | Mamadou Ba

Lançamento do Livro Conversas Desalinhadas

Conversas Desalinhadas é uma publicação que reflete sobre os 5 anos de atividade do Grupo de Estudo Leituras Feministas. Composta por: ensaios escritos e visuais departicipantes do grupo de estudo em conversa com textos, atividades e pessoas que deram vida às sessões do grupo; um diagrama da primeira Caminhada das Corpas; um caderno de documentação fotográfica do grupo; e entrevistas às responsáveis pelos espaços alternativos que acolheram as várias atividades.

Com contribuições de Simone Amorim, Joana Baptista Costa, Gabriela Carvalho, Carla Cruz, Hilda de Paulo, Danielle Fernandes, Renata Gaspar, Mariana Leão, Leticia Maia, Alicia Medeiros, Holga Mendez, Amanda Midori, Isabeli Santiago, e Orlando Vieira.

Lançamento: 17h na Livraria do i2ADS / FBAUP

Avenida Rodrigues de Freitas 265, Porto

Jantar comemorativo (reserva obrigatória aqui https://forms.gle/tvtZJmrjScwnciWJ9)

Mamuila Filó

Praça da Alegria, 91, Porto

15.03.2025 | par martalanca | Leituras Feministas, porto

K-F PODCAST #10 - de Redy Lima

O K-F Podcast convida José Luiz Tavares, poeta, escritor e filósofo, para uma conversa a volta do seu último livro intitulado “Uma Selvajaria Civilizacional”, em que sai em defesa da língua cabo-verdiana, contra aquilo que designa de supremacismo linguístico ideológico e naturalizado vigente ainda em Cabo Verde.

05.03.2025 | par martalanca | josé luiz tavares, Redy Lima

Programa Lisboa, Cultura e Media

27.02.2025 | par martalanca | cultura, lisboa, media

Afrika Aki

Monte Cara, apresenta 3ª Edição de Afrika Aki

Está de volta o evento Afrika Aki que resgata a memória e a influência do icónico e prestigiado Clube Monte Cara que, em 1976 se instalou na Rua do Sol ao Rato e se tornou um dos principais epicentros da cultura africana com a influência de Cabo Verde, em Lisboa. Idealizado e gerido por Bana ou Adriano Gonçalves que tornou este espaço num verdadeiro trend setter da modernidade musical de Cabo Verde que se reflete até aos dias de hoje e lançou no seu palco Cesária Évora, Paulino Vieira, Armando Tito, Celina Pereira e será recriado dia 11 de abril de 2025, às 22h30, no B.Leza.

O evento contará com participações especiais de Micas Cabral, uma das vozes mais icónicas daGuiné-Bissau e vocalista da banda Tabanka Djazz, Mário Marta, a grande revelação da música de Cabo Verde contemporânea, premiado pelo seu primeiro disco que conta com a colaboração de Lura no funaná “Aguenta”, e Chalo Correia, cantautor angolano influenciado por clássicos como Ngola Ritmos, David Zé, Urbano de Castro e Kiezos.

Contar a História do Monte Cara, neste espetáculo é celebrar os 50 anos das Independências e honrar a Banda Monte Cara que reúne veteranos do Clube de Bana com músicos da nova geração. Lisboa é frequentemente palco de encontros musicais únicos, onde um angolano toca uma morna,um cabo-verdiano toca um gumbé e um guineense toca um semba. Essa fusão de ritmos eculturas dá origem ao AFRIKA AKI, um projeto que destaca a harmonização de influências africanasem Lisboa. A noite promete ser uma viagem musical única, marcada por trazer de volta a raiz de onde tudocomeçou e as noites que viravam madrugadas ao som dos ritmos inesquecíveis do Monte Cara.

27.02.2025 | par martalanca | Bana, Lisboa africana, Monte Cara

31 Mulheres. Uma Exposição de Peggy Guggenheim, curadoria de Patricia Mayayo

Em 1943, a colecionadora Peggy Guggenheim organizou, na sua galeria Art of This Century, em Nova Iorque, uma das primeiras exposições dedicadas exclusivamente ao trabalho de mulheres artistas nos Estados Unidos. Com o título Exhibition by 31 Women, Guggenheim pretendia dar destaque às obras das mulheres artistas, não raras vezes negligenciadas pela mentalidade patriarcal da época e reduzidas a meras musas, imitadoras ou companheiras de célebres artistas homens.

Provenientes da Europa e dos Estados Unidos, as artistas selecionadas para 31 Mulheres, que contou com figuras consagradas mas também apresentou novos talentos, estavam sobretudo ligadas ao surrealismo e à arte abstrata. Conscientes dos desafios que enfrentavam pelo simples facto de serem mulheres, estas artistas recorreram às linguagens artísticas dominantes da sua época para contrariar a norma, reinterpretando as tendências do surrealismo e do expressionismo abstrato a fim de denunciar os preceitos patriarcais em que estes movimentos se fundavam.

Artistas: Djuna Barnes, Xenia Cage, Leonora Carrington, Leonor Fini, Suzy Frelinghuysen, Elsa von Freytag-Loringhoven, Meraud Guinness Guevara, Anne Harvey, Valentine Hugo, Buffie Johnson, Frida Kahlo, Jacqueline Lamba, Eyre de Lanux, Gypsy Rose Lee, Hazel McKinley, Aline Meyer Liebman, Louise Nevelson, Meret Oppenheim, Milena Pavlovic-Barilli, Barbara Poe-Levee Reis, Irene Rice Pereira, Kay Sage, Gretchen Schoeninger, Sonja Sekula, Esphyr Slobodkina, Hedda Sterne, Sophie Taeuber-Arp, Dorothea Tanning, Julia Thecla, Pegeen Vail Guggenheim e Maria Helena Vieira da Silva.

Exposição organizada pela Fundación MAPFRE em colaboração com o MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA MAC/CCB, com um empréstimo excecional de The 31 Women Collection


26 de fevereiro, 17:30, Auditório MAC/CCB
◾ Conversa de apresentação da exposição temporária 31 Mulheres. Uma Exposição de Peggy Guggenheim e da exposição permanente Uma deriva atlântica. As artes do século XX.
Com Jenna Segal (colecionadora), Nuria Enguita (diretora artística MAC/CCB), Marta Mestre (curadora MAC/CCB) e Mariana Pinto dos Santos (assessora científica).

Conversa proferida em inglês e português

Entrada livre, sujeita aos lugares disponíveis

◾ Visita à exposição 31 Mulheres. Uma exposição de Peggy Guggenheim
1 de março às 15:00, 29 de março, 3 de maio e 28 de junho, às 16:00
Participação gratuita mediante inscrição prévia pelo e-mail servico.educativo.museu@ccb.pt e aquisição de bilhete de entrada no museu

mais infos 

24.02.2025 | par martalanca | artistas, mulheres, Peggy Guggenheim

Álbuns de Família

UM TESTEMUNHO PODEROSO DE AUTO‑REPRESENTAÇÃO DA DIÁSPORA AFRICANA EM PORTUGAL

As pessoas são o mais importante. Sem elas não haveria «álbuns de família». As fotografias apresentadas em Álbuns de Família — este livro e a exposição homónima que lhe deu origem — não existem sozinhas, mas são indissociáveis das mulheres e homens, com nome e apelido, a quem se pediu muito mais do que o empréstimo de um objecto. Partilhando a sua intimidade, os seus pensamentos e as suas histórias de vida, as pessoas que protagonizam estas páginas deixam‑nos um testemunho poderoso de auto‑representação da diáspora africana em Portugal, no ano em que se celebram os 50 anos das independências dos países africanos de língua portuguesa.

24.02.2025 | par martalanca | afro-diásporam, Álbuns de Família, catálogo

Como se constrói um país - diálogos interdisciplinares

Nos dias 22 e 23 de maio, o Buala organiza, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e a propósito dos 50 anos da Independência de Angola, o seminário “Como se constrói um país”. Intervenientes confirmados: Alberto Oliveira Pinto, Ana Paula Tavares, Ângela Mingas, César Chiyaya, Diana Andringa, Dina Sousa Santos, Diogo Ramada Curto, Elias Celestino, Elizabeth Vera Cruz (também na organização), Israel Campos, Jean Michele Mabeko Tali, Jonuel Gonçalves, Luzia Moniz, Maria João Teles Grilo, Sedrick de Carvalho, Sizaltina Cutaia, Suzana Sousa, Zezé Nguelleka e Falas Afrikanas.

A independência foi uma festa onde a celebração conviveu com o medo do então presente a ferro e fogo, e do futuro sempre incerto, tanto para os jovens de há 50 anos como para os de hoje. Sabendo que talvez nunca se reconstituam as peças desses tempos, revisitar o passado - dos inícios da ocupação colonial aos últimos 50 anos - é imperativo para pensar uma Angola independente e consciente do caminho percorrido entre a utopia e as vivências demasiado reais.

Olhar criticamente para a história é a melhor forma de aprendê-la e de transmiti-la. O seminário decorre a 22 e 23 de maio na Biblioteca Nacional (distribuído nas seguintes mesas - nomes provisórios: Dos primórdios ao colonialismo tardio; Luta de Libertação; Independência 1974-1992; Aprender a democracia: 1992 para a frente; Como a nossa história é contada?; Patrimónios difíceis e reparações; Angola Urgente) e conta com programação cultural, de cinema e debate, nos dias 24 e 25 de maio, na Casa do Comum do Bairro Alto.

17.02.2025 | par martalanca | buala, Como se constrói um país, independência

Matéria Incomum: conferência-performance na Culturgest a 28 de fevereiro

 

 

Com conceção e direção artística de Lucinda Correia e Marta Rema, projeto procura refletir sobre as atuais economias de mercado, as práticas de extração ambiental e as narrativas institucionalizadas

É apresentada no dia 28 de fevereiro de 2025, na Culturgest, em Lisboa, a conferência-performance Matéria Incomum. Com conceção e direção artística de Lucinda Correia e Marta Rema, este projeto tem como ponto de partida a crise socioambiental e política atual em que nos encontramos e visa refletir sobre economias de mercado, práticas de extração ambiental e narrativas institucionalizadas, procurando assim imaginar práticas responsáveis, com discursos ajustados para possibilitar a ocorrência de novos sentidos da coexistência, coabitação e convivência.

Os últimos anos mostraram-nos a que velocidade o mundo e a realidade podem mudar drasticamente. Mesmo que o meio ambiente tenha sido sempre dinâmico, que o início das alterações climáticas tenha tido origem antes da Revolução Industrial, que as doenças zoonóticas sempre tenham afetado a humanidade, ou que a pobreza urbana, os regimes totalitários e até a desinformação sejam repetições da história. O que estamos a testemunhar neste momento é a intensificação destes processos, a ponto de se terem tornado emergências interconectadas e sem precedentes. (…). O projeto Matéria Incomum quer dar um passo atrás, afirmam Lucinda Correia e Marta Rema, que assinam a conceção e direção artística do projeto.

foto de Rui Aguiarfoto de Rui Aguiar

Matéria Incomum é um projeto da efabula que conta com a direção de movimento do coreógrafo e artista conceptual brasileiro Gustavo Ciríaco e com a presença do investigador, artista e escritor grego Andreas Philippopoulos-Mihalopoulos (justiça hídrica), da professora e investigadora alemã Angelika Hinterbrandner (habitação), a arquiteta, escritora e professora iraniana Sepideh Karami (extrativismo), arquiteta e investigadora Lucinda Correia e da curadora e programadora cultural Marta Rema.


13.02.2025 | par martalanca | extrativismo, Matéria Incomum

BRINCAR em SERRALVES

BRINCAR em SERRALVES procura, a propósito da exposição Ricochetes de Francis Alÿs e em articulação com o Serviço de Artes Performativas e o Serviço Pedagógico do museu, estender a Norte um projecto de investigação artística sobre e a partir de experiências artísticas com e para a infância ocorridas nos anos que rodeiam a Revolução de Abril de 1974.   Assim, num programa de um dia, propõe por um lado, um workshop e uma performance do coreógrafo Connor Scott dedicada ao acto de SALTITAR, entendido enquanto UNIDADE MÍNIMA DO BRINCAR, e, por outro, uma mesa-redonda com as artistas e pedagogas Virgínia Fróis e Maria Gallego (Oficina da Criança) e Elvira Leite e Sofia Victorino com organização e moderação da investigadora Ana Bigotte Vieira.

16h CONVERSA

Crianças na (e da) Revolução 

com a participação de Virgínia Fróis e Maria Galego (Oficina da Criança) e Elvira Leite e Sofia Victorino, e moderação de Ana Bigotte Vieira (BRINCAR).

A propósito da exposição Ricochetes de Francis Alÿs e em coordenação com o Serviço Educativo e o Serviço de Artes Performativas do Museu de Serralves, tem lugar uma mesa-redonda em que se abordam uma série de experiências artísticas com e para a infância ocorridas nos anos que rodeiam a Revolução de Abril de 1974. Em conversa com protagonistas como as artistas e pedagogas Virgínia Fróis, fundadora da Oficina da Criança de Montemor-o-Novo, ou Elvira Leite, referência na pedagogia artística e nos Serviços Educativos de museus um pouco por todo o país, visitam-se algumas práticas deste tempo, colocando-as em relação e em diálogo com hoje. Esta ligação é intensificada tanto pelo diálogo de Sofia Victorino com Elvira Leite, com quem trabalhou, como pela partilha concreta do que é, hoje a Oficina da Criança de Montemor (uma das únicas que permanece), por Maria Galego, sua Directora.

Fotografia de Connor ScottFotografia de Connor Scott

BRINCAR (em Serralves) procura estender a Norte um projecto de investigação artística sobre e a partir de experiências artísticas com e para a infância ocorridas nos anos que rodeiam a 2Revolução de Abril de 1974 iniciado a sul, nos arquivos da Comuna - Casa da Criança (Lisboa) e da Oficina da Criança (Santarém- Montemor o Novo).  Aliando investigação de arquivo e trabalho artístico o projecto esteve em residência n’O Espaço do Tempo em Março de 2024. A sua equipa nuclear é composta por antropólogos, designers, artistas plásticos, pedagogos, historiadores e, à vez, artistas convidados a desenvolver com a equipa propostas específicas a partir daquilo a que chamam UNIDADES MÍNIMAS DO BRINCAR como o gesto, o som, a rima, o salto, a cambalhota, a linha, a letra, a palma, etc. 

Mais do que uma fusão das artes, ou de propostas de entretenimento complexas e elaboradas para um público com determinada faixa etária, procura-se aqui resgatar ideias simples de brincadeira e fugir de uma profissionalização do brincar que escusa os demais de o fazer e separa quem tem crianças de quem não tem. Tem igualmente a ver com questionar o lugar que hoje se deixa para as crianças e seus cuidadores, fechadas em escolas e dispersas por actividades especializadas por faixas etárias, experiência muito distinta do que encontramos nos arquivos de não há tanto tempo assim. E, de facto, o desaparecimento das crianças do espaço público e a diminuição da prática de brincadeira livre são muito notórios, o que faz pensar na própria forma de organização da cidade e da vida de hoje no seu conjunto.

PERFORMANCE

Saltitar, Connor Scott

Saltitar é o nome da proposta, orquestrada por Connor Scott, em que andar a saltitar (skipping) se institui activamente como forma delicada de união. A proposta assenta na simplicidade do saltitar e na sintonia rítmica dos participantes (skippers) que – 

ao transportarem o corpo, o som e a dança através dos espaços que percorrem – 

contagiam os espectadores, capturando a sua atenção pelo ritmo. Pensando em formas alternativas de nos transportarmos, Saltitar habita galerias, ruas e espaços públicos para gentilmente nos conduzir em direção à coletividade – corporizando pequenos actos transgressivos de tornar os espaços queer.

BRINCAR 

Curadoria Ana Bigotte Vieira Equipa Ana Bigotte Vieira, Isabel Lucena, Rosa Baptista, Pedro Cerejo e convidad*s Design Isabel Lucena Produção Maria Folque Guimarães Parceria  Oficinas do Convento, BUALA, Tigre de Papel, O Espaço do Tempo

13.02.2025 | par martalanca | brincar, crianças, Serralves

Ativismo Climático

Conferência-performance integrada no ciclo Notas para imaginar estranhos mundos. Atividades em torno de saberes ecológicos / Maria Gil e Bruno Alexandre & Guest: Pedro Rodrigues | Teatro do Silêncio / CCB . 15 e 16 fevereiro . sábado e domingo . 16h00 . Espaço Fábrica das Artes.

Direção artística Maria Gil e Bruno Alexandre

Direção do coro/Guest Pedro Rodrigues

Intérpretes Diana Dionísio, Francisco d’Oliveira Raposo, José Smith Vargas, Teresa Caldas, Susana Baeta

Desenho de luz Alexandre Jerónimo

Assistência de encenação Matilde Pereira – estágio ESAD.CR

Assistência de produção executiva Cristiano Sousa – estágio ESAD.CR

Produção Teatro do Silêncio | 20 anos

Apoio Junta de Freguesia de Carnide e Câmara Municipal de Lisboa Coprodução Centro Cultural de Belém/Fábrica das Artes


Todo o ativismo é um convite à ação, mas para esta conferência-performance pensamos o ativismo como um gesto comunitário, um movimento em direção aos outros. Entre manifesto e manifestação de um desejo de mudança, pensámos num coro que deambula, como uma presença que nos inquieta. Entre canções e gestos, sussurramos línguas em vias de extinção, relembrando a certeza de sermos feitos das matérias que vemos, mas principalmente das que deixámos de querer ver.

A proposta era criar um pequeno coro de vozes. Talvez porque cantar em conjunto seja, em si mesmo, uma forma de responder ao isolamento num mundo escaqueirado. Ou talvez porque as batalhas contra a destruição programada do planeta exigem imaginação coletiva.

As nossas «notas» começaram por ser musicais. Fomos buscar canções ao Coro da Achada de que todos fazemos ou fizemos parte. Com a Maria, o Bruno e o João debatemos ideias, encontrámos cumplicidades, descobrimos que canções podiam ser. Foi necessário torná-las outras, «estranhas», para um pequeno coro. Mas para pôr as canções a confrontar-se com outras ideias, a abrirem-se a outros gestos, sentimos a necessidade de descobrir formas simples de criar sonoridades, espaços livres em que pudesse ressoar a imaginação e o corpo e a voz em ação.

Claro que não basta imaginar — foi preciso fazer, descobrir os tempos, urgentemente criar, tomar posição, agir. Contra um mundo da extorsão, desperdício e apropriação abusiva, imaginar outro que não fica em Marte. Fica exatamente aqui.

10.02.2025 | par martalanca | ativismo, Bruno Alexandre, Climático, Maria Gil