Residência Negralvo, Alice Marcelino

Localização:

ACOLÁ — Freguesia do Torrão

Alice Marcelino é uma artista luso-angolana radicada em Londres. Labora entre Londres, Lisboa e Luanda. Seu trabalho visual explora noções de pertença, num mundo global complexo e em constante mudança. A sua residência artística no Torrão associa o entender do passado às aspirações das gerações futuras. Marcelino pretende descobrir histórias e narrativas esquecidas, especialmente ligadas às nuances históricas e culturais da comunidade afro-portuguesa na região do Sado. 

detalhe de KINDUMBA, 2015, impressão em placa de cobre, 30×20 cm.detalhe de KINDUMBA, 2015, impressão em placa de cobre, 30×20 cm.

A residência, parte do programa NEGRALVO incluirá a criação de retratos de estúdio – ver Malick Sidibe, Sanlé Sory, Rachidi Bissiriou. O ato de criar retratos de estúdio torna-se um processo colaborativo e dialógico, uma oportunidade para os indivíduos participarem ativamente na representação de suas próprias narrativas. Trata-se de capacitar a comunidade para se apropriar da sua história visual, garantindo que as suas experiências não são apenas vistas, mas também compreendidas e celebradas. 

“Pretos do Sado” de Isabel Castro Henriques funciona como obra catalisadora para esta exploração da memória colectiva e do património, constituindo um roteiro para o navegar pelas complexidades da identidade e da preservação cultural. Em pano de fundo, a artista assume um compromisso: promover a compreensão, a empatia e um apreço renovado pelas diversas narrativas que contribuem para o mosaico cultural da comunidade afro-portuguesa.

28.06.2024 | par martalanca | alice marcelino

#Templo De Sílica 4.0 ===

Tecnologia - cheia de graça

O servidor é convosco
Bendita sois vós entre as máquinas
E bendito é o fruto do vosso silicon - robôs Santa Tecnologia, Placa- Mãe de Deus Rogai por nós utilizadores

Templo de Sílica é um ensaio em curso sobre a Tecnolatria (idolatria e dependência da tecnologia), Fascização Tecnológica, Colonialismo Digital e Necropolítica. Explora a ideia de humanização das máquinas e robotização dos humanos, associada às intensivas economias extrativas e à mineração de dados, o que enriquece um grupo minúsculo de pessoas no mundo, expropriando e deslocalizando o resto. Isto tudo associado à disseminação de ideais racistas, xenófobas e nativistas e à militarização e fronteirização do mundo.

TDS 4.0 é uma criação de xullaji para o grupo Peles Negras Máscaras Negras, a partir de textos e músicas suas, amalgamados a trechos de chats recolhidos durante o processo de criação, ditos rappados, cantados e contracenados, a que se junta luz, movimento, vídeo e a música de prétu. A versão 1.0 foi criada em residência artística, em julho de 2023, no 23 Milhas (Ílhavo), onde se estreou. Agora apresenta a sua versão 4.0 no Teatro Municipal de Matosinhos.

Agora e na hora do nosso logout – A[I]MEN

Ficha Técnica e Artística
Criação, Textos e Direção Artística xullaji
Produção Elton Delgado e Coletivo Peles Negras Máscaras Negras

Elenco

Alesa Herero Douguie
Elton Delgado Lúcia Baronesa Nadine do Rosário Raquel da Luz xullaji

Música, Vídeo e Desenho Som xullaji
Desenho de Luz Luís Moreira
Arte (cenografia, figurino e adereços e fotografia) Coletivo Peles Negras Máscaras Negras
Apoio ao Movimento Lucília Raimundo

27.06.2024 | par martalanca | Coletivo Peles Negras Máscaras Negras, teatro

À MESA DA UNIDADE POPULAR de Isabel Noronha e Camilo de Sousa

Sábado, 29 Junho, 19:00, cinema IDEAL

com a presença de Isabel Noronha e Camilo de Sousa e conversa no final da sessão

A Mesa da Unidade Popular, com as suas seis cadeiras, fazia parte da Mobília da Unidade Popular que, no período pós-Independência socialista, o Estado moçambicano pretendia atribuir a todas as famílias. Um conceito que reunia a ideia socialista de igualdade, bem-estar e justiça social com o conceito de Unidade Nacional, pressuposto básico da Frelimo para a Independência e desenvolvimento harmonioso do País. A Mesa da Unidade Popular voltou a ser neste filme, o lugar onde convergiram histórias, memórias e testemunhos, nesta Mesa voltámos a sentar-nos, para revisitar o processo de construção de uma Nação e da utopia partilhada da construção de uma sociedade mais justa. Cada um de nós com sua identidade e sua cultura, a sua forma única e diversa de ser moçambicano.

 + infos

26.06.2024 | par martalanca | independência, Moçambique

Tributo a Azagaia I Casa Independente 28/6

SAM THE KID, HUCA, SIR SCRATCH E NAYR FAQUIRÁ NA SEGUNDA EDIÇÃO DO TRIBUTO AO RAPPER AZAGAIA NA CASA INDEPENDENTE

A Casa Independente em Lisboa, realiza no dia 28 de Junho de 2024, das 17h às 03h da manhã, a 2a edição do Tributo a Azagaia - Povo no Poder. Uma homenagem à vida e obra do músico e pensador moçambicano, Azagaia, pautada pela luta pelos direitos universais da dignidade humana, pela resistência e solidariedade, acrescidas por uma construção lírica que reúne consenso no panorama musical internacional.

Este ano, o Tributo coincide com as celebrações dos 50 anos do 25 de abril, alarga o seu programa a uma talk com a curadoria da antropóloga e jornalista Magda Burity e Flávio Almada, ativista, fundador e porta-voz do movimento Vida Justa e da Associação Mbongi, que traz para debate o tema “Azagaia: A palavra como património transversal ao pensamento decolonial” através de leituras e audição de músicas da autoria e composição de Azagaia.

Coca o FSM & Mano António, Huca, Michel William, Indi Mateta, Libra, Matti Jasse, Muleca XIII, Nayr Faquira, Remna, Sam The Kid, Sir Scratch, LBC Soldjah, e Schmith , Yeri e Yenin e o Dj Set final, são os nomes confirmados para esta edição.

A curadoria está a cargo do rapper Valete, da empresária Inês Valdez, do músico Milton Gulli, da jornalista Magda Burity e da empresária Lídia Amões.

Na primeira edição cerca de 500 pessoas encheram a Casa Independente para homenagear Azagaia, numa noite memorável, que contou com as vozes de Sérgio Godinho e João Afonso, Valete, Paulo Flores, Maria João, Papillon, Scúru Fitchádu, no leque de 19 artistas que tivemos o privilégio de ver atuar no espetáculo. Celebrou-se o percurso de Azagaia com mensagens de colegas de profissão e académicos de todo o mundo.

“Tenho uma costela indireta rapper”, disse Sérgio Godinho, à margem do tributo, que teve lugar na Casa Independente, em Lisboa, e que escolheu a música “Democracia” para homenagear Azagaia.

As receitas do evento de 2024 revertem para a plataforma Makobo. www.makobo.co.mz
As receitas do evento de 2023 reverteram para a família de Azagaia.

Instagram: tributoazagaia
Bilhetes: https://shotgun.live/pt-pt/events/tributo-a-azagaia-povo-no-poder-2-edic... Comunicação: madamecomunicacao@gmail.com

26.06.2024 | par martalanca | Azagaia, Moçambique

nascimento de Amílcar Cabral

A sociedade civil junta para celebrar o Centenário do nascimento de Amílcar Cabral.Quem somos

Somos cidadãos cabo-verdianos ou descendentes de cabo-verdianos, de diversos quadrantes, idades e profissões, residentes no arquipélago, no continente europeu, africano ou americano, que queremos e decidimos nos juntar para celebrar o centenário daquele que consideramos como a figura histórica mais marcante de Cabo Verde: Amílcar Cabral.

Missão

Em um mundo cada vez mais globalizado, mas ao mesmo tempo marcado por divisões e conflitos, a nossa missão ganha uma importância renovada: contribuir de forma significativa para o reforço dos laços de solidariedade entre os cidadãos comuns, longe de quaisquer aspirações político-partidárias, que almejam prestar uma justa homenagem a Amílcar Cabral ao longo do ano de 2024. Propomo-nos a unir pessoas de diferentes nacionalidades, culturas e continentes, todas movidas pelo reconhecimento do valor histórico e pelo impacto contemporâneo da vida e obra de Cabral, uma figura central na luta pela liberdade e pela igualdade. Este é um esforço para transcender fronteiras geográficas e culturais, visando criar uma comunidade global de memória, aprendizagem e ação inspirada pelos ideais de Cabral.

Ver o site 

 

 

22.06.2024 | par martalanca | Amílcar Cabral

Os Mapas da Memória: uma cartografia pós-colonial europeia

MAPS - Pós-memórias Europeias: uma cartografia pós-colonial foi um projeto financiado pela FCT que criou uma nova cartografia da memória colonial europeia, trazendo para primeiro plano as memórias dos que foram afetados pelo colonialismo e pela descolonização em Portugal, França e Bélgica, do ponto de vista das segunda e terceira gerações. Teve como base parte da pesquisa realizada no projeto Memoirs – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias (n.º 648624), financiado pelo Conselho Europeu de Investigação e desenvolvido no Centro de Estudos Sociais. A re-significação do passado colonial trazida pela combinação do estudo de narrativas pessoais, literatura e obras artísticas, do ponto de vista do conceito de pós-memória, deu um contributo poderoso para repensar o património da memória colonial como uma parte fundamental da identidade europeia.

Este projeto está na origem da plataforma Reimaginar a Europa que apresenta em vários suportes as realizações do projeto - https://reimaginaraeuropa.ces.uc.pt. Os resultados obtidos, nomeadamente os instrumentos propostos têm um elevado alcance pedagógico mostrando como a pós-memória pode ser geradora de novos compromissos democráticos, pós-nacionais e geradores de um diálogo Norte-Sul.

27 de Junho 2024 | 9.30 -13.00 

VER PROGRAMA

Nú Barreto, Black Moon, 2018 (Cortesia do Artista)Nú Barreto, Black Moon, 2018 (Cortesia do Artista)

21.06.2024 | par martalanca | cartografia, pós-colonial

GHOST | As pós-vidas do contrato e da escravatura: narrativas sobre trabalho forçado entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

De forma a documentar a história cultural das práticas de trabalho forçado que, durante o colonialismo português, vigoraram em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, nasce o projeto GHOST. As pós-vidas do contrato e da escravatura: narrativas sobre trabalho forçado entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Esta investigação, sediada no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) e que vai estar em curso até 2027, propõe-se produzir um conhecimento novo e aprofundado sobre o trabalho forçado nestes dois arquipélagos, que ainda hoje impacta as dinâmicas de vida das sociedades cabo-verdiana e santomense. GHOST visa contribuir para a discussão sobre o reconhecimento de passados coloniais negligenciados e dos seus legados, ao traçar caminho para uma abordagem mais crítica e democrática do trabalho forçado. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Entre 1903 e 1970, cerca de 80 mil cabo-verdianos foram enviados para trabalhar nas plantações de café e de cacau de São Tomé e Príncipe. Em resultado deste afluxo maciço de trabalhadores cabo-verdianos, geralmente designado por contrato (termo velado para servidão e/ou trabalho forçado), houve um impacto profundo em ambas as sociedades, com reflexos na sua cultura e nas suas estruturas sociais. Nesta investigação, o entendimento desta história vai ser feito a partir do estudo das narrativas do contrato, como poesia, prosa, pintura, cinema, música, imprensa e histórias de vida. Ao examinar como e por que razão as narrativas sobre o trabalho forçado evoluíram ao longo do tempo nos dois arquipélagos africanos, este projeto de investigação pretende colmatar uma lacuna nos estudos globais sobre as plantações, que tendem a centrar-se no continente americano. O projeto oferece, para tal, um novo quadro concetual para pensar as plantações coloniais, o trabalho forçado e os processos de memorialização: a fantasmagoria. A fantasmagoria contempla os modos pelos quais um passado colonial mal resolvido — e, neste caso, a violência do trabalho nas plantações — se fazem conhecer no presente. Isto diz respeito, por exemplo, ao regresso dos contratados como espíritos, por possessão ritual ou outros mecanismos, mas também engloba os processos ativos de desumanização, silenciamento e marginalização através dos quais sujeitos (pós)coloniais concretos são transformados em espectros. OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO Situado nos campos interdisciplinares dos Estudos Pós-coloniais, dos Estudos de Cultura e dos Estudos da Memória, o projeto procura responder a três questões centrais: 1) quais foram as manifestações culturais do trabalho colonial nas plantações produzidas em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe a partir do século XX? 2) como são retratados nestas narrativas o trabalho forçado e o contrato? 3) poderá a fantasmagoria servir como método de descolonização deste passado colonial partilhado? Em resposta a estas questões de investigação, o projeto propõe-se: (a) Fazer uma história cultural comparativa do trabalho forçado, através do levantamento e da análise de narrativas cabo-verdianas e santomenses, e determinar como estas experiências são simultaneamente objeto e sujeito de memórias divergentes; (b) Examinar a memorialização do trabalho forçado em dois arquipélagos africanos, contribuindo para a internacionalização de um aspeto marginalmente representado da história global; (c) Demonstrar como as fantasmagorias (pós)coloniais podem acentuar o poder político e social da memória no reconhecimento de passados coloniais negligenciados e dos seus legados duradouros. IMPACTOS ESPERADOS DO PROJETO Além da divulgação dos avanços e resultados da investigação através de conteúdos científicos — nomeadamente publicações e comunicações académicas — GHOST pretende, igualmente, fazer chegar o conhecimento a outras esferas da sociedade, através, por exemplo, da produção de um podcast, da organização de um ciclo de cinema, e de ações formativas (como oficinas, sessões escolares e cursos de formação avançada). Será ainda elaborado um documento de orientação (policy brief), destinado maioritariamente a decisores políticos e às organizações internacionais portuguesas com trabalho de cooperação com estes países africanos, especialmente nos domínios da cultura e da educação. O objetivo é maximizar a inclusão da história do trabalho forçado como uma dimensão central nas práticas de memória relativas ao passado colonial e reforçar as capacidades das comunidades locais e dos diferentes intervenientes (inter) nacionais envolvidos no que diz respeito ao conhecimento dos legados coloniais nas sociedades pós-coloniais. EQUIPA Inês Nascimento Rodrigues (Investigadora Principal) Miguel Cardina (CES) Crisanto Barros (Uni-CV) Olavo Amado (CACAU) GESTÃO DO PROJETO Jessica Santos (CES) INSTITUIÇÃO DE ACOLHIMENTO Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra PARCEIROS ASSOCIADOS Universidade de Cabo Verde CACAU — Casa das Artes, Criação, Ambiente e Utopia, São Tomé e Príncipe.

21.06.2024 | par martalanca | cabo verde, São Tomé e Príncipe, trabalho forçado

69th Flaherty Film Seminar: Porto pod

TO COMMUNE || COMUNGAR 27 & 28 junho + 1 julho 18h>21h

AUDITÓRIO DA ESCOLA SUPERIOR ARTÍSTICA DO PORTO – ESAP

Flaherty Seminar é um dos mais importantes encontros em torno do cinema de não-ficção no mundo. Todos os anos, amantes do cinema, cineastas, artistas, estudantes, investigadores, curadores, críticos e arquivistas reúnem-se para um programa imersivo de uma semana com projeções de filmes e debates coletivos em torno de um tema — “TO COMMUNE” é o tema da 69ª edição, com curadoria de May Adadol Ingawanij e Julian Ross.

Habitualmente decorrendo em Nova Iorque, o Flaherty Seminar acontece este ano na Tailândia – na Thai Film Archive em Salaya, e desdobra-se em múltiplos locais no mundo através dos seus pods auto-organizados. Um destes pods terá lugar no Porto, com três encontros a 27 & 28 de Junho + 1 de Julho, sempre às 18h. No espírito do seminário,  todas as sessões são surpresa até ao início de cada encontro.

pod do Porto é organizado por docentes e alunos da ESAP , com o apoio do Centro de Estudos Arnaldo Araújo.

As sessões terão lugar no Auditório da ESAP: Rua dos Navegantes 51, 4000-358 Porto.

Os filmes são legendados em inglês; as conversas decorrem em português e em inglês.

A entrada é livre, os participantes podem trazer uma contribuição (texto, imagem, reflexão, filme curto, comida, bebida…) para partilhar com a comunidade.

TO COMMUNE

Como é que o cinema nos permite comungar?

Estamos interessados no potencial criado por grupos que se reúnem à volta de um ecrã durante um período de tempo. Pensamos o cinema documental como aquele que permite aproximar corpos, mentes e espíritos de diferentes espaços, mundos e temporalidades. Para além da auto-organização e da construção de comunidades, comungar é comunicar através de processos místicos, animistas e ritualistas. Para além da afirmação do comum, comungar é ligar-se aos outros e estar em contacto com o que não se pode conhecer. Voltamos assim ao valor fundamental do cinema enquanto encontro com seres e mundos muito diferentes dos nossos.

O nosso programa procura explorar as formas como cineastas e artistas da imagem em movimento da contemporaneidade têm vindo a expandir as possibilidades imaginativas de comunhão nas formas documentais. Queremos destacar o modo como cineastas e artistas, especialmente quando ligadas/os ao Sul Global, estão a herdar legados surpreendentes de esforços históricos para comungar. Intrigam-nos as explorações artísticas das capacidades de comunhão em espaços e situações como a sala de aula, o ritual, o carnaval, o set de filmagens, o lugar propício, a reunião e o protesto.”

May Adadol Ingawanij & Julian Ross, Programadores do 68th Flaherty Film Seminar

INSCRIÇÃO

A participação no pod é livre e gratuita, sendo recomendada a inscrição aqui.

Os participantes inscritos no pod beneficiam ainda de um desconto de 60% no registo para o programa completo online do Flaherty 2024, numa plataforma personalizada, com todas as 13 sessões do seminário disponíveis até 21 de julho, assim como materiais de leitura, bem como um canal de comunicação, troca e partilha de ideias entre pares de uma comunidade global.

ACERCA DO SEMINÁRIO FLAHERTY

Fundado em 1954 por Frances Hubbard Flaherty, o Seminário é um lugar de encontro e discussão com sete décadas de história na vanguarda do cinema de não-ficção, exibindo obras inovadoras e promovendo debates com extensas reverberações no campo do cinema e das artes.

“O Seminário Flaherty deve ser a arena mais dura, mais valiosa e mais estimulante em que qualquer cineasta pode apresentar o seu trabalho” (William Greaves, 1991). 

O Flaherty tem alimentado diretamente milhares de amizades e colaborações ao longo da história e inspirado a criação de instituições seminais (New Day Films, Third World Newsreel, UnionDocs, Kin Theory) e encontros internacionais (Doc’s Kingdom, INPUT, Oberhausen Seminar).

(Amarante Abramovici)

21.06.2024 | par martalanca | Amarante Abramovici, Flaherty Film Seminar

Clube de Leitura – Ernesto Neto - I maat

A leitura é uma prática central na vida e na arte de Ernesto Neto. Toda a obra tem os seus mistérios, até para o seu autor. Cada artista decifrará e carregará consigo camadas de acesso ao mundo, mais ou menos reveladas. Ernesto Neto é expansivo no discurso e na matéria: a sua obra concretiza-se na dimensão da grande escala, como podemos constatar na instalação em exposição no MAAT, Nosso Barco Tambor Terra.

Entre as inúmeras referências que servem de base ao seu amplo vocabulário artístico, Ernesto Neto torna visíveis na obra a sua relação com a música, particularmente com a percussão, com as formas e as matérias orgânicas da terra, convoca sentidos habitualmente inanimados nos espaços museológicos, como o olfato e o tato, criando um universo imaginado que nos situa numa dimensão ancestral e que convida à partilha de um território comum. Quando conversamos com Ernesto Neto, as referências que o artista faz às suas leituras são constantes, muitas vezes como tentativa de encontrar no outro um entendimento comum. Ler e conversar sobre os mesmos livros representam vias de acesso, um encontro com o outro, e com Ernesto Neto o aspeto relacional é primordial. Quando lhe perguntámos se gostaria de nos revelar que livros estiveram na base na criação de Nosso Barco Tambor Terra, ou das suas criações de um modo geral, com a ideia de pensar num Clube de Leitura, a dificuldade foi reduzir as suas escolhas até ao essencial.

O Clube de Leitura Ernesto Neto representa assim uma experiência situada numa cartografia não convencional: as sessões decorrerão no espaço expositivo da instalação, inseridas no universo de leituras que Ernesto Neto traçou como seleção. Este Clube de Leitura representará assim uma possibilidade de encontro, não tanto concebida para que decifremos juntos os mistérios íntimos de cada um, mas na tentativa de podermos animar juntos um espaço partilhado.

Regularidade: entre junho e setembro, uma sessão por mês (exceto agosto), às quartas-feiras em modelo presencial na instalação Nosso Barco Tambor Terra

Duração: 2h

Idioma: Português

Preço:

  • 15€ por sessão única
  • Grátis para Membros MAAT. Portadores do Cartão MAAT + Guest podem trazer um acompanhante. Válido para todas as sessões. Peça aqui o seu Cartão MAAT.

Programa

1.ª sessão: 05/06/2024, 19.00-21.00
Com a presença online de Ernesto Neto
A Salvação do Belo de Byung-Chul Han Saber mais

 

2.ª sessão: 26/06/2024, 19.00-21.00
Ideias para Adiar o fim do Mundo de Ailton Krenak Saber mais

 

3ª sessão: 17/07/2024, 19.00-21.00
O Calibã e a Bruxa de Silvia Federici Saber mais

 

4ª sessão: 18/09/2024 das 19.00-21.00
A Vida das Plantas de Emanuele Coccia (Saber mais) + O principio de tudo de David Graeber e David Wengrow (Saber mais)

 

Leituras suplementares recomendadas por Ernesto Neto:

Conversas do Arquipélago de Hans Ulrich Obrist e Édouard Glissant Saber mais

A trama da vida de Merlin Sheldrake Saber mais

O Poder do Mito de Joseph Campbell Saber mais

 

Marta Lança Lisboa (1976). Trabalhadora independente nas áreas de edição, jornalismo, programação e cinema. Formada em Literatura e Estudos Portugueses, é doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH - UNL. Colaborou com publicações culturais portuguesas e angolanas. Criou as revistas V_ludoDá Fala (em Cabo Verde) e o portal BUALA, sobre questões pós-coloniais, que edita desde 2010 e foi lançado no programa Terreiros da Bienal de São Paulo. Viveu no Rio de Janeiro e em São Paulo, em Luanda (lecionou na Universidade Agostinho Neto e colaborou com a I Trienal de Luanda), em Maputo (festival de documentário Dockanema), e tem produzido muitos projetos culturais nos países africanos de língua portuguesa. 

Como programadora organizou: Roça Língua (São Tomé e Príncipe, 2011 e 2022); o ciclo Paisagens Efémeras (Lisboa, 2015); Expats (Porto, 2015); Vozes do Sul (Festival do Silêncio, Lisboa, 2017); projeto NAU com o Teatro Experimental do Porto (2018); Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate (Lisboa, 2018) e sou esparsa, e a liquidez maciça: Gestos de Liberdade (MAAT, Lisboa, 2020).   

Traduziu de francês para português os autores Asger Yorn, Achille Mbembe e Felwine Saar. 

Alguns artigos seus podem ser lidos aqui.

20.06.2024 | par martalanca | Aílton Krenak, Byung-Chul Han, Clube de leitura, David Graeber, David Wengrow, Emanuele Coccia, ernesto neto, O princípio de tudo, Silvia Federici

As Cosmovisões Huni Kuin

parceria maat / boca 

Conversa: “As Cosmovisões Huni Kuin” 05/07/2024, 19.00–20.00

O povo Huni Kuin, cujo nome se traduz por “Gente Verdadeira”, é um povo do tronco linguístico Pano, habitantes da floresta tropical da região entre o Brasil e o Peru, a sul do Amazonas e Acre. No dia 5 de julho, no MAAT, o coletivo composto por Zenira Neshane, Sabino Dua Ixã e Txaná Nixiwaka abre a BoCA Summer School 2024 com uma conversa acerca das práticas artísticas e sociais que guiam as cosmovisões do seu povo.

O encontro é inaugurado com cantos tradicionais, habitualmente entoados quando se chega a um novo lugar. Segue-se a apresentação do documentário autoral Já me transformei em imagem, de Zezinho Yube Huni Kuin, como prenúncio para uma contextualização acerca da cultura Huni Kuin, a sua divisão do tempo histórico e os seus processos de ensino e aprendizagem, tão intimamente ligados às suas experiências contemporâneas de resistência política. Durante a conversa, debater-se-ão os modos de educar, transmitir e viver conhecimentos ancestrais, pensando sobre estratégias possíveis de engajamento, preservação, saúde e continuidade entre territórios e, até mesmo, continentes distintos.

 

Workshop: “Corpo e Natureza” 06/07 e 07/07/2024, 10.00–14.00

Neste primeiro workshop, guiado pelo perspetivismo Ameríndio, o coletivo propõe uma prática e reflexão acerca do papel da arte no processo de fortalecimento de corpos numa sociedade Huni Kuin. Quando nascem, por exemplo, os huni kuin pintam as crianças com a tinta que extraem do fruto jenipapo, para que os cantos possam penetrar na sua pele e fortalecer o seu corpo. Este é apenas um dos diversos ritos tradicionais deste povo, ricos em elementos que conectam mundos. No workshop Corpo e Natureza, pensado para a programação da BoCA Summer School, o coletivo e participantes atravessam uma visão de mundo não-dualista e uma construção epistemológica numa sociedade amazónica. Durante a formação de dois dias, cada corpo assumirá diferentes faces: ora instrumento, ora embarcação coletiva, ora suporte para intervenção artística, simbólica e comunicativa com a natureza através da descoberta da pintura. O workshop termina com uma performance ritual do Katxa Nawa, que envolve dança, canto e movimento, numa manifestação participativa que evoca fertilidade e potência para humanos, vegetais e animais.

 

 

Workshop “Cantos na Cosmovisão Huni Kuin” 06/07 e 07/07/2024, 15.30–19.30

Na cosmovisão Huni Kuin, a eficácia do remédio, ritual ou alimento está intimamente associada com a força do “performer”, que entoa diferentes cantos enquanto evoca as plantas, histórias e existências específicas em cada uso. Neste workshop, o coletivo propõe uma experiência imersiva que se relaciona com a cultura musical do seu povo, pensando a voz e a melodia enquanto veículos e instrumentos para agir no mundo, constituir corpos e viver bem. Partindo de uma contextualização teórica acerca desta prática tradicional, o grupo convida os participantes a integrar o ritual Hampaya, rito para a iniciação dos artistas em cantos tradicionais. Num modelo adaptado para a introdução desta prática a pessoas não-indígenas e de outras comunidades, propõe-se iniciar com a prova de pimenta – método para “abrir” a voz – e com o Txaná – pássaro que imita o canto de todos os outros pássaros, para que este auxilie cada um a cantar, falar e manifestar a sua própria arte.

 

 

Produção: BoCA Parceria: Fundação GDA, MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

Apoios: Direção-Geral das Artes, Câmara Municipal de Lisboa, Fundação Millennium BCP

20.06.2024 | par martalanca | Huni Kuin