Exposição Enciclopédia Negra pela primeira vez em Portugal

Ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas

A exposição Enciclopédia Negra, que pela primeira vez é mostrada fora do Brasil, é composta por mais de 100 retratos de personalidades negras como políticos, artistas, sambistas, advogados e engenheiros, entre outros, que foram sistematicamente invisibilizados pela história oficial. Esses retratos são, na sua maioria, ficções porque, na história da pintura, estas personagens não existem: o retrato era apenas usado pelas classes privilegiadas. A inauguração realiza-se a 20 de junho, pelas 19h00, na Sala de Exposições da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. O dia termina com uma roda de falar com MC Carol, Farofa e DJ Dorly, no Pátio das Artes. 

 

A exposição Enciclopédia Negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas, explica Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes. Contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao convite e lhe deram realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homónimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias.

Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais,” refere Lilia Moritz Schwarcz, uma das curadoras da exposição, acrescentando “neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas.” Também é pouco mencionado o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes.

Os curadores da exposição entendem que “Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil.

A Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória.

Esta é a última de quatro exposições do ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”, um programa em co-curadoria entre Lilia Schwarcz e Nuno Crespo, que contemplou uma agenda de concertos, conferências, exposições e performances. O ciclo é organizado pela Escola das Artes, em parceria com a Universidade de São Paulo (Brasil) e a Universidade de Princeton (EUA). A exposição estará patente ao público até 4 de outubro.

 

18.06.2024 | par martalanca | Enciclopédia Negra

Arquiteturas Film Festival

Na próxima semana, de 27 a 30 de junho, o Arquiteturas Film Festival apresenta uma seleção de filmes, debates, instalações e passeios numa rede de espaços culturais na cidade do Porto. É no Batalha Centro de Cinema, Casa Comum, Canal 180, Circo de Ideias e Térmita que o AFF acolhe os seus 4 eixos de programação, com destaque para as participações de Bêka & Lemoine como ‘Realizadores Convidados’ e LOCUMENT como curadores do ‘Programa Oficial’.

A arquitetura acolhe culturas e pessoas de todos os quadrantes da vida. Mas nem sempre considera questões prementes como a justiça social, a crise ecológica e a descolonização, em detrimento de um paradigma ocidental dominante na educação e prática da profissão. Sob o tema “Aprender a Desaprender” o Arquiteturas Film Festival 2024 procura desafiar esta hegemonia, refletindo sobre os discursos enraizados na disciplina.

Mais info sobre o festival aqui. 

Maria Eduarda Leite / Comunicação e Parcerias


 

18.06.2024 | par martalanca | Arquiteturas Film Festival

As várias faces de Regina Guimarães e Saguenail

CICLO REALIZADORES CONVIDADOS: REGINA GUIMARÃES & SAGUENAIL

3 a 29 de junho na Cinemateca 
Regina Guimarães (n. 1957) e Saguenail (n. 1955) fazem cinema há mais de 50 anos. Formaram a casa de produção independente Hélastre, no Porto, em 1975, e desde então é a partir dela que declaram o seu amor pelo cinema. É uma relação intensa, ativa e apaixonada que toma uma forma multifacetada, pelo menos tripla: seja na criação, na crítica ou na programação, é sempre de fazer cinema que se trata. Todas estas três faces, inseparáveis, estão em ato neste programa.
Saguenail fez o seu primeiro filme aos 14 anos, em 1969, e durante a sua juventude ainda em França fez outros filmes a que chamou “pecados de juventude” – desses veremos REVOLVER OU CHEVEUX BLANCS, que fez aos 18 anos. Com um desejo e um anseio forte pelo cinema desde muito cedo, então, Saguenail mantém uma prática regular na realização (para além da colaboração com outros cineastas, portugueses e estrangeiros, sobretudo na montagem). Podemos caracterizar brevemente essa prática pelo uso dos meios e ferramentas cinematográficas mais estabilizados e académicos (desde logo na planificação), para corromper e desestabilizar por dentro esse mesmo academismo ou estabilidade. “Sou formalista”, diz na conversa que fecha o catálogo que acompanha este Ciclo. E é de um formalismo arrojado que se trata, radicalmente independente, independência que está assim inscrita em todas as dimensões da sua prática, desde a produção à realização e distribuição dos seus filmes. “Se alguém já fez, não faço”, é a única regra que tem na organização dos seus projetos fílmicos. E em todos os que veremos aqui percebemos o que quer dizer: apesar de uma aparência clássica (os campos/contra-campos, os raccords de continuidade), os filmes de Saguenail são marcados por um forte experimentalismo formal, todos eles tratados preciosos sobre a possibilidade e o limite da “linguagem” cinematográfica – são filmes que perguntam o que é e o que pode essa linguagem. Com temas muito diversos – do colonialismo, à própria morte, ao espaço (imaginário ou não) da cena ou da cidade, ao Porto (que não é só cenário, é tema e vértice na obra dos dois), ao corpo, memória, imagem ou luz (temas que atravessam muitos dos seus filmes) – o tema do trabalho de Saguenail é sempre o mesmo: a imagem cinematográfica.
Regina Guimarães pelo seu lado começou a filmar, ou a “cometer” filmes, como diz, só no final dos anos 80, quando percebeu que os meios videográficos lhe permitiam filmar sozinha, sem ter de explicar a outros aquilo que não sabia explicar se não fosse ela mesma a fazer. Poeta, Regina filma como escreve, a partir daquilo que vê, na rua ou na história das imagens, que articula em montagens-devaneios, que ligam o distante, o discordante, em novos todos – os filmes – poliédricos e expansivos, sempre subversivos. Não é por acaso que se sucedem os “cadernos” na sua prática, e assim é neste programa: não sendo objetos diarísticos, os seus filmes estão ligados ao seu corpo, à sua presença e passagem pelos lugares, aos seus encontros, respondem-lhes, de um modo explosivo (explodem com as formas convencionais). Fazem na prática o que Regina defende quando escreve ou fala sobre cinema: reclamam um espaço para o rascunho na criação cinematográfica.
Os dois escrevem em “Cinema Pobre”, texto publicado no número 0 de A Grande Ilusão, revista de crítica cinematográfica que dirigiram entre 1984 e 1996: “O nosso militantismo é duplo: defesa do cinema — vontade de assegurar a sobrevivência de um meio de expressão para além da sua contingente adequação social (como o circo, os fantoches, etc.) — e luta por uma desenfreada descoberta das suas potencialidades ainda inexploradas.” Com práticas e objetos muito diferentes, então, feitos a partir de impulsos distintos, e resultando em filmes muito díspares também, Regina Guimarães e Saguenail aproximam-se nas perguntas e na reflexão, profunda e contínua, que mantêm sobre o cinema – sobre as suas formas, as suas possibilidades, os seus limites (que trabalham para esticar em todas as suas frentes). Paulo Rocha, confesso admirador dos filmes do casal, elogiava a liberdade e ousadia com que mexiam com as ferramentas do cinema, liberdades e ousadias que o vídeo, meio indomável dizia o cineasta, ajudou a potenciar. Esse gesto que Rocha admirava ficará claro neste programa.
As perguntas que Regina e Saguenail fazem ao cinema não são só colocadas nos filmes: com uma prática crítica e de programação tão longa quanto a da criação, os realizadores apresentam e discutem os filmes (seus e de outros) na mesma medida, com a mesma intensidade com que os fazem. A rubrica dos “realizadores convidados” na Cinemateca é às vezes acompanhada de uma carta branca, outras vezes não. Neste caso, não seria possível fazer um retrato do cinema de Regina e Saguenail se não existisse uma carta branca. As 20 sessões que compõem este programa incluem assim filmes de Regina e Saguenail e filmes de outros, todos eles escolhidos pelos próprios. É um programa que acompanha a visão que os dois têm sobre o cinema e sobre o lugar que os seus filmes ocupam por entre os filmes que veem e amam. É um programa feito por dois cinéfilos, cinefilia apaixonada que arde e é declarada (por citações, referências) dentro dos seus próprios filmes – onde se encontram os cineastas não programados nesta carta branca (Godard, Marker, Carné, Lehman, tantos outros).

Mudas Mudanças (1980) de SaguenailMudas Mudanças (1980) de Saguenail
Levamos assim até ao programa o questionamento que Regina e Saguenail mantêm vivo, em curso e em público, numa prática que recupera as sessões cineclubísticas mais intensas (movimento onde foram figuras importantes e ativas) – este programa inclui aliás CINECLUBE, que Saguenail fez em 2020, em pleno confinamento, onde integra e joga com esse espaço que continua a criar quotidianamente (um espaço de ver e discutir e por isso ver outra vez). Os realizadores vão apresentar e acompanhar todas as sessões do programa, que serão momentos preciosos para acompanhar esta prática ao vivo e discutir com eles as suas ideias de cinema e o ponto onde a sua prática crítica toca a da realização (uma não vive sem a outra, nos filmes que vamos ver). À exceção de MUDAS MUDANÇAS, MA’S SIN e OS MEUS MORTOS, todos os filmes de Regina Guimarães e Saguenail a exibir no Ciclo são primeiras apresentações na Cinemateca.
Resta dizer que esta retrospetiva é incompleta. Não só porque Regina Guimarães e Saguenail continuam, desenfreadamente, a cometer filmes, mas porque há facetas da sua prática ausentes neste programa. A mais óbvia, e mais importante, é o trabalho fílmico que têm desenvolvido em conjunto sobre o cinema português. São filmes onde exploram, experimentam, por dentro, com os filmes dos outros, onde fazem um meta-cinema, objetos incontornáveis na sua prática por conjugarem a tríade apontada acima (crítica, programação, realização). E são objetos preciosos e raros sobre a História do cinema português. Ficaram de fora desta carta branca onde Regina e Saguenail quiseram pôr em cena outros movimentos do seu trabalho – apontados nos títulos das sessões, que são também deles – mas são ótimas razões para continuar a visitar a simultaneamente monumental e pobre obra de Regina Guimarães e Saguenail.

ver programa 
 

18.06.2024 | par martalanca | cinemateca, Regina Guimarães, Saguenail

Chão é Lava!

CONVERSA COM CARLOS ANDRADE, INÊS SAPETA DIAS E COMPANHEIRAS DA ESCOLA AR.CO

TERRITÓRIO #6

Curadoria: Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca

No âmbito da exposição Chão é Lava! (Território #6), Inês Sapeta Dias - uma das programadoras da sala de cinema instalada na galeria da Fidelidade Arte - junta-se às companheiras da escola artística independente Ar.Co para uma conversa que marca o terceiro andamento do seu programa, com filmes realizados por alunas e uma professora do Ar.Co. O humorista Carlos Andrade, cujas obras audiovisuais geram fluxos culturais entre Cabo-Verde e respetivas diásporas na Europa e nos Estados Unidos da América, junta-se para debater estes filmes que retratam os territórios que rodeiam a Ar.Co e que olham para o que normalmente fica fora de campo (da cidade e da representação cinematográfica).

mais infos 

17.06.2024 | par martalanca | Catarina Laranjeiro, Daniel Barroca

“SOU BAKONGO”, Tributo ao Mestre Kapela

4ª Edição do Tributo ao Mestre Kapela de título “SOU BAKONGO”, uma Exposição Colectiva de obras de mais de 40 Artistas Angolanos e Internacionais, incluíndo: ALCIDES MALAIKA, OKSANNA DIAS, DANICK BUMBA, FRANCISCO VIDAL DOS SANTOS, GUILHERME MAMPUYA, Cristiano Mangovo, Hamilton Francisco / Babu, Joana Taya, Jone Ferreira, SUEKÍ, entre outros.

Vamos apoiar a memória do Mestre Kapela! Vamos apoiar a Arte Contemporânea em Angola!

Kapela Paulo nasceu em Maquela do Zombo, no Uíge, Angola em Abril de 1947. Era orgulhosamente Bakongo - dizia que era Congolês, mas alusivo ao ´Reino do Congo´. Para além de ter vivido na sua terra-natal Angola, também viveu na República Democrática do Congo e na República do Congo, em Brazzaville, aonde foi aluno da escola endógena ´Poto-Poto´. Regressou a Angola em 1989 e assentou-se em Luanda, primeiro no edifício da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), depois no Beiral, e depois de forma auto-suficiente numa casa no Palanca e depois Vila Alice.

Kapela Paulo expôs internacionalmente desde 1995, tendo participado em exposições como “Africa Remix, que viajou por Londres (Reino Unido), Paris (França), Tóquio (Japão), entre outras cidades. Em 2003 venceu o Prémio CICIBA (Centro Internacional de Civilizações Bantu), em Brazzaville. Em 2007 participou na mostra “Check List Luanda Pop” na 52ª Bienal de Veneza, Itália. E em 2009 sua obra fez parte da mostra da 2ª Trienal de Luanda, Angola e, ainda no mesmo ano, sua obra fez parte da Exposição Colectiva “Luanda Smoth and Rave”, França. Em 2013, a sua obra esteve exposta na Exposição Colectiva “No Fly Zone, no Museu Coleção Berardo, Portugal. Em 2015 realizou a sua primeira Exposição Individual de sempre em Angola de nome “Kapela”, na Galeria Tamar Golan, Luanda. Ainda em 2015 apresentou a Exposição Individual “Entre Suplícios na Galeria Hall de Lima Pimentel, também em Luanda. Em 2016 realizou uma Exposição Colectiva no ´ELA-Espaço Luanda Arte´ de nome “Velhos Papéis, Novas Histórias” sob a plataforma ´Pop-Up Mash-Up´ em conjunto com o Artista Angolano Binelde Hyrcan. Em 2017 realizou uma Exposição Individual no ´ELA-Espaço Luanda Arte´ de nome “Luvuvamu + Nzola  I  Paz + Amor”. Em 2018 viajou para Congo Brazzaville, que não visitava há 50 anos, e esteve na ´Escola Poto-Poto´ - após o qual realizou a Exposição Individual “Regresso a Poto-Poto no ´ELA-Espaço Luanda Arte´. Em 2019 expôs sua obra no Camões de Luanda numa mostra com o título simbólico “Regresso à UNAP” que veio a ser a sua última exposição em vida.

Em Outubro 2020 a sua enorme mestria foi reconhecida com a atribuição do ´Prémio Nacional de Cultura e Artes (PNCA)´ 21ª edição - ficou muito feliz com esse reconhecimento. Tragicamente, Kapela Paulo faleceu em Novembro 2020 devido a complicações com o Covid-19.

Com a ajuda dos Artistas Angolanos presentes nesta mostra colectiva - a quem muito agradecemos - continuaremos a fazer ao Papá Kapela esta merecida homenagem! Paz e Amor!

O ´ELA-Espaço Luanda Arte´ é um espaço de arte contemporânea com mais de 9 anos de existência. Re-emergiu em 2022 no armazém Cunha & Irmão SARL / ex-Escola Portuguesa, situado na Rua Alfredo Troni 51/57, na baixa de Luanda ao lado do Ministério das Relações Exteriores. 

14.06.2024 | par martalanca | Mestre Kapela

1001 Noites Irmã Palestina

1001 NOITES | IRMÃ PALESTINA chega esta semana a Palmela para oito atuações, de 7 a 16 de Junho, no Cineteatro São João.

1001 NOITES - IRMÃ PALESTINA é uma cocriação do Teatro O Bando, da Companhia Olga Roriz e da Banda Sinfónica Portuguesa. Integrado nas celebrações do 50º aniversário do Teatro O Bando, este é o segundo espetáculo da tetralogia 1001 NOITES, desta vez numa coprodução com o Coliseu do Porto / FITEI e com o São Luiz Teatro Municipal / EGEAC.

Sob direção artística conjunta de Olga Roriz e João Brites, em cena temos oito atores e bailarinos que representam inúmeros personagens, entre os quais Xariar, Xerazade e Doniazade, representada por Maria Dally, bailarina palestiniana. A estes junta-se ainda um conjunto de trinta músicos.

Em cena o Teatro, a Dança e a Música unem-se numa incursão pela antologia das fascinantes histórias preservadas na ancestral tradição oral, que se tornou numa das mais importantes obras da literatura universal. O espetáculo continua uma viagem percorrida pelas 1001 NOITES, fio condutor da tetralogia que durante quatro anos ganha vida pela mão de diferentes encenadoras e encenadores do Teatro O Bando. À semelhança da teia tecida por Xerazade, noite após noite, ano após ano, um novo espetáculo nasce a partir do final do espetáculo anterior.

A senda continua agora nesta nova cumplicidade em que Olga Roriz e João Brites intercetam os seus processos criativos, convocando a reflexão e a construção com quatro artistas de cada uma das companhias, procurando em conjunto as verdades que se escondem nas ficções e as ilusões que enevoam a realidade, procurando aceitar que num mundo tão dividido e com tantos pontos de vista, a dúvida e a indagação podem ainda ser lugares de reconhecimento e encontro.

Horário dos espetáculos: dias 7, 8, 9, 13, 14 e 15 às 21h, dias 10 e 16 às 17h.

Os bilhetes já se encontram à venda em bilheteira@obando.pt, 910 306 101 ou aqui.

12.06.2024 | par administrador | Teatro O Bando

Do filme à música: jovens pensam os Direitos Humanos através da criação artística

Com a facilitação de António-Pedro, da Companhia Caótica (Portugal), a formação acontece entre 8 e 31 de julho em Viana/Luanda.

Após o sucesso da primeira edição, que deu origem ao premiado “Nzila Ngola”, a oficina Do Filme à Música regressa a Angola, entre os dias 8 e 31 de julho. A iniciativa é uma parceria da Companhia Caótica com o Mosaiko| Instituto para Cidadania, e dirige-se a jovens entre os 16 e 30 anos.

O desejo do projeto é contribuir para a formação de aspirantes a trabalhar nas áreas do cinema e da música em Angola e incentivar um olhar crítico e sensível do mundo através da arte. “Criamos um espaço de experimentação artística onde são valorizadas as experiências de vida e interesses das pessoas, o trabalho coletivo e o empoderamento, incentivando que outros projetos possam nascer no futuro”, conta António-Pedro, criador da oficina e cofundador da Caótica, companhia multidisciplinar que desde a sua fundação desenvolve projetos de formação e criação com a comunidade, movida pelo interesse de sensibilizar diferentes públicos para as artes e potenciar processos de transformação individual e coletiva. Desde 2012, cerca de 300 pessoas já participaram da oficina, em Angola e Portugal.

A oficina engloba duas turmas (uma de cinema e outra de música/som) e inclui a escrita, rodagem e montagem do filme; bem como a composição e interpretação da sua banda-sonora ao vivo num filme-concerto. Neste ano, a obra final chega aos olhos do público no Dia da Mulher Africana, celebrado no dia 31 de julho. Tal como na edição anterior, os Direitos Humanos são o foco temático da criação.

“Nzila Ngola”, obra realizada durante a formação em 2020, recebeu os prémios de Melhor Curta Metragem no FESTin 2021, PrimeirOlhar do Júri e PrimeirOlhar Cineclubes no Encontros de Cinema de Viana (2022) e Menção Honrosa no Doc Luanda, além de ter representado o cinema angolano em diversos festivais internacionais, como: Festival International du Film Fribourg (Suíça), Toronto Multicultural Film Festival (Canadá), FestIn (Portugal e Angola), África Human Rights Festival (África do Sul), AfrikaFilm Festival (Bélgica), Mostra de Cinema Africano (Brasil), Zimbabwe International Film Festival (Zimbabué), entre outros. O trailer encontra-se disponível online.

Mais informações sobre as inscrições para a Oficina Do Filme à Música poderão ser consultadas brevemente nas redes sociais do Mosaiko | Instituto para Cidadania (Instagram e Facebook).

12.06.2024 | par martalanca | Do filme à música

Dino Santiago e rapper brasileira MC Carol dão concertos performance na Escola das Artes

Exposição “Enciclopédia Negra” pela primeira vez em Portugal

Entre os dias 17 e 21 de junho, a cidade do Porto vai receber um conjunto de iniciativas abertas ao público. Estão confirmadas as presenças do músico Dino d’Santiago, do artista brasileiro Jaime Lauriano, da artista visual e realizadora Keila Sankofa, da historiadora Lilia Schwarcz e da rapper brasileira MC Carol. O tema desta edição é “Não Foi Cabral” e pretende estimular o debate sobre o fazer da(s) História(s), mostrando como muitos artistas contemporâneos têm contribuído para a alteração de paradigmas de conhecimento do mundo. Este ano, o programa divide-se entre a Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e o Cinema Batalha. 

“Esta semana internacional é o culminar de um ciclo que permitiu trazer ao Porto artistas contemporâneos para falar sobre ‘decolonialismo’ e mudança de paradigmas,” refere Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. “É para nós importante, como universidade, expor os nossos estudantes, mas também restante comunidade, a estes temas e ajudá-los a conhecer o passado para refletir no futuro”, frisa Nuno Crespo.

 Porto Summer School on Art & Cinema 2024 inicia o seu programa aberto ao público no dia 17 de junho, às 19h, na Blackbox do Auditório Ilídio Pinho, na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, com um showcase do músico Dino d’Santiago, que desde cedo se envolveu nos movimentos de música urbana globalizada, fundindo os universos do soul, hip-hop com o Batuku e Funaná. Em 2019, na primeira edição dos Prémios Play, Dino foi distinguido nas categorias de Melhor Artista Solo, Melhor álbum e Crítica, com o álbum Mundu Nôbu. A GQ Portugal atribuiu-lhe o prémio Man of The Year na área da música. É também um ativista pelas causas sociais sendo participante em vários projetos pela equidade e igualdade social.

No dia 19 de junho, pelas 21h15, haverá uma sessão de cinema e Q&A “Sankofa e seus Espelhos” na presença de Keila Sankofa e a investigadora Ellen Lima, no Cinema Batalha. A sessão é composta por uma seleção de curtas da realizadora e filmes por ela escolhidos.

A 20 de junho, pelas 19h, será inaugurada a “Enciclopédia Negra”, na Sala de Exposições da Escola das Artes. Uma exposição de Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz que é exibida pela primeira vez fora do Brasil. O objetivo é passar em revista a história do Brasil, da colonização aos nossos dias. A inauguração será seguida de uma roda de fala com rapper brasileira MC Carol e os DJs Farofa e Dorly, no Pátio das Artes da Universidade Católica no Porto.

Dia 21 de junho, pelas 19h, Lilia Schwarcz e Jaime Lauriano darão uma conferência no Auditório Ilídio Pinho sobre “Escravidão e reparação: nosso passado do presente”. Será uma conferência que concluirá todo o programa “Não Foi Cabral”, que ocupou a Escola das Artes nos últimos meses.

Ao longo de cinco dias, a Escola das Artes da Universidade Católica no Porto irá proporcionar uma experiência cultural e imersiva direcionada a todos os amantes de cultura da cidade do Porto. 

A Porto Summer School on Art & Cinema 2024 é organizada pela Escola das Artes e pelo Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) da Universidade Católica Portuguesa, em colaboração com a Universidade de São Paulo e Princeton University.


11.06.2024 | par martalanca | Dino Santiago, MC Carol

Dino Santiago e rapper brasileira MC Carol dão concertos performance na Escola das Artes

Exposição “Enciclopédia Negra” pela primeira vez em Portugal

Entre os dias 17 e 21 de junho, a cidade do Porto vai receber um conjunto de iniciativas abertas ao público. Estão confirmadas as presenças do músico Dino d’Santiago, do artista brasileiro Jaime Lauriano, da artista visual e realizadora Keila Sankofa, da historiadora Lilia Schwarcz e da rapper brasileira MC Carol. O tema desta edição é “Não Foi Cabral” e pretende estimular o debate sobre o fazer da(s) História(s), mostrando como muitos artistas contemporâneos têm contribuído para a alteração de paradigmas de conhecimento do mundo. Este ano, o programa divide-se entre a Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e o Cinema Batalha. 

“Esta semana internacional é o culminar de um ciclo que permitiu trazer ao Porto artistas contemporâneos para falar sobre ‘decolonialismo’ e mudança de paradigmas,” refere Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. “É para nós importante, como universidade, expor os nossos estudantes, mas também restante comunidade, a estes temas e ajudá-los a conhecer o passado para refletir no futuro”, frisa Nuno Crespo.

 Porto Summer School on Art & Cinema 2024 inicia o seu programa aberto ao público no dia 17 de junho, às 19h, na Blackbox do Auditório Ilídio Pinho, na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, com um showcase do músico Dino d’Santiago, que desde cedo se envolveu nos movimentos de música urbana globalizada, fundindo os universos do soul, hip-hop com o Batuku e Funaná. Em 2019, na primeira edição dos Prémios Play, Dino foi distinguido nas categorias de Melhor Artista Solo, Melhor álbum e Crítica, com o álbum Mundu Nôbu. A GQ Portugal atribuiu-lhe o prémio Man of The Year na área da música. É também um ativista pelas causas sociais sendo participante em vários projetos pela equidade e igualdade social.

No dia 19 de junho, pelas 21h15, haverá uma sessão de cinema e Q&A “Sankofa e seus Espelhos” na presença de Keila Sankofa e a investigadora Ellen Lima, no Cinema Batalha. A sessão é composta por uma seleção de curtas da realizadora e filmes por ela escolhidos.

A 20 de junho, pelas 19h, será inaugurada a “Enciclopédia Negra”, na Sala de Exposições da Escola das Artes. Uma exposição de Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz que é exibida pela primeira vez fora do Brasil. O objetivo é passar em revista a história do Brasil, da colonização aos nossos dias. A inauguração será seguida de uma roda de fala com rapper brasileira MC Carol e os DJs Farofa e Dorly, no Pátio das Artes da Universidade Católica no Porto.

Dia 21 de junho, pelas 19h, Lilia Schwarcz e Jaime Lauriano darão uma conferência no Auditório Ilídio Pinho sobre “Escravidão e reparação: nosso passado do presente”. Será uma conferência que concluirá todo o programa “Não Foi Cabral”, que ocupou a Escola das Artes nos últimos meses.

Ao longo de cinco dias, a Escola das Artes da Universidade Católica no Porto irá proporcionar uma experiência cultural e imersiva direcionada a todos os amantes de cultura da cidade do Porto. 

A Porto Summer School on Art & Cinema 2024 é organizada pela Escola das Artes e pelo Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) da Universidade Católica Portuguesa, em colaboração com a Universidade de São Paulo e Princeton University.


11.06.2024 | par martalanca | Dino Santiago, MC Carol

Dossiê: Textos e imagens: transparência e opacidade

CHAMADA PRORROGADA ALETRIA – v. 35, n.1 (jan. - mar. 2025) 

Esta edição da Aletria: Revista de Estudos Literários propõe acolher artigos que adotem uma abordagem multidisciplinar para a questão de como as imagens funcionam em relação à transparência e à opacidade, conceitos desenvolvidos pelos estudos da Intermidialidade. Como os deslocamentos, as apropriações e os hibridismos, a reciclagem e a reutilização constituem características distintas das imagens, seja a do cinema, da fotografia, da tela digital? Quais processos midiáticos podem ser considerados mais transparentes ou opacos? A própria natureza das imagens nos permite ir além da ideia de simples mediação?  Basta pensar no trabalho de escritores como W.G. Sebald, M. Duras, I. Calvino, A. Smith, D. DeLillo e P. Modiano, por exemplo, para ver como essas questões também podem ser levantadas na literatura. As propostas para esta edição devem “interrogar” a imagem por meio de estudos de caso e práticas artísticas e culturais (sem limitações cronológicas, epistemológicas ou discursivas), das artes visuais à literatura, da arquitetura ao cinema. Assim, para além da temática específica sobre a transparência e a opacidade, este dossiê temático propõe uma abordagem estética, histórica e mesmo política sobre as imagens, com base no princípio de que elas nunca são uma mera aparência e que são sempre uma reinterpretação.

Algumas sugestões de referências bibliográficas:

  • ALLOA, Emmanuel (Org.). Pensar a imagem. Trad Marianna Poyares et all. Belo Horizonte: Autêntica Ed. 2015.
  • DIDI-HUBERMAN, Georges. Images malgré tout. Paris: Minuit, 2004.
  • RANCIÈRE, JacquesA partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2009.
  • MARINIELLO, Silvestra, « L’intermédiali té : un concept polymorphe », dans Isabel Rio Novo, Célia Vieira, Inter Média, Paris, L’Harmattan, 2011.

Prazo para submissão de propostas: 10 de julho de 2024.

Organizadores: Márcia Arbex (UFMG) Luciene Guimarães de Oliveira (UFSJ) Biagio D’Ângelo ( UnB) Rémy Besson ( Université de Montréal)

11.06.2024 | par martalanca | revista

Ciclo de Cinema Ambiental - II° Edição

O projecto Cinéfilos & Literatus e EcoAngola, em parceria da KinoYetu, Embaixada dos EUA em Angola (Espaços Americanos), Goethe-Institut Angola e com apoio da Rosalina Express e Refriango, promovem de 11 a 14 de Junho, no Hotel Globo, às 18h30, a segunda edição do Ciclo de Cinema sobre Clima e Educação Ambiental. 
Trata-se de um evento que visa reflectir de maneira crítica temáticas importantes sobre o ambiente, educação e consciência ambiental (ecológica), preservação da biodiversidade, assim como temáticas contemporâneas urgentes relacionadas como sustentabilidade, humanidade, desigualdade de gêneros, direitos humanos, justiça e mudanças climáticas, crimes ambientais e etc. 
Com a curadoria de André Gomes e Mi Medrado, o ciclo acontece anualmente no âmbito das celebrações do dia Mundial do Ambiente (5 de Junho) e Dia Internacional das Alterações Climáticas (21 de Junho), e tem como tema curatorial “Terra e Humanidade” inspirado no livro “Ideias para adiar o fim do mundo” do socioambientalista e escritor brasileiro Ailton Krenak.
Cada sessão conta com uma mesa de conversa conduzida por especialistas. 
Juntem-se a nós, pelo que a entrada é inteiramente gratuita! 

Eliseu Tafári (Designer)Eliseu Tafári (Designer)

10.06.2024 | par martalanca | cinefilos & Literatus, cinema ambiental

Corre, bebé!, de Ary Zara e Gaya de Medeiros, vence a 7.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço

Este anúncio é feito no dia em que “POPULAR”, de Sara Inês Gigante, projeto vencedor da anterior edição da bolsa, se estreia em absoluto no Centro Cultural Vila Flor, no âmbito dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães

Corre, bebé!, de Ary Zara e Gaya de Medeiros, é o projeto vencedor da 7.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, uma iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), o A Oficina / Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), e o Teatro Viriato (Viseu), com o objetivo de apoiar a produção de espetáculos de jovens artistas e companhias emergentes.
Ary Zara destaca-se como argumentista e realizador de cinema. A sua curta-metragem Um Caroço de Abacate integrou a shortlist para o Óscar de Melhor Curta-Metragem em Imagem Real. Integra o coletivo BRABA como cocriador e interprete das peças Atlas da Boca e BAqUE. É o diretor criativo da Queer Art Lab.
Gaya de Medeiros é atriz, bailarina, produtora e criadora. Desde a sua chegada a Portugal, assinou a criação de Atlas da BocaBAqUE e Pai para jantar, que circularam por vários pontos do mundo. Fundou a BRABA para fomentar ações protagonizadas por pessoas trans e não binárias. A sua pesquisa concentra-se na expansão das narrativas autobiográficas e na tensão entre o corpo, a palavra e o público. 

Corre, bebé! é um projeto multidisciplinar, que cruza performance e cinema. Em palco, estarão Ary Zara e Gaya de Medeiros, para protagonizar uma performance de cerca de 1 hora, que dará depois origem a uma curta-metragem de cerca de 15 minutos, filmada por Rita Quelhas. Esta curta-metragem pretende acompanhar uma mulher trans e um homem trans em torno das problemáticas de gerarem um bebé, pensando as questões da parentalidade.

foto de Cristina Assisfoto de Cristina Assis

O prémio para o projeto vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço traduz-se na atribuição de um valor pecuniário de 24.000€, para além do acesso a várias residências artísticas e da possibilidade de apresentar o espetáculo nos quatro teatros parceiros. Nesta 7.ª edição da Bolsa, foram recebidas 61 candidaturas, que foram submetidas à apreciação de um júri, que pré-selecionou 7 projetos para entrevista, tendo depois escolhido o projeto vencedor. Fizeram parte do júri: Pedro Penim (Diretor Artístico do Teatro Nacional D. Maria II), Sofia Campos (Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II), Pedro Barreiro (Diretor Artístico d’O Espaço do Tempo), Patrícia Carvalho (Diretora Executiva do d’O Espaço do Tempo), Rui Torrinha (Diretor Artístico do Centro Cultural Vila Flor – A Oficina), Marta Silva (Educação e Mediação Cultural – A Oficina), Henrique Amoedo (Diretor Artístico do Teatro Viriato) e Carla Augusto (Direção do CAEV).

Criada em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu importante papel na História do Teatro Português, a Bolsa Amélia Rey Colaço, atribuída anualmente, visa apoiar jovens artistas e companhias emergentes, contribuindo para um aumento do seu acesso a meios de produção fundamentais e a espaço de pesquisa, permitindo-lhes com isso consolidar o seu corpo de trabalho.

Em seis anos consecutivos, a Bolsa Amélia Rey Colaço apoiou já a criação de seis espetáculos de jovens artistas: Parlamento Elefante, de Eduardo Molina, João Pedro Leal e Marco Mendonça (2018), Aurora Negra, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema (2019), Ainda estou aqui, de Tiago Lima (2020), Another Rose, de Sofia Santos Silva, As Três Irmãs, de Tita Maravilha (2022), e POPULAR, de Sara Inês Gigante, que se estreia agora no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, seguindo depois em digressão e sendo apresentado em Viseu, no dia 14 de junho, no Teatro Viriato, e em Lisboa de 20 a 30 de junho, no Teatro Meridional.

Na noite desta sexta-feira 7 de junho, que marca a estreia absoluta do espetáculo “POPULAR” no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, realiza-se o ato presencial do anúncio do novo projeto vencedor, com a presença dos vários parceiros culturais constituintes da Bolsa Amélia Rey Colaço e das artistas Sara Inês Gigante e Gaya de Medeiros, vencedoras da prévia e atual edição desta bolsa.

 

09.06.2024 | par martalanca | Ary Zara, Gaya de Medeiros

Porto Summer School on Art & Cinema 2024 · Não Foi Cabral

17-21 JUN 2024


A sexta edição da Porto Summer School on Art & Cinema apresenta um programa público, composto por concertos, sessões de cinema e abertura de exposições, nas quais participarão os realizadores/artistas que estão presentes no curso. Este programa é oferecido à cidade e ao seu público cultural e acontecerá na Escola das Artes e em espaços culturais do Porto.
Artistas e curadores convidados:

  • Dino D’Santiago
  • Jaime Lauriano
  • Keila Sankofa
  • Lilia Schwarcz
  • MC Carol

Programa público: Entrada gratuita. +info

 

09.06.2024 | par martalanca | “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”

O terceiro inconsciente: a psicoesfera na Era Viral, Franco "Bifo" Berardi

O inconsciente não conhece o tempo, não tem antes e depois, não tem uma história própria. No entanto, nem sempre permanece o mesmo. Diferentes condições políticas e econômicas transformam a maneira pela qual o Inconsciente emerge dentro da “psicosfera” da sociedade. No início do século XX, Freud caracterizou o Inconsciente como o lado sombrio do quadro de boa ordem do Progresso e da Razão. No final do século passado, Deleuze e Guattari o descreveram como um laboratório: a força magmática trazendo incessantemente à tona novas possibilidades de imaginação. Hoje, em um momento de pandemias virais e em meio ao colapso catastrófico do capitalismo, o Inconsciente começou a emergir de outra forma. Neste livro, Franco ‘Bifo’ Berardi retrata vividamente a forma em que o Inconsciente se manifestará nas próximas décadas e os desafios que ele representará às nossas possibilidades de ação política, imaginação poética e terapia.

— “Uma ampla exploração do presente e do futuro do Inconsciente”

DESCRIÇÃO

Assumindo uma prévia presunção, Bifo elenca que até ao momento o Inconsciente obteve apenas duas elaborações: primeira, aquela, mais comum, psicanalítica, de Freud, em que a profissão do capitalismo exerce na condição psicológica do sujeito a sua aparente ordem natural de aliança entre Progresso e os processos de racionalização do mundo e de seus fenômenos; segunda, ainda em exercício e em constante questionamento, em que o espaço de manifestação do Inconsciente é um campo de experimentação infinito do sujeito perante a sua potência de subjetivar a si e o mundo, de Deleuze e Guattari. E, para quem imaginou que a pretensão de Bifo se aportaria numa simples enumeração da epistemologia do Inconsciente, se enganou, pois o autor propõe uma terceira via, em construção, a ocorrer, na obscuridade do futuro. O neoliberalismo estaria gerando no Inconsciente, de maneira adversa na contemporaneidade ocidental, comportamentos cada vez mais conscientes, tornando os sujeitos cada vez mais indissociáveis do procedimento necessário do capitalismo na atualidade, e com isso não apenas gerando perda de crenças em outras formas de vida possíveis como também criando modos de eliminá-las. Mas, para quem imagina que Bifo para por aí, numa conjuntura, engana-se, ele ainda nos apresenta representações deste horizonte nebuloso e oferta possibilidades de fuga.

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06.06.2024 | par martalanca | Franco Bifo Berardi, inconsciente, psicoesfera

BIG BANG HENDA de Fernanda Polacow

Cinema Ideal, segunda, 10 Junho, 21:30com a presença de Fernanda Polacow e Kiluanji Kia Henda

2 filmes do Doclisboa 2023, em estreia no cinema Ideal – dias 10, 13 e 16 de Junho, às 21:30
O filme que recebeu, entre outros, o Prémio Fernando Lopes, e uma curta-metragem sobre o artista Kiluanji Kia Henda (que apresenta também agora uma antologia dos seus videos no Museu Arpad Szenes Vieira da Silva, em Lisboa), estreiam agora em Lisboa no Cinema Ideal.
AS MELUSINAS À MARGEM DO RIO de Melanie Pereira, recebeu não apenas o Prémio Fernando Lopes, mas também o Prémio HBO Max e o Prémio Escolas ETIC para Melhor Filme da Competição Portuguesa da última edição do Doclisboa. 
E o filme BIG BANG HENDA, estreado no Doclisboa, uma Menção Especial do Júri no FIFA (festival de filmes sobre arte), Montréal. 

Sinopse Derrubando estátuas e símbolos, construindo novas memórias, enquadrando a paisagem destruída, escrevendo cartas para o futuro, revertendo dinâmicas de poder: Big Bang Henda é um documentário-poesia-manifesto sobre o trabalho do artista angolano Kiluanji Kia Henda. Ele leva-nos numa viagem pelas suas criações e reflexões, que estão na vanguarda do pensamento anticolonial, instando-nos a considerar a forma como as gerações que cresceram durante ou no rescaldo da guerra reinterpretam esse acontecimento.

06.06.2024 | par martalanca | BIG BANG HENDA, kiluanji kia henda

Contos do Esquecimento, de Dulce Fernandes

Numa manhã quente de verão em 1444, na aldeia piscatória de Lagos, no sul de Portugal, foi desembarcado um grupo de pessoas africanas. No campo junto ao porto, foram entregues como escravos aos nobres e comerciantes locais. Durante os 400 anos seguintes, mais de seis milhões de africanos seriam traficados em navios portugueses para a Europa e para o outro lado do Atlântico.

Numa tarde chuvosa de inverno de 2009, em Lagos, arqueólogos que escavavam o local onde estava a ser construído um parque de estacionamento subterrâneo, começaram a encontrar esqueletos humanos. Trabalhando no local durante os cinco meses seguintes, enquanto o parque de estacionamento estava a ser construído à sua volta, os arqueólogos descobriram os esqueletos de 158 homens, mulheres e crianças africanos escravizados. Os seus corpos tinham sido depositados numa lixeira do século XV. Entrelaçando estas duas histórias, Contos do Esquecimento cruza histórias de violência e brutalidade do passado com imagens e sons do presente. Evocando o que aconteceu nestes locais e revelando memórias do passado, Contos do Esquecimento é um filme-território onde não temos outra escolha senão olhar para como o presente continua a ser moldado pela história que carregamos dentro de nós.


FICHA TÉCNICA

ARGUMENTODulce FernandesELENCODulce Fernandes, Lucy Shaw Evangelista, Denise VianaF OTOGRAFIA Paulo Menezes SOM Armanda Carvalho MONTAGEM Mário Espada PRODUTOR Pablo Iraola, Ansgar Schaefer, Pandora TellesVENDAS Ukbar Filmes

29.05.2024 | par martalanca | cinema, escravatura, Lagos

‘BANZO’, DE MARGARIDA CARDOSO

O filme BANZO, de Margarida Cardoso, fará a sua estreia nacional dia 30 no Indie e a estreia internacional na 58ª edição do Festival Internacional de Cinema de Karlov Vary, na Chéquia, que decorre entre 28 de Junho e 6 de Julho. O filme integra a secção competitiva Crystal Globe, ao lado de outras 11 longas-metragens. 

“A selecção oficial do 58º KVIFF, o núcleo do programa anual do festival, que inclui as competições Crystal Globe e Proxima, bem como o programa de Projecções Especiais, oferece um epicentro único de géneros e temas que vibram no cinema contemporâneo. Um novo olhar revisionista sobre os cânones estéticos de um filme de época. Um olhar equilibrado, cuidadoso, mas também provocador, sobre o destino de uma mulher na sociedade contemporânea em qualquer momento da sua vida. A influência imediata dos acontecimentos políticos na vida de um ser humano individual em qualquer parte do mundo. Os meus colegas e eu descobrimos que estes temas atravessavam a nossa selecção de filmes. Quinze dos 32 filmes apresentados na selecção oficial são estreias e não podíamos estar mais entusiasmados”, refere o director artístico do festival, Karel Och, em comunicado.

A acção de BANZO, rodado entre São Tomé e Príncipe e Portugal, situa-se no começo do século XX. Acompanhamos Afonso, que recomeça a vida numa ilha tropical na costa africana como médico de uma plantação de cacau, onde terá de curar um grupo de serviçais “infectados” pelo Banzo, a nostalgia dos escravizados. Morrem às dezenas, de inanição ou suicidando-se. Por receio que a nostalgia profunda se espalhe, o grupo é enviado para um morro isolado, chuvoso, cercado pela floresta. Ali, Afonso tenta curar os serviçais mas a incapacidade de entender o que lhes vai na alma revela-se mais forte que todas soluções.

Os elementos para a narrativa de BANZO começaram a aparecer durante a pesquisa e as filmagens de Understory (2019), ensaio pessoal de Margarida Cardoso sobre o cacau e todas as suas ramificações culturais e económicas, também apresentado no IndieLisboa. “Tive oportunidade de passar alguns meses na ilha do Príncipe, vivendo em contacto com muitas pessoas diferentes e conhecendo bem a geografia através das viagens e caminhadas que tinha de fazer durante o trabalho. As extravagantes ruínas das roças são uma constante na paisagem da ilha. Há algo de estranhamente fantasmagórico naquelas estruturas, não só pelo lado mais evidente da decadência, mas porque tudo parece estar paralisado no tempo, como se as pessoas que hoje habitam essas ruínas estivessem ali há quase tanto tempo quanto os decrépitos edifícios. Parecem presas num limbo histórico à espera que o violento e absurdo passado se funda lentamente com a natureza até se dissipar”, diz a realizadora. 

Regressada a Lisboa, a cineasta decidiu mergulhar nos arquivos das roças. “Li todo o tipo de documentos: correspondências internas e externas, pessoais e comerciais, gráficos, relatórios dos Curadores dos Serviçais, boletins oficiais da colónia, vi filmes de arquivo e centenas de fotografias (…). Quanto mais me embrenhava na revisitação do passado, mais se tornava evidente que o que ali se passou, num tempo que nos parece tão distante é, no fundo, uma ‘história contemporânea’.”

Assim começou a desenhar-se BANZO, terceira longa-metragem de ficção de Margarida Cardoso. O filme conta no elenco com Carloto Cotta, Hoji Fortuna, Rúben Simões, Gonçalo Waddington, Sara Carinhas, João Pedro Bénard, Maria do Céu Ribeiro, Matamba Joaquim, Romeu Runa e Cirila Bossuet. Tem a participação especial de Beatriz Batarda e Albano Jerónimo.


MARGARIDA CARDOSO
Margarida Cardoso começou o seu trabalho como realizadora em 1995, explorando temas que cruzam as suas experiências históricas pessoais com questões pós-coloniais proeminentes na história recente de Portugal, como a revolução portuguesa e a guerra colonial em África. O seu trabalho prévio inclui Sita: A Vida e o Tempo de Sita Valles (IndieLisboa, 2022) Understory (IndieLisboa 2019 ) Yvone Kane (Tallinn Black Nights, 2015), A Costa dos Murmúrios (Veneza, 2004, IFFR, 2005), Kuxa Kanema - The Birth of Cinema (FIDMarseille, Cinéma du Réel, Visions du Réel, 2003) e a curta-metragem Entre Nós  (Locarno, 1999).

UMA PEDRA NO SAPATO
Produtora independente sediada em Lisboa, fundada em 2008 pela realizadora Filipa Reis. As mais recentes produções incluem GRAND TOUR de Miguel Gomes (Cannes Competição 2024), BAAN de Leonor Teles (Locarno Competição 2023), LÉGUA de Filipa Reis e João Miller Guerra (Quinzena dos Cineastas Cannes 2023), GREAT YARMOUTH de Marco Martins (San Sebastián Competição 2022) e DIÁRIOS DE OTSOGA de Miguel Gomes e Maureeen Fazendeiro (Quinzena dos Realizadores Cannes 2021), com destaque para o prémio Urso de Ouro na Berlinale Shorts 2016 por BALADA DE UM BATRÁQUIO de Leonor Teles.

29.05.2024 | par martalanca | BANZO, Margarida Cardoso

CINEMA E PÓS-NATUREZA, Escola de Verão FCSH

De 2 a 16 Julho 2024 Horário: terças e quintas-feiras das 17h00 às 20h00
Duração: 15hDocente: Salomé Lopes Coelhosalomecoelho@fcsh.unl.ptEnsino Presencial+ Info e Inscrições


OBJETIVOS
O curso oferece uma introdução aos modos como o cinema figura as relações entre humanos e não-humanos, destacando os ritmos da matéria no cinema experimental latino-americano. Discutiremos as interseções entre cinema e problemáticas ambientais, abordando criticamente alguns dos seus conceitos-chave. Analisaremos imagens em movimento que, para além da representação e no sentido de uma compreensão performativa do cinema, abordam múltiplas formas de estar-no-mundo, incluindo existências vegetais e minerais. O curso permitirá a familiarização com a noção de ritmos da matéria como chave de análise ecocrítica. Espera-se que os/as participantes desenvolvam ferramentas para o estudo e criação artística que desafiem perspectivas antropocêntricas.
PROGRAMA
Fundamentos Teóricos: Imagens em Movimento, Ritmos da Matéria e Mundos Pós-Naturais
Introdução à relação do cinema com preocupações ambientais; definição de conceitos-chave e mapeamento de debates atuais;
Cinema experimental e mundos não-humanos: dos primórdios da teoria do cinema às concetualizações dos novos materialismos e pós-humanidades feministas;
Os ritmos da matéria como âmbito privilegiado para abordar as relações entre humanos e não-humanos.
Ritmos da matéria vegetal
Ritmos vegetais e imagens em movimento, da produção à receção fílmica,
Filosofias do pensamento vegetal;
Mundos vegetais para além das ontologias ocidentais;
Ritmos da matéria inorgânica e Cinema Geológico
Figurações cinematográficas e modos de relação com a matéria inorgânica que excedem lógicas extrativas e de progresso;
Geologia dos média e intersecções entre cinema, escalas temporais, processos e ritmos geológicos;
Cinema geológico: práticas teóricas e práticas fílmicas.
Projecto Final
Apresentações orais dos/as participantes, incluindo análise crítica de filmes ou projectos criativos próprios, que articulem os conteúdos do curso.
BIBLIOGRAFIA
Braidotti, Rosi & Maria Hlavajova (Eds.) (2018). Posthuman Glossary. London/New York: Bloomsbury.
Della Noce, Elio & Lucas Murari (Eds.) (2022). Expanded nature. Écologies du cinéma expérimental. Paris: Light Cone.
Fornoff, Carolyn & Gisella Heffes (Eds.) (2021). Pushing past the human in Latin American cinema. Albany: State Uni. of New York Press.
Iovino, Serenella & Serpil Oppermann (Eds.) (2014). Material Ecocriticism. Bloomington/ Indianapolis: Indiana University Press.
Viveiros de Castro, E. (2014). Cannibal Metaphysics. Minneapolis: Univocal.
Yusoff, Kathryn (2018). A Billion Black Anthropocenes or None. Minneapolis: University of Minnesota Press.
*Imagem: Osario analógico, Azucena Losana 

26.05.2024 | par martalanca | cinema, natureza, Salomé Lopes Coelho

Não Foi Cabral: Revendo Silêncios e omissões

Dias 23 e 24 de maio, no Auditório Ilídio Pinho da UCP no Porto, pelas 18h30

A Escola das Artes da Universidade Católica no Porto convida-o a assistir a duas masterclasses inseridas no programa “Não foi Cabral” com Flávio Cerqueira, um escultor de significados, e Hélio Menezes, antropólogo que atua como crítico, pesquisador e curador de alguns dos eventos mais importantes da cena cultural brasileira, nomeadamente da última bienal de São Paulo.

Inseridas na programação do ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões “que está a decorrer na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto, vão ter lugar no Auditório Ilídio Pinho, duas aulas abertas, nos dias 23 e 24 de maio, pelas 18h30, continuando assim o propósito de estimular o debate sobre o fazer da(s) História(s).

A primeira masterclasse, dia 23 de maio, é conduzida pelo artista e professor brasileiro, Flavio Cerqueira que irá apresentar um panorama da sua trajetória artística de 15 anos. Nesta sessão abordará os seus processos criativos e da produção da escultura em bronze, além das questões conceituais e simbólicas que traz na sua poética. O artista irá começar por contar a sua primeira experiência numa residência artística e do seu primeiro atelier na cidade de Lisboa e como isso influenciou sua carreira.

Flávio CerqueiraFlávio CerqueiraHélio MenezesHélio Menezes

No dia 24 de maio, pela mesma hora, a aula é de Hélio Menezes, pesquisador, crítico e curador de alguns dos eventos mais importantes da cena cultural brasileira. Nesta conversa, pretende analisar a história e legado do Museu AfroBrasil, no ano em que completa 20 anos de existência, bem como sublinhar desafios e propostas de renovação para os seus anos vindouros. Através da leitura de obras dos acervos do MAB e da sua expografia inaugural, propõe investigar em que medida o museu antecipou um olhar contracolonial nas artes ao contar, num arranjo entre História, Memória, Cultura e Contemporaneidade, outra história do Brasil - tendo as matrizes africanas que o formaram e estruturam como protagonista.

Este ciclo “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões” é o tema do programa cultural da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, em parceria com a Escola das Artes com a Universidade de São Paulo (Brasil) e a Universidade de Princeton (EUA).

Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes e co-curador do programa, sublinha que o ciclo “pretende construir um espaço de debate onde juntos possamos pensar as narrativas históricas e o modo como artistas de diferentes geografias e culturas têm sido motores fundamentais no alargamento e transformação dessa história oficial.” Sobre esta nova edição do programa, o diretor da Escola das Artes completa que “é fruto de um trabalho continuado da Escola das Artes em trazer temáticas com expressão no mundo não só artístico, como atual e global.

22.05.2024 | par martalanca | “Não foi Cabral: revendo silêncios e omissões”

Universidade de Lisboa discute fronteiras, jihadismo e alterações climáticas no Norte de África

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa será o cenário de um colóquio de dois dias, que trará a Portugal especialistas dos EUA, de Marrocos, dos Países Baixos e do Reino Unido, para discutirem, com académicos portugueses, temas como fronteiras, jihadismo, alterações climáticas e conflitos espoletados pela disputa da água no Sahel, e a sua dimensão histórica associada ao Magrebe e à Península Ibérica.

“O Sahel, o Magrebe e a Península Ibérica: Fronteiras, Trânsitos e Conflitos” é o nome deste encontro científico, que se realizará entre 28 e 29 de maio, e que reunirá investigadores das áreas da história medieval e contemporânea, da arqueologia, da antropologia, da sociologia e da política.

O historiador neerlandês Joas Wagemakers, da Universidade de Utrecht, que se distinguiu com a obra A Quiet Jihadist: The Ideology and Influence of Abu Muhammad al-Maqdisi (2012), redigida a partir da entrevista a este ideólogo da al-Qaeda, será o orador principal e abrirá os trabalhos. Da sua investigação, fazem parte estudos sobre o pensamento salafista, a Irmandade Muçulmana, o Hamas e os direitos das mulheres no mundo xiita e na Arábia Saudita.

A discutir noções de fronteira e fronteiro durante a presença portuguesa em Marrocos, no século XVI, estará o historiador Gonçalo Matos Ramos (Universidade de Lisboa). O antropólogo e historiador marroquino Rahal Boubrik (Universidade Mohamed V de Rabat) centrar-se-á na jihad lançada pelo shaykh Ma’ al’Aynayn contra espanhóis e franceses, na Mauritânia, entre o final do século XIX e o princípio do século XX. Já o antropólogo Francisco Ramos (Universidade Nova de Lisboa) contribuirá para este debate sobre fronteiras e colonialismos com uma análise sobre a revisitação contemporânea de políticas postas em prática na Mauritânia pós-independência.

A influência dos almorávidas no território do Sahel e do Magrebe será também explorada. O arqueólogo britânico Timothy Insoll (Universidade de Exeter) abordará as redes de circulação e os vestígios deixados por esta confederação política que, entre meados do século XI e meados do seguinte, construiu um império que se estendia entre as margens dos rios Senegal e Níger até ao Tejo. A historiadora Inês Lourinho (Universidade de Lisboa), por sua vez, analisará um “artigo” de uma revista do DAESH, que recorre à memória dos almorávidas para legitimar politicamente grupos jihadistas contemporâneos.

Ricardo René Larémont, cientista político e sociólogo norte-americano, da Universidade de Binghamton, trará a discussão para os violentos conflitos entre pastoralistas nómadas e agricultores do Sahel, em virtude das alterações climáticas, que têm levado ao recuo das bacias hidrográficas. Um cenário de instabilidade e de condições de vida frágeis favorece o aparecimento de grupos armados. Outro cientista político, o norte-americano Aaron Y. Zelin, da Universidade Brandeis, falará do recrutamento de combatentes para o jihadismo global. Criador do site Jihadology, que acompanha as comunicações de redes jihadistas, Zelin abordará o percurso de Abu ‘Iyad al-Tunisi, um destacado membro da al-Qaeda ao tempo de Usama b. Laden e depois de Ayman al-Zawahiri.

O historiador Hermenegildo Fernandes, diretor da Faculdade de Letras, e especialista nas transições entre as sociedades islâmicas e cristãs no Ocidente Peninsular medieval, fechará os trabalhos, com uma reflexão sobre as temáticas em debate, procurando estabelecer linhas de raciocínio e continuidades entre a Idade Média e a contemporaneidade.

Cada dia do colóquio será concluído com uma mesa-redonda, que viverá do animado debate entre os vários oradores, uma importante contribuição para aclarar e pensar questões com impacto direto na nossa sociedade.

22.05.2024 | par martalanca | Sahel