A Rainha Nzinga Mbandi. Historia, Memoria e Mito
PATRIMONIO DA HUMANIDADE
E, a dinâmica que anuncia a publicação, há dias, em Lisboa, das atas do Coloquio Internacional sobre a Dizonda, realizado em Roma, em Marco de 2010, sinergia completada, coincidentemente, pela recente implementação pela UNESCO do seu programa Women Figures in African History: an E-learning Tool, projeto que beneficia da colaboração do perito desta organização onusiana, o memorialista angolano, Simão Souindoula. Reagrupadas em 223 páginas e patenteada pelas edições Colibri, sob o título: “A Rainha Nzinga Mbandi. Historia, Memoria e Mito”, a compilação reúne a quinzena de comunicações apresentadas em Roma. Nota-se, ai, a nota de abertura, a introdução, o depoimento e o posfácio de, respectivamente, Cornelio Caley, Inocência Mata, Ana Maria de Mascarenhas e Manuel Pedro Pacavira. Aponta-se, no bloco das contribuições de fundo, alem das personalidades já citadas, as de Abreu Paxe, Professor de literatura africana no Instituto Superior de Ciências de Educação de Luanda, Américo Kwononoka, Diretor do Museu Nacional de Antropologia e do sociólogo angolano Moisés Malumbo. Lê-se, igualmente, as comunicações do erudito, medievista, Patrick Graille, em posto na Universidade Vassor-Wesleyan de Paris, a escritora antilhana Sylvia Serbin, de Pires Laranjeira, Professor de literatura contemporânea na Universidade de Coimbra e os italiano Mário Albano, jornalista, e Mariagrazia Russo, da Universidade La Tuscia. O Brasil pagou a seu tributo a Soberana de Matamba, com aportes de Selma Pantoja, da Universidade da capital federal e Solange Barbosa, Diretora do Projeto paulista “A Rota das Liberdades”. De salientar, como ganho da reunião cientifica organizada em parceria com a Universidade de La Sapienza e a de La Tuscia, de Viterbo, no quadro da indispensável alinho heurístico, o facto de vários autores, curiosamente, europeus, apertar a “Bíblia” da historia do Quadrilátero no seculo XVII, a famosa “Descrizione de”tre Regni Congo, Matamba et Angola…” do Padre italiano Giovani António Cavazzi da Montecuccolo. Com efeito, emitam, varias reservas, como a própria Propaganda Fide, no seu tempo, e a escola histórica africanista, sobre a Relação do confessor e testamentário da “Muene” de Santa Maria da Matamba. Os apresentadores sublinharam, entre outros, principais eixos, numa procura, laboriosa, de novas abordagens sobre a “Rayna Singa”, a escolha desta sedutora figura como principal sujeito literário e artístico, em vários domínios, tais como os das tiradas poéticas, das aplicações narrativas passando pelas exibições teatrais, assim como, na criatividade gravurista.
WARRIOR QUEEN
Outras novas linhas heurísticas, são, as, sobre a recorrente questão da tomada do poder da “Donna de Angola”, que se explica, naturalmente, pela violenta ocupação da” XI a Ngola” pelas tropas portuguesas, com o seu subsequente enfraquecimento politico; a inutilidade da escolha de uma grafia “correta” do nome da “Regina”, personagem de projeção internacional, cuja fixação tem uma dezena de variantes, e a certificação deste apelido no proto-bantu, com todos os seus efeitos no continuum antroponímico e na reapropriação patriótica, contemporâneos. Este reassumere, que e notado, igualmente, no Brasil, e uma novidade contida nas atas do coloquio. Com efeito, observa-se neste imenso território da América do Sul, uma forte sensibilidade de inculturação, linguística e antropológica, a volta da “Inkice” Feminina. Uma das provas desta evolução e a inserção, no Carnaval de Rio, em 2010, da cancão “Suprema Jinga – Senhora do Trono Brazngola”, pelo grupo Samba – Enredo da Escola Imperio da Tijuca. E, entre outros factos, e esta perpetuação alem – Atlântico da gesta da Ngola, que deu oportunidade a Simão Souindoula, inspirador do encontro da cidade do Coliseu, na sua comunicação, bem prospetiva, sobre a figura da Kiluanje, de defender a Nzinga –Nzinga, como Património Intangível da Humanidade. Aquele perito da UNESCO confirmou que a Warrior Queen, uma das Soberanas que marcou, indelevelmente, a evolução de África mercantilizada, tornando-se uma personagem de referência nas letras e artes assim que nas ciências humanas e sociais da Europa ocidental, logo no século XVIII; uma tradição mítica nas comunidades afro-americanas e afro-caribenhas e centro de interesse no quadro de centenas de projetos africanistas, no mundo inteiro, e símbolo de orgulho para milhões de africanos, constitui, incontestavelmente, uma instrutiva herança para o mundo. Prevista para 2015, em Lisboa, cidade que se inclinou perante a inteligência politica, militar e diplomática da Jaga, e que, segundo Cavazzi, dominava “in idioma Portoghese (nel quale era versatissima), a próxima Conferencia Internacional sobre a Ngana será, sem dúvida, a da consagração do seu legado, como uma das bases morais, ao nível mundial, do respeito da soberania das nações.