O grito da bananeira
Se Não Se Vai
Volumes I
[ OUVIR Di Alma, Sara Tavares ÁLBUM Xinti, 2009 ]
Sabes, existe o Triângulo das Bermudas, onde todos os navios se perdem e desaparecem. Eu acho que Cabo Verde é o Triângulo Sem Norte, onde todos se desorientam no tempo e no espaço. E Mindelo é uma cidade onde tudo acontece lenta e intensamente. Nunca pensei conseguir conjugar estas duas qualidades, mas aqui o tempo é dono de uma exuberância arrebatadora, que brota vagarosamente.
O que acontece quando se arrisca e se embarca num destino onde nada é conhecido? Nem as pessoas, nem a terra, nem os costumes, nem mesmo as tradições? Volta-se a casa.
“O Grito da Bananeira”, composto por dois volumes e uma promessa de terceiro, conduz o leitor numa viagem através de diversas coordenadas: geográficas, musicais (incluindo convites para uma trilha sonora em cada capítulo) e espirituais. Dado ao seu processo de criação, poder-se-á inclusivamente, considerar uma aventura literária quântica, por ter sido escrita num cruzamento de dimensões, em que os fios condutores desta teia vivencial e o propósito de viagem, foram sendo revelados à própria autora em tempo real da escrita.
O nosso tempo é tudo, e passamo-lo a projetar aquele que iremos ter, ou que já tivemos, gastando tudo o que nos é oferecido de bandeja: o agora.
A acção principal decorre, saltitante entre quatro ilhas de Cabo Verde - Sal, São Vicente, Santo Antão e Santiago, sendo recortada por episódios desenrolados de Norte a Sul de Portugal, e suavemente pontuada por anotações de uma Índia por descobrir, denunciando um desejo iminente de continuação do enredo pela Ásia.
Partir para voltar. Este mote, ecoando numa busca por voltar a casa, transformou-se num relato urgente de lições apreendidas, num momento de abertura total à sincronicidade do Universo. Que os Mestres de Esquina que conduziram a autora nesta jornada, possam agora acompanhar o leitor também.
Como criamos a nossa realidade? Queremos ou cremos? Qual é o canal em que sintonizamos a nossa realidade? Até que ponto a energia dos nossos pensamentos se materializa na nossa realidade? E se assim é, como podemos perder os medos? Como ganhar coragem? Como aumentar a nossa fé no fluxo natural da vida?
O Grito da Bananeira revela-se, ainda, numa experiência vivencial, propondo um formato com o título: Livro Itinerante – Há Vida Para Além do Grito – um conjunto de ofertas:
A. Círculos de Debate - “Pontes de Encontro”
B. Video-Documentário Comunitário - One Minute VideoDoc “O que é Casa?”
C. Oficinas Vivenciais explorando o tema: “O que é Casa?”
D. Exposição e video-Instalação com os resultados do documentário e oficinas
Ana Pracaschandra prepara-se para uma pequena tour por Holanda, Alemanha e Suiça, antes de atravessar o Atlântico e marcar presença no Flipoços 2019, Festival Literário em Poços de Lama, Minas Gerais, Brasil.
Ana Pracaschandra, jornalista, artista-educador e escritora, busca sempre um sentido catártico do inconsciente colectivo, nas suas criações artísticas. Temas que fortemente a motivam: a vida como viagem de aprendizagem, a interculturalidade e o poder da fusão na evolução humana, o amor como potenciador de caminhos revolucionários.
Filha da mãe Terra e pai Céu, nasceu com o propósito de unir. Por isso mesmo não sabe distinguir fronteiras, nem as suas, nem as dos outros, nem as do próprio planeta. Funde-se com o que a rodeia. Nas perguntas encontrou o seu passaporte de aterragem no coração. Na escrita encontrou a sua curandeira. Na viagem encontrou a sua casa. Na música encontrou paz. Perguntou, investigou, viajou, cantou, escreveu. Filha do Ocidente e do Oriente, do Norte e do Sul, a sua alma floresceu num melting pot de culturas e influências, encontrando paz em raízes flexíveis.
O seu destino inquieto e curioso conduziu-a do Jornalismo ao Teatro e daí à Inclusão pela Arte.
Quando lhe devolvem as perguntas: “Quem és?”, “O que fazes?” e “De onde és?” o seu coração acelera porque não tem respostas de bolso. A sua vida é carregada de questões, contradições e muito poucas certezas. Por isso segue, ora confiante e forte, ora vulnerável e dispersa, a sua jornada em busca de si mesma, nas histórias dos outros.
15 fevereiro - Roterdão