C.L.R. James
Trinidade e Tobago (1901-89). Historiador afro-trinidadiano, jornalista, teórico marxista e ensaísta, Cyril Lionel Robert James influenciou e foi percursor de alguma literatura pós-colonial. Nascido sob o jugo colonial do império britânico, após concluir os estudos, torna-se professor do ensino secundário onde viria a ensinar ao então jovem Eric Williams, futuro primeiro primeiro-ministro do país. Por essa altura começa a sua forte politização que o irá aproximar de círculos oposicionistas tornando-se membro do anti-colonialista Beacon Group, que junta diversos escritores na The Beacon Magazine. Contratado para escrever a biografia de um jogador de criquete, James ganha o seu “passaporte” para Inglaterra onde inicia uma colaboração com o The Guardian e estreita contactos com as correntes marxistas da época (inscreve-se no Partido Trabalhista, na sua facção trotsquista). Dá a conhecer a sua faceta literária, nomeadamente com uma peça de teatro sobre o líder revolucionário do Haiti, Toussaint L’Ouverture, que é representada no West End em 1936. Dá à estampa o seu o único romance, Minty Alley, o primeiro a ser publicado por um autor negro caribenho no Reino Unido. Além da literatura, James, muitas vezes sob pseudónimo de J.R. Jhonson, assina diversas obras de cariz político e histórico, como são exemplos maiores, respectivamente, World Revolution (1937) e Haitian Revolution (1938). Em 1938 parte para os Estados Unidos a convite do partido trotsquista, Socialist Worker`s Party, onde acaba por permanecer cerca de quinze anos abandonando progressivamente as teses da quarta internacional e suas organizações para se aproximar dos autonomistas marxistas, reproduzindo estas influências na sua produção teórica que revela abordagens menos dependentes da dicotomia gerada pela Guerra Fria. Deportado dos E.U.A. por falta de visto, regressa a Trinidade (1953), onde se dedica à militância independentista, nomeadamente no órgão do partido People’s National Movement, o The Nation e à divulgação do panafricanismo. No fim da vida regressa a Inglaterra onde é galardoado, em Brixton, com o Honorary Doctorate pelo South Bank Polytechnic pelo trabalho sócio-político realizado sobre a relação entre raça e o desporto.