Cidadania dos alfaiates africanos: uma abordagem baseada na co-aprendizagem

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Durante o trabalho de campo em Maputo (Moçambique), de Abril a Maio 2011, observei que os alfaiates são importantes agentes nas “práticas criativas” (Grabski, 2009) da moda local. Geralmente trabalham nos alpendres das casas ou nos mercados municipais – neste último caso distribuem-se em grupos numa área específica do mercado (ver fig. 1). Tive a oportunidade de trabalhar com alguns dos alfaiates migrantes da África Ocidental, no mercado Janette e também durante um workshop (ver fig. 2) que organizei com alguns estilistas moçambicanos. Desta experiência, observei que os alfaiates em Moçambique têm um papel fundamental na produção de roupa, desde a mais tradicional à mais contemporânea, em resposta às encomendas de estilitas2 ou de clientes.
Dotados de um olhar cosmopolita
, os alfaiates africanos são narradores e leitores de uma estética ‘debruada’ pela estética Ocidental  e ‘espartilhada’ por uma tradição que sustenta a necessidade de pertença à cultura africana. Das conversas informais com clientes e alfaiates, compreendi que muitos alfaiates locais viveam no limiar da pobreza e vêem na emigração - incluindo para a Europa - uma resposta ao sonho por uma educação formal e melhores condições de trabalho e de vida. Torna-se então o rumo de muitos alfaiates africanos.
Fig. 1 - Alfaiates africanos a trabalhar no mercado de Xipamanine, em Maputo.  Fig. 1 - Alfaiates africanos a trabalhar no mercado de Xipamanine, em Maputo.


Ao olhar Lisboa, encontra-se uma cidade com uma vibrante comunidade africana (Lisboa africana), e é nesta rede cultural que muitos alfaiates estabelecem os seus ateliers, maioritariamente em torno do Rossio ou na periferia da cidade. Eles importam modelos e condições de costura e geralmente trabalham para as comunidades africanas. A maioria vive em condições de pobreza, muitos sem acesso à escola, desenvolvimento de conhecimento e sobrevivendo à margem da sociedade portuguesa.
Este projeto faz parte de uma investigação de Doutoramento que tem por objectivo, num nível académico a identidade, tradição e desafios fashion-able
3 do tecido africano, a capulana de Moçambique, no século XXI e em paralelo, e na prática, de contribuir para o desenvolvimento e igualdade social.
O design de moda sustentável é o veículo facilitador de mudanças sociais e do 
fortalecimento do conhecimento intercultural. Aqui os alfaiates africanos são considerados agentes para a operacionalidade da criatividade da moda local feita a partir das capulanas (ou tecidos sui generis) e por isso agentes para o desenvolvimento de mecanismos entre a tradição e a modernidade.
Fig. 2 - O alfaiate a trabalhar com a estilista durante o workshop desenvolvido pela autora em Maputo.Fig. 2 - O alfaiate a trabalhar com a estilista durante o workshop desenvolvido pela autora em Maputo.


Talhar roupas, talhar outras modernidades
Ser alfaiate em África significa preservar um conhecimento tradicional onde a simbiose entre a experiência e a criatividade originam uma peça única, amplificando uma íntima conexão com a tradição oral. “Falar”, “ver” e “escutar ” são elementos essenciais na transmissão do conhecimento. De mestre para discípulo, o conhecimento é transferido juntamente com os detalhes unidos por pontos de alinhavos. Geralmente não existe educação formal e o conhecimento é transmitido pelas experiências ‘vividas’.
Sobre a égide do aprendiz, os alfaiates africanos começam a sua prática enquanto jovens e “a aprendizagem acontece durante o curso da vida diária” (Lave, 1991:70). De mestre para discípulo, a tradição oral articula e preserva o conhecimento cultural do talhar de uma peça de roupa. Estetas por excelência, muitos desses artesãos fazem uso dos trajes da África Ocidental para os guiar no seu ‘novo’ trabalho criativo. Por outro lado, eles trabalham também com a roupa em segunda - mão e tornam-se responsáveis pela desconstrução, customização e arranjo da ‘mimeses’ Ocidental. Este contacto com a roupa ocidental desenvolveu uma ‘nova’ conceptualização da estética africana. Assim os alfaiates tonaram-se hábeis no delinear da roupa servindo-se do conhecimento modelado entre a tradição oral Africana e a estética Ocidental.

Aptos a conceber o mundo
por vir, os alfaiates são agentes  importantes no desenvolvimento integral da estética e da economia das sociedades africanas, muitos deles desenvolvem empresas de pequena escala. As peças de roupa produzidas por eles, capacitam o consumidor a “criar um relato e desenvolver um diálogo regenerativo acerca da sua própria singularidade” (Erner, 2004:183). Um diálogo que é, ao mesmo tempo, manifesto da expressão cultural baseada em crenças, sonhos e significados e articulador de uma narrativa pessoal e personalizada que revela a “’pós’ domesticação” (Hall et al.,1997:240) dentro de múltiplas identidades4.

Metodologia
A fim de desenvolver conhecimento e competências entre esse grupo de foco e tendo como ponto de análise a sua experiência como aprendizes, a autora propôs o desenvolvimento de um programa de modelagem sustentado pelo conceito de co-aprendizagem no instituto de Moda Modatex – um centro de formação profissional da industria têxtil, localizado em Lisboa, Benfica. O Modatex está interessado neste programa, por causa da abordagem social, do foco inovador na transmissão e partilha de conhecimentos de ambas as partes e com pessoas com tão forte contexto cultural. Para promover melhores condições aos alfaiates, a escola e a autora reuniram todos os esforços para a concessão de uma bolsa de transporte. Em Fevereiro de 2012, os alfaiates receberam um pequeno subsidio de 4.25€ por dia e que os ajuda a cobrir os gastos no transporte para a escola.
Fig. 3 - Aula prática onde a professora propõe o exercício.Fig. 3 - Aula prática onde a professora propõe o exercício.


Participantes
No primeiro curso um grupo de oito alfaiates, na sua maioria da Africa Ocidental, cada um vive com a media de 330 euros por mês: 4 da Guinea Bissau, 1 da Serra Leoa, 1 da Gâmbia, 1 de Angola e 1 da Guiné Conacri. As suas idades variam entre os 28 e 41 anos. A maioria dos alunos fala e compreende a língua portuguesa. Alguns desenvolvem o seu trabalho como alfaiates e conseguem sobreviver dessa actividade em Lisboa. Outros trabalham como alfaiates no tempo livre. Todos eles têm registado “alfaite” (como profissão) no passaporte, mas, maioritariamente os elementos do grupo atravessam dificuldades em obter papéis que lhes permitam a legalidade no país.
O curso
O principal objectivo do curso desenvolvido pela autora, reside no desenvolvimento da primeira plataforma de educação num instituto de moda, onde a aplicação de um programa educacional em  modelagem se ajusta ao background cultural dos alfaiates imigrantes africanos em Lisboa.
Tencionámos desenvolver um processo que fosse ao encontro deles em vez de os deixar vir ao nosso encontro e desta forma deixá-los exprimir a fusão entre o “intelecto e a emoção” (Smith and Williams, 1999:57). Tendo por base o processo de co-aprendizagem, todos os exercícios propostos obedeceram a esta intenção
. Durante o processo, abordagens situadas e exercícios foram propostos aos alfaiates, de forma a que eles colaborassem uns com os outros (ver fig. 3) e com o investigador para garantir a partilha de conhecimento. O principal objectivo desses exercícios foi o de cultivar a proximidade no diálogo e conhecimento cultural. Enquanto método ensino/aprendizagem nós – parcialmente – adoptámos uma abordagem construtivista onde a co-aprendizagem tem um papel fundamental. Esta abordagem, tem origem no trabalho de Vigotsky’s (1962), que argumenta que a responsabilidade do conhecimento deve residir intrinsecamente no aprendiz. O construtivismo social salienta assim, a importância do aprendiz estar ativamente envolvido no processo de aprendizagem.

Fig. 4 - Partilha de conhecimento entre os alfaiates sem interrupção da professora.Fig. 4 - Partilha de conhecimento entre os alfaiates sem interrupção da professora.


Ao centralizar parte da metodologia neste conteúdo, o programa foi desenvolvido em diferentes fases e de acordo com as necessidades de conhecimento manifestadas pelos alfaiates.

Durante os primeiros 3 meses a professora, introduziu os seguintes elementos do curso: numa primeira fase introduziu a construção do molde base da saia, calça, e corpo. Na segunda fase introduziu a construção de moldes para responder às proposta de desenho de roupa desenvolvidas pelos alfaiates (ver fig. 5) num período intercalar do programa desenvolvido com a autora.

Fig.5 - Uma proposta de desenho desenvolvido pelo alfaiate da Gâmbia.Fig.5 - Uma proposta de desenho desenvolvido pelo alfaiate da Gâmbia.


Assumindo o papel de facilitadora de conhecimento, a investigadora participou na maioria das sessões, promovendo discussões baseadas principalmente em aspectos culturais da roupa e nos processos e técnicas de fazer moldes de vestuário. Esses fóruns de diálogo são importantes para partilhar experiências, uma chave fundamental para atingir o objectivo principal do projeto: co-aprendizagem e produção de conhecimento partilhado. O curso que ainda se encontra presentemente a decorrer, é efectuado duas vezes por semana, das 18:30h às 21:30h. Durante o primeiro semestre de 2012, a sala tornou-se num laboratório de observação onde foram aplicados métodos qualitativos. Os métodos de investigação utilizados são descritos nas fases abaixo.

Recolha e análise de dados
A observação participativa, incluiu conversas informais durante o tempo de aulas, checklists no trabalho desenvolvido, enquanto os alunos trabalhavam nos exercícios que a professora lhes propunha (fig. 4), e outros métodos não obstrutivos como tirar notas sobre conversas interessantes e observações dos alfaiates; observar e analisar a sua postura, concentração e desenvolvimento; participar no desenvolvimento dos moldes, de modo a potencializar a compreensão do exercício pelos alfaiates (ver fig:6); tirar fotografias e gravar algumas sessões. Também foi proposto a cada alfaiate manter um diário a fim de registar os principais elementos do trabalho de campo. O objectivo é o de os deixar registar e partilhar notas pessoais, desenhos histórias, dúvidas e sugestões para o programa. No início estes documentos eram úteis para o investigador, mas depois pensou-se em partilhá-los com os outros alfaiates a fim de desenvolver mais conhecimento e resultados. Por último, foram conduzidas entrevistas informais para conhecer melhor a realidade da fase de aprendiz de alfaiate que cada um dos elementos experienciou no seu país de origem e para ter um maior conhecimento sobre a vida de alfaiate antes e após a imigração para a Europa. Algumas discussões foram gravadas durante as aulas para posterior análise.
Esta multiplicidade de dados permite um melhor entendimento do processo de aprendizagem e o conhecimento dos pontos mais fortes e dos mais fracos no programa de que se tem vindo a desenvolver.

Fig.6 - A autora acompanha um alfaiate na elaboração do exercício proposto.Fig.6 - A autora acompanha um alfaiate na elaboração do exercício proposto.


Resultados
Os resultados obtidos até ao momento, são basedos na observação participativa e em entrevistas informais. O método de manter um diário de campo de alfaiate não resultou como se previa, porque muitos dos alfaiates têm dificuldade em escrever, devido a sua base de tradição oral como sistema de educação informal. A partir da análise dos resultados temos consciância de que o investigador é Europeu e tem uma perspectiva Ocidental. E por isso os resultados podem sofrer influência. No entanto, por viver por dois meses em Moçambique entre a população local e trabalhar com os alfaiates em Lisboa ela experimentou a sua cultura e tentou compreendê-los em conformidade.
A maioria dos alfaiates chegou ao curso muito motivado, mas manifestando uma atitude tímida e defensiva. Gradualmente eles começaram a mudar a postura e motivaram-se a discutir as suas ideias livremente com os ‘estrangeiros’ (a forma como a professora e o investigador eram vistos por eles). Este processo significou a afirmação de uma presença baseada na confiança. Gradualmente sentiram-se mais confortáveis e livres para participar no diálogo horizontal e partilhar o seu conhecimento, crenças, opiniões e problemas.

Muitos dos alfaiates apresentaram um forte conhecimento e domínio da língua portuguesa, por isso, alguns passos da aprendizagem foram repetidos cuidadosamente. Progressivamente e ao longo das sessões, eles começaram a dominar as palavras técnicas e a aplicá-las naturalmente no trabalho desenvolvido na sala de aula. A capacidade de ultrapassar barreiras na linguagem resultou num ambiente de trabalho mais aberto, divertido e positivo.

Este grupo de alfaiates mostrou-se muito talentoso em termos de conhecimentos e habilidades. ‘Obcecados’ por roupas, eles expressaram um forte sentido de memória visual. Contudo durante as sessões de desenho os alfaiates mostraram um défice de habilidade nomeadamente na noção de proporção, um elemento chave no design de roupa Ocidental. Questões aritméticas estavam na base deste défice em aplicar as fórmulas básicas nos moldes em desenvolvimento, depois do reconhecimento desta fragilidade, a professora optou por apresentar os resultados finais nas folhas de exercício. Alguns deles mostraram o seu próprio método de tirar medidas e muitas vezes usavam o método de dobragem da folha de papel ou tecido, um método mais empírico. Com o tempo e a prática, eles habituaram-se ao material técnico especifico para o trabalho em modelagem (réguas curvas, esquadro aristo, outros esquadros e réguas de precisão, etc.) e prescindiram da fita métrica que, por tradição é o habitual instrumento de medida que usam nos seus ateliers. (ver fig.7).

Fig.7 - Um alfaiate utiliza os instrumentos de precisão próprios para a disciplina de modelagem.Fig.7 - Um alfaiate utiliza os instrumentos de precisão próprios para a disciplina de modelagem.


A análise teve por base a observação, resultados dos exercícios e entrevistas informais feitas pelo autor. As informações recolhidas foram úteis para o desenvolvimento de outras sessões ao longo do curso. Durante 12 sessões o autor partilhou exercícios baseados na cor, nos têxteis, emoções e desenho técnico de roupa. Foi observado que a cultura Africana e o
background estético africano estiveram muito presentes nas propostas apresentadas. Predominantemente eles escolheram cores vibrantes e os têxteis africanos foram uma seleção constante em todas as propostas criativas. Para o desenho da roupa o autor deu-lhes um modelo - corpo-base, mas eles (re)desenharam-no num ‘corpo Africano’ acentuando a identidade pelo estilo de cabelo (ver Figura 6).
Devido a um rigorosa delineação dos moldes e necessidade de limpeza da folha de trabalho, observou-se que gradualmente os alfaiates tornaram-se mais eficazes nessa necessidade. Alguns tornaram-se capazes de aplicar algumas ‘novas técnicas’ no seu dia-a-dia de trabalho de alfaiate e criaram um terceiro conhecimento que cruza a ‘técnica deles’ com a ‘nova’ técnica aprendida na escola. 

Conclusão e discussão
O curso teve resultados positivos no que respeita ao desenvolvimento e transferência de conhecimento entre todos os participantes e ao desenvolvimento de relações humanas baseadas na confiança. A análise de dados revelou que a co-aprendizagem está a impulsionar o crescimento de um diálogo positivo e construtivo entre os alfaiates e a sociedade ‘estrangeira’. Os conceitos da capulana são o principal tema deste projeto de investigação. Aqui os alfaiates são, como já referido, cruciais agentes na transferência de conhecimento sobre a tradição da capulana e a resposta a novas interpretações estéticas mais contemporâneas com o tecido. Como artesãos, os alfaiates são capazes de preservar o património cultural expresso no seu trabalho. Mas também de criar a peça de roupa por medida que assenta no corpo Africano mais cosmopolita (ver fig. 6). Corpo esse que nasce da dialéctica entre a tradição e a modernidade.
Reflexão
Os resultados desta observação são preliminares porque o projeto continua em curso. Estamos cientes da subjetividade dos dados qualitativos, que é em parte devida à influência nos resultados medidos sobre um diferente ângulo, diferenças culturais e a tendência de uma posição eurocêntrica sobre o conhecimento. Para validar os resultados e as conclusões encontradas, vamos compartilhá-los com os alfaiates, a fim de incluir as suas opiniões e avaliações. As descobertas são também interessantes para a educação dos estudantes de moda em Portugal, quando a um outro nível do projeto de investigação, se irão combinar ambos os grupos; alfaiates africanos e alunos de moda da Faculdade de Arquitetura de Lisboa, de forma a promover um programa de co-aprendizagem baseado no cruzamento cultural.
Por último, vai-se desenvolver um modelo para criar uma plataforma para alfaiates africanos, com uma prática oficial no país de origem, que vai ter repercussão em alguns institutos de moda e também em comunidades locais em África.5

Referências bibliográficas
CRAICK, J. (1994.) The face of Fashion: Cultural Studies in Fashion. London and  New York: Routledge.
ERNER, G. (2004). Vitimas de la moda, como se crea, por qué la seguimos. Paris: GGmoda.
GRABSKI, J.(2009). Making fashion in the city: A case study of tailors and designers in Dakar, Senegal.
Fashion Theory. Volume 13. Issue 2,p. 215-242.
HALL, S. (1997). Representation: Cultural Representations and signifying Practices. California: Sage Publications.
REED, H.J. and LAVE, J. (1979). Arithmetic as a Tool for Investigating Relations between Culture and Cognition. Interdisciplinary Anthropology, 6 (3), 568-582.
LAVE, J. (1991). Situating learning in communities of practice. In L. Resnick, J. Levine, and S. Teasley (Eds.), Perspectives on socially shared cognition. Washington, DC: APA. p. 63-82.
MATTHEWS, W.J. (2003). Constructivism in the Classroom: Epistemology, History, and Empirical Evidence. Teacher Education Quarterly, 30 (3), 51-64.
SMITH, G. and WILIAMS, D. (eds) (1999). Ecological  Education in Action. Albany: State University of New York Press.
VYGOTSKY, L. (1962). Thought and language. Cambridge, MA: MIT Press.

  • 1. [1] Artigo apresentado na UD’12, 1º encontro Nacional de Doutoramentos em Design. Universidade de Aveiro. 14 Julho, 2012. Este artigo tem por objectivo apresentar e discutir um estudo baseado na modelagem, numa abordagem de co-aprendizagem. Essa plataforma foi criada pela autora no instituto de moda Modatex. A temática é baseada no desenvolvimento do conhecimento e habilidades de um grupo previamente selecionado de alfaiates africanos imigrantes. A criação desta primeira plataforma de co-educação permitiu despertar consciência cognitiva através da partilha de conhecimento e também discutir o sistema de aprendizagem académica vs aprendizagem tradicional.
    A abordagem metodológica favorece o estudo qualitativo com ênfase na observação, onde a cultura funciona como mediação para o espaço e diálogo. Numa outra fase deste estudo, a metodologia de pesquisa ação - participativa é aplicada para dar melhor resposta a problemas da comunidade e contribuir para a construção de aprendizagem colaborativa e aquisição de melhores e maior resultados cognitivos e práticos.
     Esta aplicação pratica deve contribuir para o desenvolvimento de conhecimento e melhor integração das habilidades dos alfaiates, assim como manifestação tangível sustentável de um patrimônio cultural imaterial.
  • 2. [2] É importante considerar que a maioria dos estilistas Moçambicanos não seguiram um curso de moda, e muitos não sabem como modelar e costurar. Neste cenário de produção de Moda, o conhecimento e pratica dos alfaiates é crucial para a obtenção de resultados plausíveis, na produção da moda local.
  • 3. [3] Práticas fashion-able são suportadas e baseadas nos conceitos desenvolvidos pela autora sobre a capulana de Moçambique.
  • 4. [4] A autora defende que existem várias identidades culturais e não só uma única identidade cultural, como afirma o autor Craik (1994:27). Estas identidades resultam da democratização da moda e da liberdade que o consumidor tem em escrever a sua própria história através da roupa que veste.
  • 5. Agradecimentos Um especial agradecimento ao Modatex por acreditar na proposta e ao grupo de alfaiates africanos que sempre cooperaram em várias fases do projeto e fizeram acreditar ainda mais nele. O meu cordial agradecimento a Henri Christiaans (orientador) e Paula Meneses (co-orientadora) pelas suas leituras criticas e pelos importantes contributos ao longo da escrita deste artigo. Um sincero agradecimento à FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), pelo suporte financeiro a esta investigação.

por Sofia Vilarinho
Cidade | 25 Março 2013 | alfaiates, design de moda sustentável, imigrantes africanos, modelagem