Projeto Popular
(…) Canudos, Caldeirão de Santa Cruz, Revolta da vacina, Cabanagem, Revolta da chibata, Pinheirinho, Massacres de Eldorado dos Carajás, Carandiru. Chacinas da Candelária, Vigário Geral, Baixada, Acari, Messejana.
A concentração de iniciativas populares invibilizadas pelo estado brasileiro provém do estudo que vem sendo realizado nos últimos anos pelo artista. A prática artística decorrente de vivências e pesquisas de campo, que se alongam por extensos períodos, se aproxima às metodologias comuns usadas em expedições etnográficas, fazendo do trabalho um estudo fronteiriço ao campo da antropologia. O processo coletivo nessas expedições é parte essencial na lógica de ativação do trabalho, acontece via convites a pesquisadores e agentes da arte para experiências de viagens e produção de ensaios a partir da vivência. Essas colaborações partilham do interesse central na produção de Ícaro que se condensa na busca dos dispositivos de apagamento da memória social.
Por que não estudamos nas escolas episódios históricos como os campos de concentração no Ceará?
Revoltas. Levantes. Morte. Apagamento. Arquivo. Silêncio.
Qual seria a ligação direta entre o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e o projeto educacional de Anísio Teixeira?
Neste recorte apresentado como exposição, o artista parte de duas experiências concomitantes: o movimento messiânico liderado pelo beato José Lourenço, no interior do Ceará, e a Escola Parque, projeto educacional realizado na Bahia. Ambos ocorridos entre os anos 1920 e 1930 e que foram duramente rechaçados por medidas governamentais.