Livro: 'Oil Dorado'
“Oil Dorado” é um retrato ambiental e social da indústria do azeite em Portugal, centrado na degradação sem precedentes da paisagem, na poluição de recursos naturais e no contexto de escravatura moderna que afecta milhares de trabalhadores migrantes que trabalham nos campos do Alentejo.
Ao longo de 4 anos, o fotógrafo André Paxiuta percorreu os filamentos desta narrativa, documentando fotograficamente a mutação silenciosa gerada pela corrida ao “Oil Dorado”… ao território prometido do Alqueva. Este projecto é o culminar de anos de trabalho fotográfico sobre este tema regional, cobrindo, visual e textualmente, as consequências ambientais e sociais deste novo paradigma agro-industrial.
Num primeiro plano, a narrativa fotográfica explora a complexidade e inter-relação dos efeitos nefastos e questionáveis deste empreendimento, testemunhando as suas consequências na estrutura ambiental e social da região. No entanto, num regime de propriedade dominado por grandes latifúndios e num contexto sociodemográfico de abandono e de envelhecimento da população, as imagens recolhidas são expressivas de uma realidade mais profunda, enraizada na concentração do poder de decisão e no vazio sócio-ambiental criado pelo progressivo desvínculo da paisagem por parte daqueles que possuem um maior sentido de comunidade e de ligação à natureza envolvente. Estas duas dimensões, aliadas à ausência de uma hierarquia de valores ao nível do poder político, centrada na preservação dos recursos e da riqueza intrínseca da paisagem, criaram condições para a apropriação do território por agentes externos, cuja preocupação assenta na maximização a curto prazo da produção, ao serviço de uma filosofia mercantilista da agricultura.
Tendo como ponto de partida uma sepultura da idade do Ferro na proximidade se Santa Vitória, a viagem fotográfica tem início na justaposição dos fundamentos da paisagem com os novos elementos que, espacial e cronologicamente, a estes se sobrepõem. Chegando aos portões do antigo lagar de Serpa, abrimos a porta às raízes da cultura milenar de azeite e para o seu peso antropológico na região. A partir da barragem do Alqueva, serve a água de fio condutor para o desenrolar da complexidade de fenómenos, naturais e humanos, associados à expansão das novas formas de olivicultura, culminando com a vinculação da comunidade local ao cenário agroindustrial que se enraíza.
Posicionado no centro da narrativa, o bloco intitulado “Leituras pelo Território” conta a história do “Oil Dorado” pelas mãos de quem acompanha e convive diariamente com os efeitos colaterais da agro-indústria oleícola no Alentejo. No conjunto, este trabalho serve o propósito de um testemunho colectivo, procurando criar um espaço de reflexão sobre o caminho até ao momento percorrido, não deixando que as consequências das decisões no presente caiam no esquecimento no futuro.
O Livro
O livro é composto por 200 páginas, contendo 90 fotografias. Será uma publicação em capa dura, formato 20x30 (cm). Os textos serão apresentado em português e inglês.
Terá uma tiragem de 400 exemplares e entrará em produção durante o mês de Janeiro. A data de lançamento está prevista para Fevereiro de 2022.
As imagens foram recolhidas ao longo de quatro anos, entre 2017 e 2021.
O livro possui um bloco central intitulado “Leituras pelo Território” que conta a história do “Oil Dorado” pelas mãos de quem acompanha esta realidade no terreno, com contribuições de Pedro Horta do Movimento Alentejo Vivo, Fátima Mourão da Associação Ambiental Amigos das Fortes e a Alberto Matos da Associação Solidariedade Imigrante de Beja. Ao longo de 20 páginas, conhecerá a sua realidade através de imagens, mapas e textos escritos na primeira pessoa.
No conjunto, este trabalho serve o propósito de um testemunho colectivo, procurando criar um espaço de reflexão sobre o caminho até ao momento percorrido.
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*Todos os direitos de imagem reservados a André Paxiuta*
