O corpo preto na narrativa de ser mulher: estado da questão em Portugal

Pretendemos abordar o corpo preto na narrativa de ser mulher, especialmente o ser-se mulher africana e afrodescendente em Portugal. Usamos algumas abordagens das obras da escritora afro-americana bell hooks Não serei eu mulher?, e do livro da escritora e filósofa brasileira Djamila Ribeiro O que é o lugar de fala.

A presente investigação empírica irá perscrutar o percurso da mulher africana e afrodescendente em Portugal, na perspetiva de explicar a (in)visibilidade desta nas referências literárias e académicas em Portugal, pretendendo responder a uma questão fundamental: quão integradas as mulheres africanas e afrodescendentes estão nos movimentos feministas em Portugal, e refletir sobre a que se deve o silenciamento das mesmas.

Introdução

Pretendemos abordar o corpo preto no feminismo na narrativa de ser-se mulher, tendo Portugal como o estado da questão. Desta forma respondemos à seguinte questão: Até que ponto as mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal estão representadas no movimento feminista português?

Questionamos o que origina parcialmente a falta de integração das mulheres africanas e afrodescendentes no movimento feminista em Portugal, refletindo acerca do silenciamento e a (in)visibilidade das mesmas.

Algumas inquietações permeiam o nosso trabalho: mulheres africanas e afrodescendentes têm visibilidade em Portugal? Ocupam lugares de poder? Têm lugar de fala? Qual é o seu papel no movimento feminista?

Para a escritora bell hooks:
O movimento pelos direitos das mulheres no século XIX poderia ter proporcionado um fórum para as negras darem voz ao seu descontentamento, mas o racismo das brancas impediu a plena participação no movimento. (hooks, 2018, p. 256).

Esta rflexão ajuda a perceber o estado da questão em Portugal: as particularidades dos movimentos feministas e as ruturas introduzidas nas dinâmicas sociais dominantes.

Um dos principais problemas levantados pelas mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal na luta contra o seu silenciamento nos movimentos é se, antes de se preocuparem com as causas feministas, estas questionassem as suas invisibilidades no movimento, pois devem lutar para refutar o racismo estrutural e institucional que as persegue diariamente.

Tal como aconteceu nos Estados Unidos da América, onde mulheres negras se juntaram aos homens negros na luta pelos seus direitos civis e no combate ao racismo, acabaram por deparar-se com o sexismo dos homens negros que não as apoiam nas pautas feministas, a situação em Portugal é idênticaPor isso, seria errado pensar que há um desinteresse destas mulheres nos movimentos.

“Se é verdade que as brancas estiveram ao leme de todos os movimentos para uma revolução feminista na sociedade norte-americana, o seu domínio indica, mais que um desinteresse das negras pela luta feminista, que a política de colonização e imperialismo racial tornou historicamente impossível as negras estarem ao leme de um movimento feminista nos estados unidos” (hooks, 2018, p. 256).

Esta afirmação enquadra as mulheres africanas e afrodescendentes no movimento feminista em Portugal. Se analisarmos as associações, as organizações que representam as mulheres e as reivindicações feministas portuguesas, podemos observar que nenhuma delas vai de encontro às verdadeiras necessidades deste grupo que vive à margem da sociedade e os movimentos têm noção disto ou, pelo menos, deveriam ter.

Desta forma, a filósofa Djamila Ribeiro menciona uma das soluções para esta problemática, quando menciona que, “ao ter como objetivo a diversidade de experiências, há a consequente quebra de uma visão universal”. (RIBEIRO, 2017, p.63)

Proponho reflexões a partir de novas linhas de pensamentos, que já têm vindo a ser discutidas por várias pensadoras, filósofas e escritoras, que levam em conta diferenças étnico-raciais, de religião, de orientação sexual, de género.

Em suma, propõe-se entender até que ponto as mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal estão a ser representadas nos movimentos feministas através do questionamento da dependência da hegemonia do modelo afro-americano e afrobrasileiro como modelo universal em vez da produção de irem ao encontro das vulnerabilidades do movimento em Portugal.

 

Neste artigo interroga-se: “Até que ponto as mulheres africanas e afrodescendentes estão representadas nos movimentos feministas portugueses?”, o enquadramento teórico, aborda-se igualmente o silenciamento das mulheres pretas em Portugal, no qual explicarei o cenário das mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal citando algumas pensadoras; a hegemonia do modelo afro-americano e afro-brasileiro em que tento compreender a dependência epistemológica do saber por meio destas duas grandes potências e a necessidade de Portugal criar o seu próprio modelo para combater estas questões.

As referências base deste trabalho são Não serei eu mulher?, o discurso da abolicionista e ativista Sojourner Truth, Não serei eu mulher?, o artigo da pensadora Sueli Carneiro Enegrecer o Feminismo: A situação da mulher negra na América Latina a partir de uma Perspetiva de Género e O que é lugar de fala? da escritora e filósofa brasileira Djamila Ribeiro, bem como a minha experiência pessoal enquanto mulher africana, negra, imigrante a residir em Portugal, feminista antirracista.

O silenciamento das mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal

Como já tem sido apontado por tanta pensadoras, nomeadamente a Grada Kilomba, as mulheres negras, por não serem nem brancas nem homens, ocupam um lugar de maior vulnerabilidade na sociedade supremacista branca, uma vez que estão separadas das feministas brancas pelo racismo, e dos homens brancos ou negros pelo sexismo.

Ao analisarmos as mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal, podemos relembrar o discurso da abolicionista e ativista Sojourner Truth na convenção em Ohio em 1851, Não serei eu uma mulher?:

Ao provar a capacidade de uma mulher ser progenitora, de ser igual ao homem no trabalho; de ser perseguida, agredida, violada, torturada; e de sobreviver, mas também de emergir triunfante. (Hooks, 2018, p. 255.).

Verifica-se que as mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal são tratadas como incapazes, inferiores, não merecedoras de estarem em lugares de poder, sem direito ao lugar de fala e à margem da sociedade.

 

Trazer à discussão estes corpos: Mulheres africanas e afrodescendentes provenientes dos países PALOP que buscam em Portugal vida melhor mas que, devido ao racismo estrutural e institucional e do sexismo, vivem e continuam a viver à margem da sociedade portuguesa.

Corpos que se levantam diariamente às 4 da manhã; corpos invisíveis numa sociedade onde são a base da pirâmide; corpos que sofrem diariamente violência obstétrica por serem consideradas “não merecedoras” de um direito fundamental; corpos que deixam os seus filhos sem amparo todos os dias em busca do sustento; corpos sem direito a lazer devido a insuficiência económica; corpos que sofrem diariamente múltiplas opressões e agressões, corpos incapazes de cuidar da sua saúde mental, uma vez que é esperado deste corpo força, destreza e resiliência.

A origem branca e ocidental do feminismo estabeleceu a sua hegemonia na acomodação das diferenças de género, compactando com as múltiplas barreiras. Sendo as mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal de diferentes origens, crenças e etnias, a dificuldade em posicionar-se socialmente e a nível epistémico revela-se ainda maior.

Segundo o artigo “Feminismo negro em Portugal: romper com o silêncio”, de Vitória Crispim, apesar desta (in)visibilidade, as redes sociais têm servido como motor para o rompimento deste silenciamento, uma vez que contribuem para difusão da ramificação deste movimento.

A autora discorre sobre a importância dos meios de comunicação para dar voz ao feminismo negro, menciona ainda a força das redes sociais, através do ativismo digital que está a universalizar o movimento. Deste modo, foram criadas várias organizações e instituições como é o caso do Instituto da Mulher Negra (INMUNE), fundada pela deputada Joacine Katar Moreira, cujo intuito é criar um movimento que questiona a ideia de que as mulheres são um grupo homogéneo que compartilham das mesmas vivências.

O artigo deixa claro que as opressões das mulheres brancas não equivalem às vivenciadas por mulheres negras. Assim, a partir desta forma de luta, podemos verificar como a junção do género, classe e raça determina o que é o feminismo. Este movimento denomina-se como interseccionalidade, uma teoria bastante defendida no feminismo negro, uma vez que analisa e combate as desigualdades de género, tendo em conta a raça, classe social, religião e orientação sexual.

Para a então presidente do instituto da Mulher Negra em Portugal, as mulheres não são invisíveis. São antes invisibilizadas por parte de um desinteresse do estado português em promover leis igualitárias para mulheres negras”. Ângela Graça salienta ainda que - “O surgimento de movimentos feministas negro e intersecional vem trazer para o debate estas demandas que estavam até então desconsideradas.”

Mais do que falar da anterior geração de imigrantes (a da minha mãe), que já está cansada, esgotada e incapaz de acompanhar a evolução do movimento, pretendo trazer à discussão corpos pretos da atual geração.

O artigo Feminismo negro em Portugal: romper com o silêncio, mostra que, segundo um estudo desenvolvido em 2011 pela ISCO - Elementary Occupations, as pessoas de nacionalidade PALOP trabalham três vezes mais em profissões menos qualificadas.

O estudo constata ainda que, 46 anos após o fluxo migratório da comunidade africana, as mulheres continuam a trabalhar maioritariamente como empregadas domésticas.

O artigo constata a urgência de falar sobre corpos pretos que anseiam por mais, que desejam mais, que querem e sabem que merecem mais. Mulheres pretas que já não aceitam as histórias únicas que lhes foram contadas, a universalização do feminismo eurocêntrico, bem como viverem à margem da sociedade.

A hegemonia do modelo afro-americano, afro-brasileiro e eurocêntrico

Pretende-se questionar métodos de criação da universalização da mulher branca como representante de todas as mulheres e entender o papel do Outro mencionado pela escritora Grada Kilomba no livro Memórias de Plantação: O racismo no quotidiano para refutar a ideia que refuta a ideia do Outro da escritora francesa Simone de Beauvoir na obra O Segundo Sexo.

Cresci ouvindo histórias únicas sobre o continente africano na versão dos portugueses. Quando entrei no movimento feminista e comecei a dar os primeiros passos no movimento, as únicas referências eram as feministas, pensadoras, escritoras e ativistas brasileiras. Inicialmente achei fascinante uma vez que tudo era novo para mim, elas estavam bastante avançadas nestas questões, criaram conceitos como sororidade e dororidade que desconhecia, conceitos como black money entre outros conceitos que só aprendi graças a estas pensadoras que estavam a escrever algo, que estavam a contribuir de certa forma para o conhecimento, para construção da narrativa das mulheres negras. À medida que fui lendo e aprendendo sobre o movimento e as ramificações do feminismo, fui conhecendo outras pensadoras, escritoras e filosóficas afro-americanas, que as afrobrasileiras também tinham como referência, e quanto mais conceitos e terminologias eu aprendia, mas fazia sentido experiências menos boas que vivencie e nunca soube explicar porque me faltava dar nome às coisas.

Uma terminologia que surgiu nos Estados Unidos da América tornada bastante comum e universal dentro do feminismo negro foi o termo de Intercessionalidade, criada pela feminista e professora especializada em género e raça Kimberlé Williams Crenshaw. A investigadora usa o termo pela primeira vez em 1991, numa pesquisa sobre violências vividas pelas mulheres negras de classe desfavorecida nos Estados Unidos.

Outra terminologia que popularizou muito por causa dos media é o termo sororidade (irmandade entre mulheres), surgiu no Brasil, e atualmente é um dos termos mais usados nos movimentos feministas. Em contraposição a esta terminologia, surge também no Brasil o termo dororidade, termo criado pela escritora Vilma Piedade na obra lançada em 2017 com o mesmo nome.

A base da ideologia do feminismo negro são os mesmos, os conceitos e terminologias fazem sentido e vão de encontro as reivindicações das mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal. Neste sentido:

Gonzalez evidencia e defende um feminismo afro-latino-americano colocando em evidência o legado de luta e partilha de caminhos de enfrentamento ao racismo e sexismo já percorrido. (Ribeiro, 2017, p. 27).

Por sua vez, as negras afro-americanas lutaram juntamente com as feministas brancas pelo sufrágio das mulheres. Foi o caso da Mary Church Terrell, uma ativista negra que fez pressão na luta pelo sufrágio universal, onde discursou em duas ocasiões.

“Terrell também foi ativa no movimento para pôr fim aos linchamentos de pessoas negras”. (hooks, 2018, p. 268.)

Verificamos que, apesar da ideologia coincidir, as reivindicações, e as problemáticas são distintas, uma vez que, se pensarmos na luta feminista das mulheres afro-americanas e afrobrasileiras, existem várias problemáticas na comunidade africana e afrodescendentes que não são tidas em conta.

Seguindo esta ótica, verifica-se que o racismo vivenciado pelas mulheres negras nos Estados Unidos e no Brasil não tem as mesmas proporções que em Portugal, pois as problemáticas sociais existentes nestes dois países não são as mesmas.

O artigo Feminismo negro em Portugal: romper com o silêncio, revela, que em Portugal, as mulheres ganham em média menos 3600 euros do que os homens, mas quando se fala de raça, a média é ainda menor. O artigo refere a visibilidade que o feminismo negro tem ganho em consequência das redes sociais. Diz ainda que artigos, jornais, revistas e livros que falem sobre o feminismo negro internacional chegaram em Portugal, mas continua a haver a falta de produção académica e literária. Nomes como Iolanda Évora, Inocência Matta e Sheila Khan são referidos como representantes da academia e com algum trabalho académico, em termos do jornalismo foram referidos nomes como Conceição Queiroz e Carla Adão, já na política, são anunciadas as três deputadas que entraram no Parlamento em 2020: Joacine Katar Moreira (independente), Romualda Fernandes, do Partido Socialista (PS) e Beatriz Gomes Dias, do Bloco da esquerda (BE), sem falar da então Ministra da Justiça Francisca Van Dunem.

Se é verdade que estas mulheres fizeram história por serem as primeiras e por representarem a chamada representatividade que não é sentida, a verdade é que ainda se conta pelos dedos o número de mulheres africanas e afrodescendentes representadas nas mais diversas áreas.

Desta forma, sentiu-se a necessidade de criar em 2014, a Década de Internacional de Afrodescendentes, onde são ressaltados temas como reconhecimento, justiça e desenvolvimento.

Cristina Roldão, socióloga e investigadora, num artigo que escreve para Público, Feminismo negro em Portugal: falta contar-nos, confessa que, apesar da nova geração de ativistas expor novas questões no movimento, é necessário conhecer primeiramente outras versões da história. Para a investigadora é fundamental recuar no tempo de forma a conhecer outro lado da história.

A investigadora tem plena noção da importância das associações como FEMAFRO (Associação de mulheres negras, africanas e afrodescendentes, e a INMUNE, (Instituto da Mulher Negra em Portugal) e outros que romperam com o silêncio mediático da mulher negra no espaço público e social, é cada vez mais importantes a criação de literatura e uma literatura mais centrada nestas minorias.

Sónia Vaz Borges, autora de Na Po Di Spéra - Percursos nos Bairros da Estrada Militar, de Santa Filomena e da Encosta Nascente (2014), afirma que saiu de Portugal em 2012 porque em Portugal não existe muito espaço para mulher negra trabalhar, academicamente e de forma crítica, questões coloniais.

Esta também foi a razão que fez com que Grada Kilomba, autora da Memórias de Plantações: Racismo no Quotidiano, emigrasse para a Alemanha em 2004.

Conclusão

A luta contra o sexismo e o patriarcado poderia ter unido mulheres que buscavam inicialmente direito ao sufrágio, posteriormente direitos das mulheres, mas o racismo das mulheres brancas impediu esta união, o que criou barreiras e entraves na difusão do movimento.

Em Portugal não poderia ser diferente, é certo que houve mulheres negras a lutarem pelos direitos das mulheres tanto na primeira República como no Estado Novo, exemplo disso é o caso da Virgínia Quaresma, a primeira jornalista, repórter portuguesa. Era negra, feminista e lésbica, nascida em Elvas. Como ela, existiram muitos outros nomes de mulheres negras, que contribuíram para a criação da nação portuguesa, mas que foi branqueado o seu fenótipo a partir do final do século XIX, e ignoradas as suas origens africanas.

Atualmente lidamos com uma geração de mulheres muitas delas nascidas em Portugal, outras residentes há muitos anos, que dão continuidade às lutas e reivindicações das mulheres que foram esquecidas, trazendo-as de volta para o debate de forma a mostrar o papel que as mulheres negras tiveram na luta pelos direitos das mulheres na sociedade portuguesa e das suas contribuições.

Para além de serem colocadas questões como raízes e resistências culturais, à memória da resistência negra e das mulheres negras, são colocadas novas questões que estão na agenda do movimento feminino negro, questões como a identidade e o seu lugar no corpo da nação portuguesa, a representatividade e o bloqueio da mobilidade social, a segregação territorial, o racismo e a violência do estado.

Estas são as questões mais atuais e urgentes a serem reivindicados pelas feministas negras portuguesas, mas o mais urgente que se conclui, é a falta da literatura, a falta da criação de uma epistemologia que narra a história das mulheres negras nos movimentos feministas negros em Portugal. É preciso fazer um trabalho à semelhança da bell hooks, com a obra “Não serei eu Mulher?” que é umas grandes referências para quem quer trabalhar estas questões sobre a identidade e origem, mas numa versão portuguesa, é preciso contar a história das mulheres portuguesas, enquanto sujeitos políticos e de conhecimento.

Bibliografia

Carneiro. Sueli (2002) Artigo - Enegrecer o feminismo: A situação da mulher negra na América latina a partir de uma perspectiva de género: Está disponível a partir de: Microsoft Word - artigo_carneiro (usp.br)

Cavalcante. Miria. (2019? “Por acaso não sou eu uma mulher?” Discurso por Sojourner Truth em 185. Está disponível a partir de: ”Por acaso não sou uma Mulher?” - discurso por Sojourner Truth em 1851. - Bing video

Crispim. Vitória (2020, Julho). Feminismo nergo em Portugal: romper com o silêncio. Esta disponível a partir de: Feminismo negro em Portugal: romper com o silêncio - UALMedia

Ribeiro, D. (2017) O que é lugar de fala?, Belo Horizonte (MG): Letramento

hooks. bell. (2018). Não Serei Eu Mulher? 1a edição, Lisboa, Orfeu Negro

Roldão. Cristina (2019, Janeiro) Feminismo Negro em Portugal: falta contar-nos. Disponível a partir de: Feminismo negro em Portugal: falta contar-nos | Livros | PÚBLICO (publico.pt)

por Neusa Sousa
Mukanda | 24 Maio 2021 | Bell Hooks, corpo, feminismo, negritude, Portugal, racismo