Possa eu aliar-me à beleza dos teus versos sendo melodia
Como não ser egoísta neste momento, querendo sorver na medida do apego e da perda cada instante em que o meu olhar se cruzou com o teu… Para falar de Ti há que encher os pulmões de Espírito Santo, enchê-los o quanto possível da iluminação de Siddharta, inspirar usando a lupa do celeste desígnio da mais grandiosa Bondade, a verdadeira Bondade! Krishnamurti bem nos fala do porquê da existência da tristeza … a auto-piedade, e simultaneamente, nesse reconhecimento à luz da sabedoria dos mestres, o coração desmancha-se e chora-se. Conheci-te humano, mas nas tuas palavras, que acenderam o lume das minhas melodias aladas, senti-te estelar. E é nessa medida que te ofereço a voz cantada, para, alienígena, ser fiel ao romper da tua nova aurora. O choro que vem, a dor na garganta, tem memória finita, e por isso, profundamente humana, me dei a esse rio. Correu para o mar onde te reencontro noutro estado Maior e ilimitado. Nas entrelinhas do choro que se fez rio dissolvido, eis que escuto o Feiticeiro. Da mesma forma que o marinheiro se adentrou na minha vida enchendo-a de veredas inimagináveis, essa balada que nos uniu na mais pura Beleza - no Toque, no Sentir, no reconhecimento de Alma - adentra-se agora no espaço vazio a Enormidade do Feiticeiro com o seu sabor a Vida Eterna. O Arcanjo Miguel nas costas, Yeshua com a sua coroa de espinhos sobre o peito, Fé e Esperança e a flor de lótus ocupavam o tecido da tua pele que ías tatuando na medida de uma Alma que se procura a si mesma dentro de um corpo que é vaso alquímico de duras memórias e batalhas. Cada linha traçada na pele tinha a vontade de abrir brechas no tempo para deixar entrar o espaço sidéreo, a sensação de Arcturus, Sírius, Vega, Andrómeda … num espaço além desse espaço corpóreo demasiado pequeno para tamanha Alma onde o movimento das espirais cósmicas se queria fazer escrita em papel.
E diz o Feiticeiro:
“Minha identidade, qual identidade pergunta o Feiticeiro
Uma esteira
Uma sucessão temporal de sensações
Navegar esta tormenta
Equânime, estoico, desapegado
Atento e amoroso
Para se viver isto em mim
Eu não posso estar presente
Serei mais verdadeiro fora de mim, sem mim,
Sem identidade
Só amor.”
E assim, no amor, no verdadeiro amor, possa eu aliar-me à beleza dos teus versos sendo melodia e nada mais que esta vibração amorosa e universal. Assim te penso, assim te chorei, assim te canto e cantarei amado Mestre, Marinheiro, Viandante Telúrico e Feiticeiro Estelar!