Esse novo arquipélago chamado desejo
“7+5=1. Sete autores, cinco geografias, um outro arquipélago”
Da edificação de muros, à confrontação cultural, antagonismos antigos renovados pela incompreensão mútua, da reprovação do outro, à consolidação de crenças em valores exacerbados pelo ódio, mesmo daqueles que deviam ser próximos e fraternos, de tudo isso se foi construindo o labirinto civilizacional contemporâneo onde fomos colocados, voluntária ou involuntariamente.
Todos estamos implicados. Todos estamos diante de um minotauro ressurgido sob a forma de leis de mercado, exclusões, dívidas não contraídas que somos forçados a pagar. Da miséria e da fome que alastram por via das incursões pós-coloniais, às guerras fratricidas, tudo explica parcialmente o desespero que conduz milhões de pessoas a arriscarem o seu bem mais precioso, a própria vida, em busca de um porto que lhes foi sendo vendido como seguro mas não o é, antes pelo contrário.
Não haverá, por isso, na aparência, lugar onde possamos reerguer-nos civilizadamente, construindo o que é aspiração básica de qualquer ser humano: um lar onde paz, justiça, frugalidade, educação, saúde, comida, façam parte natural desse equilíbrio que se deseja.
E é aí, no desejo, que brota este novo arquipélago que começa por ser visual, artístico para almejar ser social, comunitário, uno, indissociável lar dos povos. Claro que se trata de uma utopia o que aqui se produz. Claro que estes autores são apenas uma parcela ínfima dos que estão hoje labutando (nos subterrâneos desta sociedade dormente-doente) na construção desse porto-desejo. Mas a verdade é que, como em tudo o que vale a pena, é fundamental acordar os vivos para um futuro que seja mais do que a mera servidão. O desejo é aqui o sinal, qual apito, que inicia este novo tempo, dando lugar ao sonho e à vontade de caminhar em sentido diferente.
A Perve Galeria, em Alfama, apresenta a Exposição “7+5=1. Sete autores, cinco geografias, um outro arquipélago”, até 3 de Outubro.
Sete artistas, de cinco geografias, construtores de um novo arquipélago, é este o mote da exposição colectiva que reúne obras de Alex da Silva (Cabo Verde - União Africana) Benavidez Bedoya (Argentina), Carlos Tardez (Espanha - União Europeia), Choichi Nishikawa (Japão), Sérgio Santimano (Moçambique - União Africana), Subodh Kerkar (India) e Rodrigo Bettencourt da Câmara (Portugal - União Europeia).
A mostra promove uma reflexão sobre uma arte feita à escala global, espelho da necessidade de edificação do sonho comum, para que uma sociedade plural, simultaneamente convergente na necessidade de pacificação, possa ser uma realidade.
ENTRADA LIVRE | HORÁRIO: 2ª feira a Sábado, das 14h às 20h.
PERVE GALERIA – ALFAMA: mapa