Mamadou Baila Ba é laureado com o título de Notório Saber da UFPA

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Pará (Consepe/UFPA) aprovou a concessão do título de Notório Saber ao ativista político luso-senagalês Mamadou Baila Ba. A proposta foi apresentada pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), por meio da professora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, considerando a importância acadêmica e política do candidato. Para o processo de elaboração do dossiê, foram inseridas cartas de recomendação de autoridades acadêmicas estrangeiras de instituições com as quais Mamadou Ba colabora e desenvolve projetos em favor dos direitos humanos, combatendo o racismo.

“A forma transversal e interseccional como Mamadou Ba tem pensado e atuado nas questões das desigualdades estruturais e das injustiças é uma contribuição importante para os desafios epistemológicos e ideológicos da academia, como instância de produção e reprodução de ordem social”, afirma a professora Rosa Elizabeth Acevedo-Marin.

Nascido no Senegal, Mamadou Ba vive em Portugal desde 1997. Possui licenciatura em “Língua e Cultura Portuguesa” (1997), pela Universidade Cheikh Anta Diop (Dakar), e é titular de um certificado de Pós-Graduação em Tradução, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1998). Atualmente, ele está vinculado aos programas de pós-graduação de duas universidades no Canadá, a Simon Fraser University (SFU) e o Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice da University of British Columbia (UBC).

Em Portugal, Mamadou Ba dedica-se ao ativismo antirracista. Além de dirigente da Organização  SOS Racismo, ele é fundador de várias organizações de defesa dos direitos humanos dos migrantes e das pessoas racializadas de âmbito nacional e europeu, e já integrou conselhos científicos de vários projetos de investigação académica como consultor. Participa, ainda, como docente em Escolas de Verão do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, relacionadas com a temática do (anti)racismo, bem como também colabora com outras universidades portuguesas, tais como a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade do Porto, nesses debates. 

“A questão racial, que é o foco da intervenção de Mamadou Ba, é crucial e indissociável das outras questões fundamentais para a sustentabilidade ambiental, a viabilidade do mundo e, consequentemente, da respiração democrática saudável das nossas sociedades, numa altura de ressurgimento e fortalecimento do fascismo e todo o seu cortejo de ameaças à paz e ao bem-estar de segmentos sociais mais vulneráveis, pessoas racializadas, negras, indígenas e migrantes”, comenta Acevedo Marin. 

Atuação reconhecida – Em 2021, Mamadou Ba foi distinguido com o Prémio internacional “Front Line Defenders”, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco, pela sua dedicação à luta antirracista. No ano passado, ele lançou o seu primeiro livro de ensaios no Brasil, cujo título é Antirracismo:  Nossa luta é por respeito amor e dignidade (Nandyala, 2024).

Ele também recebeu, em fevereiro de 2023, uma Moção de Solidariedade, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, entregue pela vereadora Mônica Benício, com celebração na casa da Mãe Wanda de Omolu.

Título honorífico – De acordo com a Resolução n. 4.936/2017 (Consepe/UFPA), o título de Notório Saber pode ser concedido, excepcionalmente, a docentes ou pesquisadoras(es) que tenham experiência e desempenho destacados em sua trajetória profissional, a exemplo de atividades que validem a alta qualificação da(o) candidata(o) em sua área de conhecimento. A concessão do título de Doutor Notório Saber foi aprovada por unanimidade, primeiramente,  em reunião da Congregação do NAEA presidida pela professora Ligia Simonian, para posterior encaminhamento ao Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPA, no qual também teve aprovação unânime.

“Ao conceder este título, reconhecemos o legado de alguém ímpar no que diz respeito à luta antirracista e a promoção da diversidade. Com essa homenagem, a UFPA ratifica seu alinhamento aos princípios de defesa dos direitos humanos”, ressalta o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva.

Relatora responsável pelo processo de concessão do título de Doutor Notório Saber a Mamadou Ba no Consepe, a professora Jane Felipe Beltrão considera o ato importante não apenas pela possibilidade de tê-lo como “colaborador no NAEA”, mas também, sobretudo, porque a Universidade amplia a sua compreensão dos temas sociais.

Mamadou Ba esteve na UFPA em 2023 para a I Jornada de Antirracismo e Justiça Climática e participou de uma série de eventos, incluindo a Conferência “Introdução às tradições e linhagens teóricas do antirracismo”, e deve retornar em agosto deste ano para a cerimônia de concessão do título.

TEXTO: Assessoria de Comunicação Institu#mce_temp_url#cional da UFPA

FOTOS: Arquivo pessoal

17.03.2025 | by martalanca | Mamadou Ba

Dossier "Racismo em Portugal: Um país em estado de negação"

22.11.2021 | by Alícia Gaspar | Beatriz Gomes Dias, comunidades ciganas, Descolonização, guto pires, José falcão, Mamadou Ba, Maria Gil, piménio ferreira, racismo, racismo em portugal

Debate Edouard Glissant: One World in Relation - MICAR | SOS RACISMO

A história pós-Colombo assenta numa ideia de globalização e progresso unilateral, racista, antropocêntrica, capitalista, patriarcal e heterossexista. O pós 2ª guerra criou uma ilusão de fraternidade e igualdade, sem que a ordem do poder fosse disputada.

A ordem que até aqui reconhecemos parte do norte global, coloca-o e à sua linhagem no centro, esmaga e apaga a diversidade, distorce a sua presença histórica, confabula a normalidade e prescreve soluções competitivas de felicidade e de sucesso individual.

Este modelo colonial de sociedade e produtividade está em crise. A pandemia confronta-nos com a falência do trabalho, dinheiro e património como metas estruturadoras dos grandes propósitos de vida.

Enquanto sociedade preparamo-nos para um novo capítulo? É possível pensar um futuro inclusivo, justo e sustentável sem saber quem somos no espelho da história? Sem recuperar histórias e conhecimentos de outros centros e protagonistas? Haverá futuro fazível sem plurividência?


NESTA MICAR, PROCURAREMOS AS VOZES E CORPOS CUJAS MEMÓRIAS E VISÃO TÊM SIDO MANTIDAS NAS MARGENS. EXPLORAREMOS O LUGAR DE MULHERES, DE JOVENS E DA ARTE NA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. PARA COM TODAS AS PESSOAS E ATRAVÉS DELAS RESGATAR O DIREITO À MEMÓRIA PASSADA, DESCOLONIZAR A ORDEM DO MUNDO E REIVINDICAR O DIREITO AO FUTURO.

Todas as sessões têm entrada gratuita, embora sujeita a levantamento prévio de bilhetes, os quais estarão disponíveis na bilheteira do Teatro Municipal do Porto — Rivoli.

w w w . m i c a r. s o s r a c i s m o . p t

28.09.2021 | by Alícia Gaspar | antirracismo, debate, Édouard Glissant, Mamadou Ba, Marta Lança, MICAR

Aqui em carne e osso com Mamadou Ba

SOMOS DE CARNE E OSSO, pessoas de proveniências variadas e diferentes gerações que não suportam o racismo nem as suas formas de violência, declaradas ou subtis. Entendemos que o colonialismo foi responsável pela exploração e genocídio de povos e culturas, assente em conceções de superioridade racial inadmissíveis, hoje como no passado.

Somos pessoas que não podem ficar caladas face às iniciativas que tentam transformar o antirracismo e ativistas antirracistas em inimigos da democracia. Condição para democracia plena são sociedades plurais e assentes na diversidade, capazes de olhar para o seu passado sem trauma ou glorificação, garantindo o respeito pelos direitos humanos de todos os refugiados, imigrantes, minorias étnicas que aqui têm a sua vida ou esperam poder tê-la.

Não criámos perfis automáticos. Cada um/a de nós é uma pessoa de carne e osso que não pode ficar calada neste tempo em que o racismo se normaliza no espaço público e a discriminação e violência encontram adeptos e ganham força no silêncio das pessoas decentes.

AQUI EM CARNE E OSSO COM MAMADOU BA 

24.02.2021 | by Alícia Gaspar | anti-racismo, antifascismo, ativismo, democracia, Mamadou Ba, Portugal, somos de carne e osso, SOS Racismo

Pós-Amnésia: Desmontando Manifestações Coloniais

02/2021  #04

Fonte - Porto DesaparecidoFonte - Porto Desaparecido

O INSTITUTO, o InterStruct Collective e a Rampa uniram esforços para formar um novo hub com o objetivo de promover o debate sobre a herança colonial na cidade do Porto. 
“Pós-Amnésia: Desmantelando Manifestações Coloniais” dedica-se a desvendar, pensar e questionar os vestígios - materiais e imateriais - do passado colonial da cidade do Porto. Como primeira atividade pública, apresenta um ciclo de debates online com especialistas de várias áreas, que irão partilhar as suas experiências a partir de diferentes geografias. 
Os debates serão transmitidos em direto nos canais de youtube do INSTITUTO e Rampa, e na página de facebook do InterStruct Collective. As sessões decorrem em Português, e será publicada mais tarde uma versão com legendas em Inglês.
O projeto integra o programa VAHA, uma iniciativa de Anadolu Kültür e MitOst e.V., financiada por Stiftung Mercator e a European Cultural Foundation. O consórcio VAHA está em colaboração com a iac Berlin para implementar uma série de ‘workshops temáticos e reuniões de rede’. A organização agradece também o apoio da Chrest Foundation.

EVENTO ONLINE


25 Fev 2021
04 Mar 2021
11 Mar 2021
Quinta-feiras
19h


→ RSVP NO EVENTO DO FACEBOOK
→ SEGUIR O CANAL DE YOUTUBE

*** English***

© Cartografia Negra© Cartografia Negra

INSTITUTO, InterStruct Collective and Rampa come together to form a new hub aiming to promote debate on the colonial heritage of Porto. 
“Post-Amnesia: Dismantling Colonial Manifestations” focuses on unveiling, thinking and questioning the traces - material and immaterial - of Porto’s colonial past. It begins with a talk series with specialists from different fields, who will share their experiences from different geographies. 
The debates will be streamed on Interstruct Collective’s Facebook page and INSTITUTO’s and Rampa’s youtube channels. The sessions will be held in Portuguese, and a version with English subtitles will be made available to the public later on.
The project is part of VAHA, an initiative of Anadolu Kültür and MitOst e.V., funded by Stiftung Mercator and the European Cultural Foundation. VAHA partner consortium is in a collaboration with the iac Berlin to implement a series of ‘thematic workshops and network meetings’. The organisation also thanks the support from Chrest Foundation.

ONLINE EVENT
FACEBOOK & YOUTUBE


25 Feb 2021
04 Mar 2021
11 Mar 2021
Thursdays
7pm


→ RSVP FACEBOOK EVENT
→ FOLLOW YOUTUBE CHANNEL

PROGRAMA / PROGRAMME

Debate #1
Monumentos e Memoriais / Monuments and Memorials
25/02/2021 · 19h GMT
• Memorial à Escravatura – Beatriz Gomes Dias, Djass 
• Monumento ao Esforço Colonizador Português – Bárbara Neves Alves 
• Imagens de Controle e Monumentos – Felipe Moreira
Moderação: Mamadou Ba

Debate #2
Rotas e Toponímia / Tours and Toponymy
04/03/2021 · 19h GMT
• Volta Negra – Cartografia Negra
• African Lisbon Tour – Naky Gaglo
• Rota dos Escravos – Associação KALU
Moderação: Isabeli Santiago

Debate #3
História e Cultura / History and Culture
11/03/2021 · 19h GMT
• Sem Ofensa – Ângelo Delgado 
• Onésio e a Azagaia – Onésio Intumbo
• Porto Desaparecido – Manuel de Sousa
Moderação: Navváb Aly Danso

22.02.2021 | by Alícia Gaspar | a rampa, colonialismo, desmontando manifestações coloniais, divulgação, evento online, Facebook, interstruct collective, Isabeli Santiago, Mamadou Ba, navváb ali danso, o instituto, YouTube

Olhares sobre o Racismo

Programação “Cinema de Urgência”, em colaboração com o SOS Racismo e inserido no programa do DocLisboa, que se realiza no espaço do Padrão dos Descobrimentos.

14 de Janeiro, 18h00:  “30 Anos, olhares sobre o racismo” de Bruno Cabral, Eddie Pipocas e Dércio Ferreira | Convidado: Dércio Ferreira

15 de Janeiro, 18h00: “Racismo à Portuguesa: Há uma preferência ‘óbvia’ dos senhorios em arrendarem casa a brancos”; “Racismo à Portuguesa: A justiça em Portugal é ‘mais dura’ para os negros” de Joana Gorjão Henriques e Frederico Baptista | Convidada: Joana Gorjão Henriques 

16 de Janeiro, 10h30: “Mikambaru” de Vanessa Fernandes | Convidada: Vanessa Fernandes

17 de Janeiro, 10h:30: “Treino Periférico” de Welket Bungué | Convidados: Isabél Zuaa e Bruno Huca

18 de Janeiro, 18h00: “Nós Terra” de Ana Tica | Convidada: Ana Tica

19 de Janeiro, 18h00: “Canto do Ossobó” de Silas Tiny | Convidado: Silas Tiny

20 de Janeiro, 18h00: “Era uma vez um arrastão” de Diana Adringa, Mamadou Ba, Bruno Cabral, Joana Lucas, Jorge Costa, Pedro Rodrigues | Convidada: Maria do Carmo Piçarra

 

Os horários apresentados preveem restrições de fim-de-semana, passando as sessões de Sábado e Domingo para o período da manhã (aguarda confirmação).

06.01.2021 | by martalanca | anti-racismo, ativismo, Mamadou Ba, Portugal, SOS Racismo, Welket Bungué

‘Raça’, Nação e Classe. Conversa com Mamadou Ba e José Neves

Terça-feira, 14 de Janeiro, às 18h30, na livraria Tigre de Papel | entrada livre
www.facebook.com/events/459286374973544/

É mais importante fazer a crítica do racismo ou fazer a crítica das desigualdades económicas? Mais do que uma resposta a esta pergunta, esta conversa procurará questionar a sua pertinência, abrindo campo a uma reflexão sobre como as esquerdas podem articular a luta de classes e o anti-racismo, bem como sobre a relação entre estas questões e o nacionalismo.

13.01.2020 | by martalanca | classe, Identidade, José Neves, Mamadou Ba, nação, raça