MALHAS QUE OS IMPÉRIOS TECEM, org. de Manuela Ribeiro Sanches
O passado insiste, qual recalcamento, em vir à tona. A memória da guerra colonial, os conflitos sobre uma descolonização apelidada de “exemplar” ou “desastrosa” revelam, no caso português, o modo como as feridas continuam abertas, sobretudo nas gerações que as presenciaram. As memórias dos “retornados” afloram timidamente, sempre em termos de um debate controverso que parece longe de encerrado.
Por outro lado, gerações mais jovens, não só nostálgicas de uma “África minha”, mas também cada vez mais interessadas ou críticas em relação ao passado colonial, manifestam a sua curiosidade, curiosidade nunca meramente intelectual, atravessada como é por memórias e estórias herdadas de experiências por vezes opostas, mas portadoras, apesar de tudo, de um olhar necessariamente mais distanciado sobre esses acontecimentos.
Uma vez que o luto desse momento está longe de ser resolvido, urge revisitar os elementos “fundadores” do pós-colonial, representados pelos textos aqui reunidos: propostas diversas, por vezes contraditórias, mas todas elas militantemente anti-coloniais.
Este livro é o nº 79 da Col. Lugar da História.