A persistência colonial no espaço do Mediterrâneo. Encontro

Bahia Mahmud Awah, Juan Carlos Gimeno Martín, Juan Inacio Robles Picón e Maria Angeles Castaño Madroñal

11 de março de 2016, 16h00, Centro de Informação Urbana de Lisboa (CIUL)

Enquadramento

O ‘outro’ lado aqui tão perto, a margem sul do Mediterrâneo, encerra ainda vários episódios coloniais, como este encontra procura discutir. A ficção histórica dominante insiste em associar o Mediterrâneo à Europa, identificando-o como o berço e centro das raízes históricas europeias e, em paralelo, do pensamento moderno. Esta interpretação de cariz universalizante tem vindo a ser problematizada a partir de perspetivas descoloniais, colocando o enfoque na persistência de situações coloniais nesta região, ampliando o foco de análise social à violência das relações coloniais após séculos de epistemicidios. Neste encontro, onde participam colegas que, em Espanha, têm vindo a trabalhar sobre o território e as práticas culturais e políticas de resistência e autodeterminação, o enfoque recairá sobre a persistência da violência da relação colonial nos territórios do Sahara ocidental.

Notas biográficas

Maria Angeles Castaño Madroñal é Professora na Universidade de Sevilha e membro do centro de investigação Grupo para el Estudio de las Identidades Socioculturales en Andalucia (Geisa). Doutorada em Antropologia Social, tem trabalhado e publicado sobre questões de género e migração, interculturalidade racismo e anti-racismo. A sua investigação sobre mulheres equatorianas e marroquinas migrantes em Espanha é de particular relevância para os temas em discussão no segundo semestre letivo do curso, constituindo um contributo importante para os estudantes.

Bahia Mahmud Awah é escritor, poeta e jornalista sarauí. Atualmente, colabora como docente convidado na Universidade autónoma de Madrid, trabalhando num projeto de investigação sobre poesia sarauí e sobre a memória na literatura do Sahara Ocidental. Em 2001 fundou em Madrid o projeto informativo culturalPoemario por un Sahara Libre. O seu trabalho de investigação sobre a literatura saraui e sobre as relações coloniais e pos-coloniais de Espanha com o Sahara Ocidental é de grande relevância para as questões abordadas no doutoramento. A sua colaboração com o Programa será particularmente pertinente pelo facto de trazer à discussão contextos habitualmente marginalizados no debate sobre as questões coloniais/pos-coloniais.

Juan Inacio Robles Picón é docente no Departamento de Antropologia Social da Universidade Autónoma de Madrid. É membro da ONGD Antropología en Acción e do Grupo de Antropologia Audiovisual do Instituto Madrileño de Antropología. É investigador no Grupo de Estudios Coloniales: Sáhara Occidental trabalhando sobre Antropología Audiovisual como técnica de investigação e meio de comunicação e sobre os contextos andinos da América Latina e o Saara Ocidental-Mauritânia, em África. O seu contributo será especialmente relevante para os/as estudantes que desenvolvem as suas propostas de tese sobre cinema ou que esperam recorrer a metodologias audiovisuais de suporte à sua investigação doutoral.

Juan Carlos Gimeno Martín é Doutorado em Filosofia pela Universidade Autónoma de Madrid (UAM) e Professor Titular de Antropologia na UAM. Foi diretor do Departamento de Antropologia Social e Pensamento Filosófico Espanhol (UAM) de 2006-2010. Atualmente é Investigador principal do projeto I+D+i (2013-2015):Consolidación y declive del orden colonial español en el Sahara Occidental (Ifni-Tarfalla-Sahara: 1956-1976).

Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe) e do Programa de Doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global 

18.02.2016 | par martalanca | Mediterrâneo