Realiza-se de 31 de março a 29 de abril, na Appleton - Associação Cultural, em Lisboa, o programa interdisciplinar Atlas da Solidão, cujo objetivo é chamar a atenção para o tema da solidão, para o analisar dos pontos de vista teórico, simbólico e prático, através da participação de intervenientes de várias disciplinas artísticas, académicos e especialistas. Ocupando a galeria Appleton Square com atividades ao longo de um mês, o espaço torna-se uma plataforma de encontro entre o público e os intervenientes do projeto.
Composto por sete momentos, o programa quer refletir sobre as perguntas:De que falamos quando falamos de solidão? Para que serve a solidão? Porque se torna ameaçadora? Como podemos usufruir da nossa solidão num mundo que se tornou mais veloz do que nunca?Antes da pandemia, a solidão e o isolamento social eram tão preponderantes na Europa, EUA e China, que tinham já sido descritos como uma «epidemia comportamental». Vivemos no tempo mais conectado da história da humanidade e, paradoxalmente, sentimo-nos isolados. Mas a solidão e a monotonia têm também um lado positivo, uma vez que são essenciais para a fruição da criatividade. A solidão facilita o desenvolvimento da empatia e é um movimento de reconstrução tão positivo como a própria socialização. Gostar de estar sozinho é, por outro lado, descobrir a abertura ao pensamento crítico e original.
O programa arranca no dia 31 de março com a inauguração de Quero um dia em que não se espere nada de mim, uma exposição coletiva, com obras de Bert Timmermans, Horácio Frutuoso, Isabel Cordovil, Joana Ramalho, Luís Barbosa, Mag Rodrigues e Pedro Lagoa.
Com um formato de áudio-caminhada, Paula Diogo apresenta nos dias 4 e 5 de abril Terra Nullius, uma peça que transborda o espaço da galeria, ocupando a geografia urbana da cidade e o espaço virtual de discussão e pensamento. O espetáculo inicia-se e termina na Appleton, havendo lugar a uma caminhada solitária nas imediações da galeria, com apoio de um mapa. No final, cada espetador recebe um livro.
Num mundo em que estamos em constante comunicação, como é que imaginamos a solidão dos outros? Vrndavana Vilasini concebe um curso online, de 10 a 13 de abril, onde irá abordar a representação da melancolia na arte e na literatura a partir de exemplos teóricos e poéticos, procurando a anatomia da natureza melancólica e a sua pluralidade de manifestações. Através de material histórico, médico, filosófico e artístico, o curso irá dedicar-se a refletir sobre o temperamento da condição melancólica.
No dia 14 de abril, Margarida Garcia e Manuel Mota apresentam-se emconcerto, numa linguagem sonora proto-cinematográfica onde o silêncio perfura, desvia e perturba constantemente a forma musical, como um ponto de charneira que catapulta o som para o universo da matériPara o público jovem, Joana Cavadas dirige, no dia 15 de abril, O Mapa uma oficina de criação artística com cerca de cinco sessões de exercícios para pensar sobre diferentes perspetivas da solidão e responder à pergunta: porque fugimos da solidão?
O bailarino e coreógrafo David Marques, apresenta nos dias 20 e 21 de abril, uma criação nova intitulada Comoção e, no dia 28 de abril, Vânia Rovisco apresenta a performance Approach and enter, que explora os movimentos de aproximação entre sujeitos e corpos, os limites da intimidade, da proximidade física e do corpo como superfície de inscrição de sentido.
O programa termina no dia 29 de abril com as conferências de encerramento Uma comunidade de solidões, que contam com vários especialistas com investigação sobre o tema da solidão, que estabelecem diálogo com a observação crítica artística e que são abertas à participação do público: com Adalberto Carvalho (Filosofia), Sónia Martins (Psicologia) e Rui Miguel Costa (Ciberpsicologia).
Programa:
Quero um dia em que não se espere nada de mim - exposição coletiva, com obras de Bert Timmermans, Horácio Frutuoso, Isabel Cordovil, Joana Ramalho, Luís Barbosa, Mag Rodrigues e Pedro Lagoa (artes visuais)
Terra Nullius, de Paula Diogo (caminhada-espetáculo) - versão DIY
Horário: áudio e livro disponíveis das 14H às 17H50
Melancolia, arte e literatura, por Vrndavana Vilasini (formação online)
Duração: 1H30
Sala aberta: 18H40
Horário: 19H
Margarida Garcia e Manuel Mota (concerto)
Horário: 21H
O Mapa, por Joana Cavadas (oficina com adolescentes)
Duração: 2H30
Horário: 15H
Comoção, de David Marques (dança)
Duração: aprox. 40 minutos
Horário: 19H
Approach and Enter, de Vânia Rovisco (performance-instalação)
Duração: 2H
Horário: 17H
Uma comunidade de solidões - conferências de encerramento
14H-16H: Adalberto Carvalho + Sónia Martins / Marta Rema (moderação)
16H30-18H30 - Rui Miguel Costa + [orador/a a definir] / Marta Rema (moderação)
Duração (cada): 2H00 com intervenções do público
Horário: das 14H às 18H30 com intervalo