A cinesta Beth Formagini envia-nos notícias do FESTLIP- Festival de Teatro da Língua Portuguesa, a decorrer até dia 25 de Julho no Rio de Janeiro.
Vi ontem um grande espetáculo: Contos em Viagem - Cabo Verde. Resolvi escrever minhas impressões:
Como nas casas simples dos camponeses só vemos no palco e na encenação o essencial - nada sobra neste espetáculo. Só a emoção transborda.”Contos em Viagem - Cabo Verde” é um espetáculo baseado em textos que, apesar de terem um contexto e geografia particulares, dizem da universalidade das emoções”, diz o site da Companhia Meridional. O espetáculo é baseado em textos escolhidos e encadeados com maestria por Natalia Luiza, que garimpa na literatura e nas histórias de tradição oral de Cabo Verde sensações que cada um de nós pode sentir passando pela vida: a dor da mãe com saudade de um filho e a liberdade do filho que partiu embusca de outros mundos, a perda do avô e da sabedoria dos antepassados, o medo e as delícias da menina que descobre o corpo, o valor do trabalho e o respeito pelas forças da natureza. O profano e o sagrado não se separam: uma iluminação mínima e precisa nos confina no espaço mítico daquela ilha cercada pelo oceano que nos une a todos. “No cais imenso que é a ilha, contam-se pedaços de estórias e poemas, como quem canta e reza”, continua o release. Carla Galvão é uma atriz que tem todas as idades, que canta, dança e interpreta se colocando inteira no palco e nos transportando para a nossa própria infância, juventude e velhice. Fernando Mota, músico e ator é o seu interlocutor um pouco bufo e, através da trilha experimental que dialoga entre o arcaico e o contemporâneo mostra que as duas vertentes são farinha do mesmo saco. Nada é pitoresco e risível como costumam ser retratadas as periferias. “Contos em Viagem - Cabo Verde” nos leva a visitar nossas relações de parentesco com a humanidade toda.
Obrigada Miguel Seabra, parabéns e volte sempre!
Beth