Idealizado e produzido pela Muxima Bio BV, o formato televisivo “Jantar Indiscreto” estreia-se na RTP2 com um menu de seis episódios, especialmente cozinhados para colocar preconceitos em pratos limpos. A novidade é apresentada pela ativista e empresária de impacto social Myriam Taylor que, semanalmente, recebe quatro convidados para uma refeição sem tabus. Pré-preparada com uma experiência social.
Imagem retirada da plataforma Bantumen
Quem são os portugueses? De acordo com o nosso imaginário, qual a aparência de uma mulher cigana? O que é identidade de género? Que estilo de vida associamos a uma pessoa gorda? Numa relação lésbica, alguém tem de assumir o papel de homem? Será que reconhecemos outras formas de se ser politicamente ativo para além da militância partidária? Se não existem raças como explicar a existência do racismo?
Cidadãos comuns, escolhidos aleatoriamente, respondem a essas e outras questões, cozinhadas ao sabor de crenças preconceituosas e digeridas durante um jantar, especialmente servido para combater a discriminação. O menu inclusivo, idealizado e produzido pela empresa de inovação Muxima Bio, começa por trazer a lume estereótipos internalizados – através de perguntas que expõem vieses –, para depois juntar à mesa quem vive os preconceitos na pele.
É o caso de Maria Gil, atriz de etnia cigana, e também o de Sascha Joffre, médico negro, bem como o de Júlia Pereira, ativista transexual. São igualmente as situações de Alexandra Santos, mulher negra e lésbica, e de Simão Teles, que desde cedo enfrentou a exclusão pelo peso e pela orientação sexual. Cada pessoa no seu lugar de fala, todas põem em pratos limpos, sem filtros nem tabus, as suas histórias de discriminação.
Assim se explica o conceito do “Jantar Indiscreto”, assinala a host Myriam Taylor, co-fundadora e dreamer in chief da Muxima Bio, empresa de inovação que idealizou e produziu este formato televisivo. “O nome do programa diz-nos que estamos perante um ambiente intimista e com verdade”. Seis programas para seis preconceitos. A proposta está a “marinar” há cerca de ano e meio, revela a também ativista e lobista, adiantando que a pandemia abrandou os planos de realização, engendrados entre refeições. “O projeto começou a ser desenhado quando entendi que a riqueza das conversas que eu promovia nos jantares em casa não se deveria cingir a esse espaço”, conta Myriam Taylor, que vê agora o formato ocupar um espaço na grelha da RTP2. “Na verdade, apresentámos a proposta inicialmente à RTP 1, mas o diretor José Fragoso não achou interessante, e passou a bola à Teresa Paixão, da RTP2, com quem tenho uma dívida de gratidão por ter acolhido este programa, que julgo ser urgente”.
Dividido em dois momentos, o “Jantar Indiscreto” abre o apetite do telespectador com a experiência social de questionamento de estereótipos, encerrada com um encontro surpresa entre quem responde às questões e quem vive na pele os preconceitos. Num segundo tempo, essas vivências servem-se à mesa, numa conversa com a anfitriã Myriam Taylor.
A novidade apresenta-se numa primeira série de seis episódios, condimentados para nos ajudar a digerir igual número de preconceitos. “Os temas que trouxemos nesta ronda são a ciganofobia, a lesbofobia, a questão da legitimidade de alguns corpos políticos, a transfobia, a gordofobia e, por fim, o racismo”, avança a dreamer in chief da Muxima, confiante na receita positivamente transformadora deste “Jantar Indiscreto”. “O impacto que espero que possa vir a ter é, por um lado, e principalmente, de desconstrução de preconceitos, porque é disto que estamos a tratar e, por outro lado, de evolução, porque daqui também vão sair propostas que podem vir a ser acomodadas pelo Governo”.
Aceitam-se reservas!