No âmbito do ciclo “Quo Vadis, Europa?”
No dia 29 de novembro, às 19h00, terá lugar, no auditório do Goethe-Institut em Lisboa, uma conversa sobre a justíça interseccional em Portugal e na Alemanha, com as convidadas Emilia Zenzile Roig da Alemanha e Cristina Roldão de Portugal. A conversa é coproduzida com a initiativa O Lado Negro da Força e será moderada pela jornalista Paula Cardoso.
Interseccionalidade é um termo que descreve a interação de vários mecanismos de opressão - justiça interseccional refere-se à distribuição justa e igualitária da riqueza, das oportunidades, dos direitos e do poder político na sociedade. Centra-se na interação de privilégios e desvantagens estruturais, ou seja, a desvantagem de alguns é o privilégio de outros. A justiça interseccional entende a discriminação e a desigualdade não como o resultado de intenções individuais, mas como sistémicas, institucionais e estruturais.
Desde o discurso histórico da ativista dos direitos humanos Sojourner Truth, “And ain’t I a woman?”, até às reflexões de Kimberlé Crenshaw, que inventou o termo interseccionalidade, o feminismo negro revolucionou a forma de pensar na luta contra os sistemas opressivos. Na Alemanha, esta força de mudança pode ser vista no trabalho de Emilia Zenzile Roig, que fundou o Centro para a Justiça Interseccional. Em Portugal, a pesquisa da socióloga Cristina Roldão lança luz sobre a presença negra no país, revelando apagamentos e silêncios históricos.
Mais do que um conceito inovador, como se promove na prática esta ideia de justiça? É possível falar de justiça social sem falar de interseccionalidade?
Emilia Zenzile Roig (*1983) é fundadora e directora do Centro para a Justiça Interseccional (CIJ) em Berlim. Concluiu o seu doutoramento na Universidade Humboldt em Berlim e na Science Po Lyon. Emilia Roig leccionou interseccionalidade, teoria crítica da raça e estudos pós-coloniais, bem como direito internacional e europeu na Alemanha, em França e nos EUA. Dá palestras e conferências em toda a Europa sobre os temas da interseccionalidade, feminismo, racismo, discriminação, diversidade e inclusão e é autora de numerosas publicações em alemão, inglês e francês. É autora do bestseller “WHY WE MATTER. O Fim da Opressão”. Em 2022, foi eleita a “Mulher Mais Influente do Ano” no Prémio Impacto da Diversidade. Em 2023, publicou “O FIM DO CASAMENTO. Por uma revolução do amor”.
Cristina Roldão (*1980) é uma socióloga portuguesa cuja investigação se centra na educação e na marginalização e que é conhecida pelo seu ativismo social, antirracista e feminista. Doutorada em Sociologia, é investigadora do ISCTE-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Tem participado ativamente no debate académico e público sobre o racismo e a história negra na sociedade portuguesa. Foi membro da comissão organizadora da 7ª Conferência Internacional Afro-Europeia (Lisboa, 2019) e coordena o “Roteiro Anti-Racista” na ESE/IPS. É colunista do Público e integrou os grupos de trabalho para o Plano Nacional de Combate ao Racismo e para a recolha de dados sobre origem étnica nos censos de 2021.
Paula Cardoso (*1979) é uma jornalista luso-moçambicana, produtora de conteúdos e ativista antirracismo. É criadora da série de livros infantis Força Africana e das plataformas Afrolink e O Lado Negro da Força. Em 2022, foi incluída na lista das Top 100 Women In Social Enterprise 2022 pela EuclidNetwork, uma rede europeia de empreendedorismo social apoiada pela Comissão Europeia. É também membro do Fórum dos Cidadãos, que trabalha para revitalizar a democracia portuguesa, e do programa de mentoria HeforShe Lisboa.
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