Lançamento do livro GAIA E FILOSOFIA de Lynn Margulis

A teoria da endossimbiose avançada por Lynn Margulis é hoje amplamente aceite e faz parte dos manuais de biologia, mas foram precisas quinze ou mais rejeições de revistas científicas de renome para que o seu artigo sobre a origem das células eucariotas fosse finalmente publicado. Nos anos 19700, Margulis trabalhou com James Lovelock na hipótese de Gaia, segundo a qual a Terra funciona como um organismo vivo, no qual todos os elementos interagem e se adaptam, criando mecanismos de autorregulação propícios à existência da vida. O nome Gaia foi proposto pelo escritor William Golding durante um passeio com Lovelock. Anos mais tarde, Lovelock conta que o nome que ouviu inicialmente foi Gyre e não Gaia, deixando para sempre a questão: será que se, ao invés de Gaia discutíssemos Gyre, longe das suas conotações new age, a sua receção seria diferente?

Margulis era mãe e mulher, e isso não é de somenos no panorama das ciências, antes e hoje. O seu entendimento sobre a vida, dentro e fora da academia, não passou despercebido a todos e todas que cruzaram o seu caminho: a busca pela colaboração, incluindo na sua escrita, com Dorion Sagan, filho mais velho; o seu ânimo em sair do laboratório e o seu pragmatismo na abordagem dos seus sujeitos preferidos, as bactérias; enfim, o seu fascínio pelas narrativas sobre o pensamento coletivo e a mudança societal.

Amanhã, 22 de abril, a partir das 15h na Biblioteca Nacional, em celebração do Dia da Terra, teremos o lançamento do livro GAIA E FILOSOFIA, de Lynn Margulis e Dorion Sagan. O livro é editado pela Fora de Jogo com o apoio do Laboratório Associado Terra, traduzido por Patrícia Azevedo da Silva, revisto por João Queirós e Ricardo R. Santos, que também assina o posfácio, e conta com ilustrações de Dorion Sagan e Júlia Barata. Antes do lançamento, Dorion Sagan dará uma pequena conferência, seguida de uma discussão entre Sagan, Maria Teresa Ferreira (Laboratório Terra), Patrícia Azevedo da Silva (Fora de Jogo) e Ricardo R. Santos (Terra, ISAMB) sobre ciência, filosofia, e o futuro do planeta. Haverá acepipes e cokctails.

Lynn Margulis (1938-2011), a quem os colegas chamaram “a principal arquiteta do reposicionamento da biologia em termos de comunidades que interagem”, e uma “visionária que antecipou como iríamos reconhecer o impacto do mundo microbiano na forma e na função de toda a biosfera, da sua estrutura molecular aos seus ecossistemas”, produziu um impacto nas ciências da vida comparável ao de Charles Darwin. Durante mais de trinta anos, colaborou em projetos de escrita científica e artísticos com o seu filho Dorion Sagan, filósofo, autor e coautor de vinte e cinco livros, traduzidos para cerca de quinze línguas. As suas obras em conjunto incluem Microcosmos, Symbiogenesis, Slanted Truths, What is Life? , Origins of Sex, e Dazzle Gradually.

Patrícia Azevdo Silva

 

21.04.2025 | par martalanca | Lynn Margulis