19 de janeiro, 11h30 (Sala A6) - Porto | Marta Lança | ESAP
Através deste Seminário, Marta Lança desconstruirá o Arquivo africano Buala que “atua nos domínios do pensamento, arte e memória” acompanhando “o debate pós-colonial e as diversas vozes críticas que o têm construído, nos domínios da história, ciências sociais em geral, literatura, cinema, arte, e jornalismo.”
Marta Lança, nasceu em 1976 em Lisboa. Trabalhadora independente no sector cultural, jornalístico, cinematográfico e da programação, está envolvida em projetos com ligação ao Brasil e a países africanos onde a língua portuguesa marca presença. Criou as publicações V-ludo, Dá Fala e o portal BUALA (dinamizado desde 2010). Faz traduções de francês para português, nomeadamente de Achille Mbembe e Felwine Saar.
Organização: Mestrado em Artes Visuais (MAV) e Licenciatura em Artes Visuais - Fotografia (AVF).
Portuguesa, Marta Lança tem um forte relacionamento com a África, onde tem trabalhado no âmbito da cultura em diversos países. Para lá levou a sua experiência de jornalista cultural, escritora, editora e aprendeu a ouvir, a confrontar pontos de vista, a apreciar a criatividade artística africana e a ter uma visão ampla das políticas culturais no continente. Tudo isto levou-a a criar o “Buala”, portal de recolha e difusão de conhecimentos sobre a cultura, as artes e a história em África.
Pelo seu ativismo e trabalho de difusão e promoção da cultura africana, Marta Lança foi a convidada da nossa emissão semanal ”África em Clave Feminina: música e arte” do dia 3 de março.
Em entrevista telefónica a partir de Lisboa, falou do seu relacionamento com a África e de como isso acabou por gerar “Buala”, um portal com uma linha editorial abrangente, aberto às várias formas de arte.
Uma das secções do site é toda dedicada ao falecido cineasta, escritor e poeta angolano, Rui Duarte de Carvalho, figura que a Marta conheceu de perto e que, a seu ver, estava muito para além do seu tempo e cujas obras precisam de ser mais valorizadas e conhecidas.
Sempre atualizado, “Buala” que já tem mais de uma década de vida, tem funcionado sobretudo graças ao voluntariado e a algumas ajudas nos últimos anos. A fundadora espera que a África dê uma mão forte em recursos materiais e humanos para que se possa continuar e mesmo passar o testemunho. Afinal de contas, apostar na cultura é apostar no desenvolvimento socioeconómico.
Quanto ao ponto da situação da cultura e das artes em África, com base na sua experiência em diversos países, Marta Lança considera que há muita criatividade, mas falta uma verdadeira política de apoio aos artistas, à educação às artes, à promoção da cultura em geral. No entanto, há hoje no mundo muita curiosidade em relação à África e ao que os artistas africanos têm a dizer - afirma. Há que valorizar mais os artistas porque refletem e têm um olhar holístico da sociedade.
Atualmente, Marta Lança está a escrever um romance sobre o fim da guerra civil em Angola e coordena o projeto ReMapping Memories Lisboa e Hamburgo. Mas, o seu percurso profissional e de ativismo cultural vai muito para além de tudo isto, como se pode constatar pela crónica do poeta, ensaísta e editor (Rosa de Porcelana Editora) Filinto Elísio, parceiro da emissão “África em Clave Feminina: música e arte”.
Neste episódio do Podcast Maria Matos, abordamos as migrações no mundo: quais as rotas, impulso para migrar, o securitarismo europeu e as desigualdades na mobilidade, as representações e narrativas sobre os migrantes, histórias de refugiados e algumas ideias soltas. Marta Lança, editora do BUALA, conversa com o sociólogo do Observatório de Emigração Rui Pena Pires, a ativista Rita Silva, o antropólogo José Mapril, a socióloga Raquel Matias e a realizadora Sinem Tassi.
42 - Ciclo Migrações: Hospitalidade e hostilidade para com os imigrantes
Respondendo, em parte, à pergunta: “como tem sido a vivência de algumas comunidades imigrantes em Portugal?”, abordamos questões como a habitação, segregação espacial, acesso à cidadania, bilinguismo, preconceitos, auto-emprego e trabalho doméstico. Quisemos conhecer mais sobre a população caboverdiana, brasileira, bangladeshi e hindu. O podcast dá igualmente algumas pistas sobre a situação da emigração portuguesa nos últimos anos.
Sobre estes e outros assuntos, Marta Lança, editora do BUALA, conversa com a ativista Rita Silva, Beatriz Dias (dirigente da Djass), a professora Josefa Cardoso, a socióloga Raquel Matias, a psicóloga Cíntia de Paula, o antropólogo José Mapril e os sociólogos Nuno Ferreira Dias e Rui Pena Pires.
A história pós-Colombo assenta numa ideia de globalização e progresso unilateral, racista, antropocêntrica, capitalista, patriarcal e heterossexista. O pós 2ª guerra criou uma ilusão de fraternidade e igualdade, sem que a ordem do poder fosse disputada.
A ordem que até aqui reconhecemos parte do norte global, coloca-o e à sua linhagem no centro, esmaga e apaga a diversidade, distorce a sua presença histórica, confabula a normalidade e prescreve soluções competitivas de felicidade e de sucesso individual.
Este modelo colonial de sociedade e produtividade está em crise. A pandemia confronta-nos com a falência do trabalho, dinheiro e património como metas estruturadoras dos grandes propósitos de vida.
Enquanto sociedade preparamo-nos para um novo capítulo? É possível pensar um futuro inclusivo, justo e sustentável sem saber quem somos no espelho da história? Sem recuperar histórias e conhecimentos de outros centros e protagonistas? Haverá futuro fazível sem plurividência?
NESTA MICAR, PROCURAREMOS AS VOZES E CORPOS CUJAS MEMÓRIAS E VISÃO TÊM SIDO MANTIDAS NAS MARGENS. EXPLORAREMOS O LUGAR DE MULHERES, DE JOVENS E DA ARTE NA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. PARA COM TODAS AS PESSOAS E ATRAVÉS DELAS RESGATAR O DIREITO À MEMÓRIA PASSADA, DESCOLONIZAR A ORDEM DO MUNDO E REIVINDICAR O DIREITO AO FUTURO.
Todas as sessões têm entrada gratuita, embora sujeita a levantamento prévio de bilhetes, os quais estarão disponíveis na bilheteira do Teatro Municipal do Porto — Rivoli.
4, 5 e 6 de abril - abertas ao público (12 participantes)
no Centro Cultural Português. Av. Cidade de Lisboa. Bissau
JORNALISMO CULTURAL E CULTURA VISUAL com Marta Lança e João Ana. 4 e 5 de abril 16h - 20h
Apresentação do portal BUALA, sua dinâmica e conteúdos. Jornalismo cultural enquanto mediação cultural, em ambiente digital, interdisciplinar e colaborativo. Reflexão através de objectos artísticos nas suas diversas manifestações e formatos: entrevista, críticas, recensões, ensaios. Os circuitos artísticos - criação e condições de produção - nos países de língua portuguesa.
Prática: Leitura e discussão de dois artigos do BUALA. Mostra de excertos de filmes (conceitos sobre cinema e imagem) para discussão. Propostas para conteúdos (artigos ou vídeos) dos participantes, com nosso acompanhamento, sobre aspetos da cultura guineense a serem publicados no BUALA.
Alexandre Diaphra (Birú)A PALAVRA E A SUA PERFORMANCE com Alexandre Diaphra (Birú). 6 de abril a 10h-13h Esta oficina pretendemosexplorar o uso da palavra em termos de comunicação/expressão, aliada à criatividade. Aqui a palavra tem espaço para ser desenhada, pintada, cantada, transformada. E espaço até para ganhar outro significado, expressar uma outra ideia que não a inerente, ser inventada. O objetivo é criar familiaridade com a palavra, explorando a relação entre as duas, através da arte e da sua performance, na fala, na escrita e na leitura. A palavra como ferramenta que permite comunicar/expressar e experimentar o Eu, criativamente, através de ideias/pensamentos e dos sentimentos – emoções e vontades
17h-20h - apresentação de SLAM POETRY (concurso de poesia performada) pelo artista e participantes
Para participação por favor enviar nome e três textos de autor que pretendam apresentar no evento. Ou simplesmente, tragam alguma coisa de casa e apareçam!
INSCRIÇÕES Envie nome e um parágrafo sobre o seu perfil profissional e de interesses e em que dias pode participar para buala@buala.org (podem partcipar só numa ou em ambas).
contacto de whatsapp +351934728061
Passados 9 anos de atividade regular, o portal BUALA é um crescente arquivo de reflexão e de intervenção sobre questões pós-coloniais e do sul global. Tendo colaboradores e leitores no mundo inteiro, defende a interdisciplinaridade e a variedade de linguagens escrita e visual (do ensaio teórico ao jornalismo, passando por exposições virtuais), para que os discursos e olhares se contaminem nessa polifonia e transnacionalidade. Numa linha editorial muito abrangente, grande quantidade dos artigos produzidos para o BUALA versam sobre aspectos da história e da cultura de países africanos e da América Latina, abordando, entre outras, questões das continuidade coloniais, políticas de memória, urbanismo e expressões artísticas contemporâneas.
Com esta oficinas, pretendemos reforçar a colaboração com três países africanos: Cabo Verde, Guiné Bissau e Congo, pela riqueza cultural que é gerada nos seus contextos e pela escassez de trabalhos sobre os mesmos no portal BUALA. Queremos, assim, ampliar os “lugares de fala” deste portal internacional.
Objetivos das oficinas
Internacionalização do BUALA.
Dar a conhecer o portal junto de novos públicos.
Promover debate e troca de ideias entre realidades artísticas da CPLP.
Produzir material escrito e visual para o portal com os participantes.
Convidar novos colaboradores para o BUALA.
com apoio da Corubal, do Centro Cultural Português e da Dgartes.
MARTA LANÇALisboa (1976). Jornalista, programadora, tradutora, pesquisadora e editora. Licenciatura em Estudos Portugueses, doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH-UNL com bolsa da FCT. Criou as publicações independentes: V-ludo, Dá Fala, Jogos Sem Fronteiras e, desde 2010, é editora da plataforma BUALA. Escreveu para várias publicações em Portugal e em Angola. Traduziu livros de francês, nomeadamente de Achille Mbembe. Em Luanda colaborou com a 1ª Trienal de Luanda, com o Festival Internacional de Cinema e lecionou na Universidade Agostinho Neto, em Maputo com o Dockanema e fez vários projetos no Brasil. Programou Roça Língua, encontro de escritores lusófonos (S. Tomé e Príncipe 2011); com Rita Natálio, concebeu o programa Expats para o FITEI (2015); o ciclo Paisagens Efémeras dedicado a Ruy Duarte de Carvalho(Lisboa, 2015); o programa Vozes do Sul para o Festival do Silêncio (2017); conferências do projeto NAU! Do TEP (2018) e, com Raquel Lima e Raquel Schefer, o ciclo ‘Para nós, por nósprodução cultural africana e afrodiaspórica em debate’ (CEC,FL-UL 2018). Fez pesquisa e produção nas séries Eu Sou África (RTP2 2010), Triângulo (Portugal, Brasil e Angola2012), No Trilho dos Naturalistas (Terratreme 2012-16) e colaborou no guião do filme Amanhã de Pedro Pinho (em rodagem).
JOÃO ANAMoçâmedes (1979). Músico, artista, vídeo, produtor. Frequentou, de 2001 a 2009, o curso de Novas Tecnologias da Comunicação, em Aveiro. Como artista, trabalha num campo abrangente, com amplas influências estéticas, temporais e latitudinais: em música, vídeo, cinema, produção, curadoria e texto. Foi artista, co-curador e produtor de edições do projeto Fuckin’ Globo (2015, 2016, 2017 e 2018), projeto de um coletivo de artistas, que acontece em Luanda. Apresentou como convidado, em 2013, a performance sonora “Celebrating Life by Slowing Down Perception”, na Trienal de Arquitetura de Lisboa. De 2014 a 2016, trabalhou no Rede Angola, como produtor/editor de vídeo e jornalista. Alguns trabalhos: Câmara/Edição: Aline Frazão - “Insular” | RA 2015 ; Filme/Curta Experimental: Há Um Zumbido, Há Um Mosquito, São Dois de Ery Claver Música: João Ana, Edição: João Ana FG III (2017)I Check In, APDES, Festival Neopop, 2017, Câmara/edição.
ALEXANDRE DIAPHRA (Birú) Lisboa (1980). Rapper, Poet, Beatmaker and Multimedia Artist. Tem raízes na Guiné-Bissau e em Angola. Ganhou o Prémio no Poetry Slam em Portugal e ficou em terceiro lugar na competição da América Latina no Rio de Janeiro (2014). O seu trabalho anda à volta da visão das influências do passado tradicional e de um futuro imaginado, através de instrumentos e samples e incorporando o imaginário através de experimentação em vídeo e fotgografia. Tem colaborado regularmente como vocalista com o projeto Batida, e lançou em 2015 o seu Diaphra’s Blackbook of Beats sob nome de Alexandre Francisco Diaphra com a Bazzerk/Mental Groove Records.