Práticas de criar corpo-acontecimento com Sofia Neuparth - C.E.M. em Agosto LISBOA

dias 3-4-5-6 de Agosto no cem - centro em movimento

Curso Completo: 90€
Corpo Chão:40€ | Anatomia e Fisiologia Experimental: 45€ | Corpo Vertical 40€

PRÁTICAS DE CRIAR CORPO-ACONTECIMENTO é uma proposta de 4 dias intensivos em que, entre as 9:30 e as 15:30 mergulhamos em 6h de  práticas de criar corpo desde a escuta do movimento, ao estudo experiencial de anatomia-fisiologia, à expressão do gesto entre o chão e o céu.
Este curso está desenhado com uma coerência interna, não se tratando de um conjunto de partes, no entanto, e porque me parece que nunca se toca o corpo “todo”, cada prática pode ser acessada independentemente.

NOTA IMPORTANTE: O curso não prevê pausas durante as 6h embora os últimos 5m de cada prática bem como os primeiros 5m da prática seguinte permitam um tempo para o que cada umaum precisar. É aconselhável vir preparado para uma viagem com caderno, caneta,  comida, água ou o que vos parecer bem. 
Corpo-chão  dias 3-4-5-6 de agosto das 9:30 às 11:30Considero corpo um acontecimento. Comecei a estudar as práticas que exercitamos nestas sessões desde que comecei a ensinar dança, no início dos anos 80. Nessa altura eram sessões muito festivas que cada dia ginasticavam a experiência de qualquer pessoa poder saborear a dança. Começávamos sempre de pé porque me parecia que, se chegávamos andando, o melhor era continuar andando, apurando a atenção para a poesia dos gestos que fazemos acontecer só por estarmos vivos. Agora vejo mais a atmosfera que cada umaum produz nesse momento e deixo que a aula se concretize por entre essas invisibilidades. Nunca sei à partida o que vou dizer ou que prática vamos exercitar, mantenho-me rigorosamente afinada com o que vai aparecendo.
Sempre me interessou tecer. Aceito que o corpo que vou sendo tem buracos, aceito que alguns desses buracos são a própria renda que me faz corpo-sofia. Não aceito a negligência e o abandono. Não aceito boicote ao sabor da dança. O encontro entre os tecidos do corpo, os tecidos do chão ou do ar parecia-me, e ainda parece, um evento fascinante. A criação de formas que se vão fazendo corpo a partir da escuta da relação com o expandir-contrair, adensar-desajuntar, afundar-levitar foi a primeira pergunta que me desassossegou, e ainda desassossega, momento a momento. A elasticidade da atenção acompanha a elasticidade do gesto, é possível que alguns desses tais buracos ou outros lugares por onde não passa movimento me peçam anos e anos para se tecerem, outros realinham-se numa manhã. Apurar a escuta do corpo-acontecimento implica não me isolar do som, da temperatura, da luz, da relação entre a geografia do corpo e geografia da cidade. Assim, cada encontro da manhã abre espaço por entre as paisagens do corpo, deixar passar movimento, descomprime tensões fixadas onde o movimento não passa, escuta os mapas de linhas-manchas-deslizamentos-torções-embalos-encaracolamentos. A escuta é movimento.
É um trabalho sem princípio nem fim que celebra a continuidade que vibra em começar. -este trabalho é aberto a qualquer pessoa que queira dispor-se a ouvir os movimentos que criam o corpo que vamos sendo, sem pressa. Anatomia e fisiologia experiencial dias 3,4,5 6 de agosto das 11h30 às 13h30 Estudar Corpo a partir da dança lado a lado com outras formas de conhecimento como a biologia tem sido um lugar muito rico no percurso de investigação. Não nos interessa conhecer o corpo para o controlar ou dominar, interessa-nos antes caminhar com a descoberta de quem vamos sendo desta vez entrando no micro universo da célula ou na dança dos componentes que formam tecidos, órgãos ou sistemas. Passear por um mapa do corpo que considera o transito dos fluidos, por um outro que aborda a vida do osso, por um outro que se aproxima da elasticidade dos músculos ou da presença de uma “membrana” de tecido que envolve cada vaso sanguíneo, cada músculo, cada osso, cada órgão, encontrar a especificidade de cada articulação, a nossa capacidade de regeneração, a pertinência na comunicação entre cada partícula que nos compõe é, pelo menos, uma aventura! e tudo isto ainda desenhando, dançando no espaço e conversando, parece-nos um convite precioso.-é um curso trabalhado de forma simples, destinado a quem se inicia no estudo do corpo e do movimento ou a quem já anda nestas danças há uns tempos e vai percebendo que estamos sempre no princípio …  Corpo-vertical   dias 3,4,5,6 de agosto das 13h30 às 15h30Cada forma de vida se faz forma exercitando a vida. É evidente que a medusa se relaciona com as forças de movimento de maneira diversa que o coqueiro, a girafa, o tamboril, a lesma, o gato ou o gafanhoto…é evidente que a lista de diversidades seria interminável…parece-me espantoso como as formas se apuram tão diferentemente!
Quando passamos do ambiente aquático ao ar, aquilo que era cartilagem vai-se fazendo osso na dança de empurrar e puxar, na ginástica de se fazer forma por entre as forças que puxam para o centro da terra ou para as nuvens. Os últimos tempos em que habitamos a barriga da nossa mãe estamos tão apertados e encaracolados que parece não ser possível apertar mais….mas é! ainda falta atravessar um canal estreito onde nos encolhemos ainda mais em espiral. E levamos todo o caminho de estar vivo nessa dança de esticar, encolher, espiralar…
A vertical é um mistério!
Só em desequilíbrio é possível conceber a engenharia humana! A estabilidade dos nossos corpos é a própria dança, desde os micro ajustamentos que praticamos para estar de pé em quietude, aos balanços-pressões-molas que se fazem acções como andar, correr, rodopiar.
Este trabalho percorre histórias de movimento que nos nossos corpos se fazem gestos. Viagens do fumo do corpo. Escutando linhas específicas, dançamos acordes, combinações de acordes e até sinfonias. -este trabalho requer experiência de movimento e prática de trabalho de corpo.

 

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