O Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Laboratório Associado acaba de atribuir o Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa.
O Júri da 11.ª edição do Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa, constituído por Graça Carapinheiro (ISCTE-IUL), Hermes Costa(CES), Isabel Maria Casimiro (Universidade Eduardo Mondlane), José Neves(Universidade Nova de Lisboa) e Nilma Gomes (Universidade Federal de Minas Gerais), presidido pelo Diretor Emérito do CES, Boaventura de Sousa Santos,elegeu como vencedora:
Inês Nascimento Rodrigues com o trabalho Espectros de Batepá. Memórias e narrativas do «Massacre de 1953» em São Tomé e Príncipe.
O júri deliberou ainda atribuir 4 menções honrosas aos seguintes trabalhos:Linguagens Pajubeyras. Re(Ex)Sistência Cultural e Subversão da Heteronormatividade, de Carlos Henrique Lucas Lima; Numiã Kurá. As lutas das artesãs no Amazonas, de Jenniffer Simpson dos Santos; Portugal e a questão do trabalho forçado. Um império sob escrutínio (1944-1962), de José Pedro Pinto Monteiro; A voz e a palavra do MOVIMENTO NEGRO na Constituinte de 1988, de Natália Neris da Silva Santos.
No valor de 5.000,00 Euros, esta 11ª edição do Prémio CES é financiada pelaFundação Calouste Gulbenkian.
Sobre o Prémio
O Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra, criou, em 1999, um prémio de atribuição bienal destinado a jovens investigadores/as (até 35 anos) de Países de Língua Portuguesa. O Prémio CES visa galardoar trabalhos de elevada qualidade no domínio das ciências sociais e das humanidades. Um dos objetivos principais é o de promover o reconhecimento de estudos que contribuam, pelo seu excecional mérito, para o desenvolvimento das comunidades científicas de língua portuguesa. O domínio das ciências sociais é entendido em sentido amplo.
Sobre a vencedora
Inês Nascimento Rodrigues é investigadora em pós-doutoramento no projeto “CROME - Memórias Cruzadas, Políticas do Silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais”, coordenado por Miguel Cardina e financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC). É doutorada em Pós-colonialismos e Cidadania Global pelo CES/FEUC, onde desenvolveu uma investigação sobre as representações do Massacre de Batepá em São Tomé e Príncipe. Os seus atuais interesses de investigação centram-se nos estudos da memória, nas teorias pós-coloniais e nos debates sobre a representação e comemoração das guerras coloniais e de libertação.
Sobre o trabalho premiado O massacre de 1953 em São Tomé e Príncipe é, em Espectros de Batepá, encarado não apenas como um evento histórico, mas como um evento cuja dimensão simbólica necessita de ser trazida para o centro da investigação. O ponto de partida do livro assenta, assim, na convicção de que, na impossibilidade de aceder totalmente ao que constituiu a experiência do massacre, é através da imaginação e das representações que se podem contar múltiplas memórias do evento, algumas que legitimam as narrativas públicas e/ou oficiais - ou que delas se aproximam através de versões seletivas do passado -, e outras que fazem parte de um processo mais inclusivo, em que se criam espaços discursivos, simbólicos e políticos que permitem articular memórias não-dominantes sobre os referidos acontecimentos.
Estas linhas de narração e de interpretação do passado comportam, naturalmente, diversos silêncios e ausências que, neste caso, se vão manifestar simbólica ou literalmente através da figura do espectro. O que é que os espectros contam sobre as memórias de Batepá e sobre o colonialismo português nas ilhas? O que é que revelam sobre as relações de poder e sobre a sociedade colonial? O que é que os espectros dizem sobre identidades sociais e grupos marginalizados no arquipélago? Quem escreve o massacre e quem o comemora? Como são desenhados Portugal e São Tomé e Príncipe nestas representações? Estas são algumas das questões a que este trabalho procura responder.
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