LOVE TO A MONSTER IJONAS VAN HOLANDA
Apresentação final do trabalho realizado pelo artista Jonas Van Holanda durante a residência artística no Lavadouro Público de Carnide, seguido de um churrasco-piscina e de um debate moderado por Pedro Feijó.
Data: 15 Julho | 17h
Local: Lavadouro Público de Carnide
Dress Code: Fato-de-banho, chinelos e toalha
Entrada: Um legume para o churrasco
Sobre o projeto: a posição de intermediário, concedida ao monstro marinho nas representações coloniais, faz referência à histeria normativa e binária ainda contemporânea. Esse dualismo foi sendo tecido a par da demonização dos corpos pós-identitários. Ao convocar esses intermediários, falo de corpos trans*; referidos como seres entre meios entre os legítimos: o masculino e feminino. Encontro vestígios dessa legitimidade na história do colonialismo sul-americano e faço paralelos ao teratismo (aberração) recorrente nos mapas e nas crónicas do tempo colonial. Carrego esses resíduos num objeto-correspondência a partir do Ipupiara (do tupi: monstro marinho primeira representação desse monstro no Brasil, pelo cronista Pero de Magalhães Gândavo); para validar um território inócuo e subverter a noção de monstro.
Sobre a apresentação: a apresentação pública da residência consta de um churrasco (etim.do espanhol: queimar) plant-based. Pensando ainda nessa desconstrução de legitimidades acerca da história colonial, o churrasco reflete a ideia de refeição heteronormativa com papéis estabelecidos, tanto do animal quanto do homem que o manipula como alimento. Refeição essa que contempla a sociedade belicamente estruturada na qual estamos inseridos. É preciso reinventar uma filosofia de alimentação para construirmos novos processos e relações. Os feminismos se tornam urgentes como chave de engate para pensar esses novos modelos políticos; visto que tanto os animais como as performances do feminino estão na mira da opressão e são consumidos como tal.
Jonas van Holanda (Fortaleza, Ceará, Brasil): é artista, pesquisador de interferências e trânsitos poéticos além de alquimista vegetal. O seu trabalho é baseado em subverter relações semânticas e criar novas identidades para os organismos minerais, vegetais e animais. Estudou Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre suas exposições mais recentes destacam: 5ª edição do Prêmio Energias na Arte no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), Lastro em Campo no SESC Consolação (São Paulo), Paralaxe na Caixa Preta (Rio de Janeiro), Transburger na Casa de Artes de Paquetá (Rio de Janeiro) com o coletivo Transburger e Sandwich Generation no Capacete (Rio de Janeiro). Publicou “duas luas em um céu vermelho” pela editora Rébus (Rio de Janeiro). Trabalhou na 32ª Bienal de São Paulo na obra-restaurante Restauro de Jorge Menna Barreto. Esteve recentemente em residência na Casa Matony, em La Paz, Bolívia, com a curadoria de Beatriz Lemos (LASTRO) e no Centro de Investigação Artística HANGAR (A residência foi realizada em conjunto com o Instituto Tomie Ohtake (Brasil), com patrocínio do Instituto EDP, sendo o artista vencedor da 5ª edição do Prêmio Energias na Arte, 2016). Atualmente vive e trabalha em Lisboa.
Agradecimentos: Valentina D’Avenia