Présence Africaine, a editora
Em 1949, dois anos após a aparição da revista Présence Africaine, seus editores decidem abrir a editora. Numa época em que a luta pela independência das colônias africanas está atingindo seu auge, a criação de uma editora que pretende ser o espaço em que os escritores negros possam finalmente se expressar e ver circular suas obras tem inevitavelmente o sabor da militância e a pulsão do compromisso. De fato, ao longo da inesgotável década dos ‘50, a editora Présence Africaine publica obras de cariz eminentemente político. Dentre elas, cabe destacar quatro que viriam a ser os pilares do movimento da Negritude.
A primeira foi a do missionário franciscano Placide Tempels, A Filosofia Bantu. Depois aparecem as outras três obras fundamentais da década, essas sim autenticamente revolucionárias e, portanto, profundamente críticas. As três escritas por autores negros, marxistas: Peles negras, máscaras brancas (1952), obra do psiquiatra, filósofo e ensaísta da Martinica, Frantz Fanon; Nações negras e cultura (1954), do sábio multifacetado senegalês, historiador, antropólogo, físico nuclear, linguista e político pan-africanista Cheikh Anta Diop; e Discurso sobre o colonialismo (1955), do poeta, político e ensaísta, também martinicano e co-fundador do movimento da Negritude, Aimé Césaire.
Ao longo dos anos, a editora também trabalhou na busca do conhecimento da civilização negra através de congressos, festivais, associações, conferências, seminários etc, como o Primeiro Congresso de Intelectuais e Artistas Negros em 1956 (Paris), e o Primeiro Festival Mundial de Artes Negras, em 1966 (Dakar).
Tudo isso foi possível graças ao trabalho de homens e mulheres cujo espírito pode ser resumido, talvez, nestas palavras de Diop: “A palavra negro designa menos uma cor do que um conjunto de experiências e de valores próprios à civilização dos povos chamados negro-africanos ”.
Juan Montero