Problematizar a realidade| Descolonizar a descolonização | Philip Cartelli, Samir Gandesha
Programa 3: Descolonizar a descolonização I Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3 I 18.01.2024 | 18h30
Exibição integral:Borom sarret (1963, 20 min.) de Ousmane Sembène
Discussão: Philip Cartelli, Samir Gandesha
As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
A presente edição de Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia reúne um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários, decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e foca-se no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo. Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de obras de arte, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas.
A terceira sessão de discussão acontece em janeiro e reúne o artista Philip Cartelli e o investigador Samir Gandesha numa reflexão suscitada pela exibição de Borom sarret (1963), da autoria de Ousmane Sembène, considerado o pai do cinema africano. O filme retrata um dia na vida de um condutor de carroças em Dakar (Senegal), cujo percurso sublinha a separação da cidade, entre os espaços pobres e os condomínios fechados. Nas palavras de Samir Gandesha, trata-se de um minimalismo formal com várias camadas de complexidade que revelam a violência estrutural, estabelecida e consolidada através das relações coloniais de classe e de género, que perduram no período pós-independência.
Philip Cartelli (EUA) é artista e investigador, cujo trabalho em filme e vídeo foi apresentado em festivais e outros eventos, incluindo: Locarno Film Festival, Edinburgh International Film Festival, Visions du Réel (Nyon), Torino Film Festival, FIDMarseille e Art of the Real (Film at Lincoln Center, Nova Iorque). Cartelli foi participante no Whitney Independent Study Program (Nova Iorque) e é doutorado pela Harvard University (onde foi membro do Sensory Ethnography Lab) e pela École des hautes études en sciences sociales (Paris). Atualmente, é Professor Associado no Department of Visual Arts do Wagner College (Nova Iorque).
Samir Gandesha (Canadá) é Professor Associado no Department of the Humanities e Diretor do Institute for the Humanities, ambos na Simon Fraser University (Canadá). Para além da autoria de artigos, capítulos de livros e entradas de enciclopédias, é editor de Spectres of Fascism: Historical, Theoretical and International Perspectives (Pluto Press, 2020), Crossing Borders: Essays in Honour of Ian H. Angus, Beyond Phenomenology and Critique (Arbeiter Ring, 2020, com Peyman Vahabzadeh), Aesthetic Marx (Bloomsbury Academic, 2017, com Johan F. Hartle), Spell of Capital: Reification and Spectacle (Amsterdam University Press, 2017, com Johan F. Hartle), Arendt and Adorno: Political and Philosophical Investigations (Stanford University Press, 2012, com Lars Rensmann), entre outros.
Duração da sessão: 120 Min. | M/14 | Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Filme falado em francês e legendado em português e inglês; a discussão é em língua inglesa com tradução simultânea para português.
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