Tony Allen com Amp Fiddler, Marc Ribot com Dead Combo: Sines vai ser uma festa
Em ano que promete acolher uma das mais fortes edições de sempre do Festival Músicas do Mundo (FMM), Sines receberá nos fins-de-semana de 19-21 e 26-28 de Julho a prova viva de que depois de um primeiro momento de curiosidade e admiração recíproca os músicos de diferentes continentes perderam o pudor e aceitaram meter a foice em seara alheia. Assim, o FMM será invadido por colaborações intercontinentais: Dead Combo com Marc Ribot (Portugal/EUA), Tony Allen Black Series com Amp Fiddler e Ty (Nigéria/EUA/Reino Unido), Zita Swoon Group (Bélgica/Burkina Faso), Imperial Tiger Orchestra com Hamelmal Abate (Suíça/Etiópia) e Kouyaté-Neerman (Mali/França). Estes nomes, avançados em primeira-mão ao Ípsilon, juntam-se a outras parcerias já anunciadas como o projecto JuJu (que junta o inglês Justin Adams ao gambiano Juldeh Camara) e à colaboração entre o banjoísta norte-americano Béla Fleck e a cantora maliana Oumou Sangaré. Do cartaz fazem ainda parte nomes de peso como Mari Boine, Fatoumata Diawara, Gurrumul, Dhafer Youssef, Bombino, Jupiter e Hugh Masekela.
Uma das propostas mais inesperadas e entusiasmantes é aquela que junta, a 28 de Julho. o co-inventor do afrobeat, o baterista nigeriano Tony Allen, ao cantor e teclista soul Amp Fiddler, homem de Detroit que já espalhou as suas notas por discos de Prince, Parliament/Funkadelic ou Primal Scream. A estes dois históricos juntar-se-á ainda Ty, sensação do hip-hop britânico, assim como os músicos que habitualmente acompanham Allen em concerto. Dos discos para os palcos, interessa perceber se Stef Kamil Carlens (dos belgas Zita Swoon) conseguirá produzir a mesma magia que em disco (Wait for Me) ao lado de Awa Démé e Mamadou Diabaté Kibié,griots do Burkina Faso - concerto a 27. Marc Ribot, que se apresentará em Sines a 21 com o projecto Los Cubanos Postizos, alargará a sua presença para um concerto conjunto com os Dead Combo, dando nova vida à colaboração desenvolvida com a dupla portuguesa no álbum Lisboa Mulata.
Quanto à Imperial Tiger Orchestra (dia 21), apesar de sediada na Suíça, é uma formação que sempre se tem dedicado à interpretação da música etíope, não escondendo a vénia a Mulatu Astatke e a Mahmoud Ahmed, figuras de proa da declinação local da linguagem jazzística. Essa ponte sai reforçada nesta colaboração com a cantora Hamelmal Abate. A terminar as novidades, a dupla Kouyaté/Neerman (também dia 21) junta a mestria de Lansiné Kouyaté (prodígio que, aos dez anos, integrava já a Orchestre National du Mali liderada por Salif Keita) no balafon e o lirismo de David Neerman nas electrónicas e na marimba.
artigo publicado originalmente no jornal Ípsilon, suplemento cultural do jornal Público.