Dockanema 2010

A cidade de Maputo voltou a acolher o Festival do Filme Documentário – DOCKANEMA, na sua 5ªedição, de 10 a 19 de Setembro 2010.
Desde o seu lançamento que o Festival propõe-se oferecer, aos diferentes públicos da cidade de Maputo, a dupla oportunidade de se confrontarem com parte do melhor que se faz no mundo do cinema, no seu género documentário, e poderem fazer uma pausa na vulgaridade audiovisual que lhes é oferecida o resto do ano.

Mundialito, de Sebastien BednarikMundialito, de Sebastien BednarikQuando a 1ªedição do Festival se realizou em 2006 poucos eram os que acreditavam que cinco anos depois estaríamos ainda teimosamente decididos em celebrar este aniversário.

Os tempos contudo são outros. Desde então, a crise financeira neoliberal que o mundo vive tem provocado efeitos directos nos diversos apoios que soubemos angariar ao longo dos anos. Internamente, a situação não evolui desde a criação do DOCKANEMA. Os apoios institucionais públicos continuam a não existir, ignorando ostensivamente o impacto nacional da iniciativa e o reconhecimento granjeado além fronteiras.

Esta celebração cinematográfica não é porém nostálgica. A safra de documentários que constitui esta edição autoriza um certo optimismo quanto ao futuro do género.

Quando alcança a sua 5ªedição, o DOCKANEMA não apenas está consolidado entre os principais eventos culturais do nosso país, como vê confirmada a sua importância entre os espaços públicos devotos especificamente a uma expressão criativa – o documentário. Não é exagero afirmar que o DOCKANEMA é o principal espaço dedicado ao audiovisual em Moçambique, e que hoje o seu reconhecimento é internacional. 

Kinshasa Symphony, de Matin Baer e Claus WischmannKinshasa Symphony, de Matin Baer e Claus WischmannA cada novo ano, o evento traz ao público do Festival trabalhos que se distinguem entre o que há de mais relevante na produção dos nossos documentaristas, e também de produtores destacados no panorama internacional do género. Com isso, não apenas vê o seu público aumentar – prova incontestável de que contribui para fortalecer o interesse, principalmente de plateias jovens, para o documentário – como favorece o intercâmbio de experiências e ideias entre documentaristas moçambicanos e estrangeiros.

Acredito que o cinema tem um grande potencial de crescimento em Moçambique, podendo causar impactos positivos tanto na criação de emprego e renda quanto no desenvolvimento sociocultural do nosso povo. O DOCKANEMA colabora significativamente para o cumprimento destes objectivos. Porque além de estimular a produção de novos documentários, o Festival promove a democratização do acesso à cultura e a formação de plateias para um género cinematográfico que privilegia a reflexão sobre a complexidade do tempo em que vivemos e os desafios a serem enfrentados na construção do futuro.

 

por Pedro Pimenta
Afroscreen | 20 Setembro 2010