Kwame Nkrumah
(Gana -1909 – Bucareste -1972) Líder político do Gana independente que chegou a auto-declarar primeiro-ministro vitalício, Kwame Nkrumah foi, para muitos, essencialmente, um grande lutador e divulgador do pan-africanismo, numa permanente luta contra o que considerava a “balcanização” de África, ou seja, a sua fragmentação em pequenos Estados, como estratégia imperialista de dominação sobre o continente. Esta tese é apresentada profundamente desenvolvida em África deve unir-se (Lisboa, Ulmeiro, 1977). Nkrumah recebe uma educação privilegiada para a época passando pelas mais prestigiadas escolas de Acra. Em 1935 ruma aos Estados Unidos da América onde estuda e se diploma em áreas como arte, teologia, filosofia ou educação. Com um percurso académico notável, desdobra-se em palestras no âmbito da ciência política na Universidade Lincoln. Por essa altura é eleito presidente da Organização dos Estudantes Africanos dos Estados Unidos e Canadá. Em 1945, ajudou a organizar o sexto Congresso Pan-Africano em Manchester.Em 1947 regressa ao Gana para assumir o cargo de Secretário-Geral da Convenção da Costa do Ouro Unida, uma organização partidária da independência das colónias. Nesta nova fase, dedica-se exclusivamente à política e faz um longo périplo pela Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. Um ano depois, na sequência de protestos contra a carestia de vida, um pouco por todo o território Ganês, é preso por suspeita de envolvimento no processo. Este encarceramento dá uma grande visibilidade a Nkurumah, o que lhe confere, após a libertação pouco tempo depois, o estatuto de líder do movimento juvenil anti-colonial ganês. Passa então muito tempo a viajar dentro do país e utiliza o seu prestígio para trazer para a causa independentista produtores de cacau, mulheres e sindicalistas. Em 1949, depois de todos estes contactos e recrutamentos, une diversos grupos num mesmo partido: a Convenção do Partido Popular. Após muitas negociações infrutíferas com o colono britânico, o novo partido partido põe de lado a táctica diplomática e organiza greves, boicotes e outras tácticas de desobediência civil, o que leva, em 1950, o líder do partido a ser novamente preso. Devido às fortes pressões internacionais e internas decorrentes da repressão e do colonialismo, a Inglaterra abandona o Gana. Dá-se a independência do Gana (1957), e partido de Nkurumah vence com uma expressão esmagadora as primeiras eleições e o seu líder irá chefiar os destinos do país. Procurou ajuda no bloco comunista. Em 1962 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Em 1966 o Gana sofre um golpe de Estado militar apoiado pelo Reino Unido, enquanto estava em Hanoi, no Vietnam do Norte.
Nkrumah nunca voltou a Gana, tendo se exilado na Guiné.
É autor de vários livros: Africa Must Unite (1963), African Personality (1963), Consciencism (1964), Handbook for Revolutionary Warfare (1968) e Class Struggle in Africa (1970).