Luaty Beirão
Luanda (1981). Activista e músico, a solo e com Batida. Saiu de Angola para estudar na Europa, primeiro em Inglaterra, onde fez engenharia eletrotécnica, e depois em França, onde estudou economia. Em março de 2003, participou numa gigantesca manifestação em Londres contra a guerra no Iraque e mobilizou também o seu país, a partir de um espetáculo de música, para a primeira manifestação de 7 de março de 2011, que exigia a demissão de José Eduardo dos Santos.
É conhecido no meio artístico como Ikonoklasta ou Brigadeiro Mata Frakuzx. Um dos pioneiros do movimento anti-governamental apartidários angolanos e filho de João Beirão, já falecido, que foi fundador e primeiro presidente da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), entre outras funções públicas, sendo descrito por várias fontes como tendo sido sempre muito próximo do Presidente angolano, o mesmo que Luaty agora contesta.
Luaty entra em greve de fome após detido em prisão preventiva, decidindo cessar voluntariamente a alimentação como forma de protesto político. As detenções que aconteceram a 20 de junho de 2015, com um grupo de 14 – entre os quais Luaty – que se tinham juntado para discutir o livro: “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura — Filosofia política da libertação para Angola”, escrito pelo jornalista Domingos Cruz, também ele detido, e que circula apenas de forma clandestina. A obra é inspirada no autor Gene Sharp, “Da Ditadura à Democracia - Uma Estrutura Conceptual para a Libertação” (1993), obra conhecida por promover o uso da ação não-violenta em conflitos ao redor do mundo. Seriam depois formalmente acusados, a 16 de setembro, de prepararem uma rebelião e um atentado contra José Eduardo dos Santos.
A 22 de Outubro do mesmo ano, sempre em greve de fome e estando numa clínica de Luanda. Quando completou 36 dias em greve de fome, anuncia através de carta enviada à redacção do Rede Angola pela sua sua família que termina a referida greve. Após o seu julgamento, em 28 de Março de 2016, Luaty foi condenado e cumpriria cinco anos e seis meses de prisão. Na tarde do dia 29 de Junho de 2016, Luaty e seus companheiros Lwenapithekus Samussuku, José Gomes Hata, Arante Kivuvu, Sedrick de Carvalho, Nelson Dibango, Inocêncio de Brito e outros foram libertos pelo Tribunal Supremo de Angola e passa então a usufruir de sua liberdade ainda condicionada.
Fundador do Movimento Cívico Mudei, Movimento de cidadãs e Cidadãos e organizações da sociedade Civil engajados na defesa do Voto, que teve um papel fundamental nas últimas eleições em Angola, em 2022.